Devido à impossibilidade de encontrar informações, Liliane teve que acomodar a mulher em casa. Ela planejava ir à delegacia no dia seguinte para esclarecer a situação.Liliane pensou em arrumar um quarto para a mulher, mas ela parecia relutante em dormir sozinha, insistindo em ficar perto de Liliane. Diante disso, Liliane desistiu e ajudou a mulher a se lavar, permitindo que ela dormisse ao seu lado.- Qual é o seu nome? – Perguntou a mulher, assim que Liliane se aninhou sob o edredom.- Liliane. – Respondeu Liliane, cobriu ela com o edredom.- Liliane... – Repetiu a mulher em murmúrios.- E o seu? Lembra do seu nome? – Perguntou Liliane, soltou um sorriso suave.- Marta Oliveira. – Respondeu a mulher, os olhos dela escureceram um pouco. – Só lembro disso. - Não tem problema. Vou te chamar de Marta daqui para frente. Se não conseguir lembrar, tudo bem. Vai lembrar aos poucos. Por enquanto, fique tranquila aqui. – Consolou Liliane.- Mesmo? – Perguntou Marta, os olhos dela se iluminar
Marta aparentava ter cerca de trinta anos, mas sua idade real não estava clara. Chamar ela de “tia” também não parecia errado.- Você está me chamando? – Perguntou Marta, perplexa, apontando para a si mesma.- Aqui, só tem você e minha mamãe, não faz sentido eu chamar minha mamãe de “tia”. – Disse Alice, inclinando a cabeça.Após um breve momento de reflexão, Marta sorriu quando se recuperou.- Chamar de “tia” soa bem, eu gosto de ouvir. – Dizendo isso, Marta desceu as escadas. Se ajoelhando na frente dos três pequenos, animada, acrescentou. – Chamem de novo, quero ouvir. - Tia! – Chamou Alice, com sua voz doce.- Sim, sim! – Acenou Marta, animada.- Tia, tudo bem. – Seguiu Ian.Breno, tímido, permaneceu em silêncio ao lado, apertando os lábios pequenos, sem coragem de falar.Liliane não forçou ele, já que ele estava enfrentando problemas psicológicos no momento. Algumas coisas não podiam ser forçadas.Enquanto Liliane continuava ocupada na cozinha, as crianças levaram Marta para bri
Mal Liliane se sentou, o som do motor de um carro chegou à porta. Logo em seguida, se ouviu uma batida na porta.- Vou abrir, mamãe! – Disse Ian, o mais próximo da porta, segurando um copo d'água, se dirigiu para abrir.Ao abrir a porta, se deparou com um senhor de cabelos grisalhos, mas ainda cheio de vitalidade. - Posso ajudar? Quem o senhor procura? – Perguntou Ian, com um sorriso.Guilherme, ao olhar para Ian, ficou atônito num instante com apenas um olhar. - Garoto, quem é você? – Perguntou ele, empolgado.- Senhor, é assim que você pergunta logo de cara? Parece um pouco sem educação, não acha? – Respondeu Ian, abrindo um sorriso.- É bastante parecido! – Comentou Guilherme, com um sorrio largo. – Sua maneira de falar e expressão são exatamente como as do William! Ao ouvir isso, Ian ficou alerta, prestes a falar, mas foi interrompido pelo chamado da mãe.- Ian, quem é que chegou? – Perguntou Liliane.- É um senhor idoso dizendo coisas estranhas. – Respondeu Ian, se virando par
Guilherme estreitou os olhos como um falcão. - Você é uma exceção. – Comentou ele.- Obrigada pelo elogio. – Disse Liliane..- Vamos falar sobre as crianças. – Disse Guilherme, olhando na direção da escada. - O que dá a você o direito de se intrometer na vida dos meus filhos? – Questionou Liliane, encarou ele com cautela.- Esse garoto se parece muito com William! – Disse Guilherme, sua expressão ficou extremamente feia. - Isso não significa que seja filho dele! – Retrucou Liliane, com frieza.- Bem! Você pode ser teimosa, mas o DNA não mente! Deixe eu ser claro, se essa criança for do William, a família Gabaldo não permitirá que ela fique com uma mulher como você! A guarda será nossa e isso é certo! – Disse Guilherme, dando um riso sarcástico. Liliane sentiu seu coração bater como um tambor, as mãos ficando frias e suadas. Se William soubesse a verdade, ela teria uma saída. Mas se Guilherme descobrisse, ela não teria escapatória!De repente, a porta da entrada se abriu.Liliane
