Não perguntar, não saber. Perguntar, se assustar.Claudia contou a Francisca que Ilídio a procurou para pedir que não se casasse com Marcelo. Ela, claro, não deu ouvidos a Ilídio, e durante a discussão, ele a beijou à força. Marcelo, ao ver a cena, não hesitou e deu um soco em Ilídio, que reagiu, e os dois começaram a brigar.— O que esse Ilídio quer? — Francisca franziu o cenho. — Ele não é casado? Pedir para você não se casar e ainda fazer isso, é nojento.Claudia assentiu:— Sim, na hora, eu queria matá-lo.Claudia se recostou na cadeira e respirou fundo.— Não sei o que eu via nele naquele momento. — Claudia riu de si mesma. — Talvez por achar que ele era bonito. Foi a primeira vez que vi um rapaz tão bonito...Ao falar de beleza, Francisca achava Marcelo mais atraente que Ilídio. Mas Claudia não se interessava por Marcelo, o que era estranho.— Francisca, estou tão confusa. Claudia abraçou Francisca.Francisca acariciou o ombro dela:— Claudia, pense bem. Não faça algo de que se
Depois de arranjar tudo, Antônio finalmente saiu do trabalho. Ao chegar na porta da mansão Oásis, ele não desceu do carro imediatamente, preferindo ficar sentado por alguns instantes.— Senhor, chegamos. — Lembrou Guilherme.Só então Antônio saiu do carro.Francisca estava no sofá, mexendo no celular, e acabou adormecendo de tanto sono.Quando Antônio chegou, a empregada disse que ela estava deitada no sofá. Ele se aproximou e tocou o braço dela.— Admir... — Disse Francisca.Por causa do que aconteceu na festa hoje, onde Admir segurou seu braço, ela instintivamente murmurou esse nome.A mão de Antônio se afastou imediatamente.Francisca acordou com seu próprio murmúrio e, ao abrir os olhos, viu Antônio com uma expressão fria, parado à sua frente:— Você voltou.Antônio não respondeu e subiu diretamente as escadas.Ignorada, Francisca sentiu um nó na garganta.Mais tarde, Antônio dormiu em seu próprio quarto. Francisca também dormiu sozinha.Fábio, ao levantar para ir ao banheiro, viu
O clima estava começando a esquentar e, quando a luz do sol entrou no quarto, Francisca percebeu que a neve lá fora já tinha derretido bastante. Ao olhar o relógio, viu que já eram nove horas da manhã. Hoje, ela precisava ir ao hospital para tirar as ataduras.Depois de organizar tudo para Fábio, Francisca estava prestes a sair quando ele segurou sua mão:— Mamãe, tio Antônio é realmente o meu pai, não é?Francisca sabia que mais cedo ou mais tarde teria que enfrentar essa questão e assentiu:— É, sim.— Mamãe, agora eu também tenho um pai, não sou mais um garoto sem pai, certo? Os olhos de Fábio brilhavam intensamente.Ao ouvir a expressão garoto sem pai, o coração de Francisca apertou. Nos últimos anos, ela sentia que devia muito ao filho.— Claro que sim, nosso Fábio e Breno têm um pai e uma mãe.Fábio continuou:— Mamãe, hoje, quando você voltar do hospital, você pode chamar o papai para irmos juntos à escola ver o irmão? Vamos fazer uma surpresa para ele.Francisca, ao ouvir isso
Antônio, naquela manhã antes de ir para a empresa, foi segurado pela mão de Fábio, que disse que o irmão queria vê-lo e pediu para que ele fosse à escola à tarde. Antônio pensou que realmente era hora de ver Breno, então concordou.À tarde, pediu ao motorista que o levasse para casa.Quando chegou, Francisca e Fábio já estavam prontos, esperando por ele.Fábio exclamou imediatamente:— Papai!— Sim. — Respondeu Antônio.Francisca se aproximou:— Vamos?Ela já tinha ligado para a família Santos, avisando que não precisava buscar Breno hoje.Os três entraram no carro, que ficou em um silêncio desconfortável. Fábio, sentado entre Francisca e Antônio, percebeu que precisava fazer algo.— Mamãe, por que você e o papai não dão as mãos? Eu vi outros pais segurando a mão um do outro com seus filhos. — Disse Fábio.Francisca também tinha notado e olhou para o rosto sério de Antônio, desviando o olhar rapidamente.No instante seguinte, Antônio estendeu a mão.Fábio incentivou:— Mamãe, segura a
