Ângelo estava claramente desanimado e disse friamente:- Você não acabou de dizer que não devemos perseguir a mulher que abandonamos anteriormente? Por que essa mudança tão repentina? Não se sente envergonhado por negar suas próprias palavras?Francine, com um ar de superioridade, torceu a boca e respondeu:- Claro que é embaraçoso, mas mamãe não quer que você perca uma boa garota. Além disso, a principal razão de mamãe ter se oposto tanto ao relacionamento de vocês era porque eu via que você não a amava. Eu não queria que você sofresse em um casamento sem amor, mas agora as coisas mudaram...- O que mudou agora?- Porque você se apaixonou! - Francine afirmou incisivamente. - Depois de tantos anos, são poucas as meninas que conseguiram tocar seu coração, praticamente nenhuma. Agora que você encontrou uma, é claro que deve segurá-la com firmeza!- Eu não estou apaixonado por ela! - Ângelo negou, com o rosto frio.- Se está apaixonado ou não, você sabe melhor que ninguém, não precisa me
- Alice não confessou nada... - Emanuel falou calmamente. - Eu só acho que, pela minha impressão da Srta. Íris, você não seria do tipo de pessoa que faria tal coisa. Afinal, primeiro não há motivo, segundo não vale a pena.Íris deu uma risada fria.- Exatamente, primeiro não há motivo, segundo não vale a pena. É um princípio tão óbvio, você pode entender, mas Ângelo não.- Ângelo é um pouco ingênuo, não entende a complexidade do coração humano.- Sim, ingênuo como um idiota.Os dois não puderam evitar de se olhar e sorrir, com mil palavras não ditas em seu silêncio.Severino estava deitado na cama do hospital, com uma perna engessada e suspensa, sem poder se mover, totalmente desgrenhado e extremamente irritado.Ao ver Emanuel e Íris entrarem, se agarrou a eles como se fossem sua salvação, gritando:- Vocês chegaram na hora certa, me tirem daqui rápido, este lugar é como uma prisão, não aguento mais nem um minuto.Emanuel franziu a testa, com um tom sério.- Sua perna está quebrada, nã
- Mas eu ainda quero...Severino olhou para Íris, hesitante em falar, com uma expressão de dar pena.- Quer jogar, não é? Não pode!Íris falou com uma autoridade que parecia a de um diretor escolar.- Se não pode, não pode!Vendo suas esperanças desmoronar, Severino, frustrado, cobriu a cabeça com o cobertor e simplesmente caiu num sono profundo.Essa mistura de ferocidade e timidez era estranhamente fofa. Ouvindo que Íris estava de partida, ele rapidamente tirou o cobertor e perguntou de longe:- Íris, você disse que ia cuidar de mim, comer, beber, e tudo mais, é verdade?- Claro que é verdade. - Íris não hesitou. - Você salvou minha vida, cuidar de você é o mínimo que posso fazer.- Mas deixa eu te avisar, eu não tenho muita paciência, se você for reclamão e não cooperar como antes, eu posso acabar batendo em você!- Fique tranquila, se for você cuidando de mim, eu vou cooperar com certeza. - Severino respondeu e tranquilamente voltou a dormir.Emanuel observou tudo com uma expressão
Emanuel e Severino pararam de conversar de repente, ambos com uma expressão de quem tinha culpa no cartório.- Ângelo, você entra aqui sem nem bater na porta, que falta de educação!Ângelo, com um rosto bonito e inexpressivo, como um iceberg em movimento, se aproximou de Severino e deu um tapinha no gesso que pendia da perna do homem, perguntando seriamente:- Dói?As feições de Severino se contorceram imediatamente, ele gritou de dor:- Dói, Ângelo, você está tentando me matar? Eu acabei de arriscar minha vida para salvar sua ex-esposa, isso não é jeito de retribuir um favor!- Você parece bem, não parece nada grave, então pare de dizer que salvou alguém.A voz de Ângelo era fria, como se ele relutasse em aceitar que Severino havia salvo Íris. Afinal, ser um salvador era um título muito significativo, que no passado até implicaria em um compromisso mais profundo, e isso claramente o incomodava!- Exatamente! - Emanuel interveio na hora. - Ele ainda quer que cuidem dele, providenciando
