capítulo 4

Ava

Aquela tapa na cara foi bom para que eu abrisse os meus olhos. Meu pai, apesar de eu não gostar de concordar com ele, estava certo. Chorar pelos contos e nem lamentar estava me impedindo de ser quem eu sou e de agir.

Mas, graças a ele, eu acordei. Acordei e estou fogo nos olhos. Eu não quero mais temer, nem mar, nem Logan ou Jason, muito menos Dante. Então, depois que todos saíram, a noite caiu e eu sabia que mesmo que eu conseguisse sair daqui, seria perigoso demais procurar aquele homem.

Mas, eu faria de tudo para que isso acontecesse. Então, coloquei uma roupa preta, um capuz e esperei que todos os empregados estivessem dormindo cautelosamente.

Nas pontas dos pés, eu andei, desci as escadas e olhei para todos os contos, esperando não ver nem a sombra de Logan. Então, tomei coragem depois de respirar fundo, coloquei o capuz e escondi os cabelos. Saindo pela porta dos fundos, eu conheci aquele lugar com a palma da minha mão.

Apesar de os homens estarem ali para nos proteger, ou melhor dizendo, tornar aquilo uma prisão, eu conhecia as brechas e todo mundo achava que eu era uma menina bastante tola e que não teria coragem para fugir.

Bem, a antiga eu realmente estava presa, mas não por medo do meu pai, e sim por causa da minha mãe. Eu odiava deixá-la sozinha, sabia que se eu não estivesse por aqui, Logan iria machucá-la, por isso eu sempre estava por perto. Mas naquele dia, aquele fatídico dia em que eu não estava, eu a deixei e isso era o meu martírio.

Eu tinha uma culpa em minhas mãos, era como se seu sangue estivesse por todos os lados. Mas naquele momento eu tinha que afastar esse sentimento de culpa, eu tinha que sair dali e buscar por mais informações sobre Dante.

- Vou pegar você, Logan. Vai pagar por tudo o que fez, incluindo a morte da minha mãe.

Eu não seria tola o bastante de correr para os seus braços e dizer que sou a filha de Logan, sem ao menos saber do que ele é capaz e do que ele está fazendo no momento. Pelo que eu sei, meu pai e Jason estão tramando fazer algo novamente contra Dante, e se eu descobrir o que é, posso dar essa informação em primeira mão.

 Quem sabe assim eu consiga a confiança dele. Então, do lado de fora da casa, eu olhei para os cantos e vi que dois dos guardas estavam fazendo a caminhada rotineira, mas estavam um pouco longe.

Os dois estavam conversando com armas na mão, um terno preto, que quem via de longe achavam que era apenas guardas, segurança da grande propriedade luxuosa de Logan Ford, quando na verdade aquele homem era o pior mafioso da cidade.

Bem, era o que todo mundo falava desse lado da cidade, o sul prosperava, com o tráfico de drogas, e o norte, que antes era uma potência e que amedrontava o meu pai, hoje parecia que estava adormecido. Muito se falava sobre Dante, um homem bastante perigoso, frio e calculista, mas desde que seu pai morreu e ele entrou na situação, alguns ainda tinham algo contra a sua liderança.

Pelo o que eu descobri nesses últimos dias, há traidores daquele lado da cidade, e eu tinha que descobrir quem eram esses traidores. Pelo o que eu descobri nesses últimos dias, há traidores daquele lado da cidade, e eu tinha que descobrir quem eram, para ser mais um trunfo que poderia dar a Dante para conquistar a sua confiança.

Eu, respeitando e com cautela, simplesmente corri. Não havia muros, mas uma cerca que separava a propriedade de uma densa mata fechada, no qual eu sabia exatamente para onde iria.

 Eu não andaria pelo lado em que os carros iam e vinham, não sou tão boa. Aquele lugar era bastante protegido e vigiado, havia câmeras, mas não aqui, não pela parte de trás da mansão. Então, eu tinha que fazer alguma coisa para sair dali.

Quando finalmente vi um carro, alguém estava saindo, o carro estava ligado e a porta aberta. Talvez o motorista tivesse esquecido de alguma coisa, e eu usaria aquela oportunidade, já que, olhando agora para aquela cerca, ela era bastante eletrizada e segura.

Não conseguiria sair sem que eu me machucasse. Não devolvendo aquela oportunidade, eu abri cautelosamente a porta do carro preto e me escondi no banco de trás. Agachada, fechei a porta e esperei, rezando para que esse homem não me visse aqui.

Eu não saberia como iria fazer para sair daqui de dentro quando o destino final chegasse, mas estava rezando para que eu conseguisse ir e vir sem mais preocupações ou que Logan descobrisse o meu plano.

Então, quando achei que ele iria desistir, o homem volta, senta no banco do motorista e fecha a porta com bastante força. Eu não sabia quem era, apenas senti o seu perfume e, mesmo não querendo ser amedrontada, eu senti medo.

