NARRADORA— Cedrick!Raven abraçou seu Rei, finalmente soltando o nó que apertava seu coração.Cedrick tinha se lavado um pouco do sangue que cobria seu corpo e suas mãos.— Estou todo sujo, amor, espera, não quero que você se suje com toda essa imundície.Disse ele, beijando seu cabelo e afundando o nariz na curva de seu pescoço, aspirando o delicioso aroma de sua companheira.Ela e seus filhotes eram a maior motivação de sua alma, seu motor impulsor, muito mais do que seu dever como Rei.Eles eram seu mundo.— Não importa, não importa, obrigada por cumprir sua promessa e voltar são e salvo. Graças à Deusa.Raven se afastou de seu peito e segurou o rosto dele entre as mãos, olhando-o com os olhos cheios de lágrimas e amor.Cedrick abaixou a testa até unir-se à de sua pequena companheira.— Não tenha medo, minha linda loba, nunca mais vou deixar você sozinha com os filhotes, jamais — sussurrou, beijando a pontinha de seu nariz.— Papai!Aidan voltou para o lado deles depois de dar uma
NARRADORACedrick virou a cabeça para seu filhote que carregava nos braços.Seus olhos azuis brilhantes o encaravam.Às vezes, ele esquecia o quão poderoso era seu pequeno.— Não sei, vamos perguntar ao Druida, tá bom? Não quero que você se machuque — e caminharam até Dalila, que cuidava de seu companheiro.Claro que, provisoriamente, Aidan poderia sim selar a parede, mesmo sem usar Theo.— Eu irei com você para te guiar.Dalila disse, e assim, um pequeno grupo partiu em direção à ilha central.Raven os viu partir no barco.Ficou para coordenar deste lado, pois ainda havia muitas coisas para organizar.Com a testa franzida, algo a inquietava; não sabia se era por causa de Vincent ou outra coisa, mas aquele pântano a deixava nervosa por alguma razão.*****Quando chegaram à ilha no coração do pântano, onde haviam matado a fêmea Drakmor, tudo estava um caos.— Hakon, fique aqui para cuidar de Dalila e do príncipe, confio eles a você.— Vou protegê-los com minha vida — prometeu ao Rei.C
NARRADORAO Drakmor não era tão tolo a ponto de permanecer na mesma caverna onde nasceu.Aquele lugar já não era seguro, então ele mataria o filhote e depois buscaria outra toca.Era um predador superior, poderia sobreviver.Mas nunca contava que só havia conseguido a vantagem devido ao fator surpresa.— Solta-me, solta-me, bicho feio!Aidan gritou furioso e com dor, socando-o com seus pequenos punhos.— Theo!Sua magia de inverno envolveu seu corpo, faiscando e ferindo as escamas do jovem Drakmor, que ainda não eram tão duras quanto as de seus pais.— Aaagggr! — rosnou de dor, desequilibrando-se e tropeçando em um tronco.Rolaram pelo chão em meio a uma pequena clareira entre árvores gigantes.O sol da manhã já penetrava pelas folhas.Quando o Drakmor recobrou os sentidos, sacudindo a cabeça para dissipar o efeito da descarga de magia fria, percebeu que tinha soltado o filhote.Levantou-se rapidamente para procurá-lo, mas o encontrou a um metro de distância — e, pior ainda, diante de
NARRADORA"Zeraphina, ou você vem agora mesmo ou vou te buscar! Afaste-se desse filhote estranho!!"Sua mãe rugia para ela, mas não era Zeraphina quem não queria ir embora!"Ahh, menino lindo, me solta logo ou eu vou te morder! Minha mãe está muito brava, ela pensa que você quer me machucar, tá? Seja um bom filhote e me deixa ir!"Zeraphina queria chorar sem lágrimas.Ela se remexia nos braços de Aidan, que a segurava como se fosse um gatinho de estimação.Zeraphina era forte, mas não queria machucá-lo. Entendia que ele só estava tentando protegê-la, sem entender nada da situação — e realmente, era isso.Aidan estava entrando em pânico.Via apenas um grupo de monstros peludos, com grandes presas à mostra, rosnando e cercando-o em um círculo que se fechava cada vez mais.Principalmente uma delas, diferente das outras, maior e mais agressiva, de pelagem branca.Ele olhava frenético, tentando achar uma rota de fuga. E então, um cheiro conhecido atingiu seu nariz, fazendo-o suspirar de al
