— Isso aí, é só mimá-la um pouco. Quando ela reclamar de você, apenas sorria escondido. Se um dia ela parar de reclamar, aí sim você terá motivos para chorar.— Benício, você realmente sabe como aconselhar as pessoas, mas talvez devesse falar um pouco menos.Daniel se levantou, pronto para ir ver Beatriz.Benício não sabia se estava sendo elogiado ou insultado.Beatriz, parada à porta, ouviu a conversa e imediatamente se afastou em silêncio. Ela só estava com um arranhão, que foi rapidamente tratado com iodo na enfermaria.Ela estava preocupada com a ferida de Daniel e queria ver como ele estava, quando ouviu aquela conversa.Então, Daniel tinha uma paixão antiga, por quem ele chamava mesmo em um estado delirante devido a ferimentos graves em uma missão, e mantinha a foto dela consigo.Isso era o passado de Daniel, ela não deveria se intrometer, especialmente porque ela estava determinada a se divorciar, o que tornava isso ainda menos relevante para ela.Mas, por alguma razão, ela sent
Beatriz imediatamente consultou o melhor psiquiatra da cidade.— Não fique nervosa, sente-se e vamos conversar um pouco.O médico parecia tão jovem que Beatriz duvidava de sua competência.O lugar estava decorado mais como um aconchegante lar do que um consultório médico, e não havia o cheiro pungente de desinfetante.Ele perguntou se ela gostaria de algo para beber, tendo café e água disponíveis, e até mesmo álcool.Beatriz, um pouco nervosa, pediu um café.O médico o trouxe e sorriu para ela. — Qual é o problema que está enfrentando?— Eu acho que estou sofrendo da Síndrome de Estocolmo. Eu sei que ele não é uma boa pessoa, mas ainda assim não consigo controlar meus sentimentos, fico ansiosa por ele, fascinada por ele.— Como ele te trata? Houve abuso mental ou físico?Beatriz mordeu o lábio, hesitante em contar tudo.Ele era um médico, teoricamente deveria confiar nele. Mas ela tinha medo de espalhar os atos repreensíveis de Daniel e afetar sua imagem.Beatriz sentia que sua doença
Foi então que um barulho veio de fora, e o barco começou a balançar violentamente. Beatriz hesitou por um momento, mas logo percebeu que Daniel e seus homens haviam subido a bordo.Ela correu para o convés e viu Daniel em uniforme pela primeira vez, com cabelos extremamente curtos, olhar aguçado como o de uma águia e movimentos ágeis inacreditáveis.Ele liderou o ataque, avançando implacavelmente, em um estilo de luta que parecia desdenhar da própria vida.Ela o viu várias vezes quase ser atingido por balas, que por pouco não lhe tiravam a vida. Ele desviava delas com habilidades extraordinárias.Logo, eles conseguiram capturar todos a bordo.Daniel começou a procurar pelos reféns, mas no final, só encontrou ela. Sem dizer uma palavra, ele tirou sua própria roupa e a cobriu com ela, que estava em uma situação desoladora.Beatriz sabia que o efeito da droga estava prestes a fazer efeito!Daniel tentou levá-la para fora, mas ao perceber sua condição anormal, a levou de volta para dentro
— Impossível, eu devo ter algum distúrbio psicológico.— Srta. Rocha, existe algo que a impede de se comunicar comigo? Há algo em que você não confia, ou algo do tipo?— É... — Era a posição especial de Daniel. Se as pessoas soubessem que ele abusou de seu poder, ele provavelmente acabaria na prisão.Ela não conseguia superar essa barreira, mas também entendia que Daniel estava tentando salvá-la.Aquele sonho tinha sido um apelo desesperado, pedindo a ele por ajuda.Pensando nisso, ela sentiu vergonha.— Srta. Rocha, já que você tem algo difícil de expressar, não vou pressioná-la mais. Mas, já que veio ao psicólogo, deve confiar em mim. Srta. Rocha, vá para casa descansar, e quando estiver pronta, volte.O médico manteve uma expressão amistosa do começo ao fim, sem mostrar nenhum sinal de irritação.A pedido insistente de Beatriz, ele prescreveu alguns medicamentos para acalmar os nervos e ajudar no sono.Beatriz saiu do hospital meio atordoada, pensando que tinha apenas cochilado por
