Perdas

“Os melhores momentos são àqueles que nos preparam para suportar grandes perdas”

O ano era de 1995, o mês outubro, quando em nossa pequena cidade chegou um casal de hippies, trazendo seu artesanato repleto de colares, pulseiras e brincos.

Ambos adotaram pseudônimos de acordo com suas devidas personalidades, o homem negro esbelto, atendia por Ônix, uma pedra que está em sintonia com as energias da terra, cheio de equilíbrio.

A mulher loira de olhos claros, era Raio, pois para ela percorrer longas distâncias, não lhe seria grandes sacrifícios, antes de embarcarem nesse estilo de vida, eram funcionários administrativos de uma grande empresa.

Três anos antes no Rio de Janeiro, o casal estava em um grande auditório assistindo uma palestra, quando receberam um recado emitido pela babá da pequena Natália, uma linda menina com apenas dois anos de idade, filha de Ônix e Raio. E assim o casal foi informado que a pequena estava hospitalizada.

Quando Ônix e Raio chegaram até o hospital, Vinicius, irmão caçula de Raio e a esposa Bárbara, lá já estavam.

_. Ela parecia estar melhor, mesmo assim, não deveríamos ter a deixado.

Ônix e a esposa pareciam se culparem, fazendo com que Vinícius tentasse controlar a situação.

_. Não falem assim, se vocês foram para a empresa, porque realmente parecia estar tudo bem.

Raio também havia recebido a notícia que Vinícius, único irmão, se mudaria para Porto Seguro, o abraçando respondeu.

_. Ainda bem que você ainda está aqui, meu irmão!

Depois do falecimento da filha, vítima de uma pneumonia silenciosa, o casal alugou a linda casa, abandonaram os empregos, para partirem em busca da paz interior.

Ao se basearem na cultura hippie, começaram a confeccionar artes alternativas pois o que mais desejavam depois de tal fatalidade, era distanciar dos grandes centros com sua competividade e consumismo.

Em Conceição da Barra, o casal de aventureiros armaram uma barraca à beira mar.

Ivy apreciava trabalhos manuais, tentou auxiliar à mãe, mas essa, gostava de total privacidade.

Em uma bela manhã de sol, aproximou para verificar as peças do casal e elogiou.

_. Suas peças são tão delicadas, uma mistura de simplicidade e elegância.

_. Ora! Até que enfim alguém que entende de valores expressados pela natureza.

 Raio bradou com um simpático sorriso e procurou saber:

_. Você faz algo do tipo?

_. Não, mais gostaria de aprender.

Ivy respondeu para logo decidir por um dos colares.

E foi a partir de então que Ivy virou freguesa do casal, com o tempo lá estava, confeccionando juntamente com eles, os acessórios artesanais.

O que era um hobby passou a ser um estilo de vida, quando o casal se preparou para levantar acampamento, Ivy decidiu que os acompanharia.

Um ano depois que chegou em Conceição da Barra, o casal virou um trio de amigos e Ivy não se continha de ansiedade para embarcar na Kombi branca e vermelho, repleta de adesivos coloridos que os levariam de lugar em lugar.

Aos 20 anos Ivy se despediu dos pais e de mim, para iniciar uma viagem que se porventura, tivesse estradas tortuosas, certamente seria dentro dela mesma.

  E assim o trio de aventureiros estiveram em vários lugares, onde podiam se instalarem em campings, frequentavam feiras, aprendendo variados tipos de artesanatos.

Ônix e Raio pareciam duas crianças dentro dos seus corpos de 43 anos, eram eles que arrastavam Ivy pelas trilhas em busca de cantinhos paradisíacos.

Depois de percorrerem alguns munícipios de Minas Gerais, os três chegaram em Sana, um Distrito localizado na Serra de Macaé no Rio de Janeiro.

Na Cachoeira das sete quedas, Ivy conheceu um grupo de jovens, o que deixou Ônix e Raio, satisfeitos, para eles, Ivy precisava interagir mais com pessoas de sua idade.

