Ela estava de fato muito irritada. Caminhar um pouco pelo jardim ajudaria a aliviar a tensão. Sentada em um banco, ela ficou ali por um bom tempo, até que começou a se sentir um pouco melhor.Mesmo que não quisesse voltar para o quarto, ela sabia que não tinha escolha. Precisava voltar, ao menos para que Tamires pudesse dormir tranquila, afinal, a velha senhora tinha acabado de chegar.Eliana ficou parada na frente da porta do quarto por um longo tempo, relutante em entrar e ter que dividir o espaço com aquele cretino.Respirou fundo várias vezes antes de finalmente empurrar a porta. Assim que entrou, ouviu Jacob falando ao telefone na varanda.Ela jurava que não tinha a intenção de ouvir, mas o volume da conversa estava alto, talvez porque fosse uma ligação por voz ou vídeo.— Jacob, você não atendeu minhas ligações desde ontem à noite. Pensei que fosse porque estava ocupado com o trabalho. Mas então a Leyla me ligou e contou que a Eliana voltou. Ela disse que vocês estão na Mansão Pe
Eliana estava com uma expressão séria, o que fez Tamires pressentir o pior. Ela rapidamente levou a mão ao peito, fingindo uma dor repentina.— Acho que não dormi bem essa noite... Estou com uma dor aqui no peito... Leyla, me ajuda a voltar para o quarto.— Já estou indo! — Leyla se levantou rapidamente.— Vovó... — Eliana interrompeu, sem dar chance para que as duas continuassem a encenação. — Acho que a senhora já sabe o que eu tenho para dizer...Percebendo o que estava prestes a acontecer, Jacob agarrou o pulso de Eliana.— Você se esqueceu do que eu te disse?Eliana lançou um olhar gelado para ele, e em seguida puxou o braço com força, livrando-se do aperto. Voltando-se para Tamires, ela declarou:— Vovó, não adianta forçar. Um relacionamento só funciona quando as duas partes querem. E eu e ele... Nunca fomos do mesmo mundo.— Elia... — Tamires se aproximou e segurou as mãos dela. — Eu sei que o Jacob cometeu muitos erros no passado, te machucou... Mas, por favor, eu te suplico, d
Eliana sentiu o coração apertar.— Obrigada!Enquanto via Jacob e Eliana se afastarem, Leyla, indignada, perguntou a Tamires:— Vovó, por que a senhora concordou com o divórcio da Eliana e do meu irmão? Nós não combinamos que íamos tentar reconciliá-los?Tamires suspirou profundamente.— A Eliana mudou. Ela desistiu do seu irmão.— E a senhora concorda com isso? — Leyla parecia não acreditar. — Se ela for embora agora, talvez nunca mais volte. E se ela encontrar outro homem? Onde a senhora vai encontrar outra esposa tão boa quanto ela? Eu nunca vou ter uma cunhada melhor!— Ah, minha neta... — Tamires deu um leve toque na testa de Leyla. — Você só viu que a Eliana mudou, mas não percebeu que seu irmão também está diferente?— Diferente? — Leyla piscou, confusa. — Como assim? Ele continua o mesmo insensível de sempre! Vovó, se ele não fosse meu irmão de sangue, eu nem falaria com ele! Trocar uma esposa como a Eliana por uma mulher como a Pola? Ele vai se arrepender, pode apostar!— E é
O médico olhou para o relógio, impaciente.— Cadê o marido da paciente? Se ele não vier logo assinar os papéis, vai ser tarde demais.A enfermeira respondeu com um ar de desconforto:— Ele disse que não vai vir. Disse que a paciente pode se virar sozinha, que ele não se importa.Se virar sozinha...Na mesa de cirurgia, coberta de ferimentos e lutando pela vida, Eliana Walton tentou levantar uma das mãos.— Me dá o celular... — Murmurou com dificuldade.A enfermeira, vendo o desespero nos olhos da paciente, rapidamente entregou o telefone.Com o corpo inteiro em agonia, Eliana forçou-se a discar o número que estava gravado em sua memória. O telefone quase desligou automaticamente quando, finalmente, a ligação foi atendida.— Eu já disse que a vida dela não importa para mim. — A voz do homem do outro lado era carregada de impaciência e desprezo.— Jacob... — Cada palavra que saía da boca de Eliana parecia rasgar seu corpo por dentro. — Depois que você levou a Pola, os sequestradores det
