A Magia de Vegas, a cidade que nunca dorme, ou a cidade do dinheiro fácil, ah, existem tantos apelidos e sinônimos para descrever a cidade dos jogos e apostas, pelo menos era assim que Josh Valence a via.
Um cassino tinha aberto recentemente na cidade, o nome era “Bit Sense”, e esse nome chamou muito a atenção do jovem de cabelos castanhos e olhos esmeraldinos, com seus 1, 70 de altura podia se considerar um homem alto, suas roupas de marca, estavam em seu corpo naquele dia apenas com o intuito de impressionar, com sorte alguma ricaça o notasse, o perfume amadeirado também chamava bastante atenção, por onde passava seu rastro fazia algumas pessoas o acompanharem com o olhar.
Josh, não tinha tantos recursos, mas sempre estava indo a lugares sofisticados como aquele, dividir o apartamento com um cara extremamente folgado e bagunceiro, não era algo que ele desejasse para seus dias de calouro na faculdade de Literatura, ser professor não era o maior dos seus sonhos, contudo era aquilo que seu dinheiro podia pagar.
Ele se aproximou do bar e lá viu discretamente o valor das bebidas, sentiu que uma faca lhe perfurava os rins, só de olhar os preços. “- Quem em sã consciência paga cinquenta dólares por um drink? - Se questionou indignado, em seus pensamentos.
Para não parecer um calouro sem um único centavo no bolso, ele comprou um daqueles drinks, a bebida mais cara que já tinha colocado na boca, ele engoliria a taça se fosse possível, viu uma mesa no fundo do salão e como sua noite já tinha acabado naquele drink, decidiu ficar ali por alguns minutos, apenas olharia o movimento.
Logo ao seu lado um dos seus colegas da faculdade apareceu como um fantasma e se sentou ao seu lado.
— Josh, não sabia que tinha calibre para frequentar um lugar como esse. — falou em tom zombeteiro, já que ele conhecia o colega a um tempo considerável.
— É obvio que não tenho seu idiota, estou apenas dando uma olhada no local, parece ser interessante. — falou bebendo um gole da sua bebida, que ele jurava que tinha ouro dentro.
— Ah, pra sua sorte eu tenho, hoje é por minha conta, só não conta para os folgados da faculdade, a maioria deles me dá asco. — Pietro falou sorrindo.
— Eu te vi hoje? — Josh perguntou irônico, indicando que não contaria a ninguém sobre aquele encontro.
Pietro era um pouco mais baixo do que Josh, seus cabelos tingidos de violeta e sua roupa um tanto extravagante, fizeram Josh chamar ainda mais atenção, mas graças a sua companhia, não foi notado pelas mulheres ricas e sim por homens de meia idade que pareciam lamber os lábios quando ele passava.
— Estou deveras incomodado com determinados olhares... — Comentou mais para si mesmo do que para o amigo.
— É só ignorar, esses velhotes sempre querem um garotão para satisfazer as necessidades deles, e não é isso o que queremos, Josh, queremos alguém que seja para mais de uma única noite. — Filipe, tinha um olhar malandro ao falar, como se soubesse como Josh iria conseguir o que estava procurando.
— Desde quando virou meu cafetão? — Josh inqueriu brincando.
O jovem de cabelos tingidos o levou para o salão de jogos, o lugar fedia a tabaco e whisky, ele se sentiu enjoado assim que entrou no lugar, seu colega por outro lado parecia estar em casa, conversava animado com todos e tinha uma ótima comunicação. — “Gostaria de ter a mesma cara de pau, contudo, prefiro esperar o momento certo para conversar com alguém.”
Os pensamentos de Josh, estavam um pouco desalinhados, ele deveria fazer igual ao amigo e ir à luta, bebeu um gole da bebida que Filipe o tinha dado, foi como engolir gasolina de tão forte que era, sentiu a bebida descer arranhando sua garganta, se amaldiçoou por não ter o costume de beber whisky.
Ele andou por entre as mesas de jogos, e até conversou com algumas pessoas, seus olhos estavam encantados com aquele salão, as paredes eram basicamente um aquário enorme de tubarões, ver os animais nadando tão próximo do vidro, lhe causava um certo arrepio.