Severino engoliu a saliva freneticamente e logo disse:- No hospital, há cuidadores profissionais e eles podem cuidar de mim. Façam suas coisas, de verdade, não se preocupem comigo.- Estou falando sério, você a salvou, tenho que fazer algo por você para retribuir esse favor, não me recuse! - Ângelo, muito assertivo, insistia. - Abra a boca, coma canja!Sem alternativa, Severino apenas teve que "se render".Nem tinha terminado a primeira colherada e Ângelo já oferecia outra, fazendo Severino ficar estufado de comida, uma verdadeira tortura.Meu Deus, que karma ele tinha criado? Salvou uma pessoa, quebrou a perna e agora tinha que suportar ser o objeto de disputa entre esses dois. Quem poderia ter uma vida mais miserável que ele?Íris viu que a canja havia acabado e imediatamente trouxe uma maçã, descascou ela com uma faca e passou para ele.- Comer uma fruta após a refeição ajuda na digestão.Ângelo insistiu novamente:- Coma a fruta.Severino estava sem palavras.Pensava consigo:"Agr
Íris saiu do hospital, com uma raiva sem nome ainda fervendo por dentro.- Que raiva, o Ângelo tem algum problema? Ele pensa que seu amigo é alguma grande figura, tem tanto medo de eu causar algum problema, por que ele está tão desconfiado de mim, me menosprezando assim?Ela pegou um táxi de volta para a Mansão dos Dellamonica. Maia já estava lá esperando por ela, ansiosa e esfregando as mãos.Ao ver Íris finalmente chegar, ela foi ao seu encontro de longe.- Srta. Íris, o que aconteceu? Eu só fui comprar alguns mantimentos, como assim a Mansão dos Monteiro foi incendiada? Por que você me pediu para esperar na Mansão dos Dellamonica? O que isso significa?Íris, ao ver Maia, sentiu um nó na garganta e as lágrimas que havia segurado por tanto tempo começaram a cair.Ela, como uma criança, se atirou nos braços de Maia e chorou:- Maia, por que você demorou tanto? Nossa casa, a nossa casa se foi!- Não chore, Srta. Íris, por favor não chore! - Maia disse gentilmente enquanto acariciava as
Íris mantinha uma expressão séria enquanto falava, seu comportamento não era exatamente cortês, parecia que a qualquer momento poderia começar uma briga.Os tempos eram diferentes agora, ela realmente não precisava mais dar importância a Francine, e se ela ousasse provocar, Íris estava pronta para enfrentá-la!No entanto, o que deixou Íris boquiaberta foi o gesto inédito de Francine, que lhe dirigiu um olhar ameno.- Vim ver minha nora, isso não é normal? Também não precisa necessariamente de um motivo específico, não é?Íris arregalou os olhos, quase perdendo o queixo de tanta surpresa. Essa Francine tomou a medicação errada? Uma pessoa que nunca teve uma palavra amável e nunca mostrou bom humor, como hoje...Maia também estava muito entusiasmada:- Srta. Íris, a Francine é realmente muito boa, até trouxe um presente para você, quer abrir para ver?- Bem, eu...Íris ainda estava atônita quando Maia já tinha desembrulhado uma caixa de presente lindamente embalada.- É um colar de safir
Francine sentia que havia se humilhado o suficiente, Íris certamente concordaria, entre lágrimas e soluços.Afinal, anteriormente, ela tinha se degradado tanto só para permanecer na família Dellamonica...Íris, porém, não respondeu, apenas riu alto, tanto que quase chorou.Ela nunca soube que Francine, antes tão prestigiada e respeitada na Cidade M, tinha esse lado tão hilário. Quase morria de rir!O rosto de Francine se tornou um pouco sombrio, ela finalmente parou de fingir, dizendo de maneira nada amigável:- Por que está rindo? Vai aceitar ou não? Responda... Eu te digo, essa oportunidade é única, se perder, acabou. Não seja ingrata!Íris, fazendo um esforço para conter o riso, com os olhos brilhantes e curvados que gradativamente se tornaram gelados, respondeu sem cortesias:- Francine, acho que já falei claramente antes, desde que deixei seu filho, nunca pensei em voltar atrás, mesmo que seu filho se ajoelhe e me implore, não há possibilidade, muito menos voltar para ser madrasta