Joshua Ferrell
Estou na sala do meu pai, incomodado com o que acabei de ouvir.
— Pai, não pode fazer isso. Tenho me dedicado integralmente aos negócios da nossa família desde que era só um garoto. Investi muito tempo e energia aqui. Em minhas férias da faculdade, acordei muitas vezes, enquanto ainda era madrugada e trabalhei até quando o sol se punha. Eu mereço isso. Sabe que quero muito assumir esse cargo — falo com irritação na voz, andando frente a sua mesa, enquanto ele me olha sério, recostado em sua cadeira, não consigo decifrar seu olhar.
— Sei disso meu filho — suspira, apoia os braços sobre a mesa e continua. — Porém, essa filial é praticamente independente de todo conglomerado. Andaria praticamente sozinho, acha que está preparado? — meu pai indaga-me sério.
— Não me subestime Sr. Ferrell. Estou mais do que preparado e sabe disso — seguro seu olhar no meu. Puxo o ar para meus pulmões, tentando me acalmar, me sentando a sua frente em seguida.
Não acredito que meu pai tenha dúvidas do meu potencial. Afinal, o que foram todos esses anos que investi aqui? Encaro sua postura austera, o que não condiz com seu olhar, agora risonho.
— Meu filho, não me leve a mal, tenho visto seus esforços na empresa e confio em suas decisões de olhos fechados, porém, às vezes, você tem um comportamento muito inconsequente lá fora — ele respira fundo. — E essa imagem não fica bem diante dos acionistas e investidores.
— Pai... — tento falar, ele interrompe-me.
— Não, Joshua! — altera um pouco sua voz. — Você sabe que fiz essa empresa do nada. Prezo por tudo que construí durante todos esses anos — olha-me atravessado. — Cada semana você aparece com uma garota diferente, pensa que não sei do loft que você mantém no centro? — diz olhando-me e continua. — Bebe de forma irresponsável, e, até de um racha de carros participou.
Olho para meu pai com os olhos arregalados. Como ele descobriu tudo isso? Sempre procurei ser muito discreto, evitando aparecer na mídia. Antes que eu pergunte ele continua.
— Sim, meu filho, eu sei de tudo que acontece com você.
— Isso aconteceu há quase um ano — digo, simplesmente. — Não tenho saído para baladas, nem participo desse tipo de coisa mais.
— Isso é o tipo de coisa que não pode ser associado a ninguém de nossa corporação, ainda mais a um membro com cargo tão elevado. E uma vez exposto, não se esquece tão facilmente.
— O que você quer que eu faça para dar-me essa chance? — pergunto resignado, mas não me dou por vencido.
Ele levanta-se e anda até o grande janelão atrás de sua mesa. Dou o tempo que ele precisa para responder minha a pergunta. Pela demora em falar, penso que ignorará o que perguntei, então ele volta-se para mim dizendo:
— Vamos fazer assim... — olha-me fixamente. — Tire suas férias como planejado e na sua volta, conversaremos novamente.
O encaro desacreditado. Não me agradou em nada essa proposta do meu pai, mas saberei dar um passo atrás, para dar três adiante depois. Com afobação não conseguirei nada, e se quiser realmente convencer o velho, terei que ser cauteloso, não cheguei onde estou agindo por impulso. Sei muito bem aonde quero chegar e nada vai me desviar do meu objetivo.
— Tudo bem, pai, mas não pense que desistirei, afinal sou seu filho — pisco para ele que imediatamente abre um sorriso, relaxando a postura de momentos antes.
— O que pretende fazer? Vai viajar? — pergunta mudando de assunto e quebrando clima tenso de antes.
— Não! Prometi ao Sr. O'Malley que ajudaria com o passeio de formatura do terceiro ano do Nudgee St Joseph's College — não sei o que deu em mim para aceitar essa proposta do Matt. Eu devia estar louco.
O Sr. O'Malley, é pai do meu melhor amigo, o Matt, e também é muito amigo do meu pai. Sempre que possível, estão no clube de golf ou viajando juntos em família.
— Não sei se fico feliz em você ajudar o Gregory ou preocupado com todas as jovens que estarão nesse acampamento.
