Depois que Rodrigo terminou de falar sobre Vera, Beatriz olhou as horas no celular. Já estava tarde. Ela enfiou as mãos nos bolsos, meio impaciente, e disse: — Boa noite, amanhã tenho que trabalhar.E saiu rapitamente.Rodrigo ficou sozinho no banco, suspirando de frustração. Ele pensava: Ué, não era para ela tê-lo chamado para subir? Para dormirem juntinhos, se beijarem e irem direto para a cama?Ele secou Beatriz enquanto ela se afastava, toda gostosa, e então percebeu o motivo. A ficha caiu: ela estava com ciúmes.Na manhã seguinte, o tempo estava ótimo. Beatriz decidiu ir trabalhar de scooter elétrica. Antes de sair, deu uma batida na porta da Laura.Laura abriu, toda descabelada, e disse: — Capricorniana, hoje a grana vai rolar solta, o trampo vai ser sucesso. Quem sabe até pinta uma promoção.Beatriz deu uma risada e respondeu: — Beleza. Lembra de comer algo, tá? Tô indo nessa.Laura assentiu, fechou a porta e voltou para a cama.Beatriz, já com o capacete na mão, trocou os sapat
É uma loucura a filha processar a própria mãe! Que foto é essa que deixou a Beatriz tão furiosa?Vera já estava por perto há algum tempo, observando a situação, e logo entendeu o que estava acontecendo.Ela tirou um lenço da bolsa e se aproximou:— Para de chorar, senhora. Enxugue os olhos que eu vou te levar para falar com a Beatriz.A recepcionista e os seguranças reconheceram Vera, prima do presidente da empresa. Se ela decidiu levar Íris, quem seria capaz de impedir?Íris percebeu como todos tratavam Vera com respeito, chamando-a de “Senhora Vera”, e agradeceu: — Obrigada, Senhora Vera.— Não precisa agradecer. Limpe o rosto e vamos lá.Quando Vera sorria, seus olhos brilhavam, e todo mundo achava que ela era uma boa pessoa. Íris assentiu e seguiu Vera até o elevador.O pessoal que estava por perto tentando escutar a conversa teve que sair, frustrado por não conseguir mais informações.No elevador, além de Vera e Íris, havia mais três funcionários da empresa. Curiosa, Vera se inclin
Beatriz fez que sim com a cabeça. Vera deu um sorrisinho para ela e entrou no elevador com o Aaron. Íris sabia que já tinha feito o que queria e não estava a fim de ficar lá tomando esporro da Beatriz.Ela entrou no elevador atrás de Vera e Aaron, dando umas olhadinhas discretas para Aaron. Beatriz foi sozinha para o refeitório. Nesse tempinho de almoço, a fofoca sobre ela ter sido molestada por um velho quando era pivete já estava rolando solta entre o pessoal da firma.Beatriz é a secretária bonita do Aaron, todo mundo conhece ela. — Caraca, nem dá pra acreditar que a Beatriz passou por uma barra dessas quando era criança.— Esse velho do orfanato era um doente mesmo?— Ouvi dizer que a Beatriz processou a própria mãe.— Ué, por quê?— Sei lá, não sei direito o que rolou.Beatriz foi ao banheiro e ainda dava para ouvir a galera fofocando sobre ela.Ela não estava nem aí para o olhar de pena dos outros.Ela não precisava da pena de ninguém.Se você é forte por dentro, essas p
Rodrigo estava no celular quando se enfiou no carro. Esperou Pedro terminar de falar e só então soltou na lata:— Cê tá de sacanagem me pedindo uma parada dessas?Pedro furioso. O filho nunca dava ouvidos. — Não tá com vergonha na cara não? Se ela aparecer lá em casa, cê sabe muito bem o pepino que vai ser. Melhor ela ficar de quatro e vinte na Cidade B como tua tchutchuca.Rodrigo pegou o tablet que o Assistente Martins lhe entregou e olhou a notícia. No início, era apenas um boato, sem provas, algo que algumas pessoas não acreditariam. Mas aí, num piscar de olhos, apareceu uma foto embaixo da matéria. Mostrava uma foto dela de frente e outra de costas.Na frente, era a Beatriz aos dez anos usando um vestidinho de alça. No verso, tinha uma frase de revirar o estômago.Rodrigo, com cara de poucos amigos, desligou o telefone do Pedro.— Tira essa porcaria .Ele estava com o queixo travado de raiva.Assistente Martins, rapidamente, entrou em contato com os setores responsáveis. A
