QUANDO ME CASEI, MINHAS IRMÃS ME DERAM UM RELICÁRIO COM UMA FOTO dos meus pais de um lado e de mim com todos os meus irmãos do outro. Eu não tinha quase memória nenhuma dessa parte da minha vida e a maioria se misturava com memórias que eu tinha com Lisa, com quem vivi anos achando que era minha irmã de sangue.
Agora, porém, parece que meu cérebro dividiu as informações e consigo separar as memórias melhor. Lembrei da casa que morei com meus irmãos, de como eu gostava de jogar bola de gude com Kateus e especialmente, de ficar com Danielle. Lauralyn e Thalise eram mais novas, mas me lembro de meu pai contar história para nós todos no quarto delas e de minha mãe pedir para eu ficar ao lado do berço de Thalise para ela dormir melhor.
Minha mãe era uma mulher muito bonita e meu pai, um homem que parecia justo e honesto. Eles sorriam
— JAY, ACHO QUE VOCÊ NUNCA ME CONTOU COMO SUA MÃE DEIXOU A FINLÂNDIA ainda grávida de você. — Eu estava morrendo o almoço inteiro e me coçando para perguntar isso! Agora que disse, sentado no sofá quadrado e roxo da sala de estar na Ala Bawarrod, envio um sorriso cara-de-pau.Não evito conferir todos os elementos nela que gritam "Eu sou sidhe" obviamente, e não acredito que isso não passou pela minha cabeça até agora. Jaylee é uma mulher bonita, sempre foi, ela e toda sua família tem traços de beleza fortes o suficiente para acender o interesse de Taseldgar. Lembro de que quando ela mudou-se como escrava para a Torre Adjacente, há bastante tempo atrás ainda em Torre Bawarrod, todos os andares ficaram em polvorosa. E claro, como não percebi antes? Anneth a mãe de Jaylee era anteriormente escrava da Rainha
“SEJA BEM-VINDO TIO LENNON”, ESTÁ NA FAIXA DESENHADA PELAS CRIANÇAS e pendurada nas cortinas brancas e com marcas de tinta de suas mãos, nas cores primárias. Awm, que fofura!Entramos em uma das salas de estar do andar de baixo, todos estão de pé para recepcionar Lennon. As crianças saem em disparada e se abraçaam com ele de tal forma que eu e Lucretia precisamos dar espaço. Lennon se abaixa e recebe todos os abraços e beijos que as crianças têm para dar, Nysia, Lane, Ethan trazem flores, Mia o abraça bem apertado, Isis e Liv beijam cada uma uma bochecha dele e Derek o abraça dando tapinhas nas costas. Depois, Lennon abraça-se com D
MEUS PAIS ABRAÇAM-SE COM DEAN QUASE QUE AO MESMO TEMPO, os dois chorando entre o susto e o alívio de vê-lo vivo. Devon olha para mim como quem quer dizer alguma coisa e segura forte no meu ombro.Os outros se aproximam para abraçar Dean, eu fico em pé e caminho até Gavril ajoelhando-me perto dele. Ele se arrasta para trás, com medo de mim e me parte o coração, pois não desejo a ele mal algum, mesmo seu coração sendo podre. Seguro em sua testa, encostando a palma da mão, buscando memórias para apagar e os sentimentos bons que quero trazer a tona escondendo os ruins, mas sou surpreendido pela falta de sentimentos. Faltam sentimentos. Gavril é um psicopata incapaz de sentir qualquer coisa.— Pelos céus, Gavril.Ele cospe em mim, no meu rosto, e grita profundamente com a garganta como um animal sem razão e afasta minha mã
