MARY COLLINS.Pego uma social e a coloco, percebendo que ficou parecendo um vestido em mim. Nossa diferença de tamanho é grande, então era de se imaginar que ficaria assim. _ Ficou melhor em você do que em mim.- Me abraça pela cintura, inclina o corpo um pouco e apoia o queixo no meu ombro. Observo, graças ao espelho a minha frente, a linda imagem que ficou. Levo minha mão até o seu cabelo e faço um carinho nele, sentindo o homem atrás de mim ficar ainda mais relaxado. Porra, nem todo dinheiro do mundo vale esse momento tão genuíno. _ Obrigada.- Sorrio.- Vamos tomar café? Estou faminta. _ Uhum.- Concorda preguiçosamente.Viro o meu rosto um pouquinho, o audiente para tocar os nossos lábios rapidamente. Mesmo com uma enorme vontade de ficar assim para sempre, seguro o seu rosto com uma mão e saio do abraço. William volta a ficar ereto, une os nossos dedos e assim saímos do nosso quarto. Deus do céu, que loucura é essa? Fizemos o caminho até a sala de jantar tranquilamente, mas a
MARY COLLINS Parece que, por algumas frações de segundos, tudo ficou em câmera lenta. Levou cerca de dez milissegundos para que eu terminasse de falar, uns trinta para que os meus pais pudessem processar a informação e apenas quinze para reagir a ela. Minha mãe não escondeu a cara de nojo e surpresa. Ela abriu a sua boca para falar algo, provavelmente gritar, mas pouco tempo depois a fechou, levando a mão até os lábios. Pela primeira vez na vida eu a vejo sem saber o que falar, totalmente sem palavras. Meu pai, por outro lado, agiu na emoção e soube muito bem o que fazer. Colocou a mão no meu ombro e me empurrou com força, fazendo com que eu caísse no chão da sala e deixasse o caminho até o irmão mais novo livre. Como eu acabei me assustando pela sua brutalidade, soltei um grito que desviou a atenção de William para mim e o fez receber o soco que lhe foi dirigido. Entretanto, esse foi o único que lhe atingiu, visto que conseguiu segurar o braço do meu pai quando este foi lhe ace
MARY COLLINS._ Não fale besteiras!- David. _ Tudo que fizemos até aqui foi por você, para que fosse feliz e vivesse bem.- Hermione.Nego com a cabeça, sentindo um bolo ainda maior se formar na minha garganta por causa dessa frase. Não sei se eles realmente acreditam no que acabaram de falar, ou se é apenas uma tentativa de me manipular. De qualquer forma, essa é uma das maiores mentiras que eles já contaram. Nunca foi sobre mim._ Mas não me escutaram nenhuma vez nesse processo.- Argumento. Eles negam com a cabeça, incapazes de aceitar que estão errados e o quanto falharam como os meus pais. _ Cansei de discutir com você. Vamos embora dessa casa agora.- Minha mãe esbraveja. _ Não vou embora.- Meu tom de voz sai firme. _ Você não está entendendo.- Meu pai fala um pouco mais comedido, mas ainda cego de raiva. _ Então me explica._ Ou ele ou nós dois.- Bate no peito. _ Se você ficar nessa casa e não for embora agora, irá perder os seus pais. Aí está a frase mais clichê nessa sit
HERMIONE COLLINS Seguro o porta retrato na mão, passando o dedo pelo rosto da minha menina. Mary era uma criança na época dessa foto, estava no auge dos seus seis anos e sem um dentinho na frente, em cima. Ainda assim o seu sorriso é encantador, com o brilho que só a minha doce filha possui. No dia que ela ficou banguela pela primeira vez, nem eu e meu marido estávamos ao seu lado, mas sim em uma viagem de negócios. Quando a babá ligou, no mesmo momento, contando o que aconteceu e o quanto que ela estava animada, nosso dia estressante e cansativo melhorou mil vezes mais. Não queríamos que ela perdesse a magia de acreditar no impossível, nos belos contos de fada. Por isso eu não pensei duas vezes, transferi o dinheiro e mandei que fosse colocado embaixo do travesseiro dela enquanto dormisse. Junto com a quantia significativa estava uma pequena carta, assinada pela fada do dente. Até os dez anos ela acreditou em fadas do dente, papai noel, coelhinho da Páscoa e todas essas fábulas
