RAVEN— Por que você está cheirando a Vincent?É a primeira coisa que meu Alfa dominante me pergunta assim que me vê e me abraça, farejando meu pescoço.— Ora, ele só me ajudou no corredor a chegar ao jardim, não seja tão ciumento.Acaricio seu cabelo enquanto ele me segura sentada de lado em seu colo, com o abraço suave.— Está se sentindo mal? Tonta? Vamos te alimentar...— Não, estou bem. Só queria tomar um pouco de ar. Me diga, sobre o que queria falar?Desvio o assunto, senão ele me levará de volta pro quarto e vai me enroscar até que eu volte a deitar.A barriga nem está grande ainda e já me sinto como uma boneca de porcelana!— Anastasia enviou esta carta com um mensageiro. Diz que sente muita falta de Aidan e pergunta se podemos deixá-lo visitá-la. Ela promete cuidar bem dele.Ele me passa uma carta sobre a mesa, e eu leio.De fato, é a caligrafia da minha leal Centuria.— Não sei o que responder — confessa suspirando.— Acho que faria bem a Aidan mudar de ambiente. Ainda mais
ANASTASIAJá estou correndo, procurando por ele, porque não me responde. Me adentro na floresta até afastar alguns arbustos e chegar a uma lagoa escura… e então vejo o filhote.— Ana, olha os ovos! — ele aponta para alguns ninhos na margem.— Aidan, não faz mais isso comigo, você sabe que odeio — digo suspirando de alívio. — Aqui não é o palácio, não saia correndo assim sem pensar.Me aproximo e ele pede desculpas.Nos distraímos um pouco, mas observo ao redor… este lugar me arrepia a espinha por algum motivo.Onde está Hakon?Ele já devia ter vindo atrás de mim, mas olho em todas as direções e não o vejo.— Vamos, Aidan, vamos procurar o Alfa — pego sua mão, porque sinto que preciso sair logo daqui.Damos alguns passos quando, de repente, Aidan para e olha para além, por um caminho pedregoso que circunda a lagoa e leva até umas pedras altas.— Ana, tem algo lá. É… algo que está me chamando — ele aponta com o dedo na direção daquele caminho sinuoso que leva a um lugar desconhecido.—
CEDRICKÀ meia-noite, Anastasia chegou com uma notícia que mudaria o destino de todo o reino.Observei enquanto Dalila examinava meu pequeno filhote, que estava enrolado em uma manta grossa para mantê-lo aquecido.— Dalila, por favor, diga logo o que está acontecendo — a voz angustiada de Anastasia perguntou.Todos estávamos reunidos na sala do trono: Raven, Vincent, Dalila, Anastasia, Aidan e eu.— Aidan encontrou o paradeiro dos Homens do Inverno.Ela anunciou, e todos ficamos em choque.— Majestade, o filhote está exausto, usou demais seu poder e ainda é muito imaturo. Acho melhor levá-lo para descansar. Tudo o que ele descobriu, eu já sei.A anciã Centuria disse a Raven, que assentiu, levantando-se para abraçar e beijar Aidan.— Conversem vocês, depois você me conta, meu Alfa. Vá, filhote, despede-se da Ana.A voz doce da minha companheira disse, e Aidan abraçou Anastasia, que acariciou sua testa com ternura e agradeceu.Logo em seguida, ele veio correndo até mim.Me levantei e o
HAKONEstou como um animal enjaulado, andando em círculos na praça central do palácio.Tudo está em silêncio, a lua no céu ilumina de longe as Centúrias que patrulham por cima das muralhas.De repente, passos apressados ecoam pelo corredor e o doce aroma da minha companheira me atinge.Viro-me para vê-la se aproximar e se jogar sobre mim.— Ana...A abraço, segurando-a pela cintura enquanto ela envolve as pernas em mim e minhas mãos apertam com força suas bundas para sustentá-la.Ela abaixa a cabeça e me dá um beijo apaixonado, cheio de amor e compreensão.Eu sei, ela já descobriu meus motivos, o porquê de eu tê-la torturado por tanto tempo e colocado nossa união em risco.Nos beijamos como loucos, nos devorando, com intensidade, querendo dizer tantas coisas um ao outro.— Nós vamos conseguir. Vamos ter nossas filhotas sem medo — sussurra contra meus lábios, e eu juro que, pela primeira vez na vida, um nó aperta minha garganta.Lágrimas caem sobre meu rosto e eu olho pra cima, direto
