Depois de ponderar muito, Matias decide não mostrar o rosto, pois, se precisar soltar aquele policial, ele não poderá ser reconhecido por ele. Ele também usa um modulador de voz para que sua voz não seja reconhecida pelo policial. Após entrar na sala, ele vai em direção ao policial, que está perceptivelmente assustado, e tira o capuz de sua cabeça. O policial levanta a cabeça, olhando para Matias com curiosidade. Então, Matias, mostrando ser um profissional, inicia o interrogatório.— Quem passou para você a localização do galpão? Sei que isso é um fato. Então, não tente vir me dizer que não aconteceu, pois eu sei muito bem que alguém passou para você essa informação. Então, pode abrir o bico logo e me dizer de uma vez por todas quem foi o seu informante, ou irei desenhar essa parede com a sua massa encefálica. E posso dizer que sou um artista nato. — Matias diz, sentando em sua frente.— Eu não sei. Fui apenas encarregado de ir até o lugar e fazer a apreensão. Não tenho nada a ver co
Depois, ele liga para Rafael e espera para ser atendido, colocando uma dose de whisky e tomando em um só gole para aliviar a tensão que está sentindo naquele momento.— Alô! Matias, tudo certinho por aí? Espero que tenha dado tudo certo, pois você sabe o quanto esse carregamento é importante. Não posso, de maneira alguma, perdê-lo. Estava contando com você.— Oi, Dom Rafael, não precisa se preocupar. Deu tudo certo, sim. Eu disse ao senhor que era trabalho dado e trabalho feito. Os dois carregamentos estão intactos e já foram transferidos para os caminhões de entrega. Daqui a pouco saem para serem entregues aos nossos clientes. Mas o que eu quero falar com o senhor é outro assunto. Tenho novidades sobre quem está nos traindo. Acabei descobrindo por acaso. Foi apenas um golpe de sorte, posso dizer assim para o senhor.— Quem é? Não vejo a hora de colocar as mãos nesse desgraçado que pensa que pode passar impune e me trair assim desse jeito, querendo me fazer perder milhões em apenas um
Fábio olha incrédulo para Matias, como se não entendesse o que estava acontecendo.— Tortura? Como assim? O que eu fiz? Você está inventando tudo isso! Me tire daqui, imbecil!— Não adianta tentar me enganar. Vou descobrir e vou adorar te cortar em pedacinhos. Você não imagina quanto tempo esperei para me vingar de você. Todas as humilhações que você me fez passar, todas as tarefas ruins que me deu... Você achava que podia comigo, mas agora está em minhas mãos. Posso descontar todas as suas maldades, e será ótimo para lavar a minha alma.— Quero falar com Dom Rafael! Isso é uma palhaçada, você está inventando coisas para acabar comigo de uma vez por todas. Mas tenho certeza de que o Dom Rafael não vai acreditar nisso, seu infeliz. Assim que eu conseguir falar com ele, ele vai mandar você me soltar. Você não pode me manter preso. Então, me solte e deixe-me falar com Dom Rafael.— Não adianta. Foi ele mesmo quem mandou eu cuidar de você. Como você pôde fazer isso com oRafael? Ele sempre
"Está bom! Fui eu, satisfeito?" — ele fala quase sem forças. — "Eu fiquei com raiva do Dom Rafael por me trocar por você. Eu era o preferido dele, mas quando você apareceu, ele mudou muito. Eu quis fazer ele sofrer também, igual ele me fez sofrer. Ele me abandonou e me trocou por alguém que mal havia chegado na nossa organização. Você acha que isso é pouco, ser trocado assim desse jeito? Da mesma forma que ele me trocou por você, tenho certeza que assim que ele encontrar mais um novo 'brinquedinho', ele fará o mesmo com você e irá te trocar também. Então, divirta-se enquanto pode."— Fábio, ele realmente gostava de você, mas agora a confiança foi perdida. E você sabe qual é o castigo para traidores. Ele não havia trocado você por mim de maneira alguma. O carinho que ele tinha por você permanecia da mesma forma, mas você não soube enxergar isso, pois não queria dividir a atenção dele com ninguém. E é por isso que você está nessa situação agora.— Não, Matias! Não faça isso, por f...Ma
