Capítulo 4

Um quase almoço 

Yven Lauren Cobalt 

Logo que cheguei na casa dos meus pais, fui bem recebida como sempre, porém ainda mais paparicada. 

Meus pais estavam sorridentes e pareciam ter aprovado e até mesmo aceitado a notícia da minha gravidez mesmo não sabendo sobre a paternidade do meu bebe, e eu senti o peso de estragar tudo isso, pois não queria estragar esse momento tão gostoso entre nós, comecei a me perguntar se realmente valeria a pena estragar o momento agora, estávamos conversando, rindo e planejando algumas coisas para o futuro quando recebi uma mensagem que me deixou nervosa no instante em que vi de quem era o remetente. Com certeza, só poderia ser, meu ex-namorado/chefe. 

Maravilhosamente gostoso, devo acrescentar.

Abri a mensagem trêmula, minha mãe e meu pai falavam algo que eu não faço a menor ideia do que seja, mas quando abri a mensagem sorri surpresa, pois Michael diz o seguinte. 

— Não conte nada aos seus pais esta noite, tire um tempo com eles e descanse. Vamos tentar conversar entre nós e resolver nossa situação antes de falar sobre a paternidade para eles!  M.

Com um sorriso, optei por não responder nada ainda, decidi fazer o que Michael sugeriu, apenas aproveitar a noite com meus pais.

 Após o jantar meus pais não perguntaram nada a respeito do meu pequeno e eu também não falei nada, transcorreu tudo bem e tranquilamente, quando comecei a sentir o peso do cansaço que foi a noite passada no hospital e fui para meu quarto deitar, logo após ter me despedido dos meus pais. Assim que deitei, recebi uma ligação, meu celular estava no criado mudo e eu já estava quase pegando no sono e contra minha vontade, gemi e sentei na cama, soltando um suspiro para espantar o sono e alcancei o celular, meu coração logo dispara quando vejo o nome de Michael brilhar na tela e logo sorri animada involuntariamente e atendi a ligação um pouco desajeitada.

— O... Oi. Sr. Michael.

  Gaguejei demonstrando todo meu nervosismo e permaneci em silêncio por um tempo até que ele finalmente murmura.

 — Me chame pelo meu nome, por favor. Afinal sou o pai do seu filho. 

Ele murmurou em um tom descontraído e prosseguiu.

 — Yven, como está o pequeno? 

Ele perguntou com um tom de voz curioso e sorrindo, respondi. 

— Certo, Michael. Está tudo bem com ele, ainda é muito pequeno para me dar algum sinal. 

Falei sem muita empolgação e pousei a mão em meu ventre e fiquei ali imaginando como serão meus dias quando a barriga estiver maior, quando ouço Michael sorrir e perguntar. 

— Você consegue senti-lo? 

Negando com a cabeça eu respondi fazendo uma careta.

— Ainda não, como lhe disse, ele é pequeno demais ainda — e com isso ele suspirou e disse a seguir. 

— Amanhã irei buscá-la às 9 da manhã !

Fiquei em silêncio, tentando absorver a informação de que realmente terei que ficar sozinha com ele e assim conversar sobre tudo o que passamos e sobre minha gravidez e confirmando em um gesto, me acomodei no colchão e respondi.

— Tudo bem, esperarei você amanhã. Tenha uma boa noite, Michael — e aguardei ele responder logo em seguida.

— Ótimo, você também. — E desligou a ligação, agora que conversei com ele, me sinto um pouco mais tranquila por saber que ele sabe sobre nosso bebe e já preparada para o que vem amanhã, deixei meu aparelho em cima do mesa de cabeceira e deitei novamente, e em seguida meu corpo logo relaxou me levando diretamente a um sono profundo.

Acordei assustada com algumas batidas vindo direto do corredor e logo em seguida a porta se abriu e a minha mãe aparece sorrindo com uma pequena bandeja de café da manhã em mãos toda sorridente, meu estômago roncou assim que minha mãe posicionou a bandeja em minhas pernas e sentando ao meu lado na cama e perguntou.

— Como está se sentindo querida? — Eu peguei o copo de suco e bebi todo o conteúdo e respondi em seguida. 

            — Me sinto muito bem, nem parece que tem um pontinho crescendo dentro de mim.

Minha mãe sorri em silêncio, está muito claro que ela está feliz por se tornar avó, mas sinto que ela quer saber o que está acontecendo na minha vida, e tentando mudar a direção dos meus pensamentos, eu perguntei. 

 —  Sabe que horas são? 

Assentindo com a cabeça, minha mãe murmurou ao olhar o relógio em seu pulso.