Esse grupo de jovens era formado por Sara, Tito, moradores locais, cujas famílias sobreviviam do turismo, faziam parte desse grupo, também, Fred, um turista argentino, que se encantara com a beleza do lugar e Karen, uma fotógrafa paulistana que sempre estava a procurar lindas paisagens.

Essa turma animada se refrescava nas cachoeiras, saíam a percorrerem trilhas em meio a mata atlântica com fazendas e pasto, a noite dançavam sob o som do forró pé de serra e do reggae.

Certa noite, Fred acompanhou Ivy até a área do camping e lhe roubou um beijo, mas ela se esquivou dizendo.

_. Não vamos estragar a amizade!

Contudo depois desse episódio, ainda trocaram alguns olhares, até que durante um piquenique na margem do rio Sana, Karen fez uma confissão à Ivy:

_. Apaixonei pelo Fred desde o primeiro instante em que o vi.

Ivy não mencionara o beijo para ninguém e perguntou.

_Ele sabe disso? Vocês já tiveram algo?

Karen suspirou e respondeu:

_. Não, quando cheguei em sana, Fred estava de namorico com uma amiguinha da Sara.

_E onde está essa amiga da Sara?

Ivy perguntou, tentando disfarçar o alívio por não ter se deixado levar pelo charme de Fred.

Foi estudar em outra cidade, porém vejo que a Sara, tenta não apagar a moça da memória dele, no entanto é claro que o Fred não nutre nenhum sentimento mais sério por ela.

Ao se posicionar melhor e ficar mais próxima de Ivy, Karen perguntou.

_E o que você me diz, será que eu retiro esse disfarce de amiga e vou para o ataque?

Ivy sacudiu as mãos como se quisesse limpar alguns resíduos de algo e respondeu.

_. Eu vejo que vocês têm algumas afinidades, porém é importante levar em consideração a amizade, que está dando certo até agora, por outro lado, se você não tentar, vai ficar sempre na dúvida.

Nesse momento, Fred se aproximou, ficou curioso ao reparar que as duas mulheres sorriam desconcertadas quando o viu.

_. Posso saber o motivo dessas risadinhas?

Ivy logo se adiantou e disse:

_. Estava comentando para Karen, o quanto vocês têm em comum!

Karen por sua vez não camuflou o seu entusiasmo e se entregou através de um insinuante sorriso, o que fez com que Fred fixasse nela um doce olhar.

_. Bem eu, vou ver o que a Sara e o Tito estão aprontando.

Ivy conseguiu sair com a intenção de deixá-los a sós.

À noite, durante a roda de violão, enquanto todos viajavam na suave música adornados sob o brilho da lua cheia parada no céu, Fred e Karen trocaram o primeiro beijo, enquanto isso, Ivy os observava, reparando de forma reflexiva o encaixar das mãos grudadas, o enlaçar dos braços, envoltos em cada corpo, tudo estava perfeitamente em comum acordo, da mesma forma que Ônix se encaixava com Raio, o Pedro com a Marília.

Para Ivy tudo ao seu redor, parecia interligados, como se cada peça tivesse o seu encaixe, somente ela estava sobrando nesse quebra cabeça da vida.

Por essa razão ela se sentia deslocada e solitária em meio à multidão, a força interior que todos enxergavam nela, escondia uma insegurança que o seu íntimo esforçava em sufocar.

Seus pensamentos foram interrompidos pelo sorriso largo da Karen, o que Ivy respondeu com um piscar de olhos, demonstrando que estava feliz por eles. Sentada ao lado de Tito, estava Sara com uma expressão de desaprovação, ao se deparar com o mais novo casal.

Esses dois jovens sempre se enturmavam com os turistas que visitavam Sana, Enquanto a família de Sara comandava um pequeno restaurante, a família de Tito ganhava a vida, através de uma aconchegante pousada.

Tito e Sara não dispensavam uma boa festa, tanto no Arraial ou nas cidades próximas, Ivy nem sempre os acompanhava, preferia priorizar o trabalho artesanal, juntamente com Ônix e Raio, estavam sempre à procura de novidades.

