Daisy não para de tagarelar do lado de fora e depois de alguns minutos que eu fico encarando a porta absorta em meus pensamentos, vejo Layonel entrando e minhas pernas ficam bambas instantaneamente ao vê-lo parado na porta segurando Daisy no colo. Seus olhos verdes intensos se fixam em mim analisando meu corpo, ele estava sem óculos o que deixa seus olhos ainda mais verdes do que o normal, intensos, quentes e ferozes.
Me coração dispara em meu peito me causando uma súbita onda de claro, ele está impecável em seu terno escuro, mas suas roupas estão brancas de farinha. Faço uma careta prestando atenção na sua calça social com as marcas das mãos de Daisy.
-Daisy. –A chamo brava e ela me olha assustada. –Você sujou as roupas dele. –Falo brava.
-Está tudo bem. –Layonel a defende.
-É claro que não está. &ndas
-Melhorou?-Sim.-Viu. –digo vitoriosa –Precisou de todo o drama?Dou risada saindo do banheiro, mas paro ao ver uma sacolinha dependurada em minha frente.-Eu trouxe os remédios da Daisy. –Balança a sacolinha no ar.Seguro a sacola me virando para ele.-Porque você comprou os remédios? –Pergunto brava.-Porque eu quis. –Diz indiferente.-Layonel você não precisa fazer isso, você não tem obrigação.-E você acha que eu não sei? Fiz porque eu quis Hana, não tem nada a ver com obrigações ou com qualquer outra coisa que sua mente orgulhosa crie. –Ele diz irritado.-Eu não sou orgulhosa. –Rio irônica. –Apenas não quero que pense coisas erradas sobre mim. –Falo constrangida.Ele fecha a porta do banheiro a trancando, pois nossas vozes
Layonel passou a tarde toda brincando com Daisy, me surpreendi ao ver a felicidade estampada nos olhos dele ao passar horas com minha filha.Minhas intuições dizem que depois que ele conheceu Daisy algo dentro dele mudou. Ele está mais cheio de vida e menos carrancudo. As suas mudanças constantes de humor têm se amenizado e isso me surpreende.Bom, não sei o que está acontecendo, mas sei que Daisy lhe faz bem e não vou impedi-lo de ver minha filha. A minha única preocupação é que ela acabe o associando a uma figura paterna e isso é preocupante.Tento não focar nesses pensamentos me concentrando nas cartelas de vinho a minha frente e nos inúmeros preços que vinham junto com eles. Eu gosto de mexer com números, mas sinceramente hoje não estava com cabeça para organizar tantas planilhas de uma única vez.Um dia de descans
-Por favor não fique brava. –Ele sussurra enquanto caminha.-Por que eu ficaria? –Semicerro os olhos.-É um almoço com Lívia e eu não queria vir sozinho. –Paro no meio do caminho o fitando incrédula.-Você me trouxe para almoçar com Lívia? E só me contou agora? Poderia pelo menos ter dito antes para eu ter a oportunidade de estar mais apresentável. –Solto seu braço irritada.Não acredito que vou ter que ver Lívia novamente e dessa vez em um almoço particular. Eu odeio essa mulher e tudo que envolve sua falsidade.-Hana, por favor. –Ele suplica.-Você poderia pelo menos ter me avisado, eu não recusaria te acompanhar, mas dessa maneira foi um completo absurdo. –Caminho a passos decididos para entrada até sentir suas mãos envolverem minha cintura.Nesse exato momento n&atil
-Você prefere vinhos tintos ou brancos? –Pergunto a analisando e Layonel apenas me observa.-Estava pensando em vinho seco, mas estou com dúvida devido a cardápio escolhido. –Diz incerta.-Então sirva vinho tinto suave e vinho branco. –Dou a ideia e ela fica pensativa. –Não há como erra com vinho suave. –Afirmo.-É uma boa escolha. –Agora ela aparenta estar um pouco mais animada.-Dependendo do tipo de uva escolhida você pode optar por um cardápio mais leve ou mais pesado. –Exponho novamente minha ideia e a vejo ponderar a situação.Layonel me observa satisfeito e eu acabo percebendo que estou tomando a frente da conversa. Envergonhada faço uma careta para Layonel decidindo permanecer em silêncio, mas como em nenhum momento ele me cortou ou disse que eu estava errada acredito que acertei em minhas escolhas.-A mer
