— Você parece cansado, vá dormir primeiro. — Enrico, percebendo o subtexto em seu olhar, raramente demonstrava consideração ao dizer. — Não é seguro aqui nas montanhas à noite, eles ficarão de guarda em turnos.Isso significava que ela deveria dormir em uma barraca sozinha, enquanto Enrico faria o mesmo, e os outros quatro homens descansariam dois a dois.Kayra entendeu imediatamente e relaxou seus nervos tensos:— Não estou com sono ainda, vamos ficar um pouco ao redor da fogueira.A fogueira estava realmente brilhante!Os seguranças do Grupo Ramos eram competentes, encontrando bastante material combustível, talvez já tivessem se preparado antes de chegarem às montanhas.Enrico se sentou ao lado do fogo.Kayra queria se sentar em frente a ele, mas, por causa da direção do vento, era impossível, então ela obedientemente se sentou ao lado dele numa pedra.— Ah. — Quando ela se sentou, de repente não conseguiu conter um gemido.Enrico olhou rapidamente para a perna dela, perguntando de m
Kayra, instintivamente, cobriu o peito com as mãos, olhando espantada para Enrico, que emergia de fora da tenda.— Venha rápido! A montanha está instável! É perigoso! — Alertou Enrico.Kayra demorou um momento para reagir e, então, apressadamente seguiu-o para fora da tenda, percebendo que o tremor anterior era um prenúncio de deslizamento de terra.— Presidente Enrico, o caminho à frente ainda está intransitável, só podemos seguir a pé.Carlos voltou correndo e relatou com algum constrangimento, lançando olhares preocupados para Kayra.Enrico também a olhou:— Como estão seus ferimentos?— Sem problemas. — Respondeu prontamente Kayra.Carlos, percebendo a hesitação no olhar de seu Presidente Enrico, se adiantou:— Sra. Kayra, podemos carregá-la.Kayra não pôde evitar um sorriso. Ela estava longe de ser frágil:— Eu andei normalmente ontem mesmo sem tratar o ferimento, imagine agora que já foi enfaixado ontem à noite.Dizendo isso, ela arrumou sua mochila de forma eficiente e declarou:
Vários homens pareciam bem comuns, o que fazia a mulher visivelmente exausta parecer ainda mais fora do comum. Desconfiada de suas identidades, Kayra perguntou de maneira discreta:— Vocês são de Vila do Ribeirão, não são?Os homens assentiram:— E vocês?Kayra explicou brevemente sobre eles e mencionou especialmente que seu pai era o Presidente Otávio, sempre um apoiador de Vila do Ribeirão. Com essa revelação, os homens finalmente baixaram a guarda e relaxaram o tom:— Então você é a filha do nosso benfeitor! Não é à toa que você é tão bondosa. Falando nisso, é realmente uma coincidência: fomos à cidade resolver algumas coisas, e quem diria que no caminho de volta encontraríamos uma tempestade. O carro quebrou, e caminhamos um dia e uma noite sem comer ou beber. Se não fosse por encontrar vocês, talvez não conseguíssemos chegar em casa.Kayra concordou:— Nós também fomos parados pela chuva no caminho ontem à noite. Agora, queremos voltar para a vila ao lado, mas o caminho está bloq
— Eu fui sequestrada, sei que vocês não são daqui, por favor, me levem daqui, quero ir para casa. — A voz chorosa da mulher soava trêmula e baixa, mas urgente.Assim que viu Kayra, ela correu até ela e se jogou em seus braços, se agarrando desesperadamente às mãos de Kayra: — Por favor, me salve, eu sei que você quer me salvar.Kayra a ajudou a se sentar, olhando cautelosamente ao redor e perguntou: — Como você conseguiu escapar?— Eles têm me dado drogas para me deixar fraca, sem forças para falar. Obrigada por trocar minha água, foi assim que consegui fugir. A família deles está bebendo agora, e eles querem que eu me case com um idiota esta noite... — A mulher começou a chorar novamente, mas tentava não fazer barulho. — Eu não tenho muito tempo, eles disseram que logo alguém virá para me maquiar, o que eu faço?Eles estavam em território local, não podiam ser muito agressivos, o tempo estava apertado e a situação era complicada. Kayra franzia a testa.Pensando que Kayra não queria