Para eles era algo interiormente gratificante, independente do lucro obtido, não era nada cansativo ou estressante, vasculharem lugares onde pudessem encontrar matérias para o seu artesanato.

Tanto no comércio ou na natureza, como palhas para fazer bolsa ou sementes na confecção de colares, os três artesãos viajavam até os munícipios vizinhos para mostrarem nas feiras, o que eles faziam com entusiástica dedicação, viviam mais na estrada, porém no atual momento, escolheram o Arraial de Sana como moradia provisória.

Para Ivy não tinha lugar mais confortável, do que, estar em sua barraca, tão parceira nos mais variados lugares visitados.

Durante algumas tardes, Ivy deitava na grama até o sol se esconder, nesses momentos, voltava a infância, quando tudo era suave e descomprometido, diferente da vida adulta, onde em questão de segundos, tudo poderia resultar em corações desiludidos e despedaçados, esperanças frustradas e destruídas.

Os anões bonzinhos foram transformados em gigantes opressivos e o lema da vida passou a ser: “Cuidado! O amor machuca”.

Em um desses vários momentos de reflexão, Raio se aproximou, sentou ao seu lado e disse animada.

_Fred esteve falando com Ônix, a respeito de San Marcos!

Ônix se aproximou, tendo em mãos um mapa e complementou o que Raio começara.

_. Aqui meninas! São Marcos é um município de Córdoba na Argentina, Fred disse que lá é um território de proteção à natureza, o turismo ecológico está entre as serras cortadas por rios, com fácil acesso pelas trilhas curtas, e que tem bastante espaço para artesãos.

Raio ficara em êxtase com a descrição de San Marcos.

_O que me diz Ivy? Vamos para San Marcos?

_. Eu não sei vocês, mas eu, já estou viajando para lá em minha imaginação.

Ivy respondeu erguendo os braços, como se quisesse abraçar o vento e a partir de então, deram início aos preparativos para mais uma viagem.

Depois de anunciar ao grupo de amigos locais, sobre sua partida, Ivy foi convidada por esses, para uma festa e marcar assim, sua estadia entre eles.

A festa ocorreria em Macaé, uma hora e meia de Sana na casa de Caio, amigo de festanças do Tito e de Sara.

Ivy foi levada até lá no carro de Tito, acompanhada por Sara, enquanto Fred os seguiam no carro da então namorada Karen. Depois de percorrerem algumas ruas da cidade pararam em frente à uma casa de alto padrão.

Ao entrarem na casa, um homem de 29 anos, usando bermuda e pés descalços os receberam, em sua cabeça, havia uma camiseta enrolada, lembrando um turbante, lá já estava um grupo de jovens animados segurando copos de bebidas.

_. Ora! O que temos aqui amigão?

Perguntou o homem abraçando Tito, ao mesmo tempo que encarava Ivy com olhos curiosos, para logo em seguida beijar com grande intimidade o rosto de Sara.

Tito respondeu sorridente.

_. Essa é nossa amiga Ivy, já está a alguns meses em Sana.

Soltando uma gargalhada forçada, o homem comentou.

_. Preciso estar mais em Sana, lá já pesquei coisas boas! Meu nome é Caio, seu anfitrião.

Ivy começara a se arrepender de ter aceitado o convite e desejou sinceramente, ter ficado em Sana na companhia de Ônix e Raio. Enquanto Tito se serviu de uma bebida e foi ao encontro de outros convidados, Sara e Ivy caminharam até a área da piscina.

Fred e Karen se atrasaram, devido a uma parada no posto de gasolina, Ivy apreciava a companhia deles pois tinham experiências de viagens nacionais e internacionais.

Ivy gostava de ouvi-los e estando agora rodeada de moças e rapazes aparentemente fúteis, que emitiam gritos estridentes, ela ansiava pela chegada dos dois.

_O seu amigo vive sempre superficialmente ou o seu comportamento patético é somente por causa da bebida?

Sentindo-se deslocada, Ivy soltou a pergunta, o que deixou Sara aborrecida.