Ao pensar nisso, Liliane soltou um suspiro de alívio. Com dois filhos tão excepcionais, ela tinha bastante sorte.Um estrondo de repente ecoou do andar de cima. Todos levantaram os olhos em direção à escada. Antes que pudessem reagir, gritos desesperados de Kerry ecoaram. - Solte... me solte... – Gritou Kerry.O coração de Liliane apertou, ela correu para o andar de cima. Os três filhos tentaram seguir ela, mas foram barrados por Carlos.No segundo andar, Liliane viu Marta montada em cima de Kerry. Suas mãos apertavam com força o pescoço dele. - Morra! Morra! – Repetiu Marta, incessantemente.Kerry, com o rosto vermelho, tentava afastar os dedos de Marta. Ele poderia revidar, mas hesitava, afinal, aquela era uma pessoa trazida por Liliane.Liliane correu para frente e segurou o braço de Marta. - Marta! Solte Kerry agora! – Deteve Liliane.Marta levantou a cabeça, seus olhos vermelhos encaravam Liliane. - Não me impeça, esses homens todos merecem morrer! – Disse Marta.- Marta
Carlos ficou fora por quatro longas horas. Ele voltou exausto apenas no jantar. Liliane serviu um copo de suco e se aproximou. - Como foi? Alguma notícia? – Perguntou Liliane.Carlos balançou a cabeça, se sentando no sofá. - Nada, mostrei a foto a eles, mas sem resultados. – Falou Carlos, depois de tomar um gole do suco.- O que devemos fazer? Uma pessoa sem ninguém procurando por ela, além de ter problemas mentais, não é seguro ter ela em casa, especialmente com as crianças aqui. Mas para onde poderíamos enviar ela? Para o hospital? Parece desrespeitoso. Deixar ela na rua? Não posso imaginar o que poderia acontecer a uma mulher com problemas mentais lá fora. – Disse Liliane, preocupada.Kerry, relaxado no sofá enquanto mordiscava uma maçã.- Na minha opinião, devíamos devolver ela ao lugar de onde você pegou ela. – Comentou ele.- Isso não é uma opção! - Tanto Liliane quanto Carlos rejeitaram Kerry ao mesmo tempo.Kerry quase se engasgou. - Então, o que vocês sugerem? – Perguntou
- Ela parece ter sido vítima de violência grave, o que gerou um medo intenso de homens. Esse medo desencadeou um comportamento subconsciente de autodefesa, se transformando em raiva, levando ela a atacar homens. O diagnóstico preliminar é um transtorno mental grave causado por estresse excessivo. Eu sugiro que vocês levem ela para o hospital para tratamento. – Respondeu a Dra. Daise.- Eu não sou da família dela, não tenho o direito de tomar decisões por ela. Há outra forma de tratamento? – Disse Liliane, indecisa. - Eu poderia ficar aqui e observar ela enquanto administro medicamentos por um tempo. Mas eu te aconselharia a encontrar os familiares dela o mais rápido possível. – Sugeriu a Dra. Daise, depois de ficar em silêncio por um momento. - Obrigada, Dra. Daise! Eu vou dar um jeito! Por enquanto, conte comigo para o que precisar. O dinheiro não é problema, vou tentar o meu melhor. – Agradeceu Liliane.- Não precisa, o Dr. Carlos já me pagou. – Disse a Dra. Daise, sorrindo.Lilian
- Quem está falando? – Perguntou Heitor, o filho de Lucinda, indignado.- Sr. Heitor, não importa quem eu sou. – Choramingou Mavis. – Lucinda está em apuros e agora está sendo tratada no topo do Hospital Santa Cruz. - O quê? – Exclamou Heitor, elevando a voz, incrédulo, perguntando. – Você tem certeza de que é minha mãe?- Se não acredita, pode vir ao Hospital Santa Cruz e ver com seus próprios olhos. – Disse Mavis.- Se você estiver me enganando, eu vou chamar a polícia! – Ameaçou Heitor.- Sr. Heitor, Lucinda é uma boa pessoa. Ela me ajudou antes, então estou te avisando por bondade. Não deveria ficar tão bravo. Se precisar ficar irritado, que seja com quem demorou tanto para te contar, não é verdade? – Disse Mavis.Ela informou Heitor sobre a situação de Lucinda, provocando sua ira, antes de desligar a chamada.Ela limpou as lágrimas que caíram durante a atuação sem expressão no rosto.Agora, ela só precisava aguardar o desenrolar da trama.No hospital. O celular de Liliane tocou.