Disse a ele o meu destino e partimos. O taxista parou em frente ao local determinado. Após transferir o valor para ele, observei enquanto o veículo se afastava.Fiquei ali, de pé, absorvendo a visão do imenso e luxuoso prédio de escritórios. Em frente, avistava-se a cafeteria onde eu havia flagrado Selena escutando minha conversa com Isaac. Como ela afirmava trabalhar ali, não havia dúvida de que precisava descobrir a verdade.Aproximei-me do edifício, encantada. De perto, a construção revelava-se simplesmente deslumbrante. Os painéis espelhados que formavam o último andar cintilavam ao sol, refletindo o céu e os prédios ao redor. Não pude deixar de me perguntar como seria o interior, como se sentiriam as cadeiras dos escritórios…Sacudi a cabeça para retomar o foco na principal razão da minha presença ali. Não dispunha de muito tempo para permanecer à vista de todos, admirando o local, enquanto corria o risco de ser notada. Depois que ele se tornasse meu, eu poderia fazer isso.Com es
PONTO DE VISTA DE SELENAO endereço que Marcelo me enviou indicava que ele estava no bar do Leonardo. Meu olhar recaiu sobre o carro dele, estacionado ao lado da estrada, enquanto eu dirigia até o estacionamento e estacionava meu veículo.Adentrei o bar. Ao vasculhar o ambiente em busca de algum sinal de Marcelo, meus olhos encontraram os de Leonardo. Ele já me fitava intensamente. Ao cruzarmos o olhar, ele apontou com o indicador e o dedo médio para os próprios olhos e, em seguida, direcionou o gesto para mim.— Estou de olho em você. — Disse ele silenciosamente com um gesto mudo.Revirei os olhos e pressionei um dos dedos em meus olhos.— Vou arrancar seus globos oculares. — Respondi na mesma língua muda. Sem perder tempo, virei-me e caminhei em direção à sala privativa de Marcelo. Como ele não se encontrava no andar inferior, certamente estava em uma das áreas VIP.— Selena… — Ao me aproximar, os olhos de Marcelo se fixaram em mim e, já com a fala um tanto arrastada, exclamou: — Voc
PONTO DE VISTA DO MARCELO— Senhor, a Srta. Bárbara está aqui para vê-lo. Ela está esperando do lado de baixo enquanto eu falo. — Levantei o olhar da pilha de documentos que repousava sobre a escrivaninha quando a voz soou através do telecomunicador.Reclinei-me em meu assento e me perguntei por que ela estava aqui dessa vez. Será que ela havia inventado alguma mentira na qual estava convencida de que eu acreditaria? Nem me surpreenderia se dissesse que agora possui leucemia.Inclinei-me para a frente e, apertei o botão da chamada:— Deixe-a entrar!Vamos ver o que ela tem preparado nas mangas desta vez.— Imediatamente, senhor! — A voz do outro lado respondeu instantaneamente.Poucos segundos depois, a porta rangeu suavemente ao ser aberta, e Bárbara adentrou o ambiente.Meus olhos a examinaram da cabeça aos pés: ela vestia um vestido de gola alta preto que abraçava firmemente sua figura com graça. Seus lábios cor de ameixa estavam cobertos por um vermelho intenso, e um grande óculos
Abri a gaveta inferior, à minha direita, e retirei um dos meus cartões bancários. Em seguida, coloquei-o sobre a mesa e, com um gesto calculado, empurrei-o até o outro lado, de forma que ela pudesse alcançá-lo facilmente. Afastei a mão e, com um aceno sutil para o cartão, declarei:— Há seis milhões de reais neste cartão. Talvez até mais. Leve tudo. É o suficiente para que você comece uma nova vida repleta de luxo.Não pude deixar de notar a rapidez com que ela agarrou o cartão, evitando meu olhar enquanto o escondia na bolsa. Levantou os olhos e, com firmeza, afirmou:— Isso não é suficiente. Você prometeu adquirir a moda Vogue-Luxo, e ainda não cumpriu sua promessa.Senti um leve desprezo ao recordar a promessa feita em um momento de intimidade, quando eu estava sobre ela. Que tolice, pensei.— Você acredita no que um homem diz na cama? — Debochei, acrescentando com altivez: — Não seja ridícula, Bárbara.Ela respondeu de imediato, sem titubear:— Serei ridícula se isso fizer com que
