capítulo 6

Eu espero que um dia,

eu consiga sair

quero me sentir vivo, lá fora,

não posso lutar

contra o meu medo.

Lovely- Billie Eilish feat...khalid

Assim que saí da empresa, ou melhor do elevador com a Bárbara, mais uma vez tentando me seduzir, isso já está se tornando demasiadamente cansativo.

O Lucca vive ocupado brigando com a Maya que esqueceu da maluca da irmã dele.

Ouvi meu celular tocar, e é a Malina, e imediatamente eu o atendo.

__alô?__ falo em tom baixo e espero ela falar.

__ olá toy store, você não vai demorar muito né?__ questiona e suspiro.

__ não bebelôzinha...eu já estou indo!

__ ótimo, pode trazer vinho?

__ e você pode tomar vinho criatura?__ pergunto e ela sorri, percebi pela gargalhada que ela deu, do outro lado da linha.

__ uma taça, mas, não é para mim, e sim para minha visita, não demore por favor.__ diz e eu escuto a risada do Ethan, e novamente solto um longo suspiro.

__ tudo bem.

Desligo o celular e entro no meu carro, e sigo para algum local onde venda vinho, em plena dez da noite.

Por sorte encontrei um supermercado vinte e quatro horas aberto, e comprei o vinho.

Segui para o meu apartamento, e quando as portas do elevador se abriram, eu pude ouvir um barulho, seja lá quem for que está fazendo esse barulho, a festa deve estar muito boa.

Fui me aproximando do meu apê, e me dei conta que a música estava vindo de lá.

Rapidamente abri as portas, Mali estava sentada no colo do Ethan, Aurora e Sara rebolando no colo de Pietro e Miguel.

E a estressadinha aos beijos com o namorado dela, isso, uma estranha e um estranho e o pior os meus amigos fazendo da minha casa um puteiro.

Pronto, só o que me faltava, eu de vela na minha casa.

Desliguei o som e todos me olharam surpresos.

Minha casa estava igual a boate que eu gerenciava com Pietro.

__ o que, caralhos! Está acontecendo aqui?__ questiono irritado e acho que eles se deram conta do que estavam fazendo.

__ uma festinha?__ Sara diz passando a mão no cabelo que estava bem desarrumado.

__ estava mais para um surubão...Então não querendo ser chato, mas já sendo, acho isso uma tremenda falta de respeito com a minha pessoa, eu nunca fiz isso com nenhum de vocês, sempre respeitei a privacidade de cada um, e vocês estavam fazendo da minha casa um cabaré, não me comunicaram nada, trouxeram dois estranhos para cá, e eu espero sinceramente que isso não se repita, mas eu vou sair e deixa-los a vontade para concluir a "festinha " de vocês.__ falei e deixei as garrafas de vinho sobre o meu sofá, só escutei eles me chamando, mas eu não quero saber de nada, foda-se se isso for drama eu estou extremamente chateado.

Eu vi esses três saindo do zero para um casamento digno, mas sempre respeitei a privacidade deles, eu só não queria que ninguém ficasse trepando na minha frente.

Eu fiquei feliz ao vê-los, mas, não desse jeito.

Peguei estrada para espairecer, até achar um parque arborizado, mas não tinha ninguém, desci do carro, e me sentei no balanço, olhando para o horizonte eu fiquei lembrando de como me excluíam das coisas quando aquilo tudo aconteceu, e indiretamente, os meus amigos fizeram isso comigo.

Flash back on

Eu sempre vinha com Marcel para escola, mas antes que papai me mandasse para a máfia mamãe quiz que eu continuasse lá, o que não foi bom para mim, porém eu não quero decepciona-la.

Marcel nunca mais falou comigo, arrumou outras companhias, ninguém falava comigo a não ser os professores.

__ dizem que ele estava tendo um caso com o professor. __ ouvi Eliot, um menino da sexta série sussurrar para Marcel e ele sorriu de mim, e doeu de uma forma que não sei expressar.

Eu sempre me sentava sozinho para o lanche, sempre estou sujeito a ouvir isso.

__ eu soube que o pai dele sumiu, com o professor, sendo que o culpado de tudo isso é ele.__ ouvi Marcel, que me conhece a tanto tempo, proferi tamanha ofensa em relação a minha pessoa, me fez sentir um bolo, em minha garganta, não aguentei, e gritei com todas as minhas forças, e saí correndo para o banheiro.

Me tranquei na cabine e chorei, até que as lágrimas cessassem, e restarem apenas o som alto do meu soluço.

Respirei fundo, e saí de lá, mas eu sempre escutava.

__ viadinho...oh tadinho da bichinha, foge seu marica.

Eu abria meu armário e tinha vários bilhetes dizendo tudo isso, e questionando o meu caráter, eu quis eu juro, que quis, fazer com eles a mesma coisa que fiz com o professor.

Mas, não sou assim, eu cheguei ao meu limite.

Era uma manhã muito bonita para deixar de sofrer eu pensei, assim que cheguei em casa, e caminhei para dentro do escritório do meu pai.

Peguei um bisturi nas coisas do papai, e em meio aos meu choro, deslizei a lâmina sobre os meus pulsos, e enquanto sangrava eu encarava a luz do sol, que iluminava a pequena janela do escritório dele, e imaginei para onde vão as pessoas que morrem, talvez para um lugar bom, e quem sabe lá eu serja feliz.

Lembrei do inverno que eu e Marcel fizemos um boneco de neve, perto da árvore que temos em frente à nossa casa, e antes que o inverno acabasse um galho caiu e estragou o boneco, eu e ele, sorrimos e montamos de novo.

Eu olhei mais uma vez para a árvore, antes que eu sentisse minha visão pesar, mas não adormeci antes de escutar o grito da minha mãe ressoar no fundo.

__ Matteo nãoooooooooo!__ disse encarando seus pulsos, eu olhei para ela, e suspirei, cansado demais para lutar por mim, já não via mais sentido.

__ desculpe mamma.__ falo e fecho os olhos.

Flashback off

Bom parece que eu falhei naquilo, e não sei se valeu a pena ter sobrevivido aos cortes, mas como? Como olhar para as minhas cicatrizes e não sentir mais a dor?

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