(Larissa)
A semana passou voando, e agora só faltava um mês e vinte dias para o fim do contrato.
Eu sabia que talvez já estivesse incomodando um pouco ficando na casa da Catherine, mas sinceramente? Não queria nem pensar muito nisso. Se eu tentasse alugar qualquer outro lugar, Alessandro daria um jeito de me deixar na rua. E como esse apartamento está no nome da Cathe, ele não pode fazer nada. Nem um pio. Eu espero.
Mas, mesmo tentando seguir em frente, as lembranças continuavam me perseguindo. Principalmente aquela discussão no escritório dele... Quando ele soltou, meio no impulso, que eu era dele. Como assim “dele”? Desde quando ele acha que tem esse direi
— Mãe! — ele repreendeu, constrangido.Suspirei, sentindo o peso das palavras dela. Meu coração queria responder, mas minha cabeça sabia que a história não era tão simples assim.一 Dona Fátima, eu aprecio muito suas palavras e o carinho de vocês dois. Mas, para ser sincera, eu passei por uma decepção amorosa recentemente e estou tentando me concentrar em mim mesma no momento. Não quero me envolver emocionalmente com ninguém por enquanto.Guilherme abaixou o olhar, parecendo um pouco desanimado, mas eu pude ver a compreensão nos olhos dele. Dona Fátima assentiu compreensivamente, colocando uma mão reconfortante sobre a minha.一 Entendo, minha querida.
Na segunda-feira, fui trabalhar. Na hora do almoço, me encontrei com Rafael e Catherine no restaurante de sempre. Pedimos a comida e, enquanto ela não vinha, Rafael resolveu nos atualizar da vida amorosa dele — como sempre, um verdadeiro reality show.— Gente, juro que ela gosta de mim, mas depois daquele dia sumiu! — falou jogando o guardanapo na mesa, indignado.— Por quê? O que aconteceu? — Catherine perguntou com aquele olhar curioso de quem adora um drama alheio.— Ela foi viajar, né. Vai rodar dois estados antes de voltar. Eu sei que sou meio grudento, mas acho que exagerei. Tô vendo que ela me acha carente.— Você é
Quando deu a hora, respirei fundo, peguei minha bolsa e desci.Ao chegar na calçada, vi Alessandro de pé, ao lado do seu carro, também vestido formalmente. Seu terno escuro o deixava ainda mais bonito, o que só irritou meu orgulho.Ele não disse nada de imediato, apenas ficou observando enquanto me aproximava. Senti seus olhos me percorrendo lentamente, de cima a baixo.— Onde você pensa que vai com essa roupa? — ele soltou, com aquele tom possessivo e irritante.— Para o aniversário da Tereza. Algum problema? — rebati, erguendo o queixo, mesmo com o coração acelerado. Eu sabia o efeito daquele vestido, e saber que ele tinha notado só me dava mais forças.
Ele correu até Chiara, ajoelhando ao lado dela, cheio de preocupação. Senti as lágrimas se acumularem nos meus olhos, mas segurei com força.— O que VOCÊS fizeram com ela?! — ele berrou pra mim e Diogo.— Ela veio até mim e jogou vinho na minha cabeça! — gritei, com a voz embargada. — O Diogo tentou impedir, e agora ela tá aí… fingindo essa palhaçada!— Eu… eu só esbarrei nela sem querer... ela me xingou, me ameaçou! — choramingou Chiara, agarrando o braço de Alessandro como uma atriz de novela.Ele se levantou com os olhos em chamas, vindo direto na minha direção. Por um momento, juro que pensei que ele fo
Arregalei os olhos e encarei Diogo, observando a sua reação.— Eu ouvi. — Ele disse baixo, cruzando os braços, com o semblante sério.Suspirei, passei a mão no rosto e o encarei com sinceridade.— Por favor, não conte ao Alessandro.Diogo pareceu curioso, como se lutasse entre me proteger ou proteger o irmão.— Não vou me meter na sua vida. Mas… acho que ele deveria saber.— Eu sei... eu sei. — abaixei o olhar, mordendo o lábio. — Mas eu tenho medo.— Medo de quê?Hesitei, minha garganta apertando.— De ele tirar meu bebê
(Alessandro)Sentei na varanda dos fundos, apoiando o cotovelo no braço da cadeira e observando a taça de vinho que mal tinha tocado. O silêncio da noite era quase terapêutico, se não fosse o turbilhão de pensamentos que vinha junto.Chiara apareceu com uma manta nos ombros e um olhar distante. Me sentei mais reto e bati ao lado da cadeira.— Vem, senta aqui comigo. — falei baixo.Ela hesitou por um segundo, mas acabou sentando. Ficamos em silêncio por um tempo. O vento bagunçava um pouco o cabelo dela e a luz do jardim fazia as sombras do rosto dela parecerem mais profundas.— Chiara... — comecei, encarando as luzes da cidade. —
Acordei com a luz fraca entrando pelas frestas da cortina. Pisquei devagar, sentindo o peso da noite mal dormida nos meus olhos. Me sentei na cama e respirei fundo, levando a mão até minha barriga ainda discreta.Sorri de leve, com aquele carinho bobo que só uma mãe consegue ter mesmo sem ver ainda o rostinho do filho.— Bom dia, meu amor... — murmurei baixinho, quase num sussurro. — Tá com fome, hein?Me espreguicei devagar e me levantei, indo direto pro banho. A água morna escorria pelas costas e, por alguns minutos, me permiti esquecer o caos. Só eu, meu bebê e o som da água. Vesti um vestido leve, largo, que não apertava a barriga, porque qualquer coisinha já me deixava enjoada.
Desci do carro e entrei na casa do meu pai, sentindo o cheiro familiar de café com pão torrado.— Dona Elza? — chamei, por hábito. — Matheuzinho?Silêncio.Mais um suspiro. Dessa vez de alívio.Andei até o corredor e, logo na curva da cozinha, dei de cara com Guilherme vindo com uma bandeja nas mãos. Suco, dois pães, um potinho de fruta picada... o carinho nos pequenos detalhes.Ele me viu e arregalou um pouco os olhos.— Larissa?Sorri leve.— Oi, Guilherme. Tudo bem?Último capítulo