CAPÍTULO 13BILL NARRANDOEu estava preocupado. Não conseguia dormir por causa da Bianca e do fato dela saber quem eu sou. Olhava para o teto do galpão deitado na cama que tenho ali, e o sonho não vinha. Senti que eu estava sendo asfixiado por todos esses pensamentos. Peguei o celular, e abri a conversa com ela. Pensei em mandar mensagem... Mas achei melhor ligar.— Alô? — Falou.— Sou eu. — Eu liguei de um telefone descartável programado com um modulador de voz.— Desliga o modulador de voz. — Bianca disse.— Deixa a janela aberta. — Avisei.Desliguei o telefone e passei as duas mãos por meu próprio cabelo com força. Fui até o banheiro do galpão e lavei o rosto, respirando fundo pela milésima vez. Preciso me acalmar. Preciso. Estou com medo de ter jogado todo meu plano fora, mas não quero desistir da Bianca. É uma faca de duas pontas.Eu fui de moto até dois quarteirões da casa dela. Estava de moletom com touca, fiz um caminho aleatório e cheguei na porta do prédio. Eu toquei a campa
CAPÍTULO 14BIANCA NARRANDOEntrei na faculdade com minha bolsa lateral, olhando para tudo com outros olhos. Eu sei quem é a porra do Robin Hood e me sinto como se eu estivesse no topo do mundo. Até porque, eu estou transando com ele.— Bom dia, Bianca! — Marcela disse, abriu os braços e me abraçou. — Você tá com um ar feliz... O que aconteceu? O bonitão misterioso apareceu na sua casa de novo?— Digamos que sim. — Eu abri um sorriso malicioso.— Então a noite foi boa? Porra, quando você vai me contar quem é o cara misterioso pra quem você tá dando? E se você falar que é o Robin Hood de novo, eu vou dar com o notebook na sua cabeça. — Fingi surpresa. Marcela ficou me olhando insistentemente como se com aquele olhar pudesse me fazer responder.— A noite foi boa. Eu dormi com o “cara misterioso” de novo. — Ela mordeu o lábio inferior e bateu palmas.— Quero saber tudo.— Eu não vou contar muita coisa, você sabe que eu não sou assim. Só digamos que eu estou com esse lenço porque ele acab
CAPÍTULO 15BILL NARRANDOBianca lê minha mente. Ela soube exatamente a hora de ir embora quando lancei um olhar para ela. Nossa conexão definitivamente ultrapassa os trezentos terabits por segundo.— Bom, então você leva a Marcela... E eu levo a Bia. — Eu falei e Brad concordou. Brad e Marcela foram para o carro dele, e eu peguei a mão de Bianca para guiá-la até minha moto.— Essa moto é... Aquela moto? — Ela passava a mão no banco da moto. — Estava escuro, eu não me lembro bem.Eu liguei o botão da placa, para fazer com que ela mudasse os números.— Isso te responde? — Ela sorriu de forma maliciosa ao me ouvir.— Vamos correr, então? — Perguntou. Eu concordei com a cabeça e abri o baú da moto, tirando um capacete extra para ela.— Coloca isso, e se prepara. Vou te levar para um lugar interessante antes de te levar para o meu apartamento. — Ela colocou o capacete rapidamente enquanto eu colocava o meu, e assim que subi na moto, ela subiu atrás de mim e me abraçou com força. — Pronta?
