MaiaJá estávamos na semana do Natal, mas acabei descobrindo que o dia 25 de dezembro aqui na Rússia não é tão importante, na verdade eles comemoram essa data no dia 7 de janeiro, de acordo com um calendário mais antigo. Dmitry havia me explicado com mais detalhes.Mas para mim o Natal era no dia 25 de dezembro e tinha que ter presente nesta data.Meus últimos dias foram de total repouso, Ania e Yeva ficavam em meu encalço para que eu descansasse. Todos os dias pela manhã, de tarde e de noite a minha pressão era verificada, e qualquer alteração a doutora era notificada. O cuidado sobre mim era extremo e até já estava me irritando. Eu queria sair mais, andar mais, nunca fui de ficar trancada em um cômodo, agora meu maior esforço é subir as escadas, e mesmo assim Dmitry já cogitou a ideia de providenciar um quarto no primeiro andar. Se essa medida me permitir me deslocar mais no ambiente eu não vou me opor, mas realmente eu estava irritada de ficar presa na mansão, ou melhor, no meu qua
DmitryMaia estava feliz. Distribuiu presentes para as mulheres que estão se tornando suas amigas, e até eu ganhei presente. Não era necessário, eu disse isso a ela, mas não adiantou. Pensei que talvez fosse uma boa ideia viajarmos para o Brasil, distanciá-la um pouco dos perigos que nos rondam aqui, pois nada disso acabou. Ainda não peguei o traidor, não sabemos quem está movendo as coisas contra nós, sem contar que ela adoraria ver os pais novamente e dar a notícia da gravidez.Talvez já tenha dado, não sei dizer. Ela ao menos não me disse nada, nem se tem mantido contato com a família. Ela deu um aparelho para sua mãe, a fim de manter contato com eles, mas ela nunca falou a respeito, talvez ainda seja um ponto sensível dela.Acho que assim que passar as festas vou leva-la ao Brasil. Será bom para ela.— Vem aqui, amor, vem tirar foto. – Ela nunca tinha me chamado de amor, foi a primeira vez e saiu tão espontâneo, e isso me deixou com uma sensação tão boa. Expandi um sorriso e fui a
MaiaDmitry saiu do escritório com uma jaqueta preta que ele não estava usando antes, seu olhar escuro me dizia que ele estava pronto pra matar alguém, literalmente. Sabia que tinha acontecido algo, mas ao vê-lo daquela forma eu soube que meu Natal feliz tinha acabado. Ele iria sair não sei para onde e não iria me tranquilizar enquanto ele não voltasse. Ainda bem que já havia mandado as fotos e ligado para minha mãe, falei com meus irmãos e meu pai também, todos se alegraram com a notícia do bebê a caminho e prometi que assim que pudesse eu iria visita-los. Pelo menos decidi fazer isso assim que ele foi para o escritório, quando eu ainda estava muito animada e não preocupada, agora eu não teria condições de fazer isso.— Eu preciso sair. – Ele sussurrou no meu ouvido e me beijou levemente nos lábios.Eu o vi sair pela porta e um sentimento ruim me tomou. Um aperto no coração que me fez colocar a mão sobre meu ventre, pensando em meu filho, no pai dele.Violeta não era deste mundo, ela
DmitryDei ordem aos homens para que não viessem atrás de mim. Sei me cuidar, sou um homem experiente, mas tudo o que se seguiu me pegou se surpresa. Planejei invadir o endereço, atirar em todos que estivessem à minha frente, aprisionar um deles e arrancar unha por unha até o imbecil revelar o paradeiro do meu amigo, a carga nem era o mais importante para mim. Afinal, mesmo com todos dando o homem como morto, usaram seu nome para me atrair, então eles teriam que dar o jeito deles, mas eu queria meu amigo.Porém, ao chegar no endereço, invadi o galpão velho, com portas de madeira quase podre, mas não havia ninguém. Xinguei. Que porra eles achavam que estavam fazendo? O local estava escuro. Retirei a arma escondida na parte traseira da minha calça e apontei para frente. Andei cautelosamente na escuridão, percebi que havia degraus e tentando não fazer barulho que pudesse indicar minha posição para seja lá quem for que pudesse estar ali, subi-os devagar.Um a um. Silenciosamente. Arma apo