— Não é nada disso, vou apenas para fazer companhia ao Matt e ajudar no que for preciso, o pai o intimou a participar esse ano, já que dois funcionários que faziam parte da organização do college, ficaram doentes na última hora.
— Se você diz — fala com ar de riso.
— Pai, eu sei que sou mulherengo, mas não pego menininhas novinhas, tenho consciência das leis do nosso país — digo. — Agora vou indo, vim apenas pegar os documentos da reunião de segunda e já estou atrasado para encontrar o Matt no clube — olho em meu relógio, e continuo. — Vai ficar até que horas aqui? A mãe não gosta quando trabalha no sábado.
— Também já estou indo — rir olhando a foto de minha mãe sobre a mesa, seus olhos chegam a brilhar. Nunca vou entender esse tipo de amor que os meus pais têm.
Ela sempre o apoiou em tudo, mas não abre mão dos fins de semana em família. Isso para ela é sagrado. Ainda olhando a foto ele diz.
— Não quero problemas com dona Olivia — olha para mim e continua. — E segunda, na reunião, nada de aliviar com eles, quero esse negócio fechado antes de suas férias. Já perdemos muito tempo — diz, sentando-se novamente.
— Deixe comigo, sou seu melhor negociador — gabo-me, seguindo em direção à porta.
Essa conversa com meu pai não foi nada do que eu esperava, mas, paciência.
Somos de uma família tradicional, e eu tenho muito orgulho do meu pai, que herdou a empresa falida do meu avô e a transformou no que é hoje.
Posso dizer que tive uma educação privilegiada, viajei para vários países e só depois entrei para a empresa. Não posso reclamar da vida quem tenho tido até agora, mas, eu quero mais.
Quero ser como meu velho, um exemplo de homem de negócios, reconhecido e premiado por seus feitos. Mas, acima de tudo, um homem de família. Contudo, essa última parte, num futuro bem distante, sei o quanto é difícil conciliar as duas coisas e o quanto ele se sacrificou para não falhar em nenhuma dessas áreas.
Sim, meu sonho é assumir a filial de minha família em New York, a cidade-luz. Esse será um grande passo. Mas, meu coroa, Jeremy Ferrell, é osso duro de roer, eu também o sou...
Desde o final do colegial que trabalho com meu pai na sede onde ele é o CEO todo poderoso. Iniciei como um simples office boy, dividindo-me entre a empresa e a faculdade de Administração e Gestão em Negócios. Aos poucos, fui subindo de cargo, até a posição que ocupo hoje, a vice-presidência. E por ser filho, não tive nada facilitado como muitos podem pensar, tive que ganhar meu espaço. Foram cinco anos de extrema dedicação. Só que agora, aos 23 anos, acredito chegou minha hora, quero andar sem a sombra do meu pai.
Já pensei em eu mesmo fundar minha própria empresa e seguir sozinho, mas isso daria muito desgosto ao meu velho, que vive dizendo que um dia, ao se aposentar, isso tudo será meu.
Saio dos meus pensamentos ao ouvir o toque do celular. É o Matt, ativo a ligação no viva voz do carro...
— Estou a caminho — digo.
— Pensei que a bela adormecida ainda estivesse na cama — fala com seu jeito brincalhão de sempre.
— Vá se...
— Olha a boca suja — interrompe-me. — Tenho uma linda jovem aqui ao meu lado que não deve ouvir seu palavreado baixo. Venha logo — diz e desliga sem me dar tempo de responder.
Desconecto o celular do aparelho de som, ligando na rádio de costume, a música de Wiz Khalifa - See You Again ft. Charlie Puth, toca o trecho calmo da canção, nada condizente com meu estado de espírito.
Aumento a velocidade do carro bem no momento em que o rap começa sua agitação. Enquanto percorro as ruas quase desertas àquela hora, volto a pensar em minha conversa com meu pai.
Farei o que for preciso para atingir cada uma das minhas metas.
E se para isso terei que abrir mão de certas coisas, eu farei. Nesse momento nada é mais importante do que atingir meus objetivos. Com esse pensamento aumento, ainda mais a velocidade do carro e sigo em direção ao clube.