 — São 10:15 da manhã, querida ! 

Arregalei os olhos e terminei de enfiar um pedaço de bolo na boca e logo levantei andando em direção ao banheiro, minha mãe sem entender minha reação, perguntou.

 — Para que tanta pressa? 

Com a escova de dentes na boca, logo andei até o closet pensando em uma resposta, pois eu não poderia simplesmente dizer, “vou ir encontrar o pai do meu bebê” eu preciso ser cautelosa, assim que terminei minha higiene, fui até meu closet e escolhi um vestido leve de verão amarelo, que vai até os joelhos e olhando meu reflexo no espelho, vejo minha mãe ainda na mesma posição, sentada na cama com a mesma expressão de quando levantei e murmuro.

               — Combinei com um amigo de ir a algumas lojas e comer em algum restaurante por perto.

Minha mãe sorri com descrença, arqueia uma sobrancelha e diz com ironia.

— Sei… Amigo...  

Levantou e murmurou tocando em meu rosto com carinho.

 — Só se cuide, meu amor !

Beijou minha bochecha e saiu com a mesma rapidez que apareceu, Já pronta, peguei meu celular, e me deparo que tem duas ligações perdidas de Michael e uma mensagem que foi enviada às 8:45 da manhã.

             — Estou aguardando você em frente a sua casa, não se atrase, tenho algumas coisas para fazer com vocês.

Senti meu coração acelerar, e meu celular logo começou a vibrar e brilhou o nome de Michael na tela e assim que atendi, sua voz rouca e masculina me saudou.

 — O que está acontecendo? Está atrasada e estou a ponto de ir até sua casa buscar você.

 Meu coração se aqueceu com a preocupação que ele estava demonstrando, enviando informações que talvez eu não devesse considerar agora e deixando tudo isso de lado eu logo respondo.

 — Não, eu apenas dormi demais. Estava muito cansada.

 Respirei fundo ao deixar escapar meu nervosismo e ele então perguntou.

 — Está com vergonha de mim, Yven? Pensa que seus pais não me aprovariam?

Sem palavras, eu engoli em seco e ele continuou a falar em um tom de voz mais sério que o normal.

— Estou esperando você em 5 minutos ! 

E desligou!

Merda.. Merda.. Merda.. por que você é tão.. soltei um suspiro recuperando a paciência e sorri concluindo meu pensamento “ Lindo e pontual” ao olhar pela janela e ver a figura alta e musculosa do meu chefe.

Pronta, peguei minha bolsa, meu celular e logo desci apressada e na porta de casa avistei o belo carro de Michael, que graciosamente afastou seu corpo musculoso da lataria do carro e se aproximou da porta do carona para abrir para mim.

 Sem conseguir disfarçar, meus olhos viajaram pela bela estrutura física que era o corpo do meu chefe, Michael estava usando uma calça jeans escura com uma camisa polo preta que marcava muito bem os braços musculosos e bem definidos, e um óculos de sol estilo aviador que o deixava insuportavelmente lindo e não resistindo, acabei soltando um suspiro ao admirar toda essa beleza ao meu lado e me surpreendo ao ver que Michael estava me olhando da mesma forma que eu a segundos atrás, cheio de paixão, desejo e saudade.

Mordendo os lábios, comecei a sentir aquela tensão gostosa entre nós, mas logo me repreendi e me concentrei em colocar o cinto de segurança enquanto Michael entrava no carro e também colocava seu cinto, me analisando lentamente, ele perguntou.

— Como se sente? 

Olhando-oatentamente por alguns segundos, me dei conta do quanto sinto falta de tocar em seu rosto e engolindo em seco, dei de ombros e respondi.

 — Me sinto ótima, obrigada. E você? 

Ele desviou o olhar para a estrada e passou a língua pelo lábio inferior e logo começou a dirigir, aquele gesto dele fez um arrepio subir em minha coluna e engoli em seco inquieta quando ele responde.

 — Está tudo bem. 

Assentindo permaneci em silêncio enquanto Michael dirigia atentamente e com muita segurança para um lugar que eu acredito ser a sua casa.

Deve ser coisa da minha cabeça, ou até mesmo os hormônios, mas, ele me ignorando desse jeito está mexendo ainda mais com meus sentimentos por ele. Minha vontade é agarrar ele e beijar sua boca gostosa e esse pensamento me fez lamber os lábios em desejo e ele percebeu minha reação, pois coçou a garganta e ficou em silêncio por um bom tempo fixando sua atenção na estrada.

