– Ao menos você me mostrou que tudo não passava de um teatrinho. – Sua voz saiu assustadoramente serena, a mulher bateu o pé como uma criança mimada e saiu porta afora sem se importar com a chuva, senti meu coração martelar em meu peito como uma criança jogando basquete, olhei para o homem não com um olhar de pena, mas de compreensão, agora tudo fazia sentido, ela quem era a culpada daquilo tudo, do olhar severo no rosto do homem, sem pensar duas vezes corri para os seus braços, assim que toquei seu peito, pude sentir o quanto sua voz transmitia o contrário do seu corpo, seu coração também estava em um ritmo acima do normal como se tivesse corrido uma maratona, ele me abraçou como se estivesse tentando me proteger, uma mão em minha cintura e a outra na altura do meu ombro tocando minha nuca, mas só queria saber do que exatamente ele estava me protegendo, da sua mãe? Não estava, mas com medo dela, estava morrendo de raiva só de pensar em suas palavras.– Me desculpe! – Sussurrou em meu
Mesmo que ele tentasse esconder, ele parecia incomodado, me arrependi por seguir em frente e feito a pergunta, mas agora era tarde, palavras são umas das coisas que nunca voltam, me levantei sentando no sofá para olhar melhor para o seu rosto, ele suspirou e concordou com a cabeça, senti meu coração pesar.– Sim… foi ela e meu padrasto, foi por isso que vim morar com meu tio, quando fiz 16 conseguir fugir e… – O interrompi, não precisava de mais detalhes, apenas aquilo já me fazia entender o quanto ele havia sofrido na mão daquela mulher, era compreensível, ele tinha razão em ficar daquele jeito, e por isso o abracei com todas as forças que tinha, o abracei como se minha vida dependesse disso, e seu sofrimento estava estampado em seu corpo.– Está tudo bem, você conseguiu, está seguro agora, você foi forte tão forte, eu me orgulho de você. – Quando o choque do que estava acontecendo passou ele me abraçou forte, afundando o rosto em meu pescoço, senti algo molhado no mesmo lugar, foi q
“Tudo o que havia pensado e feito estava naquelas palavras, tudo voltando à minha mente.”“Por algum motivo entendia aquela reação, principalmente quando entendi como o homem se comportava com as outras pessoas e se mostrava diferente comigo, e principalmente com Flora e Megan, de algum jeito podia sentir, mesmo que não entendesse o motivo ainda podia sentir, Ethan era igual a mim, ele também havia sofrido, não sei por quem, mas sei de que forma, sabe para as pessoas de fora, seu rosto pode ser marca de uma briga feia entre homens adultos, ou por ele parecer algum tipo de valentão, mas essas mesmas pessoas não havia realmente como era sua personalidade, elas apenas o procuravam quando precisavam de algum serviço urgente em sua casa, mas não se preocupavam em realmente conversar com ele.”“– Você não tem medo? – O olhei sem entender.”“ – Não tem medo de ter um vizinho como ele? Como posso dizer. – Deu uma pequena pausa, talvez escolhendo bem as palavras que usaria, no final de contas
Quando vi Laura naquele dia pela manhã já havia percebido que ela não me deixaria em paz, mas temia que ela fizesse algo contra Ayanne, aquela mulher era louca, um monstro, tudo o que ela fez no passado não podia de forma alguma ser apagado, passei o dia todo perdido em pensamentos, não sabia o que fazer realmente, mas sabia que alguma hora meu passado chegaria nos ouvidos da mulher que eu amava, e se ela ouvisse tinha certeza que se afastaria na mesma hora, eu temia por isso, e quando busquei a mulher em seu trabalho sem tê-la avisado deixou meu coração ainda mais perturbado, acreditava que ela ficaria chateado comigo, tinha certeza afinal estava chovendo e eu sabia que ela havia saído sem guarda-chuva, quando a senti me abraçar daquele jeito estava ainda mais nervoso, não menti sobre o celular havia me esquecido de colocar para carregar, nunca em toda a minha vida mentiria para ela se não houvesse realmente um bom motivo. Quando fui buscar Akira na casa de Flora a mulher me pergunt