_. Não seja antiquada Ivy! Os pais do Caio são fortes economicamente, ele aproveita bem o que, o conforto lhe proporciona, se eu tivesse essas mesmas condições não trabalharia tanto, mas ao invés disso, tenho que suar a camisa no restaurante de meus pais.

Visivelmente perplexa com as palavras de Sara, Ivy rebateu.

_. É desse jeito que você enxerga as coisas? Trabalhar fortalece o nosso caráter e com isso passamos a valorizar o que temos.

Depois de pedir um martíni ao rapaz do outro lado do balcão de um pequeno bar, Sara retrucou.

_. Certa dona filósofa! Agora se serve de algo para beber.

Nesse instante, Fred e Karen, chegaram de mãos dadas levando Sara a complementar o seu comentário.

_. Pronto! Chegou o casalzinho de pombos!

Claramente Sara, não aceitava bem o namoro, devido o relacionamento anterior do Fred com sua amiga, entretanto era evidente que ela gostava de ser o centro das atenções.

Fred e Karen se aproximaram e informaram que não permaneceriam ali, por pouco, Ivy pensou em ir com eles, mas não o fez.

_Vão com Deus!

Acenou Sara, ironicamente, depois que o casal se distanciou, ela olhou para Ivy e desdenhou.

_. Lindo os dois né?

Enquanto isso, Caio e outros rapazes, sustentavam em seus ombros, algumas moças, formando uma batalha dentro da piscina, com euforia, Sara disse:

_Vamos Ivy! Participar da brincadeira?

Fazendo uma expressão de incredulidade, Ivy respondeu.

_. Não, nem de biquíni estamos!

_E daí? Eu vou tirar a blusa e entrar de short e sutiã, você não está vendo que é assim, que a maioria das moças estão?

Era realmente sem roupas adequadas que a maioria estava, enquanto que uma parte entrava com roupa, outros estavam quase despidos. Ivy manteve firme em sua decisão.

_. Você é quem sabe Sara! Eu não vou.

Essa atitude de Ivy deixou Sara bastante irritada.

_. Então eu vou! Fica aí que nem uma caipira.

Sara correu até a piscina, tirando a blusa e as sandálias, ficando de short e sutiã, o que deixou Ivy surpresa, com tamanha grosseria.

Afastando uma das cadeiras para um lugar afastado, Ivy procurou relaxar, olhou para o céu e observou a lua, refletiu ao lembrar dos vários momentos em que ficava ao lado de Pedro, apreciando a mesma lua cheia, que agora como ela, parecia tão solitária.

No momento em que se entregava a essas lembranças, Ivy sentiu uma mão molhada em seu ombro esquerdo, quando se virou, deparou com Caio, seus olhos estavam avermelhados e a encaravam, no rosto, um sorriso malicioso.

_E aí benzinho? Por que essa melancolia? Está sentindo desconcertada, longe do mato?

Ivy levantou e respondeu.

_. Não tenho vontade de expor os meus sentimentos para você! E se a minha presença melancólica lhe incomoda, já estou me retirando.

Caio a segurou pelos braços e praticamente sussurrou.

_. Não incomoda, até posso ajudar a arrancar essa melancolia, aposto que vai gostar dos meus cuidados!

Se soltando bruscamente, Ivy pôde sentir o cheiro forte de uísque, enquanto ele falava.

_Prazer em lhe conhecer também, Caio!

Ela se afastou e caminhou em direção ao Tito, que se encontrava ao lado de duas garotas embriagadas.

Ivy não permitiria que Tito as levassem de volta para Sana naquela noite e o aconselhou.

_Tito melhor comunicar aos seus pais e aos pais da Sara que não voltaremos hoje.

Piscando para as moças, Tito concordou.

_Com certeza! Ficaremos aqui essa noite.

Ao pedir as chaves do carro, temendo que ele saísse, Ivy foi até a piscina, onde estava Sara com o copo estendido, esperando que Caio o enchesse com mais uísque.

_Sara vou avisar aos seus pais que não voltaremos hoje.

Enquanto Ivy se afastava, Caio comentou.

_. Essa sua amiga é meio sinistra! De que planeta ela surgiu?