Ele por um instante perdeu seu colega de vista. — “Droga” — Murmurou para si mesmo, colocou a mão nos bolsos e ainda tinha algum dinheiro que seu amigo o tinha dado antes de entrar naquele salão, em sua cabeça ele precisava devolver o dinheiro para o outro, e para isso precisava sair daquele ambiente e ir procurar por ele.
No meio de tantas pessoas elegantes seria fácil encontrar alguém de cabelos tingidos, contudo não foi nada fácil para Josh, quando estava próximo a saída do salão das cartas ele sentiu alguém lhe puxar pelo braço, um pouco afoito e sem graça ele se virou imaginando que fosse seu amigo, mas não era, um homem de aparentemente uns vinte e seis anos, cabelos pretos e olhos da mesma cor agora o fazia cativo de suas mãos.
— Perdão... — Josh puxou o braço. — Eu te conheço? — Perguntou de forma ríspida.
— Não, mas seu colega me falou sobre você, disse para te procurar. — O homem tinha um olhar carregado de malicia e luxuria ao falar.
Josh naquele momento sentiu seu coração acelerar e um suor frio lhe escorreu pela testa, ele olhou para os lados e escondido perto de uma mesa de poker estava Filipe, e agora tinha aquele homem a sua frente. — “Ganhar dinheiro me parece ser uma boa ideia, mas isso ultrapassa meus limites.” — Josh pensou e olhou uma mesa vazia.
— Eu não curto essa situação, acho que meu colega entendeu errado, mas se jogar comigo e eu perder lhe faço companhia, melhor de três? — Josh agora tremia de nervoso, esperava que o desconhecido aceitasse sua proposta.
— Um jogo? Comigo? Garoto, se quer tanto perder é muito mais fácil que nem jogue, contudo enquanto jogamos podemos conversar um pouco, gostei de você. — O Homem estendeu a mão para a direita mostrando a mesa que ficariam.
Josh naquele momento pensou. — “Convencido, nunca perdi um jogo” — E esse pensamento não era apenas um blefe, Josh tinha essa habilidade de fato.
Da forma que estava sem graça diante do homem talvez fosse melhor ele continuar bebendo, mas naquele salão todos pareciam beber apenas whisky e fumar charutos, ele não tinha esses hábitos e mal tinha conseguido se esquecer da bebida de momentos atras que ainda queimava sua garganta, o sabor era bom, porem para ele que não tinha esse costume era extremamente forte.
— Josh? Esse é seu nome certo? — Inqueriu sorrindo.
— É sou sim...
— Josh, o jogo que vamos jogar é de pares, se conhece a sequência das cartas sabe que o As será excluído do nosso baralho, sabe as regras? — Falou um pouco animado demais, sua confiança estava em alta.
— Eu sei jogar, sou pobre não burro! — Josh falou sem paciência.
— Hn, gostei disso, tem a língua afiada, quero ver ela trabalhando mais tarde, contudo, se por ventura você ganhar o que quer?
Naquele momento Josh podia pedir qualquer coisa, mas estava naquela situação por confiar nas pessoas, então ele apenas sorriu falando.
— Gostaria de ir pra casa...
O homem estranhou o pedido, olhou novamente para o rapaz do outro lado do salão, Filipe retribuiu um olhar sincero, já que em sua cabeça os planos estavam indo bem.
— Ir pra casa... não quer mais nada? Olha as vezes deixamos certas oportunidades passarem em nossas vidas e imagino estar perdendo uma...
Josh sabia, mas naquele momento ele se sentia um idiota, então seguiria como se tudo estivesse bem.
— Ok, então você me leva pra casa, estava preocupado em saber como iria pagar o taxi, agora eu já sei... — Josh falou um pouco mais convencido. — “Droga, eu podia pedir qualquer coisa, eu sou muito burro.”
— Eu ia te levar pra casa, com você ganhando ou perdendo, peça outra coisa, por favor não me faça me sentir um idiota garoto. — O homem ordenou olhando um pouco mais sério para Josh.
— Ainda não sei seu nome... — Josh comentou fingindo distração.
— Noah... — Nesse momento um garçom passava com uma bandeja de bebidas, Noah pediu um copo para ele e para seu oponente na mesa, contudo Josh não aceitou. — Aceite, me deixa pelo menos de pagar uma bebida, eu já entendi que foi um mal entendido, seu amigo pensou que você tinha vindo procurar uma coisa, e você provavelmente estava conhecendo o lugar.