— Vem cá, se você não tiver forças, vou ter que te ajudar! — Disse a mulher, impaciente.Enquanto falava, ela começou a despir Kayra. Kayra apertou os dentes, pensando em como poderia ajudar a pessoa que tentava fugir, sem ter escolha senão permitir que a mulher mexesse com ela.Nesse momento, ela só podia contar com a moralidade da pessoa dentro do armário, esperando que ele conscientemente fechasse os olhos...Após trocar de roupa, e sem necessidade de maquiagem, seu rosto já estava vermelho como fogo.A mulher a ajudou a se sentar diante do espelho e, olhando para o rosto de Kayra refletido nele, não pôde deixar de exclamar em admiração:— Esta moça é realmente linda, vivi a maior parte da minha vida e nunca vi alguém tão bonita! Durval, ah, ele pode ser bobo, mas parece que os tolos têm sua própria sorte!A mulher falava sem parar, enquanto aplicava cosméticos antigos no rosto de Kayra, passando pó e blush, e ainda arrumava seu cabelo, usando uma grande quantidade de spray de cabel
Justamente naquele momento, o líder ancião chegou a tempo e, assim que entrou no quintal da casa de Durval, exclamou:— O que vocês estão fazendo? A Srta. Kayra é filha do grande benfeitor do nosso vilarejo! Ela veio aqui para ajudar, não para causar transtornos!— Mas eles permitiram que a esposa do Durval fugisse! — Retrucou o irmão de Durval, ainda insatisfeito.— Sem o Presidente Otávio, de onde sua família tiraria dinheiro para comprar uma esposa? — Questionou o líder ancião, impondo respeito.Todos se acalmaram, percebendo a razão em suas palavras. Aqueles que momentos antes agitavam pás, agora as depositavam no chão.— Já que ela fugiu, vão procurá-la! Acham que ficar aqui perdendo tempo fará com que ela retorne? — Provocou o líder da vila.— O líder ancião está correto!O irmão de Durval também se acalmou e rapidamente convocou os vizinhos, pegando lanternas para buscar pela fugitiva.— Obrigada, líder ancião. — Agradeceu Kayra, sinceramente.— Não me agradeça, você está fazend
Ao clarear do dia, Kayra despertou e percebeu que Enrico e Carlos já estavam acordados, aguardando ela. Ela se arrumou rapidamente e prosseguiram com a jornada. Não haviam caminhado muito quando avistaram um grupo de pessoas se aproximando. À frente do grupo estava Cláudio, seguido por alguns jovens locais.— Presidenta Kayra!— Como vieram até aqui? — Indagou Kayra ao se aproximarem.— Vocês não retornaram nos últimos dois dias e alguns aldeões vieram me procurar, relatando uma grande chuva anteontem. As montanhas desta área estão instáveis, sujeitas a deslizamentos. Isso tem se tornado frequente nos últimos anos e todos estão preocupados com vocês, por isso vieram procurá-los. — Explicou Cláudio.Kayra sorriu e agradeceu aos aldeões que o acompanhavam:— Obrigada a todos vocês.— Quem é este? — Questionou Cláudio, olhando para Enrico, que se encontrava ao lado de Kayra. Ele havia visto aquele homem de presença marcante no local do tumulto dois dias antes, mas não teve a oportunidade
Quando recuperou a consciência, Kayra percebeu que estava deitada em um quarto de hospital limpo e branco. Foi então que soube que não havia morrido, embora aquele lugar não se assemelhasse a uma simples sala médica rural.Ela se moveu levemente, sentindo dores nos membros e uma ligeira tontura.Ao ouvir um ruído, Cláudio, que se encontrava em outro quarto, se aproximou dela, um tanto surpreso:— Você finalmente acordou? Como se sente? Há algo que a incomode?Ela descreveu brevemente suas sensações, e Cláudio sorriu, dizendo:— Então está tudo bem. Sua tontura se deve ao longo período de sono, você está com fome?— Nós não morremos, então? — Perguntou ela, ansiosa.— Claro que não morremos. Você acha que isto é o céu? — Brincou Cláudio. — Isto não é o céu, é o hospital da cidade.— E... Meu tio? — Indagou ela, apressadamente.— Seu tio partiu ontem.— Ele não se feriu?— Assim como você, sofreu apenas ferimentos leves, mas se recuperou rapidamente. — Disse Cláudio.Kayra se tranquilizo