— Eu fui sequestrada, sei que vocês não são daqui, por favor, me levem daqui, quero ir para casa. — A voz chorosa da mulher soava trêmula e baixa, mas urgente.Assim que viu Kayra, ela correu até ela e se jogou em seus braços, se agarrando desesperadamente às mãos de Kayra: — Por favor, me salve, eu sei que você quer me salvar.Kayra a ajudou a se sentar, olhando cautelosamente ao redor e perguntou: — Como você conseguiu escapar?— Eles têm me dado drogas para me deixar fraca, sem forças para falar. Obrigada por trocar minha água, foi assim que consegui fugir. A família deles está bebendo agora, e eles querem que eu me case com um idiota esta noite... — A mulher começou a chorar novamente, mas tentava não fazer barulho. — Eu não tenho muito tempo, eles disseram que logo alguém virá para me maquiar, o que eu faço?Eles estavam em território local, não podiam ser muito agressivos, o tempo estava apertado e a situação era complicada. Kayra franzia a testa.Pensando que Kayra não queria
— Vem cá, se você não tiver forças, vou ter que te ajudar! — Disse a mulher, impaciente.Enquanto falava, ela começou a despir Kayra. Kayra apertou os dentes, pensando em como poderia ajudar a pessoa que tentava fugir, sem ter escolha senão permitir que a mulher mexesse com ela.Nesse momento, ela só podia contar com a moralidade da pessoa dentro do armário, esperando que ele conscientemente fechasse os olhos...Após trocar de roupa, e sem necessidade de maquiagem, seu rosto já estava vermelho como fogo.A mulher a ajudou a se sentar diante do espelho e, olhando para o rosto de Kayra refletido nele, não pôde deixar de exclamar em admiração:— Esta moça é realmente linda, vivi a maior parte da minha vida e nunca vi alguém tão bonita! Durval, ah, ele pode ser bobo, mas parece que os tolos têm sua própria sorte!A mulher falava sem parar, enquanto aplicava cosméticos antigos no rosto de Kayra, passando pó e blush, e ainda arrumava seu cabelo, usando uma grande quantidade de spray de cabel
Justamente naquele momento, o líder ancião chegou a tempo e, assim que entrou no quintal da casa de Durval, exclamou:— O que vocês estão fazendo? A Srta. Kayra é filha do grande benfeitor do nosso vilarejo! Ela veio aqui para ajudar, não para causar transtornos!— Mas eles permitiram que a esposa do Durval fugisse! — Retrucou o irmão de Durval, ainda insatisfeito.— Sem o Presidente Otávio, de onde sua família tiraria dinheiro para comprar uma esposa? — Questionou o líder ancião, impondo respeito.Todos se acalmaram, percebendo a razão em suas palavras. Aqueles que momentos antes agitavam pás, agora as depositavam no chão.— Já que ela fugiu, vão procurá-la! Acham que ficar aqui perdendo tempo fará com que ela retorne? — Provocou o líder da vila.— O líder ancião está correto!O irmão de Durval também se acalmou e rapidamente convocou os vizinhos, pegando lanternas para buscar pela fugitiva.— Obrigada, líder ancião. — Agradeceu Kayra, sinceramente.— Não me agradeça, você está fazend
Ao clarear do dia, Kayra despertou e percebeu que Enrico e Carlos já estavam acordados, aguardando ela. Ela se arrumou rapidamente e prosseguiram com a jornada. Não haviam caminhado muito quando avistaram um grupo de pessoas se aproximando. À frente do grupo estava Cláudio, seguido por alguns jovens locais.— Presidenta Kayra!— Como vieram até aqui? — Indagou Kayra ao se aproximarem.— Vocês não retornaram nos últimos dois dias e alguns aldeões vieram me procurar, relatando uma grande chuva anteontem. As montanhas desta área estão instáveis, sujeitas a deslizamentos. Isso tem se tornado frequente nos últimos anos e todos estão preocupados com vocês, por isso vieram procurá-los. — Explicou Cláudio.Kayra sorriu e agradeceu aos aldeões que o acompanhavam:— Obrigada a todos vocês.— Quem é este? — Questionou Cláudio, olhando para Enrico, que se encontrava ao lado de Kayra. Ele havia visto aquele homem de presença marcante no local do tumulto dois dias antes, mas não teve a oportunidade