Depois de esvaziar o seu copo, Sara respondeu com ar indiferente.

_. Ela é como se fosse uma nômade, vive em barracas, de cidade em cidade, vendendo artesanato.

Ivy ficou feliz ao ver uma senhora que recolhia copos descartáveis na sala principal.

_Boa noite! Senhora!

_Tiana, posso lhe ajudar?

A senhora foi direta.

_. Sim! Por favor, gostaria de usar o telefone.

Ivy realmente sentia se mais tranquila, foi guiada pela Dona Tiana até a biblioteca de organização impecável, onde conseguiu usar o telefone e se comunicar com as famílias de Tito e Sara.

_. Obrigada senhora Tiana, agora é esperar os meus amigos se recuperarem do efeito do álcool!

A senhora Tiana tinha um aspecto fechado, mas ao falar, demonstrava empatia.

_Gostaria de deixa-la descansar em um dos quartos de hóspedes, mas os patrões dão ordens para fechar alguns cômodos da casa, quando o Caio realiza essas festinhas.

Ivy demonstrando compreensão, respondeu:

_. Tudo bem, voltarei para piscina!

Antes que Ivy saísse pela porta, a senhora propôs:

_. Se preferir, no meu quarto, tem um pequeno colchão, não tem o conforto do resto da casa, mas poderá descansar um pouco.

Ivy ficou um pouco desconcertada e afirmou:

_. Bem, eu vou tirar a sua privacidade!

_. Uma noite só, não vai fazer diferença, você não está indo morar lá, agora vamos, estou louca para um banho e dormir.

A senhora Tiana finalizou o assunto, saindo da biblioteca, trancou-a, se dirigiu até uma espaçosa cozinha, seguida por Ivy.

O espaço do quarto era razoável, pois tinha um banheiro, guarda-roupas, mesinha com duas cadeiras e televisão.

_. Faz tempo que a senhora trabalha aqui?

Ivy estava mais à vontade com o convite.

_. Sim, o Caio ainda era um pré-adolescente, se bem que ele ainda se comporta como um, né?

Ivy deu um sorrisinho e afirmou.

_. Não o conhecia, vim com uns amigos em comum com ele.

A senhora Tiana concordou que não a tinha visto antes, com exceção do Tito e da Sara, que de vez em quando apareciam e acrescentou:

_. Também percebi a sua solidão e a forma distante com a qual olhava para o céu.

Sorrindo de forma mais à vontade, Ivy respondeu.

_. Mesmo cercada de outras pessoas, a questão é que ainda, me sinto solitária!

A senhora Tiana a observou como se quisesse entendê-la melhor e ressaltou.

_A maioria de nós requer tempo para lidar com outras pessoas, ou conosco, a reclusão nesse caso se torna necessária, pois teremos a oportunidade para refletir, sobre quem somos, ou quem desejamos ser.

Sinceramente interessada em ouvir melhor a senhora, Ivy perguntou praticamente afirmando.

_A senhora pelo visto, preferiu ficar só até agora, certo?

A senhora Tiana respondeu que não casou, não tinha filhos e concluiu.

_. Porém não me sinto só, me dedico ao trabalho, viajo nas férias com um grupo de amigas e damos boas risadas!

Ivy percebendo que a sua colocação dava ênfase que não casar, era estar só, tentou corrigir.

_. Também não vejo o casamento como um refúgio, na verdade, não entendo bem esse vazio dentro de mim.

A senhora Tiana entregou alguns lençóis e travesseiro para Ivy e concluiu o assunto:

_O tempo e a maturidade costumam dar as melhores respostas, agora vamos descansar e não se preocupe com seus amigos, a festa para eles, está apenas começando.

Em seguida a senhora se dirigiu para o banho, enquanto lá fora, a música, risadas e uma intensa gritaria repercutiam freneticamente.

Ao despertar Ivy teve a sensação de não saber onde estava, foi quando avistou a senhora Tiana dormindo em sua pequena, porém confortável cama, que voltou a si e ao lugar em que se encontrava.

