MARY COLLINS.__ E você, princesa?- William segura minha mão em cima da mesa. __ Eu o quê?__ Já sabe qual faculdade vai querer fazer?-Liam.Respiro fundo, negando com a cabeça. A realidade é que estou completamente perdida com isso, todo dia eu penso em algo diferente, mas não faço ideia de qual realmente quero. Sei lá, é uma pressão enorme ter que saber, com apenas dezoito anos, qual carreira eu quero seguir pelo resto da minha vida.Poxa, estou entrando na vida adulta agora. O amor, e todas as suas lindas facetas, estão me sendo apresentadas só agora. Comecei a ser verdadeiramente livre a pouquíssimo tempo, faltando alguns quilómetros a percorrer nessa estrada ainda. Até ontem estava me forçando a aceitar o futuro que os meus pais desejam, onde eu iria me preparar para assumir o império que eles fortificam com o passar dos anos.Hoje, embora não tenha verbalizado ainda, sei que esse não será o meu futuro. Essa empresa me custou os meus pais, não quero que me tome mais nada e sei q
WIlLIAM MARTINS Fecho a tela do notebook, dando a reunião como encerrada. Não só isso, como o dia de trabalho também. Estou exausto, esse caso está acabando comigo e não vejo a hora dele acabar. Graças a Deus segunda tem a audiência, depois disso vou poder descansar. Vou pegar a minha pequena, levá-la para o nosso chalé e ficar alguns dias lá. Podemos fazer como da outra vez, transar em cada móvel daquele lugar. Ou podemos ficar lendo, abraçados e bem coladinhos. Não importa como, só quero estar com ela, o meu ponto de paz. Hoje, depois que cheguei da escola dela e do seu amigo, me tranquei no escritório. Infelizmente não a vi chegar, não almocei e nem jantei com eles. Silvia, solícita como sempre, trouxe o meu almoço e até tentou trazer o jantar, mas estava tão focado que nem abri a porta. Como estamos na reta final, todo o foco é essencial. Também passei um pouco do horário porque amanhã é sábado, quero descansar no meu final de semana. O restante da equipe resolve o que falta
WILLIAM MARTINSColoco a cueca que separei, passo o desodorante e saio do banheiro. Ao chegar no quarto, sou recepcionado pelo gelo do ar condicionado, o que me faz correr para a cama. Não tem jeito, amor dormir apenas de cueca ou até sem nada, é bem mais confortável. __ Voltei.- Mary adentra a nossa suíte, segurando uma bandeja.- A Sil tinha deixado seu almoço separado, só esquentei.__ Batata recheada, minhas favoritas.- Sorrio.- Obrigado, meu amor. Dou um selinho, quando ela parou na minha frente, como forma de agradecimento. __ Gostei disso.- Para na minha frente. Apenas a bandeja com a minha refeição que nos separa nesse momento. __ Do que?- Pego um pedaço e levo a boca. __ “Meu amor”.- Repete o que eu falei.Deixo os talheres caírem sobre o prato, elevo a minha cabeça e faço com que os nossos olhares se encontrem. Foi algo tão natural que não me dei conta quando falei, apenas sai dos meus lábios. Não que eu esteja arrependido, afinal é isso que ela é, o amor da minha vida.
