Maia— Ele sabe o que faz, Maia. – Declarou Mikhail quando eu olhei incrédula para meu sogro. Tinha se passado uma semana, hoje era véspera de ano novo e Dmitry ainda não tinha voltado e meu sogro suspendeu as buscas.— Ele é seu filho! – Gritei exaltando-me. A vontade era de acertar um tapa na cara de Aleksei que se voltou para mim após meu grito.— Não preciso que me lembre disso. – Disse frio. O som da sua voz me dava nojo, mas seus olhos, tão parecidos com os do filho, me fazia arrepiar.— Não parece. – Eu estava chorando. As lágrimas molhavam o meu rosto já vermelhos pela discussão. – Como você abandona as buscas do seu próprio filho?— Uma semana, Maia. – Foi Mikhail que falou. – Se ele ainda estiver vivo é um milagre!— Ele está vivo, eu sei, eu sinto!— Você o ama, é normal que se sinta assim. Mas lembre-se que carrega o filho dele, não pode se alterar. – Ele disse devagar para que eu o entendesse.Mikhail estava sendo um cara muito legal comigo. Nestes últimos dias em que meu
Dmitry— Vai falar a porra do código do cofre ou não? – Ele berra mais uma vez e acerta o meu rosto com outro soco.— Sabia que não era só sobre salvar seu filho.— Tentei argumentar de forma a convencê-lo que encontrar Nikolai era meu bem maior, mas você realmente não sabe nada. Então tem de servir de alguma coisa.— Então descubra o código você mesmo. Ou melhor, peça a meu pai.Os olhos dele brilharam em fúria.— Eu quero agora, não quero ter que esperar que ele morra ou ache que está prestes a morrer e me dê o código.As cordas machucavam minhas mãos, tentei me levantar, mas descobri que a cadeira era presa ao chão. Filhos de uma puta. Eu não tinha como revidar e eu já não aguentava mais essa tortura, perdi até a noção de tempo, sei que estou aqui há vários dias. — E por que você não pede a ele então.Ele gargalhou.— Como se seu pai fosse me dar o código. Vou matar sua prostituta de merda e matar seu filho, que talvez nem seja seu, se você não me passar o código.— Onde está a p
MaiaJá faz dois dias que as buscas foram suspensas pelo meu sogro, não consigo nem olhar na cara dele depois disso. Pior que o homem vive pela casa agora, antes quase não o via, vivia em repouso no quarto, agora não para lá. E quem vive trancada no quarto sou eu, para repousar sim, mas também para evitar esbarrar no homem.A médica disse que preciso realizar caminhadas pelo meu bem estar físico, receitou remédios e as restrições alimentares foram ressaltadas. As caminhadas faço ao redor da propriedade, já que a mansão é enorme, e sempre conto com a companhia de Lara ou Violeta.Violeta acha que não vejo, sempre que me acompanha nas caminhadas, na volta ela dá uma desculpa para sumir por alguns minutos e coincidentemente Mikhail que sempre estava rondando por perto, também desaparecia. Esses dois estão de casinho, posso afirmar. Sorrio ao pensar que nem todo mundo está submerso em tristeza como eu.O único motivo que tenho para cuidar da minha saúde é meu filho, tão pequeno, mas já si
DmitryAlgum tempo depois, despertei. Abri meus olhos e o vi no volante, dirigindo atento. Analisei bem o carro, era típico de mafiosos: luxuoso, rápido, vidros escurecidos e eu poderia jurar que ele era blindado até nas rodas. Com certeza estávamos no carro dos inimigos, até onde isso seria um problema eu não sei.— A bela adormecida acordou. – Falou ele. – Dormiu metade do caminho.Já havia amanhecido, e a paisagem já estava bem diferente, mais movimentada. Deveríamos estar em uma estrada importante que no momento não estava reconhecendo.— Pare de gracinha e comece a falar. Por que sumiu?Ele suspirou e manteve seus olhos fixos na estrada. A barba antes inexistente cobria parte de seu rosto, ele estava bem diferente.— Meu pai sempre foi ambicioso, sempre quis poder e estava insatisfeito. Eu era o oposto, nunca quis saber de máfia, de poder, nada disso. Você sabe, cara. A gente é amigo desde moleque.— Eu sei. – Concordei. Era verdade. Me lembro bem que ele reclamava o tempo todo q
