O carro parou em frente ao portão da Mansão Riacho Belo, e Boris estava esperando a resposta de Lorenzo.Depois de um longo tempo, ele ouviu a voz baixa do homem:- Deixa o acordo de divórcio de lado por enquanto, quando ela acordar, nós iremos juntos.Boris assentiu.- Entendi, Presidente Borges, vou voltar para a empresa agora.- Tudo bem, espera um pouco.Lorenzo, naturalmente, não deixaria Boris voltar de táxi.Havia outros carros na garagem da mansão, ele poderia ir trabalhar e até chamar Boris de volta.Ele estava arrumando as roupas de Tatiana, tentando mover ela sem que ela acordasse.Boris também estava observando.Ele nunca tinha visto o patrão com aquela expressão, um semblante ameno, e gestos tão gentis e delicados, como se estivesse lidando com algo muito frágil.Ele não tratava nem Carolina, a futura Sra. Borges, daquela maneira.O que ele sempre via era uma cortesia polida e distante, como se ele devesse algum favor a Carolina.Ele nem pareciam um casal.om a Sra. Borges
Lorenzo saiu do quarto de hóspedes e parou no corrimão da escada do segundo andar. Seu rosto mostrava uma expressão não muito agradável, com as sobrancelhas franzidas. Ele provavelmente estava irritado por ter sido acordado, emanando um mal humor matinal. No entanto, era compreensível. Se tivesse sido acordado às quatro da manhã, Tatiana também não teria um semblante amigável.- Desculpe, eu não consegui encontrar o interruptor, acabei fazendo barulho demais e te acordei...Tatiana mal conseguia se lembrar da sua bebedeira da noite anterior, e menos ainda do porque estava na Mansão Riacho Belo. De qualquer forma, ela estava hospedada na casa de outra pessoa e precisava ser cortês.Do alto, Lorenzo a fitava friamente e, após ouvir suas palavras, soltou um som desdenhoso. Se não estivesse enganado, essa casa ainda estava no nome dela. E ela nem sabia onde ficava um interruptor.Ele olhou para baixo, para a mulher de braços cruzados, e falou com um tom de voz carregado de ironia:- Então
Tatiana se sentou silenciosamente no sofá por um tempo.Muitas coisas passaram pela sua mente, mas logo uma calma forçada tomou conta do seu rosto.Afinal, era apenas uma casca, não havia nada para se entristecer.Foi ela quem escolheu não fazer a cirurgia, não podia culpar ninguém.Além disso, ele não tinha realmente visto.Mesmo que tivesse, o envergonhado deveria ser ele, por que ela se sentiria vergonha?Se ele realmente tivesse visto e estivesse mentindo, ele só seria ainda mais desprezível.O erro não era dela, mesmo que ela fosse extremamente feia, ela não se odiaria.As palavras já a feriram uma vez, se isso acontecesse novamente no futuro, certamente não a afetaria emocionalmente.Quanto ao seu futuro, se ela realmente se casasse novamente e a pessoa dissesse as mesmas palavras que Lorenzo, isso apenas mostraria que seu julgamento era ruim.Enquanto pensava nisso, a voz de Lorenzo soou atrás dela:- Fiz um prato de macarrão para você, quer comer alguma coisa primeiro?Tatiana
- Claro, é para comemorar...A voz de Tatiana parou abruptamente ao ver a expressão no rosto de Lorenzo. Ela achou melhor não continuar.Ela simplesmente não entendia.Ele claramente detestava aquele casamento, ele havia aceitado se casar com ela apenas por causa do último desejo do vovô Jacarias. Agora que estavam se divorciando, ele não ficaria feliz?Por que ele tinha que fazer uma cara tão feia?Mas Tatiana não tinha tempo para pensar nisso. A tigela que ele havia quebrado cortou a ponta do dedo do homem. A água corria da torneira, se misturando com o vermelho vivo do sangue.Ela franziu a testa.- Deixe que eu lavo a louça, vá tratar dessa ferida.- Não precisa.Lorenzo casualmente jogou a tigela quebrada e os cacos no lixo e continuou a lavar a louça com a mão ferida.Eram apenas duas tigelas e dois pratinhos, a ajuda dela não seria necessária.Mas assim que ele fechou a torneira, o sangue voltou a jorrar de forma bastante chocante.Ele, no entanto, não se importou e casualmente