Flávio sentiu que estava começando a entender a situação:— Então, você também é filho do meu tio?Breno ouviu a pergunta, mas não respondeu.Flávio assumiu que ele estava admitindo:— Como você pôde me enganar?— Enganar você sobre o quê? — Retrucou Breno.— Você não disse que o Marcelo era seu pai? Flávio ficou vermelho de raiva.— Foi vocês que disseram isso, não eu. — Breno pegou sua mochila, com um olhar frio. — Mais alguma coisa?Flávio, intimidado pelo olhar de Breno, deu um passo para trás:— Não, nada.Breno colocou a mochila nas costas e saiu. Flávio ficou na sala de aula, cheio de raiva:— Maldito, me enganou! E eu que achei que éramos amigos!Seus olhos brilharam com um toque de malícia:— Ninguém vai tirar meu lugar na Família de Pareira.Na saída da escola, Breno avistou seus pais na multidão.Ele caminhou rapidamente até eles.— Breno! — Chamou Francisca.Chegando perto, Breno sorriu e chamou:— Mamãe.Breno então olhou para Antônio e, em vez de chamá-lo de pai, disse:—
Essa era uma escolha óbvia.Fábio, era claro, queria ir para a escola como Breno.— Quero ir para a escola. — Disse Fábio, se agarrando à perna de Antônio antes que Francisca pudesse responder. — Papai, você é o melhor! Pode me colocar na mesma escola que o Breno?Breno, vendo o irmão tentar agradar Antônio, ficou irritado. Ele não queria Fábio na mesma escola que ele e disse de imediato:— Eu não quero.Fábio, com a mesma aparência que Breno, sempre conseguia mais atenção e carinho de todos ao redor. Onde quer que estivessem, Fábio era sempre o favorito. Bastava ele fazer um charme e Breno era esquecido.Fábio, surpreso com a recusa do irmão, olhou para ele com olhos arregalados:— Por quê, irmão? Você não me ama mais?A testa de Breno se franziu. Ele tinha vontade de rasgar o livro que estava segurando para calar a boca de Fábio.— Se continuar com essa frescura, eu te jogo para fora do carro! — Disse Breno friamente.O olhar e o comportamento de Breno lembravam Antônio quando era ma
— Papai, mamãe, por favor, parem de brigar, tá bom? — Pediu Fábio, com os olhos cheios de lágrimas.Francisca e Antônio se calaram.Fábio olhou para Francisca com um ar triste:— Mamãe, eu não vou mais querer ir para a escola. Não fique brava com o papai. Ele só disse isso porque não quer me ver triste.As palavras do filho tocaram profundamente Francisca. Era que só Antônio se importava com os sentimentos de Fábio? E ela? Ela também não queria vê-lo triste. Ela tinha cuidado do filho por anos, mas parecia que os poucos meses com Antônio tinham mais peso.— Mamãe, não fique brava, tá? — Disse Fábio, tentando desviar a atenção da mãe para acalmar a situação.Fábio acreditava que, com um pouco de carinho, Francisca deixaria de estar brava com Antônio. Mas as coisas não saíram como ele esperava.— Fábio, se você quer ir, pode ir. Mas se qualquer coisa acontecer, você terá que sair imediatamente da escola.Depois de dizer isso, Francisca passou por Fábio sem lhe dar um abraço como costumav
Como pai, Antônio não podia assistir passivamente enquanto algo acontecia com Fábio. Ele acreditava que, com todos os cuidados necessários, não haveria diferença entre Fábio ir para a escola ou ficar em casa.Francisca, ao ouvir isso e lembrar do olhar esperançoso de Fábio, não recusou mais:— Tudo bem.Ela apertou os dedos e não pôde deixar de dar uma última instrução:— Por favor, não deixe nada acontecer com ele.Antônio apertou os lábios e, depois de um momento, respondeu:— Eles são meus filhos. Não precisa me dizer isso.À noite.Antônio mal tocou na comida e, após o jantar, acendeu cigarro após cigarro no quarto. Ele não sabia por que, mas estava especialmente irritado nos últimos dias.Embora ambos os filhos fossem seus e isso devesse trazê-lo alegria, ele não conseguia deixar de sentir raiva ao pensar em Francisca levando as crianças embora e vivendo com outro homem.No outro quarto, Fábio e Breno conversavam.— Não podemos continuar assim. Vou falar com o papai para ele tomar