Capítulo 4
- Você quer cancelar nosso noivado? - Eulália sentiu como se estivesse ouvindo vozes em sua cabeça.

Ontem mesmo, aquele homem havia falado pessoalmente com ela sobre o casamento grandioso que teriam, tornando-a a mulher mais feliz do mundo.

Os juramentos de amor eterno ainda ecoavam em seus ouvidos.

Ela o amou por sete longos anos!

Ao ver o sangue em seu rosto, o desprezo nos olhos de Isaac ficou ainda mais evidente:

- Sobre você e Raul...

Antes que ele pudesse terminar a frase, Catarina bateu na coxa:

- Oh, que vergonha! Você se envolveu com Raul e ainda tem a audácia de pisar na porta da família Santana.

Eulália ficou atordoada:

- Não é isso, eu...

Catarina, com seu corpo arredondado, avançou para ela e agarrou sua gola, começando a rasgar:

- Não tente me enganar, deixe-me ver.

Eulália já estava exausta devido às intensas relações sexuais com Raul na noite anterior, suas pernas tremiam e ela não tinha forças para impedi-la.

A gola foi rasgada, e aquela pele clara agora estava cheia de marcas de beijo.

Catarina ficou furiosa:

- Você, vagabunda! Como ousa trair meu filho!

Ela levantou a mão para bater.

Com a testa já machucada, Eulália não permitiria que a atingisse no rosto.

Catarina nunca a apreciou, ela sabia disso.

Ela cobriu o colarinho rasgado com a mão e empurrou Catarina, avançando diretamente para Isaac:

- Isaac, foi você quem me mandou fazer isso, eu estava tentando te salvar!

- Mas eu não te pedi para dormir com ele! - Isaac estava cheio de aversão, como se ela fosse algo sujo. - Eu sou um homem! Minha noiva foi levada por outro homem em público, agora todo mundo sabe sobre você e Raul. Você acha que está sendo justa com os sentimentos que tenho por você?

Eulália ficou atônita no lugar.

Ela foi humilhada para salvá-lo, mas seu noivo, em vez de se preocupar ou consolá-la, a culpava por envergonhá-lo!

Por que as coisas chegaram a esse ponto?

Alícia Ramos, ao lado, expressou pesar:

- Eulália, não culpe o Isaac, é por causa do que aconteceu entre você e Raul... Isaac te ama e te respeita muito, você deveria saber disso. Ele sempre falou comigo sobre sua expectativa para a noite de núpcias. Mas você perdeu todo o seu respeito próprio, realmente decepcionou o Isaac, que estava sendo sincero.

Esses argumentos distorcidos desafiaram a compreensão de Eulália.

Então, no final, tudo era culpa dela?

Ela apertou os punhos, ignorando Alícia e apenas olhando para o homem à sua frente:

- Isaac, você não pode me tratar assim. Sem mim, você ainda estaria na prisão!

Seus olhos estavam vermelhos, seu corpo tremia incessantemente, exibindo uma aparência frágil.

Ao pensar em sua deslumbrante noiva, com quem ele nem sequer havia tocado, Isaac sentiu uma mistura de ódio e raiva. Ele proclamou com pompa e circunstância:

- Eu preferiria estar na prisão, passar o resto da minha vida lá, do que permitir que minha noiva me traísse e dormisse com outro homem!

Seu precioso filho havia sofrido tanto, que Catarina já havia enlouquecido.

- Você, vagabunda, suma daqui! - Ela gritou enquanto puxava Eulália.

Nesse momento, a empregada ficou constrangida ao relatar na porta:

- Presidente Isaac, há um senhor chamado Fábio lá fora à sua procura.

- Fábio? - Isaac se levantou de repente, seu rosto mudou completamente. - O que ele está fazendo aqui, onde ele está?

Alícia também se aproximou apressadamente e segurou o braço de Isaac:

- A família Vieira não deixaria isso pra lá? Por que o Fábio está aqui?

- Como diabos eu vou saber? - Isaac estava irritado e ao ver Eulália em um estado lamentável, sentiu ainda mais repulsa. - Não vai subir para o andar de cima?

Eulália sentiu como se alguém tivesse arrancado um pedaço de seu coração. Ela sabia que não poderia mais ficar naquele lugar, com grande esforço, conseguiu se levantar, apoiando-se na mesa de centro.

No entanto, antes que ela pudesse subir as escadas, Fábio entrou.
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