NARRADORACedrick foi o único que se transformou em humano, mas era igual aos seus machos — na verdade, parecia forte e heroico, com uma genética excelente para acasalamento —, só que não possuía as características orelhas ou cauda do seu animal.— Foram vocês que mataram os Drakmor adultos na caverna? Como conseguiram?Essa era uma das coisas que Ilia mais desejava saber.— Com nosso poder, é claro. Armamos uma emboscada para eles quando atravessaram para o nosso Continente pela caverna — respondeu Cedrick.— Onde estão seus machos?— Nós...— Majestade, os homens-corvo estão vindo nesta direção!De repente, a sentinela desceu de uma árvore próxima e avisou apressadamente.— Nesta direção? Achei que não nos procurariam tão longe, maldiçã0! E agora, onde vamos nos esconder?! — começaram a entrar em pânico.Elas desconheciam aquele território e só haviam se aproximado tanto da toca dos Drakmor por desespero, fugindo justamente dos espiões do atual rei.Cedrick não entendia nada.Olhou
NARRADORA"Majestade, sei muito bem que o fez porque é um bom lobo, no entanto, espero que esteja preparado para assumir as consequências."Dalila se aproximou de Cedrick enquanto avançavam pela caverna escura a caminho do pântano."Consequências? Do que está falando, Sacerdotisa?"Cedrick realmente não entendia nada, só pensava em como resolver aquela confusão."Quer que eu lhe dê uma bastonada, para ver se reinicia seus pensamentos? Só um golpezinho... venha cá."Cedrick rapidamente se esquivou, olhando para ela com precaução.Aquele bastãozinho parecia inofensivo, mas deixava calombos doloridos que só vendo."Uf, os homens... seja um Rei, um Druida ou um selvagem, todos são igualmente tolos. Majestade, está levando um grupo de mulheres lindas, leoas ou seja lá o que forem, para os domínios dos Homens-Lobos.""Agora estou feliz de ter emparelhado quase todas as minhas Centúrias com os Homens do Inverno, senão eu estaria seriamente preocupada. Me pergunto o que a Rainha dirá sobre is
NARRADORAQuanta injustiça: o Rei de um Reino, o Alfa que mais impunha respeito, e nem era o chefe dentro da própria casa.No fim, tentou dormir em um quarto de hóspedes, com Eamon latindo como um cão selvagem em sua mente e sentindo falta do corpo macio de sua companheira sob ele.*****— Precisamos de ajuda para resgatar nossos machos.Foi a primeira coisa que Ilia disse no Concilho do trono no dia seguinte.Sentia a hostilidade crua por todos os lados; estavam desconfortáveis e ela demorara demais para esclarecer o mais importante.— Não somos leoas solteiras. Todas estamos emparelhadas. Achei que vocês poderiam sentir os sinais em nossos corpos, mas claro, esqueci que não estão familiarizados com nossas tradições e feromônios — disse diante dos dois monarcas sentados no trono.Mas seus olhos felinos encaravam diretamente os lobos de Raven.A mensagem era clara: não quero o seu homem, nem nenhum outro do seu reino.O suspiro de Cedrick quase foi audível no salão.— Por que deveríam
NARRADORA— Os Feiticeiros também respeitam os Drakmor, e só os Homens-Bestas mais fortes conseguem extrair o Obsidar.— É um mineral muito agressivo em seu estado bruto, que consome a energia vital de quem o extrai, até mesmo dos Homens-Bestas. Por que eles se desgastariam se podem nos usar como escravos?Disse ela, preocupada.— Meu tio — acrescentou entre dentes — de alguma forma, ele consegue controlar o Alfa dos Drakmor, o que lidera o bando. Assim, ele entra e sai da montanha como quer, mantendo-os sob seu domínio.— Rainha Ilia, contou-nos tudo isso, mas diga, onde estão seus machos? Como poderíamos resgatá-los? — perguntou Raven ao final.Tinha que admitir que sua hostilidade diminuíra bastante diante daquela mulher.— Eles... quando viram que a rebelião estava perdida, ficaram para trás para que nós, as fêmeas com os filhotes, pudéssemos escapar.— Descobri depois. Achei que estavam perdidos, mas não... eles estão na Montanha do Deus Bestial, como escravos, morrendo lenta e d