A minha carne tremia, meu coração estava gelado como uma pedra de gelo. Respirei fundo, não podia fazer barulho. Se respirasse com muita força, ele poderia me ouvir, então eu tentei me controlar. Então, o carro começou a andar.

Ele mexia a cada metro que andava, ouvia ele conversando com alguns dos guardas. Depois, passou pela guarda que dava acesso à pista central e, quando ele foi liberado para sair, conduziu o veículo para a cidade.

***

O carro parou e eu não sabia onde estávamos. Apenas ouvi uma música alta, pessoas conversando no que eu achava ser um estacionamento.

Eu sabia que se esse homem saísse e acionasse o botão, tirando as chaves do motor, eu ficaria presa naquele lugar. Então eu tinha que usar a primeira oportunidade.

 Ouvi ele saindo, batendo a porta, mas ficou um tempo conversando com não sei quem. Eu aproveitei essa oportunidade, peguei a trava do carro, a acionando com muita delicadeza. Fez um barulho sutil, eu rizei para que ninguém me tivesse ouvido.

Olhei com cautela, vi o homem alto, moreno, conversando com uma mulher. Ele estava distraído, eu não perceberia se eu fosse muito rápida. Então foi isso que eu fiz, colocando o pé cautelosamente do lado de fora, saindo ainda agachada. E assim que eu estava totalmente fora, fechei a porta, travando ela.

Mas isso fez um barulho. Eu corri para detrás do carro, pois percebi que ele ouviu. Eu então, ainda agachada, dei alguns passos, coloquei o capuz e andei. Eu não olharia para trás, talvez ele fosse questionar o que havia acontecido, mas pelo menos não veria atrás de mim e nem saberia que nem eu sou.

 Naquele momento de liberdade, eu me senti com um sentimento de ansiedade e nervosismo. Eu queria ir para o lado norte da cidade e não sabia como eu voltaria para casa.

Perguntei por muito tempo até. Peguei o meu celular e em um GPS coloquei a localização de um lugar que ficava no lado norte. Andando por mais um pouco, cheguei a uma avenida, no qual eu dei a mão e pedi um táxi que logo parou.

Entrei nele e pedi para que ele me levasse até o hotel, no qual eu sabia que ficava. Era um local estratégico. Passei todo o caminho com a cabeça apoiada no fio do carro pensando no que eu estava fazendo. Minha mente se esforçou, como se as ideias estivessem voando pelo céu.

Eu tentei me concentrar, fechei os olhos, apertei o meu pálpebra e, falando para mim mesma, você tem que conseguir, não tenha medo.

- Ava. Você tem que conseguir, pelo menos, ver Dante e pensar em uma estratégia de me aproximar dele.

O motorista confuso perguntou.

- Você disse alguma coisa?

Eu, nervosa e me sentindo tola, respondi:

- Não, eu só estava falando sozinha, me desculpe.

 Ele deu um sorriso, me olhou pelo espelho e eu tentei disfarçar. Eu não queria que ele me reconhecesse, mas também não tinha como, afinal, quase ninguém mais sabia sobre mim.

Ele voltou a ficar em silêncio e eu tentei prestar atenção no caminho em que ele estava recorrendo. Quando finalmente chegou em frente ao hotel, ele parou, entreguei o trocado e saí do veículo. Olhei para todos os cantos, a cidade estava viva, mas apenas nos locais onde a música tocava alto.

Havia uma boate perto dali, eu fui em sua direção. Pessoas estavam na frente, alguns na fila esperando entrar, outros se agarrando. Havia mulheres com roupas vulgares, homens fumando alguma coisa, e quando passei por eles, eles sussurraram olhando para mim.

Eu não aguei, nervosa, eu não estava pensando em entrar naquele local. Então, o que eu queria fazer exatamente?

 Acabei imaginando que estava completamente perdida, até que eu vi dois carros pretos parados. Estavam em frente a um beco, e homens faziam uma guarda, isso chamava minha atenção. O que realmente estava acontecendo?

Cautelosamente, eu não aguei e encostei a parede do edifício, para espreitar. Fiquei atrás de um dos carros pretos e me estiquei para ver o que estava acontecendo.

Só havia um feixe de luz que me dividia um poste. Homens estavam ali dentro. Um em questão, que estava de costas, tinha ombros largos e cabelos pretos. Ele parecia cansado.

Então, quando me estiquei mais um pouco, vi que havia outro homem no chão. Ele estava ferido, e o homem que estava em pé, que chamou a minha atenção, deu socos no rosto dele, fazendo com que ele sangrasse ainda mais.

Quando o homem virou, para conversar com alguém, vi seu rosto. Era Dante. Reconheceria esse rosto em qualquer lugar.

Constatar isso me deixou com frio na barriga e uma insegurança absurdo.

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