“Você é daquelas chances boas que a vida não dá duas vezes”.
Desconhecido
Estávamos na frente de um estúdio enorme de tatuagens. Tinha várias fotos na vitrine, e as tatuagens eram incríveis. Tinha de corpo todo, apenas de braços, de pernas, ou aquelas simples, pequenas e delicadas.
— Vamos entrar? Ou você vai ficar aí na porta? — Beatriz disse, segurando a porta.
— Claro vou. Estava vendo as tatuagens.
— Já sabe o que vai fazer? — Carter enlaçou Carla pelo pescoço.
— Sei, amor. Vou pôr outro piercing, um transversal.
— Acho que vou pôr um também — disse Bianca —, mas no
“Tudo o que a gente sofre, num abraço se dissolve”.Jota Quest.O prédio era até que bonito: azul e branco. Meio velho, meio acabado, mas era bonito.Estacionamos a van, nos registramos, e cada um foi para o quarto.Entrei, coloquei minhas coisas junto com as da Beatriz, na cama, e ela foi direto para o banheiro. Deitei, e como de costume, coloquei as mãos atrás da cabeça e fitei o teto. Uma onda de coisas boas passou por mim. Ela e eu juntos num quarto de hotel... Sorri. As borboletas se agitaram, então pensei nas coisas, no que eu faria dali em diante, pensei na minha mãe, e inevitavelmente na doença, nessa maldita doença, a qual eu ainda não compreendia... Uma lágrima teimosa nasceu em meu olhar e escorreu pelo meu rosto, mas logo tratei de limpá-la. Não queria que Beatriz visse.<
“A vida é maravilhosa. Não se tenha medo dela”.Charlie Chaplin.Acho que os meninos entenderam que eu queria ficar sozinho com a Beatriz, porque eles se mantinham longe, embora eu sempre visse um deles olhando para trás ou esperando a gente, para falar onde iriam.Sentia-me cansado demais, queria parar e deitar, mas me forcei a continuar. Beatriz falava animadamente, sorria, apontava cada árvore do parque, então, com a desculpa de ser tarde, a distrai, para que a gente parasse um pouco. — Amor, eu estou fome, já é mais de uma da tarde.— Nossa! Por falar nisso, eu também estou. — Vamos procurar eles e ir almoçar, amor?— Sim.Andamos por uns dez minutos pelo parq
“A vida passa muito depressa. Se você não olhar ao redor de vez em quando, pode perdê-la”. Curtindo A Vida Adoidado.O restante do dia passou rápido. Dormi mais do que fiz outra coisa.Minha cabeça parou de latejar, então me levantei, tomei banho e me troquei.Beatriz, pelo que tinha reparado, tinha passado horas na frente do espelho, se arrumando. Perguntei-me o porquê de tudo aquilo, daquela demora toda.Suspirei e perguntei impacientemente: — Amor, há quanto tempo você está se arrumando?— Uma hora e meia. Por quê? — disse ela, passando rímel. — E nem se vestiu ainda?— Não. Tava fazendo cabelo, maquiagem, unha...&
“O que importa, afinal? Viver ou saber que está vivendo?”Clarice Lispector.Acordamos embolados nos lençóis, nossos corpos nus encostando um no outro, seus cabelos espalhados pela cama. Ela tinha um sorriso doce nos lábios, e sua respiração estava tranquila. Minha vontade era de ficar ali, olhando para ela o dia todo.Tirei uma mecha do seu cabelo que cobria o rosto dela, que se remexeu, abriu os olhos e sorriu.— Tira foto. — Alinhando-se em meu corpo. — Já disse, dura mais. — Negativo, amor, porque ver você acordando nos meus braços é a melhor coisa que existe nessa vida. — Ela ficou vermelha.— Dormiu bem? — perguntou, segurando a cabeça e me encarando.&n
“O universo inteiro conspira ao nosso favor”.Charlie Brown Jr.Aqui dentro de mim estava uma completa confusão, e eu não sabia mais como agir. Queria era mais que todo mundo sumisse, para eu passar meus últimos momentos com ela. Era estranho isso, porque eu nunca tinha me sentindo assim. Eu nunca tinha ficado sem jeito perto de mulher alguma.Eu sabia que estar apaixonado tinha lá seus riscos, mas isso... isso era maluco!Um dos instrutores me ajudou a me soltar da corda com a Beatriz, que me olhava sem parar, sorrindo feito boba.Eu acho que estava na hora de fazer a maior loucura de toda essa viagem.Fui tirado dos meus pensamentos com a Carla me cutucando.— Por acaso tá dormindo em pé, moço?— Desculpe, estava pensando. — Sorri, sem jeito.— No quê?— Umas p
“A verdade é que ninguém me diz que a gente muda com a morte, porque o único jeito é sobreviver a ela”.Bianca BrionesQuando o dia amanheceu e os raios de sol entraram por frestas do teto, pensei no buraco em que tinha metido a gente. Olhei para o lado, e Beatriz estava em pé, junto à janela, com uma caneca na mão. Parecia pensativa. Ela estava com os cabelos soltos, enrolada em um edredom grosso.Saí da cama sem fazer barulho e fui até ela, mas o piso de madeira denunciou minha presença, então Beatriz olhou para trás, e sorriu ao me ver.— Bom dia, amor. Quer café?— Bom dia, minha linda. Onde conseguiu café?— Por incrível que pareça, esse hotel muito charmoso tem um excelente serviço de quarto. —
“Esse é o problema da dor, ela precisa ser sentida”.John Green— Amor, quem está morrendo? John, fala comigo! Eu não conseguia falar, por causa dos soluços. Eu somente a abraçava forte. — O que está acontecendo? — Carter perguntou, quando me viu no chão.Ele se abaixou e me arrancou dos braços de Beatriz. — Cara, você está bem? — perguntou, me encarando; e como não respondi, ele olhou para Beatriz. — Beatriz o que aconteceu? Ele está passando mal? Vamos achar um médico.— Eu não sei o que aconteceu. Eu estava no telefone, ele no celular, e pimba, caiu, começou a chorar, dizendo que ela e
“Mas se for pra falar algo bom, sempre vou lembrar de você”. Charlie Brown Jr.Cinco meses depois...As coisas iam bem, a vida caminhava a passos largos e os dias passavam voando. Eu tinha dores de cabeça todos os dias. Minha respiração... bem, às vezes eu precisava carregar um carrinho de oxigênio, mas nada de tão preocupante assim. Aprendi a agradecer em vez de praguejar, afinal, eu estava vivo ainda. Por um milagre? Por um desejo de Deus?Seja lá pelo que fosse, mas eu agradecia, pois não sabia por quanto tempo eu ainda estaria ali.Eu havia me casado com a Beatriz há quatro meses, e digo quatro deliciosos e maravilhosos meses. Havia sido uma cerimônia linda. Ela não queria se casar na igreja, mas como eu tinha pedido com carinho, tinha aceitado.Eu sabia qual era o medo dela. Ela tinha medo que eu