Capítulo 40Na cozinha, Jussara e Dona Amélia riam com gosto de uma das histórias engraçadas que o chefe de cozinha havia contado sobre um desastre culinário em sua juventude.- E ele ainda teve coragem de servir o bolo todo queimado! - exclamou Dona Amélia, limpando uma lágrima de tanto rir.- Eu não aguentaria! - disse Jussara, segurando o riso enquanto imaginava a cena.De volta ao quarto, Gabriel desligou o chuveiro e envolveu a toalha na cintura, a água escorrendo lentamente por seus ombros largos e peito musculoso. Ele passou a mão pelos cabelos molhados, preparando-se para vestir algo mais confortável quando ouviu a porta se abrir.Jussara entrou no quarto e parou na entrada, os olhos fixos nele. Por um instante, o tempo pareceu desacelerar. A visão de Gabriel, ainda com o corpo úmido e com os músculos delineados sob a luz suave do quarto, fez com que ela sentisse uma onda de calor subir por seu corpo.- Está tudo bem? - perguntou Gabriel, percebendo o olhar intenso dela enquan
Capítulo 41Após o jantar, Gabriel, Jussara e Dona Amélia seguiram para a ópera. O teatro estava lotado, com pessoas elegantemente vestidas que conversavam animadamente enquanto aguardavam o início da apresentação. Gabriel sentia-se satisfeito com a noite, mas isso mudou assim que ele avistou Débora, uma ex-namorada que há tempos não via, caminhando na direção oposta.Ela parecia não ter mudado nada, com o mesmo sorriso confiante e um vestido vermelho chamativo. Assim que o reconheceu, seu olhar brilhou com uma mistura de surpresa e malícia. Gabriel suspirou internamente, torcendo para que ela passasse direto, mas era Débora. Ela nunca perdia uma oportunidade.— Gabriel! — chamou, parando à frente deles.— Débora. — Ele manteve a compostura, forçando um sorriso educado. — Boa noite.— Boa noite! — disse ela, lançando um olhar de cima a baixo para Jussara, como quem avalia a concorrência. — Não esperava te encontrar aqui.— Pois é, estamos aqui para aproveitar a ópera — respondeu Gabri
Capítulo 42O sol brilhava forte no final de semana enquanto Gabriel e Jussara caminhavam pelo zoológico, de mãos dadas. O ambiente estava animado, repleto de famílias, casais e crianças que apontavam com entusiasmo para os animais. Gabriel parecia relaxado, enquanto Jussara se encantava com cada detalhe ao seu redor.Eles pararam em frente à área dos jacarés, onde uma passarela os permitia observar de perto os animais descansando no lago. Um deles abriu a boca, exibindo os dentes afiados, e Jussara estremeceu ligeiramente.— Gabriel, dá medo. — ela disse, apertando a mão dele.Ele sorriu de leve, colocando o braço ao redor dela.— Verdade, eles são bem intimidadores. Mas olha só como parecem calmos agora.Ela deu um passo para trás, ainda observando com cautela.— Calmos? Até atacarem alguma coisa.Gabriel riu.— Está segura aqui, amor. Nenhum jacaré vai te alcançar.Jussara olhou para ele, levantando uma sobrancelha.— Vou ficar de olho nesses aí.Ele a puxou para mais perto, beijan
Capítulo 43Semanas depois, Jussara completava cinco meses de gestação e sentia o mundo ao seu redor se moldar em harmonia. A barriga já estava bem evidente, e Gabriel não escondia o orgulho ao observá-la. Para o quarto da bebê, Jussara confiou completamente em Dona Amélia, que assumiu a tarefa com entusiasmo.“Ninguém melhor do que ela para fazer isso”, pensava Jussara, e não estava enganada.O quarto ficou deslumbrante. As paredes foram pintadas em um tom suave de rosa, com detalhes delicados em branco. Um berço elegante, com grades de madeira envernizada, ocupava o centro do quarto. Ao lado, uma poltrona de amamentação e uma mesinha decorada com abajures em formato de flores davam um toque aconchegante ao espaço.Estantes decoradas com ursinhos de pelúcia e quadros com frases inspiradoras completavam o ambiente. O cheiro de lavanda preenchia o espaço, dando uma sensação de serenidade.Quando Jussara entrou no quarto pela primeira vez, não conseguiu conter as lágrimas. Abraçou Dona