Tentando não fazer barulho, Ivy levantou sorrateiramente, entretanto quando estava prestes a sair do quarto, a senhora Tiana avisou:

_. Daqui a pouco, estou indo para ver o que sobrou da casa!

Ivy achou até engraçado o então comentário e disse:

_. Não queria acordá-la, também vou ver o que sobrou dos meus amigos!

Na sala Ivy encontrou algumas pessoas dormindo no sofá, outras estendidas nas cadeiras da piscina, ao passo que umas partes dormiam apoiados no balcão do bar e foi onde encontrou Tito cercado de copos vazios.

Depois de algumas batidinhas em seu ombro, Ivy conseguiu que Tito fosse até o chuveiro, assim que ele parecia estar mais sóbrio, ela perguntou pela Sara:

Tito ainda tentando processar os seus pensamentos respondeu:

_. Agora me recordo, a última vez que a vi, ela subia as escadas de mãos dadas com o Caio.

Ivy retornou para o interior da casa, e encontrou a senhora Tiana, dando ordens para os que pareciam funcionários que chegavam ao local.

_Senhora Tiana, pelo que eu ouvi, a minha amiga Sara estar lá em cima com o Caio, poderia averiguar?

A senhora subiu as escadas e alguns minutos depois, voltou acompanhada por Sara que ajeitava os cabelos, ao avistar Ivy, resmungou:

_O que você quer tão cedo Ivy?

_. Voltar para casa! Esqueceu que não moramos aqui?

Sara parecia contra-atacar:

_. Hoje é domingo querida!

A senhora Tiana resolver encerrar a suposta discussão:

_. Vamos mocinha! A casa passará por uma inspeção.

Sara não disfarçou a frustração, depois de olhar furiosa para a governanta, saiu descontrolada e quase derrubou a amiga Ivy.

 Ivy agradeceu, constrangida:

_. Obrigada pela hospitalidade, desculpas por essa bagunça.

A governanta balançou a cabeça, como dissesse que tal situação era comum acontecer.

Ivy se despediu e ouviu da senhora uma advertência suave.

_. Não se preocupe tanto com as interrogações, as respostas chegam no tempo certo!

A caminho de Sana Ivy estava imersa em silêncio, quando Sara a interrompeu:

-Não tive tempo de despedir do Caio, porque a nossa amiga aqui! Estar com a maior pressa de voltar para o mato.

Sem desviar os olhos da paisagem ao longo da estrada, Ivy respondeu:

_. Os funcionários já estavam à postos para o trabalho, você ouviu a governanta.

Tito resolveu dar a sua opinião!

_. Não seja ingênua Sarinha! Até parece que você não sabe que o Caio, tão pouco faz questão dessas formalidades.

Ivy também deu a sua opinião:

_Sara, você precisa ser valorizar mais, ele estava na pista para qualquer garota

Sara não gostou e retrucou:

_. Você é muito antiquada!

Tito interveio com uma pergunta:

_. Aonde você dormiu Ivy?

_ A senhora Tiana permitiu que eu descansasse em seu quarto.

Dando gargalhadas debochadas, Sara comentou:

_. Até que você se encaixou bem no quarto daquela empregada chata!

Imitando as gargalhadas expressadas por Sara, Ivy não perdeu tempo em sua resposta:

_Melhor! Do que fazer parte na coleção no quarto do patrão.

Antes que o clima ficasse mais tenso, Tito interrompeu o jogo de ironias:

_. Acalmem-se! Relaxem, daqui a pouco estamos em casa.

Assim houve um grande silêncio, que continuou durante o percurso, Ivy estava aliviada e animada, pois logo, estaria voando para Argentina.

Quando chegou no camping, Ivy encontrou Ônix e Raio conversando animadamente.

O casal passou os detalhes das informações obtidas por Fred, a respeito de um camping em San Marcos.

Ônix e Raio admirava a disposição de Ivy, mas ao mesmo tempo, se preocupavam com o que ela queria realmente para si.

Para eles, Ivy se tornara como uma filha e assim, gostariam que ela expusesse mais os seus planos e necessidades.

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