— Eu aceitaria, se essa coisa não fosse tão forte, não é por ser você quem vai pagar, é que eu sinceramente odeio whisky. — Josh se adiantou em se explicar antes que magoasse o homem a sua frente.
— Me fala o que gostaria de ter se ganhar? — Noah insistia ainda acerca da aposta do jogo.
— Já lhe disse o que eu quero, chegar em casa em segurança... — Josh deixou sua fala morrer, se sentia um idiota por não aproveitar a oportunidade, mas ele também imaginava que o homem a sua frente não o pagaria, não naquele jogo de pares, até mesmo pelo motivo de ser um jogo casual e não um jogo sério do cassino, quem pagaria as apostas seriam eles e não o cassino, então não era algo confiável.
— Não vou dar as cartas até que escolha alguma coisa, ou pelo menos tente uma interação.
Diante daquelas palavras Josh se lembrou de um dos seus amigos da faculdade, um que lhe disse uma vez que quando alguém insiste muito em alguma coisa, na maioria das vezes é com o intuito de testar a pessoa.
— Certo, eu não quero nada, vou ser o mais claro que puder e espero que não se sinta ofendido, senhor Noah. — Josh pegou o copo de whisky de outro garçom que passava, bebeu um gole para criar coragem, o liquido novamente desceu rasgando, ele respirou fundo. — Vim aqui essa noite para chamar atenção sim, mas não de um cara, encontrei com o Filipe e ele falou sobre eu poder acompanhar ele essa noite, eu já estava de saída quando eu o vi, aceitei é claro, não sou tão idiota. — Josh pegou o charuto que estava ao lado no cinzeiro de Noah, puxou a fumaça, sentiu que iria engasgar com a fumaça olhou friamente para Noah. — Depois que viemos para esse salão o desgraçado sumiu de vista, daí pensei em ir pra casa, foi quando o senhor me abordou, sugeri um jogo, pois sou bom com cartas, eu ganhando poderia ir pra casa e esquecer esse episódio ridículo.
— Então, deixa te contar a min há versão da história. — Noah bebeu um gole da bebida como se fosse água. — Gosto de ir a cassinos assim, e já conhecia Filipe, ele me apresenta algumas pessoas as vezes, e hoje ele me falou sobre um amigo tímido dele que precisava se soltar mais e que precisava de companhia. — Noah pegou seu charuto novamente e praticamente jogou a fumaça no rosto de Josh. — Me falou que ele estava com duas parcelas da faculdade em atraso e que o colega de quarto era inconveniente, achei que gostaria de quitar suas dívidas com os estudos e poder morar em um lugar sozinho.
Josh apertou o olhar. “Como o Filipe sabe de tudo isso?” — pensou intrigado, ele não tinha falado sobre sua vida particular e tão pouco sobre as parcelas da faculdade.
— Bom... acho que Filipe te falou a verdade, só não sei como ele sabe tanto a meu respeito, ele é um colega da faculdade, não posso dizer que somos amigos, não conversamos tanto assim... — Josh olhou a sua volta, se encontrasse Felipe novamente iria lhe perguntar como ele sabia.
Antes de terminar sua fala viu Noah, dando as cartas, no fim das contas o homem apenas aceitaria o levar pra casa, mas naquele momento Josh, queria era sair daquele salão, se misturar a multidão e desaparecer, nem que pra isso precisasse inventar uma dor de barriga, o que seria bem humilhante.