CEDRICKOs habitantes do pântano já recolheram o essencial e prepararam suas rotas de fuga de emergência.Eles não sabem os detalhes, mas imagino que seguem cegamente as ordens de seu Alfa.Lá fora, nos limites, meus guerreiros e as guerreiras Centúrias aguardam, também sem saber o motivo, mas ao menor sinal de perigo, estão prontas para defender e proteger.Ainda não quisemos divulgar esse assunto até trazer meu clã de volta.Espero não ter que usar nenhuma dessas precauções.Finalmente entramos nesta enorme caverna, mais escura que a boca de um lobo, e avançamos em direção ao nosso objetivo.*****NARRADORANa caverna problemática, Hakon observava a imensa parede.A tigela estava sobre o pedestal de gelo, e ele, pronto para se sangrar, se necessário.Ele não sabia que repercussões poderiam ocorrer deste lado.O Beta estava mais nervoso do que nunca.Não saber e simplesmente enfrentar o desconhecido... às vezes era o pior.Enquanto isso, o grupo de cinco finalmente chegava à caverna
NARRADORA— Não, não, não, vamos, funciona, funciona!Hakon rosnava, desesperado, cortando os pulsos como um louco que já não quer mais viver.Não importava quantas vezes a parede se regenerasse, o gelo derretia cada vez mais rápido.A última barreira de defesa estava cada vez mais fina.“Ana, eles têm que parar, eu não vou conseguir conter!”Gritou para sua companheira pela mente, que imediatamente parou de alimentar o fogo Centúria.— Pare, Dalila! A outra barreira está sendo afetada, Hakon não consegue segurar! — gritou em pânico, mas era impossível parar tudo.Pelo menos Dalila parou, mas ao seu lado, Aidan continuava em seu estado de magia induzida.A magia de fogo foi cessando, o cabelo de Dalila abaixou, sua boca parou de recitar encantamentos e seus olhos avermelhados voltaram ao tom normal.Ela olhou para Aidan, achando que ele também havia parado, mas não era o caso.— Aidan, já chega! Não continue, filhote! Vamos tentar de outro jeito! Aidan!Ele não parecia ouvi-la.— Aida
NARRADORANo fundo da caverna, onde antes havia uma parede de gelo, agora existia uma passagem escavada numa gruta.Um corredor sinuoso que levava ao que parecia ser uma floresta cheia de pinheiros.O cheiro de madeira, frescor e neve se espalhava numa brisa que os transportava para um bosque invernal.— Aidan, ele está bem?Anastasia de repente saiu do transe e olhou para Cedrick e Raven, que estavam com o filhote.O Rei o carregava, e Raven acariciava seus cabelos com o rosto angustiado.— Ele consumiu energia mágica demais e, além disso, agora seu lobo de inverno, Theo, é quem está sustentando a outra barreira, de forma temporária.— Alfa do pântano, não tem mais nada a temer. Seu pacto já não tem efeito, e o silêncio não é mais necessário — Dalila explicou.Até ela tinha sido surpreendida pela ação do príncipe.Quanto poder aquele filhote guardava dentro de si?A magia hoje foi tão poderosa que tomou controle e autonomia do próprio corpinho.Isso era algo prodigioso, mas ao mesmo
NARRADORA— Eu... antes de tudo, estou muito feliz que vocês estejam bem e tenham conseguido sobreviver.Cedrick falou emocionado, e sua sinceridade era sentida enquanto ele observava o homem ancestral, de cabelos brancos e uma barba discreta igualmente branca.— Em segundo lugar, as coisas mudaram. Eu sou o atual Rei do reino...— Um homem do inverno? Você acha que sou um idiota? As Centúrias jamais permitiriam uma coisa dessas! — Aaron já começou a desconfiar.Era bom demais pra ser verdade.— Não estou mentindo, Druida. Suponho que seja o bruxo do clã.— Sou sim.— Ótimo — Cedrick assentiu, organizando as ideias.— Sei do seu ódio e rancor pelas Centúrias, mas as coisas não são mais assim. Eu sou o Rei Alfa. Meu nome é Cedrick, e minha Rainha, Raven, é uma Alfa Centúria.— Nós nos amamos. Ninguém me obrigou, ninguém me escravizou. Ninguém quer prender vocês. Esses tempos sombrios acabaram.— A nova geração de Centúrias só quer viver em paz. Não sei como vocês vivem aqui, nem sequer