O barulho da porta se fechando ecoou pelo apartamento silencioso, seguido pelo som metálico das chaves sendo arremessadas sobre a mesa de mármore da sala. Ethan estava encostado na porta, o peito arfando, as mãos ainda trêmulas de raiva e desejo mal resolvido.Helen girou lentamente sobre os próprios pés, com os olhos embriagados de álcool e de uma provocação que beirava a loucura.A luz do lustre dourado iluminava suas curvas, seu vestido justo, a fenda que subia perigosamente até o alto da coxa. E então, como se tudo aquilo fosse um palco montado para o descontrole, ela levou as mãos até o zíper nas costas e puxou.— Helen… — Ethan murmurou, com a voz rouca e grave, como um aviso contido.Mas ela apenas sorriu. Um sorriso travesso, de lábios vermelhos borrados e olhos brilhando de desafio.O vestido escorregou pelo corpo dela como um suspiro, caindo aos pés com um som suave de tecido no mármore. Sem desviar os olhos ela levou as mãos ate a fina tira da calcinha e baixou devagar. Et
Ethan CarterAcordei com dor.Não aquela dor emocional e maldita que me atormentava há dias. Era física, concreta, ardente. A porra de uma pressão acumulada que parecia concentrada entre minhas pernas, lembrando cada centímetro do que não aconteceu na noite passada.Virei na cama, com o rosto enterrado no travesseiro, e soltei um gemido abafado.— Merda…Os lençois estavam embolados na cintura, e o colchão ainda carregava o perfume adocicado de shampoo misturado com álcool. Senti o cheiro antes de abrir os olhos. E então eu olhei.Helen dormindo.
Ethan CarterO silêncio da minha sala era uma benção e uma maldição. A cidade pulsava do lado de fora, mas aqui dentro tudo parecia contido, retesado, sufocado exatamente como me sinto agora.Sentei-me na cadeira de couro, encostei minha cabeça no encosto e fechei os olhos por um minuto.Helen…A imagem dela ainda estava cravada na minha retina, o corpo esbelto dela nu nos meus lençois, os cabelos bagunçados, os lábios entreabertos, a perna esticada inconscientemente, provocante como o inferno. Os seios a mostra e a porra da lembrança dela me provocando..Será que ela tinha noção do que t
O mundo girava.Helen acordou com um gemido baixo, sentindo o peso do próprio corpo afundar no colchão macio, enquanto a cabeça latejava como se tivesse uma bateria de escola de samba desfilando dentro do crânio. As pálpebras pesadas demoraram a se abrir, e quando o fizeram, a luz suave que entrava pelas frestas da cortina parecia um ataque direto à sua sobrevivência.Ela franziu o rosto, gemeu e se encolheu de novo.Tudo parecia uma névoa. Estava deitada em uma cama enorme, com lençóis escuros e o cheiro amadeirado familiar que fazia o coração dela dar um salto. Virou o rosto devagar e viu que o lado ao seu lado estava vazio. Nenhum sinal de Ethan. O céu estava claro naquela tarde de sexta-feira, mas o coração de Helen continuava carregado como um temporal prestes a cair. Depois de tudo o que havia acontecido, da briga na boate, do quase beijo, da provocação seguida de silêncio, ela ainda não sabia ao certo o que pensar sobre Ethan.A dor estava ali. Latejando. O orgulho ferido, o desejo misturado com mágoa. A noite anterior parecia um borrão de provocação e vulnerabilidade. Não podia negar que gostou de levar Ethan aos limites, gostou de provocá-lo, de ver o desejo evidente em cada parte do seu corpo, mas no fundo, gostaria que ele tivesse rompido as barreiras, isso só levava a crer que Ethan apenas a via como uma uma amiga querida. Amiga… Não era como uma amiga que Helen queria ser vista. Era como uma mulher que ardia de desejo por ele. Que gritava para permanecer em seus braços. Talvez tenha sido melhor assim, se tivesse se entregado a Ethan seria ainda mais difícil arrancá-lo de dentro do seu coração. O céu ainda estava cCapítulo 57 - O Fim Que Eu Escolhi
— Os papéis do divórcio! — disse, olhando-o nos olhos. — Estão todos assinados por mim. Só falta você.Ethan empalideceu.— Divórcio? Você está brincando?— Eu pareço estar brincando?Ele abriu a pasta, os olhos correndo pelas páginas. Sua mente recusava-se a acreditar no que lia.— Helen… não… Você não pode estar falando sério. Ela cruzou os braços, mantendo-se ereta, mesmo com a dor subindo pela garganta como fogo.— É sério. Eu tentei de todas as maneira Ethan. Mesmo sabendo que essa merda de casamento era apenas um contrato, eu o respeitei, e fiz de tudo para vivermos como amigos. Mas… por mais que tudo não passe de uma mentira, eu … eu esperava que ao menos você tivesse um pingo de respeito por mim. — Helen você precisa me ouvir. — ele caminhou até Helen mas ela deu um passo para trás. — Eu fui no apartamento da Miranda para dar fim a tudo o que existia entre nós dois. Porque eu… — Não diga mais uma palavra Ethan. Não quero ouvir as suas mentiras.Ethan se calou. — Não se pre
A porta fechou com um clique seco, como um selo final sobre tudo o que eles haviam construído. Ethan continuou ali, parado, encarando o vazio como se ainda pudesse vê-la. Como se houvesse tempo. Como se ela pudesse voltar.Mas não voltou e nem voltaria.A pasta azul ainda estava sobre a mesa, aberta. Os papéis assinados por ela gritavam uma verdade que ele não queria ouvir: ela estava indo embora. Helen estava deixando-o. E, dessa vez, não havia súplica que pudesse impedi-la.As mãos dele tremiam, a garganta ardia e o mundo que tanto lutara para controlar parecia ter desabado com um simples gesto, a entrega de uma pasta.Ele caminhou em direção ao pequeno bar dentro de seu escritório, abriu uma das garrafas mais caras que possuía e, sem pensar duas vezes, serviu-se de um copo cheio. Engoliu de uma vez só. O uísque queimou sua garganta, mas não o suficiente para anestesiar o que sentia.— Maldita hora que eu deixei tudo chegar nesse ponto… — murmurou, servindo outro copo. E depois mais
Três dias depois... O apartamento era pequeno, mas havia algo reconfortante naquela simplicidade. Foi o lar de Helen antes dela se casar com Ethan e ela amava aquele lugar. As paredes claras refletiam a luz suave do entardecer, enquanto Helen organizava as últimas caixas com uma calma quase estranha. Não era felicidade. Ainda não. Mas era paz. E paz, depois de tanto caos, já era um começo.A campainha tocou.Helen caminhou até a porta e a abriu. Do outro lado, Melissa sorria com uma caixa de bolo em mãos e uma sacola com uma garrafa de vinho. Mas seu sorriso não era tão leve quanto de costume.— Trouxe açúcar e álcool. E antes que diga que está tudo bem, eu conheço aquele olhar vazio seu melhor do que ninguém — disse, entrando sem cerimônia. — Vai me deixar cuidar de você hoje ou tenho que te amarrar?Helen riu de leve, fechando a porta.— Entra. Não tenho forças pra discutir com você.Melissa colocou o bolo na bancada da pequena cozinha americana e olhou ao redor do novo espaço.