CAPÍTULO 16BILL NARRANDORespirei fundo tentando controlar a ansiedade. Não posso ficar nervoso independente do que aconteceu.— Bia? — Falei baixo.— Bill! — Ela deu um berro, parecia longe. — Tem um morcego me perseguindo! — Suspirei aliviado. Parece que um peso saiu das minhas costas.— Porra, que susto. — Andei em direção a voz dela.Ela estava escondida atrás de uma pilha de caixotes de madeira. Vi o morcego pendurado no teto, em um fio solto. Comecei a rir sozinho. Eu ofereci a mão para ela e ela a pegou. Fiz com que ela saísse dali, e a abracei.— É só um morcego. Relaxa.— Não é só um morcego, eu acabei de destruir um patrimônio público e aí o morcego me assustou, são duas coisas que me deixaram nervosa ao mesmo tempo. — Ela falou tudo muito rápido e isso me fez rir. — Ah, você tá rindo? Seu cretino! —Deu um tapa no meu peito e tentou se afastar do meu abraço, mas eu não deixei.— Nossa, você ficou mais agressiva depois do primeiro crime. É, você tá contaminada, Bianca. — Bri
CAPÍTULO 17BILL NARRANDOEntramos no elevador para o meu apartamento. Bianca olhava tudo com atenção, depois se virou para o espelho e começou a arrumar o cabelo. Eu a abracei por trás e beijei seu rosto de maneira demorada.— Você já tá linda. — Ela sorriu ao me ouvir.— Meu cabelo tá uma bagunça por causa da moto. — Riu. Levei os lábios até bem perto de seu ouvido, onde falei baixo.— Eu tenho a impressão de que ele vai ficar um pouco mais bagunçado do que isso. — Ela mordeu o lábio inferior. Vi sua pele se arrepiar e isso muito me agrada.Assim que saímos do elevador, virei Bianca para minha frente e levei minhas mãos até sua cintura. Eu tenho pressa e eu a quero a todo momento, por sorte, ela sente o mesmo. Passou os braços ao redor do meu pescoço e se segurou em mim, enquanto eu, avancei em seus lábios e a beijei. Minha língua pediu passagem entre seus lábios, e ela cedeu, me recebendo e me correspondendo com vontade. Eu a encostei na porta do meu apartamento, que ainda estava f
CAPÍTULO 18BILL NARRANDOCaos. Foi isso que causei destruindo o painel de segurança do antigo Mapple aquele dia. Mas isso foi a única coisa que fiz? Não, não foi. Eu precisava avisar a todos. Na manhã seguinte ao meu ataque, a cidade acordou lotada de panfletos e colagens nas paredes de todos os lugares, com uma foto do prédio, meu símbolo e os seguintes dizeres: “Bem-vindos de volta. Estamos abertos”. A cidade sabia o que aquilo significava. As pessoas que não tinham para onde ir, foram para lá. Aquele prédio sem utilidade seria abrigo contra o frio para talvez umas duzentas pessoas.Só tem um problema. Quando você mexe com o caos, quando você começa uma guerra... É impossível sair ileso, é impossível não ter vítimas. E hoje, eu só consigo pensar em quão longe eu cheguei por minha própria vingança.Horas antes...— Bill? Eu consegui. — Bianca chegou em mim no corredor da faculdade bastante ofegante. Ela me olhou nos olhos, passou as duas mãos no próprio rosto e olhou para os lados.
CAPÍTULO 19BILL NARRANDOEstou jogado no chão do meu galpão mais uma vez. Meus braços e pernas estão levemente abertos e eu olho para o teto. Brad foi embora ontem, e eu estou aqui, pensando na merda que eu fiz. Não consegui comer, não consegui tomar banho ou fazer coisa alguma. Não sei como vou conviver com o fato de que matei o professor Marcos, mas eu preciso colocar as ideias no lugar logo se eu quiser continuar meu plano. Foi um momento de epifania.Ouvi a porta do galpão se abrir, e Brad entrou correndo.— Bill! Bill, porra! — Eu me sentei no chão ao ver o desespero dele. — A morte do professor Marcos está na TV. Eles estão achando que a morte dele foi por causa do vídeo da menina. Até prenderam um dos compradores do vídeo... Você tem dedo nisso, não tem?— Tenho. Eu implantei provas no computador. — Falei, respirei fundo e deitei no chão novamente.— Bill, qual é, vai ficar deitado no chão para sempre? — Ele se sentou na minha frente, e me entregou um saco de papel do Burger K
CAPÍTULO 20BIANCA NARRANDOEu não sou normal. Não sou mesmo. O Bill assumiu que matou uma pessoa e eu estou no colo dele, beijando ele feito uma louca, como se nada tivesse acontecido. Sinto suas mãos em minhas coxas. Eu rebolei em seu colo e ele apertou minha bunda, eu já sentia seu membro reagir aos nossos estímulos.O telefone de Bill tocou. Eu parei de beijá-lo e ele me olhou feio, mas peguei o telefone dele e mostrei a tela. Era o Brad.— Atende, Bill.— Qual é, eu estou meio ocupado, Bianca. — Ele resmungou, me olhando bem sério.— Atende logo, depois a gente continua. — Ele me obedeceu, finalmente.— Brad, seja rápido porque você acabou de empatar minha foda. Sim? É sério? — Ele disse e apontou para o controle remoto na mesinha de centro, eu peguei e entreguei para ele. — Eu vou ver.Bill ligou a televisão com um sorriso malicioso no rosto. E assim que eu vi o que estava acontecendo, também sorri.“Os invasores se recusam a sair e a própria população fez um cordão humano ao re