Matias senta no sofá enquanto aguarda por Rafael. Ele aproveita para olhar ao redor e observar tudo que tem na sala. Na primeira vez que esteve ali, não prestou atenção em todos os detalhes, mas agora a decoração minimalista chama sua atenção. Embora tenha vontade de se levantar para ver de perto, ele prefere ficar sentado, aguardando a chegada de Dom Rafael. Enquanto está imerso em seus pensamentos, escuta passos vindo da escada e ao olhar, vêRafael se aproximando com um copo de whisky na mão, vestindo bermudas e chinelos. O homem parece viver eternamente de férias, já que raramente Matias o vê vestido de terno ou envolvido em algum trabalho. — Olá, meu caro! Vai de whisky também? Acho que hoje, com tudo o que está acontecendo, irei devorar umas três garrafas dessas. São especiais, importadas, e cada uma custa 60.000. Hoje, eu realmente preciso de algo que me faça esquecer todas as decepções que passei em minha vida. Nunca me enganei tanto com uma pessoa como me enganei dessa vez, e
Matias Toscano foi uma criança solitária desde cedo. Desde tenra idade, ele nunca se sentiu confortável em meio a grandes multidões, inclusive na escola. Ele preferia ter seu próprio espaço, onde pudesse desfrutar de solidão e paz. Até mesmo durante os intervalos, ele se afastava dos outros para evitar o contato. Apesar de ter um irmão mais novo chamado Lorenzo, Matias sempre buscava a solidão. Ele nunca gostou de estudar e detestava todas as regras impostas pela escola, considerando tudo aquilo repugnante e desnecessário.Sua mãe, Monalisa Toscano, era uma mulher tradicional e religiosa. Ela obrigava seus filhos a irem à igreja todos os domingos. No entanto, Matias zombava do pastor, o que deixava Monalisa furiosa. Ela sabia que um castigo o aguardava assim que todos voltassem da igreja. Mas Matias não se importava. Ele fazia isso por puro prazer, sentindo-se satisfeito ao ver as reações das pessoas diante de suas travessuras. Desde pequeno, ele já demonstrava sua natureza cruel e im
Quando Matias completou 15 anos, descobriu que seu pai havia saído de casa e nunca mais voltaria. Sua mãe encontrou um bilhete deixado por ele no escritório e, ao começar a ler, deixou cair o vaso de flores que segurava, levando Lorenzo a correr até ela para descobrir o que havia acontecido. Monalisa não esperava aquela traição de seu marido, pois ele sempre se mostrou um homem comprometido e responsável, embora distante. Matias aproximou-se da mãe, tentando entender o que estava acontecendo, e viu-a desabar no chão, soluçando. Ela repetia a palavra “não!” incessantemente. Lorenzo chorava ao lado dela, enquanto Matias observava tudo sem demonstrar qualquer reação. Ele se questionava por que não conseguia sentir nada, assim como sua mãe e seu irmão. Talvez fosse pela falta de proximidade com seu pai, que vivia praticamente ausente de casa, ou talvez fosse um choque, mas o problema era que Matias não tinha nenhum sentimento para expressar.Alguns dias depois, descobriram que Marco havia
Certo dia, Matias acorda desnorteado com alguém gritando seu nome. Ele abre os olhos assustado e vê Lorenzo à sua frente, segurando uma caixa embrulhada com papel de presente. Ele leva a mão ao peito, tentando controlar a respiração.— O que é isso, cara? Não precisava disso. Você quer me matar do coração? Pensei que estivesse acontecendo algo grave.— Eita! Nem gritei tanto assim. Você esqueceu, seu bobo? É o seu aniversário. Que inveja de você, mano. Me diz aí, como é a sensação de estar de maior? — Lorenzo pergunta, eufórico.Matias esfrega os olhos, tentando se situar. Ele se senta na cama devagar e olha para Lorenzo, que permanece parado à sua frente, sorrindo.— O que foi, Lorenzo? Vai passar o dia inteiro aí me encarando?— Abre! Quero ver se você gostou! — Lorenzo fala, apreensivo.Embora um pouco incomodado, Matias se vê obrigado a abrir a caixa diante de seu irmão. Ao fazê-lo, encontra uma luva de beisebol. Levanta a cabeça e olha para Lorenzo, percebendo o brilho nos seus o