MARY COLLINS Sinto uma respiração leve contra a minha nuca. Um abraço delicado na minha cintura faz com que o meu corpo fique colado ao que está atrás de mim, quase nos tornando um. Essas coisas tão simples, misturadas a outras ainda mais insignificantes para a maioria das pessoas, faz com que eu acorde com um sorriso gigantesco preenchendo meus lábios. A noite foi deliciosa e quente. Ou seja, resumidamente, foi nos dois. Mas a maior satisfação que senti veio após um orgasmo maravilhoso, quando ele deitou ao meu lado, beijou-me apaixonadamente, desejou-me boa noite e ficou fazendo carinho em meus cabelos até que o sono me tomasse. É especial porque naquela fração de segundos eu compreendi algo importante; não faremos sexo toda noite, afinal não somos máquinas, mas toda a outra parte será uma doce rotina. Dormir sentindo o seu abraço não é mais um sonho, assim como os beijos de boa noite ou dividir a cama com ele. De igual forma, entendi que as manhãs seriam diferentes das que vi
MARY COLLINS.Pego uma social e a coloco, percebendo que ficou parecendo um vestido em mim. Nossa diferença de tamanho é grande, então era de se imaginar que ficaria assim. _ Ficou melhor em você do que em mim.- Me abraça pela cintura, inclina o corpo um pouco e apoia o queixo no meu ombro. Observo, graças ao espelho a minha frente, a linda imagem que ficou. Levo minha mão até o seu cabelo e faço um carinho nele, sentindo o homem atrás de mim ficar ainda mais relaxado. Porra, nem todo dinheiro do mundo vale esse momento tão genuíno. _ Obrigada.- Sorrio.- Vamos tomar café? Estou faminta. _ Uhum.- Concorda preguiçosamente.Viro o meu rosto um pouquinho, o audiente para tocar os nossos lábios rapidamente. Mesmo com uma enorme vontade de ficar assim para sempre, seguro o seu rosto com uma mão e saio do abraço. William volta a ficar ereto, une os nossos dedos e assim saímos do nosso quarto. Deus do céu, que loucura é essa? Fizemos o caminho até a sala de jantar tranquilamente, mas a
MARY COLLINS Parece que, por algumas frações de segundos, tudo ficou em câmera lenta. Levou cerca de dez milissegundos para que eu terminasse de falar, uns trinta para que os meus pais pudessem processar a informação e apenas quinze para reagir a ela. Minha mãe não escondeu a cara de nojo e surpresa. Ela abriu a sua boca para falar algo, provavelmente gritar, mas pouco tempo depois a fechou, levando a mão até os lábios. Pela primeira vez na vida eu a vejo sem saber o que falar, totalmente sem palavras. Meu pai, por outro lado, agiu na emoção e soube muito bem o que fazer. Colocou a mão no meu ombro e me empurrou com força, fazendo com que eu caísse no chão da sala e deixasse o caminho até o irmão mais novo livre. Como eu acabei me assustando pela sua brutalidade, soltei um grito que desviou a atenção de William para mim e o fez receber o soco que lhe foi dirigido. Entretanto, esse foi o único que lhe atingiu, visto que conseguiu segurar o braço do meu pai quando este foi lhe ace
MARY COLLINS._ Não fale besteiras!- David. _ Tudo que fizemos até aqui foi por você, para que fosse feliz e vivesse bem.- Hermione.Nego com a cabeça, sentindo um bolo ainda maior se formar na minha garganta por causa dessa frase. Não sei se eles realmente acreditam no que acabaram de falar, ou se é apenas uma tentativa de me manipular. De qualquer forma, essa é uma das maiores mentiras que eles já contaram. Nunca foi sobre mim._ Mas não me escutaram nenhuma vez nesse processo.- Argumento. Eles negam com a cabeça, incapazes de aceitar que estão errados e o quanto falharam como os meus pais. _ Cansei de discutir com você. Vamos embora dessa casa agora.- Minha mãe esbraveja. _ Não vou embora.- Meu tom de voz sai firme. _ Você não está entendendo.- Meu pai fala um pouco mais comedido, mas ainda cego de raiva. _ Então me explica._ Ou ele ou nós dois.- Bate no peito. _ Se você ficar nessa casa e não for embora agora, irá perder os seus pais. Aí está a frase mais clichê nessa sit
HERMIONE COLLINS Seguro o porta retrato na mão, passando o dedo pelo rosto da minha menina. Mary era uma criança na época dessa foto, estava no auge dos seus seis anos e sem um dentinho na frente, em cima. Ainda assim o seu sorriso é encantador, com o brilho que só a minha doce filha possui. No dia que ela ficou banguela pela primeira vez, nem eu e meu marido estávamos ao seu lado, mas sim em uma viagem de negócios. Quando a babá ligou, no mesmo momento, contando o que aconteceu e o quanto que ela estava animada, nosso dia estressante e cansativo melhorou mil vezes mais. Não queríamos que ela perdesse a magia de acreditar no impossível, nos belos contos de fada. Por isso eu não pensei duas vezes, transferi o dinheiro e mandei que fosse colocado embaixo do travesseiro dela enquanto dormisse. Junto com a quantia significativa estava uma pequena carta, assinada pela fada do dente. Até os dez anos ela acreditou em fadas do dente, papai noel, coelhinho da Páscoa e todas essas fábulas