Christian e David foram em direção ao chalé. Christian precisava trocar de roupa e avisar a Amanda que ele iria até a cidade resolver algumas coisas. Christian não pode mais adiar a reforma do chalé. Precisa resolver isso agora antes que o teto desabe sobre suas cabeças.
O motivo de Christian ter resistido por tanto tempo é que precisa passar por Oliver para conseguir o dinheiro da reforma. Enfrentar o irmão significa desenterrar o passado. Mas agora ele tem a chance de um futuro. Um futuro com Amanda e Mike.
E Christian também teve um belo empurrão. Ele olhou para o lado. David brincava com Bryan.
- Eu ainda não sei se devo deixar você entrar na casa. Você pode estar querendo me fazer uma limpa.David olhou para Christian dos pés a cabeça. Ele disse com desdé
David olhava para o teto. Em alguns lugares as vigas de madeira tinham empenado, fazendo o teto ceder.- Que loucura.- Devia ser interditado. Você não acha?David abaixou a cabeça. Mike estava lá, olhando para o teto. Lentamente ele abaixou a cabeça e os dois voltaram a se olhar. Dessa vez, olho no olho.David não se considera um cara tímido, mas por alguma razão ele ficou desconcertado perto de Mike.- Você está nervoso? - Mike perguntou preocupado. Tem amigos gays na escola e reconhece um de longe.- Não. - David mentiu. Que merda estava acontecendo com ele?- Quer beber alguma coisa?"Leite. De preferência o seu". David ia querer que um buraco se abrisse debaixo dos seus pés e o tragasse direto para o inferno se tivesse falado aquilo em voz alta.Mike se aproximou. Droga. Será que o garoto não percebia que estava deixando ele louco?- Eu
Christian chamou Mike.- Eu quero falar com você.Mike seguiu Christian para fora do chalé.- O que aconteceu?- Eu beijei ele.Christian colocou as mãos na cintura e ficou olhando para Mike. Aquilo o pegou de surpresa. Ele escolheu as palavras com cuidado.- Você não parece gostar de meninos.- E qual é a aparência de um garoto que sente atração por outro?Christian não soube responder. Ele se sentiu perdido. Ainda não tinha se recuperado da transa com Amanda.- Sua mãe não sabe, né?- Se ela soubesse, eu não estaria em pé aqui hoje na sua frente.Christian riu e passou a mão pelos cabelos. Mike bufou.- Você não tem nada para me dizer. Está tão chocado e decepcionado quanto a minha mãe.- Eu não estou decepcionado. Chocado sim. Decepcionado não. Isso me pegou de surpresa. E eu achando que você estava em perigo.Mik
David fumava encostado na Hilux preta de Christian. Pelos gritos vindos de dentro da casa, o dinheiro da reforma tinha ido pro brejo. Oliver sempre foi um imbecil. Já Christian, David o admira.Ele cuidou do pai até na última hora. Ele foi guerreiro, porque tio John ficou a pele em cima dos ossos. Ele usou balão de oxigênio, sonda nasal e fralda.Quando o seu pai ia visitar o irmão, David ia com ele. Christian estava lá, firme e forte por dias e noites a fio, ao lado da cama do pai.David deu a última tragada no cigarro e jogou a bituca no chão, apagando com a sola do all star preto. Ele se virou e debruçou em cima do capô do carro.Mike. O garoto não é só um rostinho bonito e um corpo perfeito. Ele tem pegada e é inteligente. David suspirou pesadamente. Descobriu que era gay aos treze anos, quando se apaixonou por um garoto.Ele até tentou ir contra isso, mas nunca sentiu atração por meninas.
