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“A Solidão...”
DENISE, EM TESE, tinha tudo que qualquer mulher no mundo sonharia ter, era uma bela mulher, tinha uma casa excelente, uma família – que na pior das hipóteses, era uma família unida, mas ao mesmo tempo um tanto quanto distante –, mas mesmo assim, uma família agradável de conviver – sem brigas e nem nada. Denise estava em um bom emprego, apesar de ser desgastante, era um emprego bom, ganhava muito bem, tinha uma vida razoavelmente estável, o único problema para ela é que fora dali não tinha uma vida.
A poesia sempre foi sua melhor companheira, em todos os momentos – sejam eles bons ou ruins. Denise estava escrevendo um livro de poesias, tinha escrito poucas poesias até aquele momento, é verdade, mas com muito significado em sua vida, e ela sabia que se aqueles versos a tinham tocado, de certa forma também tocariam outras pessoas.
“A lua que visita a noite me faz companhia
Quando estás ausente em minha vida meu amor,
Ninguém melhor que uma lua solitária no céu
Para dividir a solidão comigo,
Pois mesmo na imensidão do céu,
Jamais encontra consolo nos braços de quem
Ela realmente deseja estar,
As estrelas sempre distantes de sua beleza,
O sorriso sempre longe do seu olhar,
A solidão castiga quem vive em busca
de um amor puro e imaculado,
Jamais vi a lua chorar por chegar um amanhecer
E deixar a sua beleza tocar
Outros corações tão solitários quanto o meu em outro lugar...”
O nome do seu livro será “A lua de Dante”, de certa maneira, Denise se identifica muito com a noite, talvez por ser uma sonhadora. Todo poeta é um sonhador por natureza, dizem que o poeta não vive o amor, pois ele escreve o próprio amor para que as pessoas se inspirem em seus próprios sonhos.
É difícil dizer se isso é uma bênção, pois você sempre inspira as a amarem de uma maneira diferente, sem perder a intensidade, ou, se isso é uma maldição, por ver tantas pessoas felizes, sendo o seu legado, de carregar a solidão no peito como uma medalha e mesmo assim tentar viver feliz.
Mas o sol sempre nasceu pela manhã, indiferente se algumas pessoas preferem a beleza da lua, ou o calor irrefutável do sol, certas coisas nasceram para ser como elas realmente são, e não o que elas desejariam que fossem, é isso que nos faz verdadeiramente especiais e únicos. Ninguém no mundo pode ser trocado por outra, cada um é especial dentro de suas limitações, a vida deve ser vivida na mesma intensidade que um poeta escreve uma poesia, como se fosse a sua última poesia, pois exprime do mais íntimo que se possa existir dentro de si mesmo, tudo aquilo que o seu coração grita, sem perder uma única palavra sequer...
“Ó meu bem querer
Não fuja do meu doce encanto
Deixe–se viver desse meu amor
O mesmo amor que fez os nossos olharem se encontrarem
Impossível dizer se eu vivo de amor
Ou se o amor é quem vive em mim
Mas é certo dizer que o amor
É responsável por tudo
Sinto–me só sem seu abraço
Sem o brilho incessante do seu olhar
Querias poder te ver mais uma única vez
Para então, poder compreender o porquê nossas vidas se cruzaram
E te abraçar de tal maneira
Que jamais se perdesse de mim
Assim como as estrelas se perdem no amanhecer...”
A cada poesia que ia enchendo as páginas do seu livro, era um amor a menos em sua vida, uma oportunidade nova de tentar se reconciliar com a felicidade à sua maneira de ser.
DENISE SEMPRE FOI a melhor aluna da sua sala, a mais concentrada em todas as matérias, mas era visível que se sentia só em seu canto, sozinha em seu pequeno mundo poético fechado, onde os grandes poetas tentavam em cada poesia preencher o vazio de seu desolado coração que gritava por alguém que o completasse.
É lógico que todos buscam alguém que nos façam felizes, mas a verdade é que só existe uma única alma capaz de se completar à nossa.
“É impossível compreender a voz do coração
Se ele não tem ninguém por quem bater
Procurando amparo em qualquer sonho
A solidão nos rouba qualquer impressão de felicidade
Pois ninguém é feliz se não enxergar
O amanhecer que apenas o amor pode nos proporcionar
A solidão tenta ludibriar os nossos corações
Mas o amor é a bússola da felicidade
É o imã de toda paz de espírito que todos buscamos
Buscamos em um olhar
Buscamos em um abraço
Mas na verdade...
Só encontramos o verdadeiro amor
Quando dois corações batem juntos
Em uma mesma direção para se encontrarem
E fazem a solidão entender
Que apenas o amor rege nossas vidas
Indiferente de qualquer coisa...”
