O "esbarro"

(Duas semanas antes)

Eu fui convocada a uma reunião que estava acontecendo com todos os investidores da empresa incluindo o próprio dono, Presidente Hee. A princípio eu não sabia o motivo, uma vez que poucas foram as vezes as quais fui chamada para participar de uma reunião tão importante. Cheguei em frente a porta de entrada, dei um leve suspiro, duas batidinhas e abri, mas pensei mil e um motivos para essa ocorrência. Ao entrar cumprimentei a todos e sentei numa cadeira vazia na mesa, ao lado da mais gananciosa entre os investidores, Sara, e ao lado de um investidor concorrente direto do Presidente, de nome Igor, particularmente eu não gostava dele, pois em diversas situações ele me deixava desconfortável, tentava se aproximar de forma intimidadora, mas até então não tinha ocorrido nada.

Após acomodar-me, o Presidente Hee tomou a frente para me explicar os pontos importantes daquele encontro, que eram dois: Uma negociação com uma das maiores empresas do Japão e a vinda de seu filho mais velho, Song para posteriormente assumir o cargo de vice-presidente e CEO da empresa. Em meus pensamentos fiquei me indagando até o momento qual a minha importância neste evento, até que o Presidente me diz que fui a votada para representar a empresa no Japão e sendo assim, eu teria que me preparar e comparecer em um encontro com os possíveis interessados, sendo de extrema importância para o progresso da B&C a aprovação desse projeto.

- Por quê eu? De tantas pessoas até mais qualificadas que eu, qual seria o motivo de eu ser a escolhida? - perguntei surpresa e senti uma mão começando a tocar minha perna, era o desgraçado do investidor, Igor. Virei meu olhar para minha perna e depois para ele que estava sorrindo e passando cada vez sua mão nojenta pelo meu corpo disfarçadamente.

- De todos, você é a mais competente e sabemos seu potencial, foi por unanimidade, além do mais, você é a pessoa que mais confio aqui dentro desta empresa, sei também da sua fluência em japonês, o que foi um ponto crucial para essa decisão. - respondeu imediatamente o Presidente Hee.

Eu fiquei perplexa, sem acreditar, por ser algo muito além do que imaginava, não consegui nem assimilar o possível elogio que recebi do meu chefe, mas aceitei, só precisava verificar como estava minha fluência no japonês e organizar os detalhes da viagem. Enquanto isso, eu levantei minha perna com uma força absurda em direção a mesa, machucando a mão do desgraçado de Igor, que imediatamente tirou a mão denunciando dor. Depois disso, tive a certeza de que eu não estava doida pensando besteira dele, simplesmente era o cara mais nojento e desrespeitoso com uma mulher, eu estava pensando seriamente em denunciá-lo, mas seu cargo era alto demais e com certeza iriam dizer que era besteira minha, além de que eles poderiam facilmente me "descartar", infelizmente.

Logo em seguida, começaram os debates entre eles a respeito da volta de Song, afinal ele iria assumir um dos cargos mais importantes da B&C, sem dúvidas haveriam discordâncias, pois alguns entre os investidores acreditavam que o posto de vice-presidente não deveria ser dado a alguém que mal sabia como funcionava a gestão de um negócio. Acontece que mal sabiam que Song estava há mais de 12 anos investindo em conhecimento e experiência no exterior para assumir tal cargo e conhecia melhor que a maioria todos os trâmites que corriam pela empresa. Coincidentemente, o Presidente anunciou que a volta de seu filho estava programada para o mesmo dia que eu voltaria do Japão. No momento nem percebi, estava ansiosa demais para prestar atenção nos detalhes.

(27 de Fevereiro de 2022)

Eu já estava no Japão entrando em reunião com os possíveis associadores da B&C, muito nervosa mandei mensagem para a Joy pedindo conselhos de como conter o nervosismo na minha primeira experiência significativa como secretária em ascendência, mesmo sabendo que ela não responderia por possivelmente estar num SPA ou dormindo. Entrei na sala, cumprimentei cada associador e logo dei início à apresentação da empresa, mostrei e demonstrei os motivos e objetivos pelos quais ambas as empresas se beneficiariam. Depois de longas 3 horas, aparentemente tendo conquistado o apoio da Hanaka, a empresa em questão, tendo também minha primeira representação sido um sucesso, um dentre os 3 associadores não se deu por vencido e afirmou que pensaria melhor a respeito desta negociação. Terminado meu trabalho, com gostinho de conquista, saí para jantar, conhecendo poucos restaurantes e não tendo pesquisado com antecedência, ao entrar no táxi pedi uma sugestão. O que eu não sabia era que estava entrando numa emboscada, pois o taxista estava me levando para um local vazio e longe de qualquer sinal de comunicação, eu já havia sido avisada sobre vários acontecimentos do tipo e visto em noticiários. Em um local já distante, o homem começou a tentar passar a mão em uma das minhas pernas, colocando a para trás, sem sucesso, deu uma parada brusca carro, impulsionou seu braço o máximo possível até minha perna e cravou sua mão nela.

