Stefanos
O quarto mergulhava em silêncio, quebrado apenas pelo som suave da respiração de Nuria contra o meu peito.
Ela dormia profundamente, entregue ao cansaço... e, finalmente, em paz. Meu braço a envolvia com firmeza, como se meu toque pudesse blindá-la do mundo e, no fundo, era exatamente isso que eu desejava.
Dois corações batiam dentro dela. E eu sabia, com uma certeza cortante, que morreria por ambos sem hesitar.
Meu lobo estava rendido de um jeito que nunca imaginei ser possível. Por mais que eu tentasse calar a emoção que me tomava, ela transbordava, em silêncio, mas com uma força avassaladora.
Minha mente, entrelaçada ao inst
StefanosO dia nasceu e eu ainda não tinha pregado os olhos.O sol já despontava pela janela do escritório, tingindo os móveis com uma luz dourada suave. Mas nada naquele ambiente tinha paz. Nada em mim tinha descanso.Nuria dormia no quarto, envolta em segurança e em silêncio e foi por ela, por aquele pequeno ser que batia dentro dela, que eu estava aqui. De olhos vermelhos, com os punhos fechados e o coração em conflito.Johan entrou pela porta, como se nada tivesse acontecido.Mãos nos bolsos, ombros erguidos, aquele andar displicente de quem acha que o mundo lhe deve alguma coisa. Ele me encarou
NuriaO cheiro do chá de ervas, misturado com pão quente e frutas cortadas, chegou até mim antes mesmo que eu abrisse os olhos.E foi o bastante para o estômago revirar.Levei a mão à boca, tentando conter a onda súbita de náusea que subia como maré cheia. Respirei fundo, de olhos ainda fechados, tentando encontrar um ponto de proteção. Mas tudo que senti foi o vazio ao meu lado na cama.Stefanos não estava ali.Seus braços, que costumavam me envolver como armadura durante a noite, tinham sumido. O calor dele também. E mesmo sem abrir os olhos, eu senti a ausência como se fosse um peso físico. Um buraco aberto em mim.Só então ouvi o som de porcelana tilintando.
StefanosA voz de Johan já estava começando a soar como ruído de fundo. Não porque ele tivesse parado de provocar, mas porque eu já não ouvia mais nada.A porta da sala se abriu devagar.Jenna entrou.Não disse uma palavra.Mas o olhar dela, o rosto pálido, o peito arfando, as mãos inquietas... disseram tudo que eu precisava saber.Algo estava errado com Nuria.Foi como se o sangue evaporasse das minhas veias.
StefanosO hall da mansão estava em silêncio.Silêncio demais.Todos os empregados estavam alinhados, lado a lado, como se estivessem diante de um tribunal invisível. Rylan os havia reunido com eficiência. Alguns tremiam. Outros mantinham a cabeça baixa, tentando parecer calmos. E, no meio deles… Johan.Braços cruzados, ombros soltos demais, aquele maldito olhar de desprezo entediado. Como se tudo aquilo fosse apenas um teatro. Como se não fosse pessoal.Mas era.Observei cada rosto com uma sede de vingança que jamais
NuriaA respiração ainda parecia pesada, como se cada inspiração exigisse mais do que eu podia dar.A dor de cabeça vinha em ondas, mas era o enjoo que mais me incomodava. Uma náusea insistente que não me deixava em paz, como se meu corpo tivesse entrado em guerra com algo que eu mesma desejei.Estava encolhida na cama, abraçada à camisa de Stefanos. O cheiro dele era tudo o que me mantinha ancorada. Madeira, fumaça e algo mais... algo que só existia nele. Aquilo era meu abrigo. Minha muralha. Meu antídoto.A porta se abriu devagar."Trouxe outra camisa
StefanosO carro já estava estacionado em frente à mansão, o motor ligado, e o motorista com os olhos fixos no retrovisor, aguardando a ordem final.Johan desceu os últimos degraus da entrada como se estivesse indo para um passeio qualquer. A mochila jogada nas costas, a expressão entediada, aquela mesma que ele usava desde pequeno quando queria fingir que não se importava.Mas agora, ele não estava enganando ninguém.Muito menos a mim.Abri a porta do carro devagar e parei ao lado dela, bloqueando a passagem."Tem certeza que n&a
StefanosSubi as escadas devagar, com a cabeça cheia e o coração mais pesado do que gostaria de admitir.Quando parei em frente à porta do quarto, ouvi o silêncio. Um silêncio que pesava mais do que qualquer rugido de guerra.Bati levemente."Entra," ouvi a voz baixa de Jenna.Empurrei a porta e encontrei Nuria sentada na cama, com o colar preso entre os dedos.Ela não me viu de imediato. Estava perdida, olhando para o objeto como se ele pudesse responder todas as perguntas que a atormentavam.
StefanosAinda sentia Nuria contra o meu peito, o cheiro dela tentando me ancorar à realidade, quando bateram na porta.Uma batida curta. Rápida. Urgente.Meu corpo entrou em alerta automático."É isso que eu quero dizer com sempre tem algo a mais..." Nuria suspirou me encarando."Te prometi o céu, não disse que já estávamos lá." ela sorriu de lado e beijei seus lábios com carinho.A afastei devagar, sentindo o calor dela me escapar, e caminhei até a porta.R