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Seria uma melhor de três e Josh, tinha que ganhar pelo menos duas para ser o vencedor da partida, ele queria muitas coisas sim, mas não iria pedir nada para o homem a sua frente, se sentia um idiota por não aproveitar a oportunidade, contudo, naquele momento seu orgulho estava ferido, já estava se contradizendo ao beber e fumar, mas achou necessário beber para criar coragem e expor sua noite fracassada.Sim, aquilo tinha sido um fracasso, ele poderia muito bem ter isso a boate “Forbidden”, mas escolheu o cassino “BitSense”, o localrecéminaugurado e mais caro de Vegas, e agora estava tentando fugir de algo que ele tinha ido buscar, apenas para nã
Josh acompanhou Noah, até a saída do cassino, aquela seria aúltimavez que Josh pisaria naquele lugar, estava se sentindo tão humilhado pela situação em que havia se colocado que havia a chance de ele voltar a morar na área rural com suafamília, e aceitar trabalhar no campo com os seus familiares, com sorte dentro de alguns anos ele já pudesse ter uma casa para chamar de sua.Noah não levou Josh direto para seu apartamento, muito menos para um quarto de hotel, assim como Felipe havia colocado na mensagem, Noah era o tipo de pessoa que gostava de ajudar e cuidar das pessoas, e nunca pedia nada em troca, com exceção daquela noite, já que ele tinha pedid
Josh abriu os olhos lentamente, estava um pouco escuro, ele sentiu uma pontada na cabeça e resmungou queixoso, sentiu um braço em sua cintura, sua cabeça tentava buscar por lembranças doinícioda noite, e aúltimacoisa da qual se lembrava era de estar na frente de uma casa de leilão.— “Estava conversando com um homem... Noah ...hnnnacho que é esse o nome, eu... perdi o jogo? Devo ter perdido ou não estaria aqui...,mas aonde é aqui?”Josh tentou se livrar do abraço do homem, mas sentiu que ele o puxava para perto dele, sua cabeçadoía&n
Josh tinha naquela noite resolvido todos os seus problemas, Noah, estava mesmo disposto a lhe oferecer a ajudanecessária, e ele não estava cobrando nada por isso, já que o esperado era que ele lhe cobrasse algum favor sexual, então se estava tudo certo, ahistóriaacabaria ali naquele quarto, com o contrato de amizade colorida firmado, mas não era tão simples assim.Noah sentiu que Josh tinha muito mais problemas a resolver, em sua vida pessoal e não apenas no financeiro, contudo desdeo momentoque Filipe, tinha falado sobre o rapaz ele tinha se interessado, gostava de rapazes um pouco mais jovens do que ele, e gostava de ajudar esses rapazes também. Noah e Josh ficaram deitados abraçados, a sensação de prazer saciado os invadia, e agora Josh tinha que lidar com osprópriospensamentos, estava tão confuso e desorientado, que não entendia como tinha chegado aquele ponto, se limitava a se esconder dentro do abraço de Noah.— Josh...— Noahsussurroubaixinho.— Vamos tomar um banho, ainda é de noite, depois a gente pode voltar e dormir.Josh sentia realmente que precisava de um banho, estava tão constrangido com a situação que não sabia como deveria olhar para NoahSentimentos
Os olhos esmeraldinos tinham uma claridade vinda de um filete de luz que fugia por umas das cortinas da janela do quarto, com certa dificuldade ele abriu os olhos, tentou reconhecer o lugar onde estava, as lembranças daquela madrugada vinham a sua mente como um furacão, e com a mesma velocidade das lembranças veio também a sensação de estar com o corpo totalmente travado, sua coluna parecia queimar, suas pernas estavam doloridas e pesadas, sentia umaardênciaum pouco abaixo da cintura, sua cabeça também tinha voltado a doer.Ao se movimentar na cama notou que estava sozinho no quarto “Que loucura eu fiz? Eu não acredito no que eu fiz, eu acho que ainda estava bêbado, mas por que foi tão bom? Que homem!&
Eles saíram do quarto já com um plano em mente, bom, Noah tinha um plano, Josh apenas o seguiria.Assim que passaram pela sala de estar a empregada da casa apareceu diante deles com um sorriso simpático, ela parecia estar analisando o casal, e notou que eles nem se olhavam, estavam com olhares sérios, ela sorriu mais um pouco diante dos olhares.— Josh, tem um táxi te esperando, tente não desafiar jogadores profissionais da próxima vez que for a um cassino. — Deu seu aviso e esperava que Josh fosse um bom ator. Depois de um banho mais do que merecido no apartamento novo, ambos agora seguiriam para o apartamento que Josh dividia com um colega, lá Filipe apareceria, claro que não foram para lá primeiro, Noah tinha planos um pouco mais elaborados, do que apenas confrontar Filipe.Josh não sabia para onde exatamente estava sendo levado,porémnão se importava, seu corpo tinha reagido tão bem ao corpo de Noah, que agora ele sentia desejo e vontade de pertencer aos desejos de Noah, seus olhos esmeraldinos fitavam o volante, mas especificamente as mãos de Noah, e ao fita-las já as imaginava passeando por seu corpo.Serpentes