Aproveitando que ainda não havia provado completamente do seu sabor. Aproveitando que ainda conseguia controlar seus sentimentos. Aproveitando que ainda não havia perdido completamente sua consciência, enlouquecido de paixão.Ele concordou em deixá-la ir!— Beatriz, você está satisfeita? Amanhã, nos vemos no tribunal.Dito isso, Daniel virou-se e partiu, sem ousar permanecer mais um momento sequer, temendo arrepender-se.Beatriz estava completamente atordoada, não esperava que as coisas progredissem tão rapidamente.Daniel finalmente havia concordado com o divórcio. Ela não precisaria mais se afundar, poderia controlar seus sentimentos agora, mas por que... seu coração parecia estar sendo perfurado por agulhas finas, uma dor aguda e constante.'Srta. Rocha, eu acho você muito normal...'Por algum motivo, as palavras do médico ecoavam em sua mente.Ela era normal, não estava doente, a única explicação era que havia se apaixonado por Daniel, mesmo sem conhecer a verdadeira face dele.Ela
— Se fosse eu, mesmo amarrando ou aprisionando, desde que ela estivesse ao meu lado, já seria suficiente. Daniel, você sempre hesita, sempre tem a chance de tê-la, mas sempre tem medo de avançar, deixando-a escapar cada vez mais! Daniel, você simplesmente não tem o direito de controlar tudo isso, você não é digno...Daniel sentiu uma dor de cabeça insuportável, como se seu cérebro fosse explodir.Seu olhar se tornou feroz. Ele gritou: — Chega!Levou um tempo até que ele conseguisse acalmar-se, massageando as têmporas doloridas e inchadas.— Beatriz, desta vez eu te devolvo a liberdade. Ninguém pode te machucar, inclusive eu mesmo.Daniel estava deitado na cama. Sentia o aroma residual de Beatriz. O cobertor que ela havia usado, o travesseiro onde havia repousado sua cabeça.Não sabia se era por não ter dormido bem na noite anterior ou porque aquele lugar o tranquilizava, mas ele acabou adormecendo.No sonho, ele voltou ao lugar de onde haviam sido aprisionados.Ele e sua irmã foram seq
Snipers se posicionaram nas árvores, prontos para agir se alguém tentasse machucá-la do lado de fora do galpão. Mas uma vez dentro, o que poderia acontecer era incerto.Ela cobriu seu rosto com lama e pegou algo de valor que Daniel tinha consigo.Dobrou seu uniforme escolar com cuidado, mas depois pensou melhor e o colocou sobre Daniel.Virando-se para ir embora, ela não esperava que Daniel agarrasse sua mão com força.— Não vá, você vai morrer...— Não vou, os policiais estão aqui para me proteger, eles são muito competentes.Daniel queria dizer que os policiais não eram onipotentes, que o mundo das crianças era simples demais, vendo os policiais como super-heróis capazes de derrotar todas as forças do mal.Ele não sabia se ela estava com medo.Provavelmente estava, caminhando hesitante, com as pernas tremendo. Mas ela continuou andando. Ela até olhou para trás e sorriu para ele.— Quando eu sair, vou te convidar para comer bolo de morango, tem uma confeitaria que faz um delicioso!—
Beatriz ficou vários dias sem ir ao estúdio, e Carlos, preocupado, ligou para ela, que deu a desculpa de não estar se sentindo bem e por isso estava descansando em casa.Carlos até quis visitá-la, mas pensando que Daniel estaria lá, achou melhor não ir.Ela tinha desistido do apartamento na Capital e se mudado para viver com Franciely.Franciely estava preocupada, mas hesitou em perguntar. Depois de alguns dias, sem Beatriz mostrar intenção de voltar, ela finalmente falou: — Vocês brigaram feio desta vez? Você está aqui há tanto tempo, não vai voltar? Daniel não veio te buscar? Sabe, esse homem realmente precisa ser...Franciely foi interrompida antes de terminar.— Desta vez não brigamos.— Bom, se vocês não brigaram, por que não voltou? Ele está viajando?— Nós nos divorciamos.Franciely ficou atônita, com os olhos arregalados, sem conseguir acreditar no que ouvia. — Por quê? Por que vocês se divorciaram?Beatriz deu uma desculpa qualquer: — Nos casamos por causa do avô dele, eu quer