Quando recuperou a consciência, Kayra percebeu que estava deitada em um quarto de hospital limpo e branco. Foi então que soube que não havia morrido, embora aquele lugar não se assemelhasse a uma simples sala médica rural.Ela se moveu levemente, sentindo dores nos membros e uma ligeira tontura.Ao ouvir um ruído, Cláudio, que se encontrava em outro quarto, se aproximou dela, um tanto surpreso:— Você finalmente acordou? Como se sente? Há algo que a incomode?Ela descreveu brevemente suas sensações, e Cláudio sorriu, dizendo:— Então está tudo bem. Sua tontura se deve ao longo período de sono, você está com fome?— Nós não morremos, então? — Perguntou ela, ansiosa.— Claro que não morremos. Você acha que isto é o céu? — Brincou Cláudio. — Isto não é o céu, é o hospital da cidade.— E... Meu tio? — Indagou ela, apressadamente.— Seu tio partiu ontem.— Ele não se feriu?— Assim como você, sofreu apenas ferimentos leves, mas se recuperou rapidamente. — Disse Cláudio.Kayra se tranquilizo
Aeroporto Internacional da Cidade do CoraçãoQuando Nicole e o Professor Félix estavam saindo, repentinamente, uma multidão de repórteres surgiu e os cercou completamente.— Professor Félix, após quatro anos fora do país, você retorna e aparece ao lado da Presidenta Nicole, do Grupo Lima. Isso significa que você vai se juntar ao grupo? — Sim.Nicole, assumindo a palavra por Félix, explicou:— O Professor Félix será o principal consultor de pesquisa farmacêutica do Grupo Lima, auxiliando no desenvolvimento do grupo.— Ouvi dizer que o Grupo Araújo também estava tentando obter seu apoio. Por que você escolheu o Grupo Lima no final? — Outro jornalista indagou, seguindo Félix.O Professor ajustou seus óculos e respondeu com firmeza:— Fui persuadido pelo plano de desenvolvimento do Grupo Lima e seus princípios de trabalho são mais alinhados com os meus.— Você está dizendo que seus princípios não se alinham com os do Grupo Araújo? — Os repórteres insistiram.Nicole interveio rapidamente:
Na grande tela, a repórter que entrevistava os moradores da vila esperava que, ao revelar que os medicamentos estavam vencidos e poderiam ser mortais, provocasse um tumulto entre os presentes e elevasse a temperatura da entrevista. Contudo, para sua surpresa, os moradores reagiram com calma e até riram estranhamente.Ela então direcionou a câmera para os medicamentos trazidos pelos moradores. Quando a câmera ampliou a imagem, todos os que acompanhavam a transmissão ao vivo, pela televisão e pela internet, prenderam a respiração. Porém, as datas de fabricação e validade nas caixas dos medicamentos estavam corretas!Do lado de fora do aeroporto, os jornalistas que cercavam Nicole e o Professor Félix ajustavam seus óculos ou esfregavam os olhos, temendo terem visto errado.Em uma área montanhosa, um repórter perguntou aos moradores:— Estes medicamentos foram realmente fornecidos pela equipe médica do Grupo Lima para vocês?Os moradores confirmaram com a cabeça:— Onde mais conseguiríam
O Professor Félix estava visivelmente irritado, se virou para Nicole e declarou:— Presidenta Nicole, vamos embora.— Professor Félix, você pode ir na frente, eu irei logo em seguida.Nicole acenou para o segurança acompanhar o Professor Félix primeiro, se virou e segurou Kayra pelo braço, perguntando com ansiedade:— O que está acontecendo? Você não deveria estar descansando no hospital? Está ferida? Está escondendo algo de mim?— Mãe... — Kayra rapidamente sorriu para tranquilizá-la. — Veja como estou animada, isso mostra que estou bem.— Se você não me contar tudo, não pense que pode me enganar.Nicole levou Kayra até o carro e, durante o trajeto, Kayra relatou sua experiência com a equipe médica na região montanhosa. Embora tivesse minimizado os riscos do deslizamento de terra, Nicole ainda se mostrava preocupada, questionando repetidas vezes, com um olhar urgente que se aliviava apenas ligeiramente.— Eu soube pelo Éder que você levou medicamentos para a região montanhosa pessoal