Na manhã seguinte.Por causa da dor intensa no ferimento de Pola, ela insistiu para que Jacob ficasse mais uma noite no hospital.A caminho do trabalho, ao passar por um cruzamento, Jacob deu uma ordem repentina ao motorista:— Vá para a Vila Werland.Ele não queria voltar para lá, mas suas roupas já estavam há dois dias no corpo. Era hora de trocá-las.Ao chegar na casa, no entanto, não foi recebido com o calor habitual de uma mulher ansiosa pela sua chegada, mas sim com uma frieza que parecia preencher todo o ambiente.No centro da sala, sobre a mesa de café, estava um documento de divórcio.Jacob olhou para a assinatura no final da página, junto com a chave da casa colocada em cima do contrato. Seus olhos escuros brilharam por um breve momento, com uma emoção difícil de decifrar. Em seguida, ele subiu as escadas em direção ao quarto.Era a primeira vez que Jacob entrava no quarto de Eliana.Durante os últimos três anos, eles haviam vivido como estranhos, dividindo a mesma casa, mas
Cidade B ficava a apenas uma hora e meia de Cidade A de carro.Disfarçada, Eliana chegou à Mansão Mason no horário combinado. Sob o pretexto de tratar uma doença, ela aproveitou o momento em que ninguém estava por perto e hipnotizou Axel Mason, o chefe da família Mason.Infelizmente, ela não conseguiu arrancar nenhuma informação útil dele.Sem ter alcançado o objetivo, Eliana caminhava de cabeça baixa, perdida em pensamentos, até que sentiu uma dor repentina na testa.— Descul... — A palavra ficou presa na garganta quando ela levantou os olhos e viu o rosto de quem havia esbarrado nela.Jacob? O que ele estava fazendo ali? Que ironia do destino!Em questão de segundos, Eliana desviou o olhar e, com o rosto impassível, virou-se e saiu.Jacob ficou intrigado. A princípio, ela parecia que iria se desculpar, mas, ao vê-lo, mudou completamente de atitude. Aquele olhar... Tinha algo de ressentido, como se fossem inimigos.Ele se virou, observando a direção na qual ela caminhava, e ficou sur
— Um bilhão? — Jacob não hesitou nem por um segundo. — Fechado!Três anos atrás, ele havia sido envenenado em uma armadilha. Uma mulher, mesmo gravemente ferida, havia salvado sua vida.Após uma noite intensa, ao acordar, a mulher havia desaparecido sem deixar rastros.A escuridão daquela noite impediu Jacob de ver seu rosto, mas ele se lembrava de um perfume peculiar que exalava dela, algo que parecia com ervas medicinais.Ele mandou investigar, e a busca o levou até Pola Francis, filha da família Francis. Pola sempre fora frágil e doente, vivendo à base de remédios herbais.De acordo com o próprio relato de Pola, no dia em que ele foi atacado, ela havia sido sequestrada. Enquanto tentava escapar, encontrou Jacob e, apesar de suas feridas, colocou sua própria vida em risco para salvá-lo, entregando-lhe até sua virgindade.Naquela época, ela tinha apenas dezoito anos.Pola havia lhe salvado a vida, e ele lhe prometeu casamento. Mesmo com a desaprovação de sua avó, Jacob estava determi
O olhar afiado do homem voltou-se novamente para a varanda, e ele deu um sinal discreto para Thomas.Thomas deu uma volta rápida pelo quarto e voltou:— Senhor, não tem ninguém!— Chame o médico. — Ordenou Jacob, com os olhos frios. — E avise à administração do hospital. Quero todos os acessos bloqueados. Ninguém entra, ninguém sai!— Sim, senhor!Depois de examinada pelos médicos, foi confirmado que apenas havia retirado seu sangue, sem outros danos. Só então Pola conseguiu relaxar um pouco.Mesmo assim, ela estava preocupada. Com sua saúde em estado tão delicado, como não sentir medo? Mas o que a deixava confusa era o motivo de alguém se dar ao trabalho de roubar seu sangue.De repente, seus olhos brilharam com uma ideia, e as lágrimas começaram a escorrer em abundância.— Jacob, Eu... Eu não queria dizer nada, mas ela está passando dos limites. — Disse Pola, enxugando o rosto com as mãos.Ela viu naquela situação a oportunidade perfeita para difamar Eliana e, obviamente, não deixari