Katellyn Welsh— Obrigada papai, eu o amo muito — agradeço tirando o cinto de segurança, descendo do carro em seguida.— Também amo muito vocês e cuide de sua Irmã — ele direciona esta última frase para Clhoe."Até parece que eu não sei me cuidar."Ela abre um sorriso de orelha a orelha pela confiança recebida e eu reviro os olhos.Andamos em direção à entrada do clube e logo avisto a Nick acenando como uma louca para chamar nossa atenção.Caminhamos até ela e para isso tenho que passar pela quadra, onde vejo o Joshua Ferrell e o Matheus O'Malley, com alguns amigos, jogando vôlei, e como sempre a metida da Cassandra também está lá.Sempre o via de longe no campus da faculdade ao lado do meu colégio, nunca nos aproximamos, mas durante uma festa, onde o Sr. Ferrell e o Mick seriam homenageados como empresários modelos, que tinham projetos sociais voltados para os jovens em formação, fomos apresentados. Não sei descrever ao certo o que senti quando ele apertou minha mão e a beijou, a sen
Joshua FerrellTem alguma coisa nessa garota que me fascina. Percebi isso, desde que a vi naquela festa, na ocasião, eu não conseguia desviar meus olhos dela, depois ela passou a ocupar minha mente quando a via do campus e ultimamente, sem motivo aparente, ela tem estado mais tempo do que eu gostaria em meus pensamentos.Não esperava vê-la aqui hoje, isso me pegou desprevenido.Perco a noção observando os traços de seu rosto, que são bem delicados, ela tem um corpo muito bonito, com as curvas nos lugares certos. Ela é toda linda. Tem um quê de inocência que faz com que eu queria ficar olhando em seu semblante tímido e cativante, de querer cuidar e proteger."De onde eu tirei tanta baboseira?" Balanço a cabeça inconformado. Não me agrada esse tipo de pensamento, eu logo trato de afastá-lo. Quase cometi a insensatez de beijá-la naquela enfermaria. Apesar de jovem, tenho certa vivência com mulheres, tanto que até chamou a atenção do meu pai, mas essas com estilo princesinha, muito deli
Isabelle WelshFecho a porta do quarto de Kate e encosto-me a parede oposta no corredor. Fecho os olhos e respiro fundo. Quando os abro, observo seu lindo rosto nas fotos que tenho aqui, lindas fotografias de família, distribuídas em porta retratos, algumas feitas por ela que ama fotografar e outras feitas por mim. Sei que não estou agindo corretamente ao tentar protegê-la tanto. Mas é mais forte do que eu. Só de pensar na minha menina com o coração partido e magoada por algum motivo, morro por dentro.Sei o quanto uma garota nessa idade é ingênua e propensa às ilusões da vida. Infelizmente sofri isso na pele. E de forma alguma quero ver minha filha sofrer o mesmo que eu.Caminho para o meu quarto e assim que entro, Mike olha em minha direção. — Venha cá — diz, caminhando até mim, puxa-me para ele, sinto seus braços fortes abraçando-me e, aconchego-me em seu peito, sei que ele deve ter ouvido parte de nossa conversa.— Sabe que ela tem razão, amor — diz com a voz suave, afagando meu
Katellyn Welsh Enfim, chegou o dia tão esperado por toda turma concluinte do ensino médio do Nudgee St Joseph's College, e claro que eu estava super ansiosa. Finalmente tinha conseguido a permissão dos meus pais para ir, e claro que depois de prometer inúmeras vezes que teria juízo, que não faria nada do qual fosse me arrepender depois e principalmente me manter longe dos garotos. "Como se isso fosse possível." Chegamos em frente ao colégio, tinha uma aglomeração de pais se despedindo dos filhos e dando as últimas recomendações. Amigos eufóricos com a perspectiva de liberdade pelos próximos quinze dias. Essa sensação era muito excitante. "Ai que emoção!!!" — Kate! — viro-me para a voz que conheço tão bem — Amiga... Que bom que você chegou, não imagina o que eu descobri, nossa, estava louca que você chegasse logo, por que demorou? — Nick fala tudo de uma vez, sem nem mesmo parar para respirar. — Não demorei nada, cheguei no horário, você que é agoniada. O que descobriu? — pergunt