3“A Viagem...”EM MEIO A TANTOS PROBLEMAS, sempre existe notícias boas e oportunidades que vêm nos trazer a paz que tanto precisamos em meio às guerras do cotidiano. Era uma quinta–feira ensolarada quando no escritório toca o telefone: –– Escritório do Dr. Stockholm, bom dia. Denise atendeu ao telefone com toda a naturalidade do mundo, do qual ouviu a resposta de uma forma totalmente diferente. –– Buenos dias... yo gostaria de hablar con Denise Wareen. –– Sou eu mesma, quem gostaria? – Ela responde com um ar de suspense, ape
4“A Despedida...”–– ALÔ... DAIANA, tudo bem? –– Sim, Denise... Sou eu... Pode falar, querida. –– Queria que você soubesse que amanhã mesmo estarei embarcando com tudo pago... Meu patrão vai pagar todas as despesas da viagem, só me pediu para deixar o celular ligado para alguma eventualidade, mas creio que não acontecerá nada de extraordinário, já que deixei tudo pronto para ele. –– Que maravilha, eu tinha certeza que você viria, deixarei tudo pronto para você aqui, assim que chegar, pode me ligar, que irei busca-la no aeroporto, já fiz um pequeno roteiro de viagem para você.&n
5“Um passo no céu...”DENISE ABRAÇOU a irmã como nunca a tivera abraçado antes, estavam somente elas, pois o pai de Denise odeia despedidas, mas ela entendia muito bem como era para ele, pois sua mãe se foi sem se despedir deles, depois disso, ficou algo dentro dele que ninguém jamais poderia retirar. –– Olha, Michelle – disse Denise – estarei pensando em você em todos os momentos lá na Espanha, gostaria muito que passassem rápidos para te ver novamente, mas queria muito que passassem devagar, para que eu possa com calma conhecer tudo que existe por lá, e também para ter tempo de escrever meu livro da melhor maneira possível. –– Eu sei como é, hermana, aproveita bastante...
6“Barcelona...”A NOITE DE BARCELONA vista do alto era belíssima, para alguém que jamais tinha saído de sua cidade, aquilo era praticamente um novo reino, um lugar novo. O avião pousara tão suavemente que Denise nem sentira que já estava no chão, apenas ficava admirando de longe a belíssima paisagem. Ficava pensando consigo mesmo – Como seria bom se a minha mãe pudesse estar aqui e aproveitar essa belíssima paisagem, com certeza ela escreveria algo sobre isso, algo relacionado às luzes noturnas de Barcelona... Ao descer do avião, ouvira de longe seu nome... “Denise...”...
7“Um inesquecível encontro...”“Mas os céus em tua criação decretaramque no teu rosto apenas o doce amor deveria se estabelecerquais fossem teus pensamentos ou funcionamentos de coraçãoos teus lábios nada diriam senão doçuraquão parecida com a maçã de Eva não será tua belezase a tua doce virtude não for a mesma que a tua aparência?17”–– SONHANDO ACORDADA de novo? –– Que nada, Dai... Estava apenas lendo um pouquinho... –– Você está aqui para relaxar e não para fi
8“Um verso para o futuro...”–– ALÔ! QUEM FALA? –– Sou eu, o Richard, tudo bem? –– Richard? Ah! Sim... Claro... Tudo bem, Richard? –– Tudo maravilhoso, na verdade, melhor agora ouvindo a sua doce voz. –– Uau!!! Quanta honra... Mas... Como foi que você conseguiu o número do meu celular, Richard? –– Na verdade foi relativamente fácil, quando nós trombamos ontem ali no parque, acabamos trocando nossos livros sem querer. Sério? Nem tinha reparado – peg
9“Nas curvas do destino...”“Invejo o ourives quando escrevo: Imito o amorCom ele, em ouro, o alto–relevoFaz de uma florImito–o. E, pois, nem de CarraraA pedra firo: O alvo cristal, a pedra rara, O ônix prefiro.Por isso, corre, por servir–me, Sobre o papelA pena, como em prata firmeCorre o cinzel. Corre: desenha, enfeita a imagem,A ideia veste: Cinge–lhe ao corpo a ampla roupagemAzul–celeste.Torce, aprimora, alteia, limaA frase; e, enfim, No verso de ouro engasta a rima,Como um rubim.Quero que a estrofe cristalina,Dobrada ao jeito Do ourives, saia da oficinaSem um defeito: E horas sem conta passo, mudo,O olhar atento
10“Ah!!! O Amor...”DAIANA CHEGOU DE TÁXI, abraçou a amiga, a colocou no carro e foram até o hospital. Denise inconsolável chorava sem parar e Daiana sem ter palavras para consolá-la apenas a abraçava e a acariciava. Chegando ao hospital, Daiana pagou o táxi e Denise saiu correndo para dentro do hospital, sendo impedida pelos seguranças de correr até seu amado, mas Daiana já conhecia um dos seguranças e eles a liberaram. Denise desesperada foi tentar conversar com a recepcionista, mas ela não entendia nada do que a recepcionista falava, e Daiana interveio e assumiu o seu lugar e perguntou: –– Richard Biron, foi atropelado nesta tarde.&nbs