Coloco o vestido preto com decote comportado, mas que acentua delicadamente minhas curvas, amarro meu cabelo em um rabo de cavalo alto e passo um gloss rosado nos lábios os deixando mais volumosos. O vestido levemente rodado solto até a altura do joelho realça a cor da minha pele, uso um sapato baixo já que Daisy iria comigo.Ellen e Daisy me esperam na sala.Daisy já está arrumada com um vestido branco florido e rodado, sua bolsinha pequena da Elsa e sua sapatilha cor de rosa claro. Seus cabelos estão amarrados com uma fita de cetim rosa que somente Ellen consegue fazer parar em seus cabelos lisos.Daisy irradia felicidade e não consegue parar quieta por um segundo, pois iria ver seu amado titio Leão. Além disso está ansiosa, pois irá convida-lo para a apresentação do dia dos pais na escola. Isso de certa forma me preocupa, gostaria que ela não o convidasse,
-Podem ficar à vontade estou quase terminando o molho da carne assada. –Ela mexe na panela com uma mão e acaricia o cabelo de Daisy com a outra.-Daisy sente-se e comporte-se como a mamãe ensinou. –Peço para ela educadamente e como uma linda menina faz o que mando.Sentada em uma cadeira balançando as pernas observando a casa em silêncio. Ela parece um pouco intimidada por estar em lugar desconhecido, mas tenho certeza que não demorara muito para se familiarizar.-Mãe eu “tô” com fome. –Pede.-Espere mais um pouquinho. –Ela concorda cantarolando a música de Frozen.Layonel abre a geladeira e começa a procurar algo lá dentro Maria lhe acerta a bunda com a colher de pau fazendo ele se assustar e bater a cabeça na geladeira, não consigo controlar a risada e até mesmo Daisy ri.-Pare de procurar doces. &ndash
-Não. –Mordo os lábios.-Você está me deixando apreensivo. –Balança a perna ansioso.-Estou tentando achar as melhores palavras. –Faço uma careta.-Penas fale.-Eram duas cobranças uma da escola de Daisy e outra do banco.-Explique. –Pede inquieto e nervoso e acabo suspirando apreensiva.-Fazia sete meses que havia me separado de Ivan e nesses sete meses ele não pagou as mensalidades da escola. A dívida acumulou e o preço com os juros ficaram altos, mas isso é o de menos conversei com a diretora e consegui acertar mais da metade das parcelas. -Sorrio sem ânimo.-E sobre o banco? –Ergue a sobrancelha.-Essa é parte mais complicada. Ivan fez um empréstimo no banco em meu nome antes de terminarmos. Eu nem mesmo sabia desse empréstimo, mas ele tinha a minha assinatura. Juan meu advogado descobriu que
-O que você esconde Layonel? –Pergunto olhando em seus olhos.-Muitas coisas. –Diz sério.-Por que não me conta? –Analiso seus olhos perdidos em magoas e tristeza.-Ainda não é a hora. –Ele sorri entristecido.-E quando será?-Quando você estiver preparada. –Ele encosta a testa na minha.-Eu estou preparada.-Você está sobrecarregada demais para levar consigo os meus erros. –Afaga os meus cabelos.-Eu quero te ajudar. –Falo com sinceridade.-Você já ajuda e não faz ideia do quanto.Suspiro o observando sabendo que não adiantaria lutar quando ele não quer se abrir, então apenas desisto no momento. Não vou lutar contra a sua vontade, se ele não se sente seguro em me contar no momento não posso força-lo, infelizmente não posso me aproximar de