Capítulo 44Marcos chegou à mansão Monteiro na tarde de quinta-feira para falar com o pai, que havia decidido não ir trabalhar naquele dia. Depois de dias intensos de esforço, ele finalmente havia colocado seu trabalho em dia, faltando apenas resolver questões relacionadas a documentos de empresas interessadas em firmar parcerias com o grupo Monteiro.Ao entrar na mansão, com a pasta de documentos em mãos, Marcos seguiu direto para o escritório. Parou diante da porta, bateu, mas não obteve resposta. Após hesitar por um instante, resolveu abrir e conferir se o cômodo realmente estava vazio.Para sua surpresa, quem estava ali não era o pai, mas sua ex-namorada. Ela estava sentada confortavelmente no sofá, com as pernas esticadas e um vestido que evidenciava sua gravidez. Fones de ouvido conectados ao celular repousavam próximos a ela, enquanto um livro prendia toda a sua atenção.Marcos ficou parado por alguns segundos, observando-a em silêncio. O tempo parecia ter transformado sua apar
Capítulo 45Jussara respirou fundo antes de começar a contar tudo para Dona Amélia.— Foi o Marcos... Ele me traiu com a minha melhor amiga.Dona Amélia levou a mão ao peito, chocada.— Ah, meu Deus! Meu neto é um canalha.Jussara continuou, a voz embargada.— Depois de alguns dias, a senhora me chamou para cuidar do Gabriel. Eu não fazia ideia de que ele e o Marcos eram parentes até hoje. Marcos tem outro sobrenome...Dona Amélia suspirou, tentando conter a frustração.— Sim, Marcos Oliveira. Não tinha como você adivinhar. — Ela balançou a cabeça, pesarosa. — Eu sei que não há desculpas para o comportamento dele, mas meu filho, Gabriel, está muito magoado. Homens são diferentes, minha querida. Eles reagem com o orgulho ferido, muitas vezes sem ouvir a razão. Mas assim que ele estiver mais calmo, prometo ter uma boa conversa com ele. Sinto muito por todo o seu sofrimento, dói-me vê-la assim.Jussara abraçou Dona Amélia, as lágrimas escorrendo novamente.— Ele não vai me querer mais, D
Capítulo 46Enquanto isso, Jussara chegava à enorme casa de campo, as malas sendo carregadas pelos funcionários até o quarto de Gabriel. Quando finalmente se viu sozinha ali, olhou ao redor. O quarto era grande, com roupas de cama azuis que contrastavam com a sensação de vazio que sentia. No closet, algumas roupas de Gabriel estavam organizadas. Não eram tantas como na mansão em São Paulo.Foi então que as lágrimas, que pareciam ter cessado, voltaram com força.Jussara se sentou na beirada da cama, os olhos marejados, e deixou que as lágrimas rolassem livremente. O peso do que havia acontecido ainda a esmagava, e ela não sabia como lidar com a dor de ter sido rejeitada por Gabriel, o homem que ela tanto amava.Sentia-se sozinha e perdida, ainda que rodeada por um lugar que, em teoria, deveria trazer conforto. Mas o vazio em seu coração não seria preenchido pela beleza daquela casa ou pela generosidade de Dona Amélia.Ela levantou-se lentamente, olhou pela janela e viu a lua, que estav
Capítulo 47Gabriel finalmente retornou à empresa após vários dias de afastamento, mas seu semblante estava pesado, carregado de uma tristeza que transpareciam em cada gesto seu. Ele caminhava pelos corredores com o olhar fixo no horizonte, como se estivesse tentando se distanciar de tudo que o cercava, mas as lembranças de Jussara o perseguiam, como uma sombra indesejada.Marcos soubera que o pai voltaria a trabalhar naquele dia e decidiu ir até ele antes do horário do almoço. Sentia que precisava falar, precisava desabafar, mas, principalmente, precisava alertar o pai sobre o que ele acreditava ser a verdadeira face de Jussara. A raiva de Marcos estava borbulhando há dias, e ele sabia que não podia deixar mais tempo passar sem expor suas suspeitas.Com o rosto fechado, ele entrou no escritório do pai após bater rapidamente na porta, indo direto ao ponto.— Pai, precisamos conversar. Antes que isso tudo fique ainda mais confuso, preciso falar a