Tatiana rapidamente enviou uma mensagem no grupo para tranquilizar a todos.Assim que enviou a mensagem, recebeu uma chamada.Era Daniel.Tatiana, se sentindo um pouco culpada, tomou a iniciativa e disse docemente:- Daniel, como você acordou tão cedo?Ela havia acordado às quatro da manhã, e depois que ela terminou de comer eram vinte para as cinco.Daniel, no entanto, ignorou sua conversa fiada e perguntou diretamente:- Você ainda está com o Lorenzo?O tom dele era um pouco hostil.Tatiana ficou surpresa por um momento, mas logo entendeu como ele sabia.Ela estava bebendo com Pedro no Jurassic Bar e era fácil descobrir seu paradeiro com uma pequena investigação.Edu também passou um bom tempo em Cidade R, naturalmente ele tinha capacidade de rastrear sua localização.Eles estavam muito preocupados que ela tivesse passado a noite com Lorenzo, que não era nem um pouco confiável.Depois daquele incidente no exterior, todos os seus irmãos perderam qualquer confiança nele, mesmo que ela
Lorenzo não estava tentando escutar a ligação de propósito. Ele se aproximou apenas porque se lembrou de que havia um carregador reserva no quarto principal e, coincidentemente, a bateria de seu celular também estava fraca, então ele quis avisar ela. Contudo, ele não esperava que, ao se preparar para bater na porta, ouvisse a voz doce dela dizendo: "Se lembre de mim, tá?" Por isso, ele parou bruscamente o que estava fazendo, enquanto muitos pensamentos cruzavam sua mente. Ela estava claramente conversando com alguém muito íntimo. E a voz era tão doce que só havia ouvido algo semelhante quando Carolina ainda não havia retornado. Então, com quem ela estava falando?A porta estava entreaberta, e a voz dela era clara. Ao levantar um pouco o olhar, ele viu a expressão da mulher no quarto. Ela sorria e parecia confusa enquanto falava ao celular, como uma mulher tola apaixonada! Pensando nessa resposta, o rosto normalmente inexpressivo de Lorenzo de repente se tornou frio, e seus gestos para
Ele estava com a mão levantada, claramente com a intenção de bater à porta, mas justo no momento em que Tatiana estava saindo, parou seu gesto abruptamente. Mesmo assim, Tatiana se assustou com sua presença.- Por que você está aqui?Lorenzo lentamente baixou a mão e franziu levemente a testa ao ver a expressão de desdém no rosto dela. Mas rapidamente recuperou sua postura usual de elegância e serenidade.- Vi que estava na hora, estou indo para o escritório, pensei em perguntar se você queria carona.Não era fácil pegar táxi ali, e como ele a havia levado, pensou que era justo que ele lhe desse uma carona de volta.Mas pelo jeito que ela estava vestida, parecia que já tinha planos.E como esperado, Tatiana o rejeitou rapidamente.- Não precisa, mas obrigada pela oferta, Presidente Borges. Meu irmão veio me buscar, ele já está aqui embaixo, então não vou mais te incomodar.Ao ouvir isso, ele não disse mais nada.O relatório de DNA na internet era verdadeiro, Murilo era realmente o irmã
Irmão? O irmão que lhe dava rosas?Lorenzo observou o carro de luxo preto se afastando, e uma risada fria escapou da sua garganta.Ela devia ser aquela irmãzinha feliz, que falava animadamente no telefone logo cedo sempre que ligava.Ele observou por um longo tempo, até que o carro desapareceu completamente, só então desviou o olhar, seu rosto tomado por uma expressão fria.E a pessoa dentro do carro nunca desviou o olhar para ele.Tatiana adorava rosas.No passado, por causa de uma paixão secreta, ela esperava que alguém lhe desse um buquê de rosas, mesmo que fosse apenas uma vez.Mais tarde, talvez por pensar demais naquele desejo não realizado, ela gradualmente começou a comprar rosas para si mesma.Se ninguém lhe dava, ela mesma se daria.Por que depender dos outros, não é mesmo?Se ninguém a amava, ela mesma se amaria.Então, quando estava no exterior, ela escolheu estudar botânica, e se especializou em cultivar rosas.O pequeno apartamento alugado onde ela morava era cheio de ros