David colocou os pés na Madeireira Santa Cruz e respirou fundo.- Ah, eu amo esse cheiro. Sente, Chris.Christian respirou fundo. Cheiro de madeira nova. David sorriu.- Agora imagina esse cheiro dentro da sua casa.Christian olhou para o enorme galpão lotado do chão até o teto com todos os tipos e cores de madeira.- Eu não sei se posso fazer isso, David.- Seja homem. Lá vem o Rubens. Deixa que eu abro o caminho. - David sorriu para o dono da madeireira. - Bom dia, Rubens. Eu te trouxe um cliente em potencial. Christian vai reformar o chalé e vai precisar de muita madeira. Eu disse para ele te dar preferência.Christian quis enforcar David. Os dois entraram sem um centavo no bolso e o deli
Amanda estava cansada. Tinha muita coisa acontecendo ao mesmo tempo na sua vida. A reforma, o relacionamento intenso com Christian, Mike fechado e calado, David os tirando da cama, ou melhor, dos colchões, antes do sol nascer e Amanda começou a receber ligações de empresários para finalizar alguns contratos de trabalho.O chalé estava de pernas para o ar, pedaços de madeira, ferramentas e pó de serragem estavam por todos os lados. Amanda precisou admitir, David trabalha muito bem e não tem preguiça.Ele impôs um ritmo rígido e constante, e estabeleceu horários para Christian que estava atrasando o serviço para dar uns pega nela. Christian reclamou.- Eu sou o patrão aqui.David não quebrou as suas próprias regras.- Grande coisa. Você achou que ia ser brincadeira carregar telha e madeira o dia inteiro? Isso é trabalho de homem.- Coisa que você não é. - Christian disse em tom de brincadeira.
Com as pernas trêmulas, Amanda subiu a escada. Christian estava de costas medindo um pedaço de madeira. Amanda sorriu. Deus como o ama!- David!- Ele saiu.Christian se virou ao ouvir Amanda atrás dele. Ela estava preocupada.- Tudo bem? - Christian perguntou colocando o pedaço de madeira de lado.Amanda mordeu o lábio inferior.- Você sabe que eu vou embora em algumas semanas, não sabe?Christian endureceu o olhar.- É claro que você não vai.- Eu tenho uma vida, Christian. Eu não posso simplesmente largar tudo e ficar aqui. Eu tenho os meus pais, os meus amigos, minha casa, meu emprego, Mike vai para o último ano da escola e...- Nada disso me interessa. - Christian pegou Amanda pelo braço. - Você e Mike são meus!Amanda ficou chocada com o descontrole emocional de Christian. Ele gritou com ela e estava machucando o seu braço.Porém
Os latidos de Bryan chamaram a atenção de Christian. Ele olhou no relógio 18:30h. David já tinha ido embora, Amanda estava no banho e Mike assistia TV deitado no sofá. Ele levantou.- Por que Bryan está latindo?- Vamos descobrir.Os dois saíram. A primeira reação de Mike foi de incredulidade. Seu avô acabava de estacionar o HB20 prata em frente ao chalé. Sua avó estava aterrorizada com Bryan.- São meus avôs.Christian teve a mesma reação de Mike.- O que eles estão fazendo aqui?- Vieram impedir o casamento e levar a mim e a minha mãe de volta.- Eu devo deixar Bryan atacar?Mike riu de nervoso.- É melhor você causar uma boa impressão. Uma ótima impressão. Minha avó tem a mente aberta, mas o meu avô fará da sua vida um inferno.Christian engoliu em seco e passou a mão na cabeça de Bryan.- Está tudo bem. Fica quietinho. Não me ferra ainda mais.<
Christian ignorou o olhar aflito de Amanda. Ele olhou diretamente para Armando.- Eu quero falar com você. A sós.- Eu não acho que seja uma boa ideia, Christian. Meu pai está cansado da viagem e...- Não. - Christian não cedeu. - Ele parece ótimo. Eu quero resolver isso aqui e agora.Armando, de má vontade, concordou. O vagabundo tem coragem.- Está bem. Eu preciso esticar as pernas. Vamos dar uma caminhada na praia.Armando foi na frente. Amanda segurou Christian pelo braço.- Por favor, tenha calma. Meu pai é como uma cebola. Você tem que tirar camada por camada.Christian deu um selinho molhado em Amanda.- Eu vou usar uma faca.Com o horário de verão, sete horas da noite ainda é dia. Armando contemplou o pôr do sol no horizonte alaranjado. Ele tirou os sapatos e as meias e pisou na areia branca ainda quente do fim de tarde.Armando chegou a fecha