Uma onda de decepção me tomou quando olhei que o caminho que estávamos tomando era diferente do caminho da sua casa, mas me recuperei rapidamente quando entramos em uma avenida muito requintada e fiquei grata por estar vestida adequadamente, e então assim que ele estacionou seu carro, logo soltei meu cinto de segurança e desci assim que Michael abriu minha porta. 

Começamos a andar até o hall de entrada de um lindo e luxuoso restaurante, fomos direcionados para dentro do local onde sentamos em uma mesa que já estava reservada, pegando o cardápio, Michael perguntou.

 — Algum desejo que eu deva saber? 

Meu corpo reagiu de uma forma inesperada com essa pergunta sabendo que tem duplo sentido, mas neguei com um gesto e respondi à altura para ver sua reação. 

— Não, nada mudou !

 Ao ouvir isso, ele assentiu e sorriu provocante fingindo prestar atenção no cardápio quando, na verdade, está jogando comigo, e então desviei minha atenção dele e ficamos em silêncio por um tempo, um silêncio bem confortável, quando ele murmura.

 — Descobrimos os culpados pelos desvios da empresa.

Surpresa com a notícia tão repentina, voltei a minha atenção para ele e perguntei.

— E como foi? Já acionaram a polícia? 

Negando em um gesto, ele responde.

 — Criamos um plano para pegá-los sem data de saída!

Assentindo mordi os lábios um pouco ansiosa e quando pensei em falar, o garçom voltou à nossa mesa e perguntou.

 — Com licença, gostaria de fazer seus pedidos? 

Confirmando, Michael diz — para mim, o de sempre, por favor — E me encarando ele perguntou — você gostaria de pedir? 

Assentindo respondo.

 —Um suco natural de laranja e uma sopa, por favor.

Anotando os pedidos o garçom saiu e nos deixou a sós novamente e Michael murmurou juntando suas mãos em cima da mesa. 

— Eu irei conversar com meus pais na quarta-feira a respeito dos envolvidos, mas o plano já está formado, teremos o total apoio da polícia e…

— Olá, para você, Michael, querido.

Ouço a voz enjoada de uma mulher interrompendo Michael e quando senti o perfume irreconhecível, já sabia quem era e meu estômago revirou sem nem olhar para o rosto da mulher.

— O que está fazendo aqui? — Michael permaneceu sentado com toda elegância em seu assento, mas questionou enraivecido e então Laura respondeu.

 — Eu vim almoçar no meu restaurante preferido, só isso.  

E sorrindo com tom de provocação, olhou para mim e murmurou.

 — Pelo jeito estou atrapalhando o almoço dos apaixonados..— e fazendo uma cena, ela pousou a mão na cabeça em um gesto teatral e continuou a destilar seu veneno.

 — Eu esqueci, vocês não estão mais juntos.

E sorrindo diabolicamente Laura olhou para mim e depois para Michael, que está em estado de fúria contido, apertando com força a sua mão e olhando para mim o tempo todo e sem ele perceber, ela acabou enlaçando seu pescoço e lhe roubou um beijo estalado, e furioso, Michael a afastou com força e sorrindo a loira questiona com sua maior cara lavada.

— Por que me afastou, meu amor? Se ontem você até me procurou para ficarmos juntos, devo ressaltar.

E negando com um gesto brusco, Michael se aproximou de mim extremamente nervoso e eu perguntei sem nem pensar na cena que Laura queria causar e nem pensei que de fato, ela estava conseguindo exatamente o que queria, nos deixar separados, eu só queria saber se era verdade, se Michael de fato estava com ela ontem.

— Isso é verdade? — ele negou com um gesto e não respondeu mais nada e diante da sua falta de palavras, vi que ela estava falando a verdade e já me sentindo mal, uma forte onda de vertigem surgiu e fui obrigada a me encolher na cadeira até conseguir controlar minha vontade de pular no pescoço dessa mulher e soltando um suspiro ruidoso me levantei, queria ir embora, queria ficar longe da Laura, queria ficar longe de Michael, pois ele procurou a Laura provavelmente depois de me ligar e conversar sobre o nosso bebe, e o peso no meu peito ficou insuportável e andando apressada, deixei Michael me chamando enquanto me direcionava para a saída, mas acabei esbarrando em alguém e dando alguns passos para trás aos tropeços, e olhei para a pessoa que trombei justamente para pedir desculpas, e vejo ser Sebastian que sorrindo me segurou pelos pulsos e com uma expressão preocupada, perguntou.

 — Você está bem? — assentindo respondi muito nervosa. 

— Só preciso ir para casa — 

E saí andando rumo a saída do restaurante e notei que Sebastian estava logo atrás de mim.

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