Carolina Braga

Capitulo 4

Carolina Braga

Eu me chamo Carolina Braga tenho 20 anos e nasci com problema no coração, a pouco mais de um ano os remédios estão perdendo a eficácia depois de duas cirurgias nas válvulas agora a única solução para mim é um transplante mas doador até agora nada, estamos na espera, tentei ser uma adolescente normal mas nem tudo posso e as vezes isso me deixa irritada, já questionei muito Deus por isso mas de que adianta?

As vezes penso será que Deus existe mesmo? Mas bato na boca por esse questionamento que faço apenas quando estou muito exausta dessa condição...

Sei que sem ele eu nem estaria mais aqui, cada dia a mais é uma dádiva, sonho claro como toda adolescente, já sonhei em casar e ter uma família, mas hoje sonho em ter um coração que me de a vida suficiente para ter tudo isso...

Eu amo crianças então resolvi fazer cursos intensivos de babá, já que eu talvez não cuide dos meus um dia, posso cuidar dos bebês dos outros para matar essa vontade de ser mãe de dentro de mim.

Saio do curso por volta das 20:00 quando recebo uma ligação da minha mãe:

-Carol Deus é pai Carol!

Minha mãe é uma evangélica fiel a Deus, seria uma frase normal para ela mas não para iniciar uma ligação...

-O que foi mãe? O que houve?

-O Hospital ligou, tem um doador vai pra lá correndo que já estou a caminho com a bolsa roxa!

Eu parei na rua eu esperei tanto por isso, a bolsa Roxa foi montada quando descobri que não tinha mais jeito precisava do transplante meus pais me levaram para comprar uma bolsa pijamas enfim tudo que fosse preciso quando o grande dia enfim chegasse e eu achei que nunca chegaria.

Para mim era mais como um apego irracional ter a bolsa pronta ali mais meu mais íntimo pensamento não acreditava que eu a usaria mesmo, nem mesmo que acharia um doador a tempo.

Rapidamente chamo um uber e vou para o hospital chegando lá avisto meus pais ansiosos me aguardando.

-Minha filha que Deus te proteja vai correr tudo bem.

Meu pai beija minha testa pega minha bênção e rapidamente os enfermeiros me conduzem eu já sabia que quando esse dia chegasse tudo teria que ser rápido demais e assim foi...

Já pronta para a cirurgia com o coração e a mente cheia de esperanças, as últimas palavras que escuto são do anestesista:

-Carolina respira fundo e solta, você vai sentir um sono, uma paz é só se entregar nos vemos daqui a pouco...

Quando acordei algumas horas depois estava em um quarto monitorado várias enfermeiras em volta creio que esperando que eu despertasse, uma passa a mão em um telefone na mesa e avisa:

-Ela acordou!

Sigo com o olho mas estava extremamente cansada ainda e mal parava com os olhos abertos, mas eu estou viva isso deve ser um ótimo sinal não é?

Adormeci de novo e quando acordo novamente estava em outro quarto agora com meus pais ali me olhando assim que abri os olhos, olho de um para outro eles pareciam radiantes.

-Filha que bom que acordou!

-Oi minha princesa como esta se sentindo?

-Bem eu acho...

-A cirurgia foi um sucesso minha filha deu tudo certo.

-É sério mãe?

-Medico disse que as próximas 24 horas são cruciais mais que a chance de rejeição é mínima.

Eu fico feliz mas isso me fez lembra que alguém morreu para isso e fico um pouco triste.

-O que foi filha?

-Mãe vamos fazer uma oração, com certeza a pessoa que me permitiu viver, tinha uma família vamos orar por eles e pela alma dela.

-Claro minha filha você esta certa.

Fizemos uma oração eu minha mãe e meu pai, espero que Deus conforte a família...

Os dias passaram e está tudo bem, realmente a cirurgia foi um sucesso tenho uma chance de viver de verdade agora, claro tenho restrições mas bem menores do que antes.

Três meses depois da cirurgia é minha formatura de técnica em enfermagem com especialização em bebês.

Estou radiante, mas agora minha preocupação é que preciso procurar um trabalho...

Fernando

Depois do velório de Julia eu achei que nada mais me atingiria, mas na hora do enterro que eu entendi que eu nunca mais a veria eu morri também, foi como se ela tivesse arrancado meu coração e levado com ela, um buraco negro cheio de dor se instalou no lugar.

Até agora eu tentei ser forte mesmo quebrado mais essa despedida eterna, a certeza que não vou mais ver ela me esmagou...

Saímos do cemitério e minha mãe estava do meu lado em total silencio mas sei exatamente o que ela esta pensando.

Mas antes que eu fale algo ela mesmo diz:

-Filho temos que ir ver a Clara, ela precisa de você agora.

-Eu sei mãe mais eu ainda não consigo será que você pode ir até lá?

-Claro filho mais você precisa ir até lá, você precisa dar um passo de cada vez.

-Eu vou mãe só preciso ficar um tempo sozinho.

-Por favor meu filho não faz nenhuma bobagem.

-Eu jamais faria o que está pensando mãe, eu tenho a Clara que precisa de mim eu não a abandonaria assim...

Seguimos em silêncio, minha mãe me deixa em casa se troca e vai para o hospital, eu preciso de um tempo, eu sei que ela só tem a mim, e que eu preciso ser forte por ela, estou sendo egoísta e Julia me mataria se estivesse aqui, mas eu preciso desse tempo porque depois que eu pegar ela nos braços eu não poderei mais fraquejar...

Me fecho no meu quarto por alguns dias não queria falar ou ver ninguém eu preciso do meu luto, eu preciso me encontrar, estava perdido não sabia que dia era e nem que horas, se era dia ou noite quando eu senti o perfume dela, meu corpo fraco sem alimento me sentia um caos mas quando senti aquele perfume todos os meus sentidos ficaram em alerta, então ouvi sua doce voz:

-Reaja o maior fruto do nosso amor eu deixei pra você, a Clara esta te esperando, vai cuidar da nossa filha, eu terminei minha missão na terra, mas a sua está apenas começando!

E um vento tão forte entrou pela fresta da janela me fazendo levantar assustado a procurando por todo lado, por dias fiquei naquela cama em posição fetal mas é passado da hora de reagir nossa filha precisa de mim!

-Eu entendi meu amor, me perdoe estou indo cuidar da nossa Clara!

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