Capítulo 2

Ele finalmente se vira de costas e pede desculpas de várias maneiras, enquanto eu não sei se tento me cobrir com as mãos, se pego minhas roupas na cama ou volto para o banheiro. Opto pela terceira opção o mais rápido que eu consigo fazer. Entro e me fecho no banheiro novamente e fecho meus olhos encostada a porta.

Mas que droga foi essa que foi acontecer?

Eu quero sumir agora ou no mínimo morrer. Eu tento respirar fundo para ver se a vergonha instalada em meu corpo e rosto vai embora,mas eu sei que ela vai permanecer aqui pra sempre e sempre.

Não acredito nisso.

Eu respiro fundo algumas vezes para tentar me acalmar e só então percebo o silêncio que se instalou no quarto. Talvez ele tenha saído,não que isso vá resolver alguma coisa,mas já seria bom eu poder me vestir e me trancar em meu quarto pra sempre,minha mãe vai entender e achar que é uma fase,os pais sempre acham isso. Encosto meu ouvido a porta e escuto mais um pouco,quando finalmente acho que ele saiu mesmo,ele b**e na porta,até me afasto pelo susto que levo. Ele pergunta:

__Você está bem? 

Nossa! Que voz gostosa é essa?

Que ideia é essa minha gosta de observar isso no meio de toda essa confusão? Não sei,mas meu cérebro quer ficar nisso.

Só então me lembro novamente da pergunta que ele me fez.

 É claro que eu não estou bem. Mas decido dizer da melhor forma que consigo sem gaguejar:

__Sim.

Mas mesmo assim minha voz sai trêmula de um jeito que eu não esperava e ele diz:

__Eu sinto muito,eu não queria...Bem...Isso que aconteceu...Eu...Sinto muito,sinto muito mesmo.

É bom saber que ele também está meio nervoso assim como eu,mas eu digo:

__Tudo bem.

Mesmo que não seja verdade. 

Ele pergunta:

__Você quer que eu saia pra você se trocar? Eu...

 Eu não vou mandar ele sair do seu próprio quarto e nem tenho coragem pra dizer isso, então peço:

__Não. Só me entrega as roupas que estão em cima cama,por favor?

Ele diz:

__Claro.

Segundos depois ele diz:

__Aqui.

Eu entre abro a porta devagar e coloco apenas meu rosto e a mão direita  para fora para pegar as roupas,mas meus olhos vão para o seu rosto e nossa, ele é realmente bem gato,de uma forma que eu não esperava achar,não mesmo. Ele tenta sorrir,mas ele está meio sem graça assim como eu estou. Isso definitivamente não devia ter acontecido.

Eu abaixo meus olhos, corto o contato visual e fecho a porta depois de pegar minhas roupas de suas mãos. Ainda bem que não tinha nenhum sutiã ou eu morreria de vergonha. Minha camiseta  preta do Rage Against The Machine dispensa o uso disso,na verdade eu nem preciso,nem tenho peito como eu sempre digo. Não no sentido literal da palavra,mas é que são bem pequenos e pouco notáveis, eu diria.

Ainda bem que minha cabeça divaga em momentos inapropriados como esse,isso geralmente não é bom porque parece que eu estou voando e encarando o nada,mas pelo menos me afasta dos constrangimentos do momento,o problema é que me traz de volta o que também não é a parte boa disso. 

Droga Chloe,volta pra realidade!

Respiro fundo mais uma vez, porque já acabei de me vestir, agora tenho que sair e vê-lo de novo o que vai ser bem constrangedor. Não sei onde vou encontrar coragem para fazer isso,mas vou ter que encontrar.

Segundos depois  eu saio devagar e fecho a porta atrás de mim tentando fazer a parte de ter que encarar ele novamente demorar bastante de acontecer ,quando olho para ele que ainda está parado lá e me olhando de volta tenho a sensação de querer voltar para dentro do banheiro e me trancar lá mais uma vez.

Ele passa a mão no pescoço e tenta sorrir,eu acompanho seus gestos adoráveis,ele não devia fazer isso,porque o torna muito atraente e interessante de olhar,noto também que ele tem um sorriso bem sexy,mesmo que meio constrangido assim. 

Ele então diz:

__Eu quero realmente me desculpar pelo o que houve. 

Eu o encaro e ele me olha como se estivesse me vendo como eu estava minutos atrás, sem quase nenhuma roupa, eu fico vermelha na hora e ele continua:

__Eu não sabia que você havia chegado Chloe. Ava não me disse que você estava aqui e bem...Sem roupa, no meu quarto.

Ele está mesmo querendo se desculpar ou me matar de constrangimento? Porque se fosse a primeira opção eu não estaria com meu rosto queimando de vergonha agora. Eu gosto que ele saiba meu nome e quem eu sou, no entanto.

Ele percebe o que acabou de dizer e tenta se redimir de alguma forma:

__Me desculpe de novo. 

Acho minha voz e digo:

__Tudo bem, eu que devo me desculpar,eu não devia estar aqui. 

Eu abaixo meu olhos, porque essa frase é bem mais real pra mim e faz muito sentido quando dita em voz alta dessa forma, eu não devia estar aqui de jeito nenhum,  não queria mesmo estar incomodando ninguém. Ele passa a mão no pescoço mais uma vez perdendo  meu olhar nele enquanto faz isso e eu acompanho esse simples movimento meio hipnótico, porque o quase sorriso está lá de novo me fazendo olhar e encarar sua boca. 

Ele diz:

__Não é verdade. 

Eu olho para ele que completa:

__Estávamos ansiosos pela sua chegada. Aliás,sou John.

Ele me estende a mão que eu seguro sem muita firmeza e ele diz:

__Podemos esquecer o que aconteceu aqui? 

Eu o encaro e ele completa:

__Eu realmente não saberia como explicar isso pra sua mãe.

Ele tem aquele sorriso agora,mas é um pouco diferente e eu gosto desse mais do que o outro e digo:

__Tudo bem.

Eu tenho um sorriso mais firme agora que ilumina um pouco mais o dele e eu descubro que gosto mais desse sorriso do que do anterior. Eu estou realmente numa enrascada,porque só agora percebo que vou ter que dividir o teto com esse senhor tentação aqui em minha frente.

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