- Não resista moça, não adianta, estamos em um local fora de sinal, você só irá gastar energia e eu só preciso me satisfazer um pouco... Já estou sedento e esse seu corpo está deixando meu corpo todo excitado... - falou enquanto apertava fortemente minha perna direita e olhando pelo retrovisor.

- Por favor, não faça isso, eu suplico... - implorei.

Desesperadamente, tentei entrar em contato com Joy, sem sucesso, como se ela pudesse fazer algo por mim também. Entretanto, recebi uma ligação inesperada, com número desconhecido, aquilo não era o momento mais ideal, porém podia ser minha salvação, e ao atender, desesperada, reconheci a voz do Senhor Park, mais conhecido como o braço direito do Presidente Hee, ele imediatamente percebeu minha voz trêmula e perturbada, sabendo também desse tipo de ocorrências no Japão, perguntou-me em comandos o que eu estava fazendo:

Park:- Não dê muitos sinais, responda somente o básico, ok?

- Ok! - respondi.

Park: - Onde você está?

- No táxi! - respondi.

Park: - Você consegue dizer o número que fica ao lado do banco de passageiro, próximo a porta?

- Só um minuto, irei tentar ver! - disse-lhe.

Estiquei com bastante esforço o pescoço para verificar, mesmo com aquela mão nojenta adentrando minha coxa e pressionando com força para não perdê-la, até que consegui ver tal número e comecei a citá-lo:

-2586390

O taxista imediamente me perguntou o que estava fazendo e tentou puxar-me o telefone, desgovernando o carro. No entanto, Park me pede para colocar o telefone no viva voz, após muito esforço, consegui, afinal, foi praticamente uma luta corporal entre eu e o taxista que estava consumido e abrindo já sua calça colocando sua intimidade para fora, e então Park avisa:

- Senhor Tom, verifiquei seus dados e minha equipe de segurança já está a caminho, ou melhor, você consegue ver um carro preto na próxima esquina? Se sim, você já sabe, vejo que não é a primeira vez que se mete em encrenca conosco e sabe do que somos capaz.

Taxista: - Desculpe! Implorou - Levarei ela ao destino que solicitou, me perdoe, não cometerei este erro novamente!

Park: - Pare na frente do carro que você viu e a deixe lá, o resto será resolvido entre você e minha equipe, essa promessa você já fez outras incontáveis vezes, talvez o serviço que minha equipe lhe fez na última vez não foi suficiente! Dessa vez não haverá perdão, vice mexeu com a pessoa errada! 

Fiquei me questionando o que havia acontecido outras vezes, mas não era o momento ideal para este tipo de pergunta. Há aproximadamente 500 metros, ele parou e me deixou com a equipe de Park, eles estavam todos vestidos de preto, com rigidez no olhar, um outro carro chegou atrás e o que parecia subchefe da equipe acenou para pegar Tom. Depois disso, só vi alguns homens bem altos amarrando Tom, batendo-o com um cacete com bastante força, deixando-o inconsciente e o colocando no porta-malas.

Eu só conseguia pensar no livramento que tive e agradeci imensamente ao Senhor Park que ainda continuava em ligação até eu me encontrar em segurança no hotel. Chegando lá, ele já havia providenciado as mais variadas comidas para que eu não pulasse o jantar. Fiquei tão aliviada, mas ainda tão apreensiva e assustada, não conseguia nem refletir sobre tudo de bom que aconteceu durante o dia.

Enquanto isso, Song estava aproveitando sua última noite na Alemanha, havia sido convidado pelos seus amigos para uma última "noitada" numa das baladas mais movimentadas, a princípio recusou, mas depois de pensar e repensar se perguntou do porquê "não". Decidiu aproveitar todos os direitos que tinha, incluindo mulheres e bebidas era ganancioso e destemido, mas é claro que algumas coisas iam contra seus princípios. Tirou somente o terno, deixando-o no carro e entrou, estava disposto a enfrentar uma ressaca durante a viagem no outro dia, no entanto bastaram apenas alguns goles para desistir, pediu que todas as mulheres que o rodeavam se distanciassem e começou a resmungar que queria apenas uma, mas uma pra ficar ao seu lado independente do seu dinheiro ou situação e que fosse boa o suficiente pra ser capaz de lhe contar seus mais profundos desejos. Seus amigos tentaram lhe conter, mas foram tentativas em vão, parecia que a bebida tinha descido errado. Começou a cambalear de um lado para o outro no sentido a saída, pagou a conta e sem aceitar ajuda de ninguém conseguiu sair, porém muito certinho, aceitou que um motorista lhe levasse para casa.

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