– Mas querido, eu te criei com tanto amor e carinho, por que você não precisa de mim? – Talvez tivesse que lembrar para aquela mulher tudo o que passei em suas mãos em minha infância, se aquilo era chamado de criar, acredito que nem uma aranha sobreviveria ao seu próprio veneno.– HA! HA! HA! Você deve estar doente, só pode, a cadeia queimou seu cérebro? Como você tem a cara de pau de dizer isso? Como uma mãe faz o que você fez comigo? Você é realmente impressionante, merece um grande prêmio de atuação. – Não pude me conter com tanta hipocrisia.– Filho não estou atuando, estou falando sério com todo o meu coração, seu pai está de prova juro em… – Como ela tinha coragem de ainda citar o meu pai?– PARA DE FALAR DO MEU PAI! QUEM VOCÊ PENSA QUE É? UMA MULHER QUE NÃO DEMOROU NEM DOIS MESES PARA LEVAR OUTRO PARA CASA! – Senti Ayanne estremecer atrás de mim e apertar minha mão, não deveria deixá-la passar por tudo isso, ela não merecia ter que presenciar uma cena dessas, tentei ao máximo m
Quando consegui manter a calma, voltar ao meu estado normal, me levantei joguei meu casaco em cima do sofá e subi para o meu quarto, entrei no meu banheiro dando uma olhada em meu rosto pelo espelho, havia ficado visivelmente abalado estava pálido e suado, respirei fundo e tirei minha roupa e entrei no chuveiro o mais rápido que pude, precisava voltar e cuidar de Ayanne, tudo o que aquela mulher fez hoje foi nos prejudicar, tudo em que ela está envolvida a mesma consegue destruir, ela fez isso com meu pai, tenho certeza de que quando ele saiu aquele dia ambos estavam brigados. Quando terminei meu banho vesti uma roupa mais confortável e desci as escadas, peguei o pote que Flora havia me entregado que ainda não havia tirado da bolsa, peguei Akira que estava dormindo em sua cama e voltei para a casa de Ayanne.– Aya? – A chamei quando pensando que a mesma estivesse em seu quarto.– Se sente melhor? – Ayanne estava pálida, estava totalmente diferente de quando a deixei.“Droga, ela havia
Depois daquilo tudo, poder ainda passar a noite ao lado de Ayanne foi a melhor coisa que podia me acontecer, meu coração estava tão calmo e tranquilo que nada podia me afetar, quando dormi ao lado dela era como se não existisse, mas nenhum problema, tive a melhor noite de sono em toda minha vida, com a mulher que amo ao meu lado e aquele filhote em nossos pés parecíamos uma pequena família, coisa que passei minha infância e adolescência sem agora posso ter, era como um recompensa pela vida miserável que tinha antes de vir morar em La Conner. Pensei muitas das vezes que passaria meus dias sozinho que jamais experimentaria o que é passar a vida em dois, em como criar filhos, como poder chegar em casa e ser recebido por beijos e abraços das pessoas que amo, estava quase que pronto para ter uma vida solitária, pois sei que depois que Megan crescer ou que Flora se casar de novo com alguém bom, sabia que elas não precisariam de mim por muito tempo, a mulher é jovem e já viveu o luto de per
Caminhei até a delegacia com Akira nos braços apenas para evitar esbarrar nas pessoas e nos enroscar com a coleira, era tão fofo vê-lo olhar para os lados e levantar o focinho cheirando tudo, ele é tão lindo, como posso ser tão sortudo, com uma namorada maravilhosa e um parceiro que me olha e logo abana o rabo e pula em mim como se estivesse visitando o lugar dos seus sonhos pela primeira vez, sei que nada pode tirar isso de mim, e se tentar lutarei com todas as minhas forças para pegar de volta. Quando cheguei em frente a delegacia, respirei fundo, e coloquei o filhote no chão que logo começou a farejar o local, avançamos por fim para o balcão de atendimento.Saudei a policial da recepção com a cabeça em um aceno antes de começar – Bom dia… – – Por acaso você… Ah, oi Ethan, o que o traz aqui? – Philips me cumprimentou quando percebeu minha presença.– Preciso da sua ajuda. – Foi a única coisa que falei antes dele arregalar os olhos, e me levar para seu escritório, assim que entrei e