Joshua FerrellEstou na quadra de vôlei, quando vejo Kate passar. Não tenho certeza, mas acho que ela tem me evitado esses últimos dias.Desde a noite em volta da fogueira, onde me vi cantando aquela canção para ela, que evito sua presença também. Não sei descrever o que senti, quando dei por mim, não conseguia parar de olhar para seus olhos que estavam muito brilhantes, pareciam duas estrelas. De alguma forma, aquilo me assustou.Demoro mais do que o necessário olhando em sua direção e Cassandra chama minha atenção.— Vai jogar ou ficar que nem um cachorro babando por essa garotinha mimadinha?— Em primeiro lugar, ela tem nome. É Kate. E em segundo, não estou babando por ninguém.— Olha aqui Josh, não vou aceitar ser feita de idiota embaixo do meu próprio nariz — faz drama.— Cassandra, eu já falei uma vez e vou repetir. Não temos nada um com o outro. Somos amigos com benefícios e é só — digo saindo da quadra. Para mim esse jogo já deu. Ela vem atrás e eu continuo. — Mesmo que me int
Joshua FerrellVejo quando Kate passa de cabeça baixa, junto com sua amiga, Nicole. Ela, eu percebi há algum tempo e confirmei durante o período que passamos juntos, é muito tímida. Tentei puxar assunto com ela, mas não tive mais do que meras respostas monossilábicas. Deve estar envergonhada por ter ficado a sós comigo na cabana. Deus sabe o esforço que fiz para não beijá-la e fazê-la minha ali mesmo. Existe uma atração muito forte entre nós, isso é inegável.Antes daquele temporal, depois de passar a tensão inicial, durante o tempo em que conversamos, me senti muito à vontade e acabei me soltando e me vi falante de uma forma que não faço com ninguém que não sejam meus familiares e o Matt. Sim, sou muito comunicativo e extrovertido, mas nada no âmbito pessoal, e com ela foi diferente. Foi uma tarde divertida e muito agradável. Ela estava linda com um short curto, deixando à mostra suas longas pernas, bem feitas e torneadas, e a blusa molhada colada ao corpo, permitindo-me observa
Momentos antes...Mickael Welsh— Querida vou ao banheiro, para irmos, quer mais alguma coisa? — pergunto a minha esposa.— Não meu amor, eu estou satisfeita. E vocês crianças, querem algo mais? — ela pergunta a nossos dois pestinhas.— Não!!! — respondem juntos.— Ok, eu não demoro.Caminho em direção ao corredor dos banheiros e quando dobro, vejo Kate, minha princesa, agarrada em um marmanjo no maior beijo. Penso em interrompê-los e tirar satisfação ali mesmo, mas pensando bem, assim só iria envergonhá-la. Já basta a Isabelle em seu pé o tempo todo.Disfarço próximo a um quadro, observando sua gravura, para dar tempo daqueles dois se soltarem. Quando penso em entrar no corredor e me fazer notar por eles, percebo Clhoe vindo em minha direção, preciso ser rápido. Quando vou me mover, exatamente neste momento, o rapaz surge em frente. Minha filha chega junto de mim, para e olha para ele dizendo.— Você não é o amigo da minha irmã Kate?— Sim, sou eu mesmo. Tudo bem com você? — ele per
Katellyn WelshVai ser uma noite difícil de pegar no sono. Fecho meus olhos e tudo que senti instantes antes com o meu primeiro beijo vêm à tona. Meu subconsciente projeta em minha mente a imagem dele, lindo, com os cabelos claros em completo desalinho, seus olhos num tom de azul profundo, encarando-me com um sorriso preguiçoso puxado para o lado direito.Um arrepio percorre meu corpo, minhas mãos tremem, fico com falta de ar e o coração dispara. Parece que vou ter um infarto, mas, é apenas a lembrança do melhor momento da minha vida.Tomada pela euforia e ainda em volta em minhas lembranças, recordo de seu pedido: — "Shhhiii!!! Não diga nada. Só diga que podemos nos ver amanhã."Não tinha outra coisa a ser feita, a não ser concordar e foi exatamente o que eu fiz."Eu vou ter um encontro com o Josh" — faço a dancinha da vitória, rindo como uma boba.Esse é o efeito que Josh causa em mim... Assim que o vi ali, tudo em mim alertou-me de que deveria evitá-lo, de que ele era um perigo.