WILLIAM MARTINS Tiro o cabelo de Mary do rosto dela, aproveitando para fazer carinho na pele alva. Por causa do choro recente, minha princesa está com uma coloração mais rosada nas bochechas e na ponta do nariz. Ainda assim, para mim, é encantadora. Mary, aos meus olhos, sempre será a mulher mais bela. A perfeição em tudo que ela é, desde os traços mais singelos e insignificantes para os demais. Ela é delicada no dia a dia, mas selvagem na cama. Um anjo para os demais, mas o meu inferno particular em quatro paredes. Não enxergo mais a minha vida sem ela, os seus sorrisos, gargalhadas e doce companhia. Farei o impossível para ser o homem que ela merece, digno do seu amor e de ter ao meu lado alguém tão especial. É o meu sopro de juventude, o meu amor, a minha mulher.Hoje o meu coração se partiu em diversos níveis. Vê-la chorar tão dolorosamente é desesperador, principalmente por saber que sou incapaz de tirar a dor que atormenta seu pobre coração. Quando amamos, é normal que des
WILLIAM MARTINS_Liam.- O encontro na sala, próximo às escadas. _ Como Mary está?_ Ela é uma mulher forte. Me pediu para irmos á um encontro, disse que quer aproveitar a liberdade que conquistamos._ É melhor do que ficar aqui, pensando mil vezes no que aconteceu.- Concordo com a cabeça e ele sorri.- Ela quer ajuda com a roupa?_ Pediu para você subir e encontrar com ela no quarto, provavelmente por causa disso._ Certo, obrigada por avisar.- Coloca-se de pé.- Aliás, eu escutei um pouco da briga e obrigada por não me mandar embora._ Não sabia que você estava em casa, não queria que tivesse escutado.Embora ele não tenha sido o assunto principal – na verdade, até foi no início, mas isso não conta– não queria que ele tivesse escutado. Meu irmão e sua esposa não tentaram esconder o quanto Fernando está, sem motivo, decepcionado com o filho e disposto a extremos para o ‘consertar’.Até falar isso é estranho, afinal ele não tem nada a melhorar. Ser gay não é um defeito._ Meu pai chegou
DOIS MESES DEPOISMARY COLLINS _ Anda logo, Liam.- Chamo pelo meu amigo, sentado na sua cama.Chegamos da escola há pouco tempo, almoçamos e fomos nos arrumar para sairmos. Graças ao bom Deus, estamos, finalmente, na última semana de aulas antes de darmos adeus para o ensino médio. Na próxima segunda feira não seremos nada além de desempregados, ou futuros universitários. Ainda não sei ao certo o que irei fazer, só que precisa ser algo relacionado a escrita ou o maravilhoso mundo dos livros. Por isso conversei com William, decidimos tirar esses meses que faltam para o fim do ano como férias, uma oportunidade de fazer uma viagem ao redor do mundo.Sim, ficaremos de Julho a Dezembro apenas viajando e desbravando os quatro cantos desse planeta que chamamos de lar. Não foi muito difícil convencer William, muito pelo contrário. Ele sempre gostou muito de viajar, por isso já conhece diversos lugares. Mas, depois da morte da minha tia, colocou essa paixão na gaveta e passou apenas a sobr
WILLIAM MARTINSO telefone da minha sala toca, desviando a minha atenção do notebook e do processo que estava resolvendo. Antes que o som irritante volte a ecoar pelo ambiente, atendo o aparelho e falo com a minha secretária, que me avisa que April está na porta, pedindo para entrar. Libero a entrada dela e desligo logo em seguida.Tiro o processo da tela e excluo todas as abas, deixando apenas na área de trabalho na tela aberta. Esse cliente é muito exigente, gosto de cuidar dele pessoalmente.Levo minhas mãos até a minha têmpora, fazendo um carinho a fim de aliviar a maldita dor de cabeça que estou sentindo. Em partes graças a mulher que vai entrar aqui. Ela está mais difícil do que nunca, tendo uma grande dificuldades em lidar com o simples fato de que não quero a foder.Já tenho minha pequena, jamais trairia a confiança dela desta forma. Deus me livre de fazer qualquer coisa para a machucar, não aguento vê-la sofrer, imagina por minha culpa.April não é uma mulher que costuma escu