MaiaAcordei em minha cama. Olhei para os lados e vi as mulheres que sempre estavam comigo espalhadas pelo quarto, conversando em um tom baixo.— O que aconteceu? Onde ele está? – Falei rápido me sentando na cama.— Calma aí, mocinha! – Violeta vem falando e as outras mulheres a acompanham.Todas as outras se pronunciam demonstrando sua preocupação, para minha felicidade, me acalmaram dizendo que Dmitry estava se recuperando no quarto ao lado. Fui até lá e ele estava dormindo. Minha obstetra e outro médico estavam conversando quando cheguei. É claro que chamariam a pobre mulher. Daqui a pouco seria melhor que ela morasse nesta casa.Ele dormia e estava tomando soro. Não havia mais vestígios de sangue em seu corpo. Era tanto quando vi que achei que ele estivesse morto.Me aproximei calmamente e o observei de perto. Ele estava vivo, não sei o que houve, mas ele estava ali. Uma lágrima de alívio correu em meu rosto enquanto acariciava com cuidado seu rosto cheio de hematomas.***Os dias
Dmitry— Nada de Nikolai, agora é Nicolas entendeu? Seus novos documentos serão entregues no endereço que te enviei por mensagem, não se atrase. Esteja lá quando o mensageiro chegar.— Cara, você salvou a minha vida.— Eu sei.— Contou nada a ninguém, não é?— É claro que não. Nikolai Morreu. Agora você, é um amigo da minha irmã que está precisando de um emprego. Nathalya receberá você, ela é a única além de mim que sabe da sua identidade.— Valeu, cara.— Você é meu amigo, salvou a minha vida, não podia fazer diferente. – Olho para os lados, ouço som de passos preciso desligar. – Tenho que ir cara, se cuida. – Desligo o telefone no momento em que Mikhail abre a porta do escritório.— Tudo feito.Dois dos seguranças o acompanham e meu pai vem logo atrás.— Vai torturar o cara só porque ele alicia garotas, Dmitry? – Falou meu pai em um tom acusatório. – Ninguém aqui é santo, só para te lembrar. E homens como ele tem aos montes. Vai torturar todos eles?Mikhail me olha com um sorrisinho
MaiaOs dias estavam mais quentes, o verão já estava se iniciando e eu estava mais que ansiosa por um calorzinho gostoso. Mais de sete meses de dias frios é muito difícil de se enfrentar para uma brasileira acostumada com o calor do Rio de Janeiro.Minha obstetra orientou observarmos as últimas semanas de gestação e decidirmos se eu teria condições para um parto normal ou se seria mais seguro em parto cesárea devido aos meus problemas de pressão alta que apresentei durante a gestação.Na noite que Dmitry chegou com rastos de sangue nas roupas, mesmo que tenha tentado limpar antes de entrar em casa, ele me deu a notícia de que estava encerrado. Os responsáveis pelo grupo que aliciavam mulheres, o qual eu fui vítima, estavam presos ou mortos. Eu não quis saber de detalhes, mas quis saber quem ele tinha matado. Ele respondeu que havia feito Gonçalves pagar cada lágrima derramada por mim e eu entendi que o homem sofreu bastante nas mãos dele antes de finalmente morrer.Apesar de a notícia
Dmitry Sou notificado que meu filho está nascendo. Saio de meu escritório na base imediatamente. Negócios esperam, meu filho e minha mulher não.Chego no hospital e encontro Lara pálida. Toda a cor de seu rosto fugiu. Aconteceu alguma coisa.— Como Maia está? Meu filho já nasceu?Ela balança a cabeça.— Não sei. Ela teve aquele sangramento novamente e foi levada às pressas para a cirurgia. Está demorando.— Acha que aconteceu algo? – Questiono sentindo meu coração apertar.— Não sei. – Ela também está aflita.Ando de um lado a outro aguardando notícias. Algum tempo depois, meu nome é chamado. Olho e vejo a doutora aproximando-se.— Como ela está? – Pergunto imediatamente.— Ela teve que ser submetida a uma cesariana de emergência. O bebê está bem, já havia atingido o peso necessário e não foi preciso ir para a incubadora. No entanto, Maia teve hemorragia após o parto, foi controlado, mas a deixou debilitada.— Onde ela está? Eu quero vê-la.— Calma, senhor. – Disse ela. – Por enquant