Beatriz ficou surpresa quando Rodrigo disse que ia levar ela para praia.— Vamos esperar até amanhã para ver o nascer do sol.Na beira da praia, ele montou uma barraca e pendurou um lampião. Também fez uma fogueira.Beatriz estava lá, apoiada no queixo, observando Rodrigo sem camisa enquanto ele se virava para fazer as coisas. Ele estava menos na dele, mais descolado.De vez em quando dava para ouvir o barulho das ondas.Ela ligou para Laura para avisar que não voltaria para casa naquela noite. Quando Laura ouviu que ela estava com Rodrigo, não fez mais perguntas.— Bia, aproveita, miga. — Laura falou, ainda preocupada com o rolo da internet afetando a Bia.— Beleza. — Beatriz desligou o telefone.Rodrigo tinha acabado de terminar as coisas. Ele correu para o trailer para tomar um banho e voltou correndo para ficar com Beatriz.Beatriz se aconchegou em seu colo: — Que pena que não tem lua nem estrelas hoje.— Está com sono? — Rodrigo perguntou baixinho, enquanto seus dedos tocavam o r
Sara soltou: — Cê ainda tem coragem de rir.Camila largou o celular e levantou o olhar: — Deletaram. E daí? Um monte de gente já viu. Não dá pra apagar a memória das pessoas.Sara pensou um pouco e concordou: — É, cê tem razão. Mas quem diria que Beatriz teria esse poder todo? Seria melhor cê tomar cuidado com ela daqui para frente.Sara não era nenhuma tonta. Aquelas notícias não iam sumir do nada assim.Camila deu uma risadinha de deboche: — Relaxe, a alegria dela não vai durar muito tempo.Ela não acreditava nem a pau que o clã Santos, poderosa daquele jeito, ia deixar a Beatriz casar com o Rodrigo. Aposto que para ele a Beatriz era só uma diversãozinha. Agora ele estava a mimando.Sara refletiu por um momento, tinha uma coisa que ela tava na dúvida se devia contar para Camila ou não.— Fala, Sara. Tem mais alguma coisa? — Camila perguntou, desconfiada.— Olha, se eu falar, cê tem que se acalmar. — Sara fez uma pausa e continuou: — Tenho uma amiga que trampa no Grupo Moreno, na áre
Beatriz percebeu que Aaron estava falando sério.Ela parou de ser sarcástica: — Não, não precisa pedir pra a Senhora Vera se desculpar.Vera estava grávida.Beatriz, por enquanto, não queria entrar em conflito com uma mulher grávida.Além disso, ela sabia que, mesmo que Vera não estivesse trazido Íris, pelo jeito da Íris, ela teria arrumado um jeito de contar tudo para todo mundo.Aaron, vendo que ela estava falando sério, assentiu com a cabeça: — Tudo bem. Então deixa eu te pagar um almoço.Beatriz ajeitou os documentos e olhou para ele: — Valeu, mas não precisa. Vou almoçar com meu namorado.Ela saiu do escritório com os papéis nos braços.Aaron ficou meio sem graça.Na sala VIP do restaurante.Rodrigo, usando luvas de plástico, estava descascando camarões para Beatriz.O celular dele começou a apitar várias vezes.O celular estava entre eles na mesa.A Beatriz deu uma olhada sem querer.Apareceram várias mensagens na tela:[Rodrigo, cê não pode levar essa mulher pra casa][Ou então
— Se meu irmão soubesse que cê passou por isso, ele ele te acharia nojenta e nem cogitaria se casar com você.Beatriz olhou friamente para elas e virou-se para sair da doceria.Com esse tipo de gente, ignorar é a melhor saída.E ela não estava afim de ficar ali ouvindo zoação.No momento em que estava prestes a sair, o gerente da loja se aproximou e a chamou:— Senhora Silva.— Senhora Silva. — O gerente entregou os doces para Beatriz todo respeitoso: — O Senhor Santos mandou esses doces pra senhora.Beatriz hesitou, pegou os doces e deu um sorrisinho.— Valeu.O gerente, todo prestativo, falou: — Se a senhora quiser algum outro sabor, é só me avisar.Camila e Larissa ouviram o "Senhor Santos" e ficaram com uma cara torta.Como assim aquele Senhor Santos ainda estava tão preocupado com a Beatriz?Camila se aproximou de Beatriz e sussurrou:— Um dia, o Senhor Santos também vai te odiar.Beatriz ia ignorar elas, mas a Camila conseguiu irritar ela de novo.Ela riu levemente:— Se ele vai