PONTO DE VISTA DE SELENAFiquei encarando o homem que nos fornecia o algodão, com a boca aberta. Seus lábios estavam tensionados e ele se recusava a me encarar, permanecendo firme em sua posição.— Por quê? — Repeti, quase como se quisesse arrancar a verdade dele. Já havia feito essa pergunta inúmeras vezes, mas tudo o que ele me respondia era que não queria, de forma nenhuma, fechar negócios com a Vogue-Luxo novamente.Para a maioria, um simples fornecedor dizendo que não teria mais interesse em nos fornecer matéria-prima não seria motivo de alvoroço. Afinal, bastava procurar outro fornecedor que apresentasse a mesma qualidade. Sim, o processo de conseguir um fornecedor legítimo com a mesma alta qualidade seriacomplicado, mas encontraríamos.A verdadeira angústia era que, há semanas, todos os fornecedores da Vogue-Luxo vinham se retirando. Alguns, como o homem diante de mim, eram educados o suficiente para marcar uma reunião pessoalmente e anunciar a desistência, enquanto outros sequ
A respiração dele era áspera enquanto dizia:— Graças a Deus. Pensei que a senhora não estivesse aqui.— Qual é o problema dessa vez? — Perguntei de forma entorpecida. Minha mente já não conseguia pensar direito.— Os parceiros de logística e armazenagem da Vogue-Luxo ligaram. — Explicou ele, espalhando papéis sobre a minha mesa. — Eles aumentaram as taxas e agora exigem um ano de adiantado, ou então sugerem que procuremos outros parceiros.Geovana e eu trocamos olhares. De repente, ela se levantou bruscamente:— Eu não consigo lidar com isso agora. Não dá mais! Vocês vão se encontrar na sala de conferências. — Exclamou, furiosa, e saiu arrastando os pés pela porta.Fiquei observando ela partir. Era insano como todas aquelas coisas aconteciam de forma tão confusa que mal conseguia acompanhar.— Informe a eles que iremos pagar. — Disse, virando-me para o contador. — Eles devem nos conceder alguns dias. — Em seguida, murmurei baixinho: — Este não é o melhor momento para procurar novos p
— Por que não vendemos a empresa para eles? Vamos vendê-la enquanto ainda podemos. Eu realmente não quero acabar sem nada. — Sua voz começou a tremer quando ela falou. — Desculpe, mas tenho muito medo de voltar a ser pobre. Nem quero imaginar enfrentar aqueles tempos difíceis de novo. Eu não posso… — Acrescentou, balançando a cabeça em desespero, enquanto sua mão se apertava com força no meu vestido. — Não posso voltar àqueles dias.Ela voltou a chorar, e eu a consolei:— Não tenha medo, estou aqui. Estamos juntas nisso. Vamos continuar resistindo. Quem quer que esteja por trás de tudo isso, acabará se revelando. Então saberemos o que fazer. — Afirmei, fazendo com que ela me olhasse nos olhos, firme em minha convicção. — Não se preocupe, este não é o momento para entrar em pânico. É hora de permanecermos fortes e manter viva as nossas esperanças.Geovana fungou, assentindo com a cabeça, entre soluços.— Tudo bem.-Foram dias recebendo más notícias e a preocupação e o medo estavam me c
PONTO DE VISTA DO MARCELOEu me virei com um sobressalto quando a porta do meu escritório se abriu. Meu assistente entrou, com as sobrancelhas franzidas e os olhos arregalados em uma mistura de medo e preocupação.— Por que entrou assim de repente? — Exclamei, levantando-me com fúria.Ele tentava, entre respirações entrecortadas, recompor o fôlego antes de falar. Suspeitei que tivesse corrido até ali.— Selena está chegando e, com a expressão em seu rosto e com seus passos, ninguém ousou impedi-la. Nem mesmo os seguranças. Eu poderia...Meu olhar deslizou rapidamente para a porta quando ela foi aberta com força novamente. Meu assistente se afastou da entrada enquanto Selena se lançava no recinto.Ela foi direto à minha mesa e, com violência, jogou sua bolsa sobre ela. Seus olhos, carregados de raiva, pousaram em mim enquanto gritava:— Marcelo, o que exatamente você está aprontando? Por que está tornando tudo tão difícil para mim?Levantei as sobrancelhas e lancei um olhar atônito para