Maia— Ele sabe o que faz, Maia. – Declarou Mikhail quando eu olhei incrédula para meu sogro. Tinha se passado uma semana, hoje era véspera de ano novo e Dmitry ainda não tinha voltado e meu sogro suspendeu as buscas.— Ele é seu filho! – Gritei exaltando-me. A vontade era de acertar um tapa na cara de Aleksei que se voltou para mim após meu grito.— Não preciso que me lembre disso. – Disse frio. O som da sua voz me dava nojo, mas seus olhos, tão parecidos com os do filho, me fazia arrepiar.— Não parece. – Eu estava chorando. As lágrimas molhavam o meu rosto já vermelhos pela discussão. – Como você abandona as buscas do seu próprio filho?— Uma semana, Maia. – Foi Mikhail que falou. – Se ele ainda estiver vivo é um milagre!— Ele está vivo, eu sei, eu sinto!— Você o ama, é normal que se sinta assim. Mas lembre-se que carrega o filho dele, não pode se alterar. – Ele disse devagar para que eu o entendesse.Mikhail estava sendo um cara muito legal comigo. Nestes últimos dias em que meu
Dmitry— Vai falar a porra do código do cofre ou não? – Ele berra mais uma vez e acerta o meu rosto com outro soco.— Sabia que não era só sobre salvar seu filho.— Tentei argumentar de forma a convencê-lo que encontrar Nikolai era meu bem maior, mas você realmente não sabe nada. Então tem de servir de alguma coisa.— Então descubra o código você mesmo. Ou melhor, peça a meu pai.Os olhos dele brilharam em fúria.— Eu quero agora, não quero ter que esperar que ele morra ou ache que está prestes a morrer e me dê o código.As cordas machucavam minhas mãos, tentei me levantar, mas descobri que a cadeira era presa ao chão. Filhos de uma puta. Eu não tinha como revidar e eu já não aguentava mais essa tortura, perdi até a noção de tempo, sei que estou aqui há vários dias. — E por que você não pede a ele então.Ele gargalhou.— Como se seu pai fosse me dar o código. Vou matar sua prostituta de merda e matar seu filho, que talvez nem seja seu, se você não me passar o código.— Onde está a p
MaiaJá faz dois dias que as buscas foram suspensas pelo meu sogro, não consigo nem olhar na cara dele depois disso. Pior que o homem vive pela casa agora, antes quase não o via, vivia em repouso no quarto, agora não para lá. E quem vive trancada no quarto sou eu, para repousar sim, mas também para evitar esbarrar no homem.A médica disse que preciso realizar caminhadas pelo meu bem estar físico, receitou remédios e as restrições alimentares foram ressaltadas. As caminhadas faço ao redor da propriedade, já que a mansão é enorme, e sempre conto com a companhia de Lara ou Violeta.Violeta acha que não vejo, sempre que me acompanha nas caminhadas, na volta ela dá uma desculpa para sumir por alguns minutos e coincidentemente Mikhail que sempre estava rondando por perto, também desaparecia. Esses dois estão de casinho, posso afirmar. Sorrio ao pensar que nem todo mundo está submerso em tristeza como eu.O único motivo que tenho para cuidar da minha saúde é meu filho, tão pequeno, mas já si
DmitryAlgum tempo depois, despertei. Abri meus olhos e o vi no volante, dirigindo atento. Analisei bem o carro, era típico de mafiosos: luxuoso, rápido, vidros escurecidos e eu poderia jurar que ele era blindado até nas rodas. Com certeza estávamos no carro dos inimigos, até onde isso seria um problema eu não sei.— A bela adormecida acordou. – Falou ele. – Dormiu metade do caminho.Já havia amanhecido, e a paisagem já estava bem diferente, mais movimentada. Deveríamos estar em uma estrada importante que no momento não estava reconhecendo.— Pare de gracinha e comece a falar. Por que sumiu?Ele suspirou e manteve seus olhos fixos na estrada. A barba antes inexistente cobria parte de seu rosto, ele estava bem diferente.— Meu pai sempre foi ambicioso, sempre quis poder e estava insatisfeito. Eu era o oposto, nunca quis saber de máfia, de poder, nada disso. Você sabe, cara. A gente é amigo desde moleque.— Eu sei. – Concordei. Era verdade. Me lembro bem que ele reclamava o tempo todo q