QUANDO LISA FOI ASSASSINADA, LEMBRO-ME DE QUE ERA IMPOSSÍVEL dormir sem ter pesadelos com sua morte. Eu não fui em seu enterro, não tive forças, mas agora não consigo evitar de pensar que eu deveria ter ido. Talvez eu pudesse fazer com ela o que fiz com Kaiser, o que fiz com Dean. Talvez Lisa e seu bebê revivessem no final das contas.Suspiro com tristeza, deitado de lado na cama entre Lucretia e Lennon, confortável entre seus braços e seus calores.— O que você está pensando? — Com a voz rouca e amolecida pela dormencia, Lennon roça o nariz no meu pescoço e segura no meu rosto com a mão, virando em sua direção para beijar minha boca.— Em Lisa. — Confesso baixinho. — Em que tipo de irmão terrível eu sou por não ter ido em seu enterro.— Oh, meu bem, você não tinha com
— QUE BOM QUE OS ENCONTREI REUNIDOS. — DANIELLE INTERROMPE minha conversa com Jaylee em frente à mesa de docinhos. Ela vem sorridente dentro do seu vestido tomara-que-caia rosa clarinho de cetim com renda branca.— Junte-se à nós, minha irmã. — A recebo com um sorriso e passo a ela um camafeu de chocolate e mel.— Tenho que agradecer vocês pelo apoio e pelas dicas, depois de muita conversa e paciência, convenci o meu amor a fazer ósculo. — Ela anuncia, aceitando o docinho. Seu sorriso intensifica-se e seus olhos liláses ganham um brilho único de satisfação.— Tem certeza Danielle? — Jaylee abre bem os olhos amarelados surpresa com a informação, ela segura no braço de Danielle, de forma cautelosa, como uma mãe que não deixa a cria atravessar a rua sozinha. — Conversei com Devon s
— HELEN, KEVIN! VOCÊS DEVERIAM ESTAR ME ABRAÇANDO! — Román reclama, sentado no sofá de acompanhante do quarto de maternidade em que Thalise está internada.Ela deu entrada há duas horas, mas seus filhos recém-nascidos são agora duas crianças de mais ou menos dois anos de idade, ambas de cabelos cor-de-ferrugem abraçadas às pernas de Kaiser que acabou de chegar, o sorriso que ele deu quando viu os filhos foi algo único e me fez feliz.— Eu que segurei vocês no colo ao nascerem! — Román continua.— Não os culpe por reconhecer o pai de verdade. — Kaiser o repreende, colocando as mãos nas cabeças dos filhos. — E o que há com esses nomes? Não são apropriados para os próximos Imperador e Imperatriz.— O que há de errado com Helen e Kevin? — R
DEDILHO AS CORDAS DO UKULELE VERMELHO DE LENNON, FAZENDO UM BARULHO SEM HARMONIA. Devon gira os olhos dourados e me encara com impaciência. Ele está tão chato esses dias que tenho evitado ficar perto dele, ou vamos brigar.— Pare com isso, esse som me dá dor de cabeça. — Ele resmunga, de braços cruzados e uma das pernas no sofá, a outra dobrada pisando no chão.Tomo um tempo analisando-o, Devon não fez a barba, os cabelos estão um pouco bagunçados. Ainda bem que temos empregados, ou eu o veria com roupas amassadas, mas ele está de jeans, suéter e sapatos.— O que te dá dor de cabeça são os chifres que você está imaginando que minha mãe está pondo em você. — Sentencio, ele curva as sobrancelhas em aborrecimento. Péssima escolha de palavras, talvez. — Relaxe um pouco, o
O PERÍODO DE MAEROR É O LUTO PARA OS VAMPIROS. Você tem que se vestir inteiramente de branco, deve ficar com a família e fazer o possível para não sair de casa. Festas e celebrações são proibidas, você tem que mostrar seu respeito aos mortos. Se você sente tristeza, todos os processos necessários para honrar o Maeror são naturais e soam mais como um respeito da Sociedade pela sua dor.Eu não tenho direitos a me excluir da sociedade, eles precisam de mim, simplesmente, mas eu estou de branco. Um terno feito sob medida, calça, sapatos, gravata, nem uma costura tem cor. Até as jóias que estou usando são tão brancas quanto o marfim. Nem mesmo meus olhos são de outro tom. Eu simplesmente não consigo parar de chorar. Toda a minha visão embaça com as lágrimas quando mais uma onda de tristeza me invade. C