DmitryTinha que receber uma mensagem do Mikhail para macular meu dia perfeito com Maia. Eles bateram no endereço dado pelo defunto e não tinha nada lá. Os caras são espertos e trataram de sumir do mapa. O corpo de Nikolai ainda não tinha sido encontrado, ansiava em poder pelo menos enterrar meu amigo com honras, mas ao que parece nada estava dando certo. Por sorte meu pai receberia alta em alguns dias, palavra do médico. Ao menos uma notícia boa no meio disso tudo.Mas cada vez mais eu estava desconfiado de um traidor, alguém do lado de dentro vazando informações, mas quem? E isso é uma merda, pois pode ser qualquer um. Mikhail também desconfia, Kirill acha impossível ter alguém de dentro envolvido, mas se não fosse de dentro, quem seria?Minha cabeça estava borbulhando. Parecia ser daquelas coisas que você mesmo tem que ir lá e fazer. Meu primo chegou a falar que eu deveria parar de brincar de casinha e ir para a base trabalhar, mas eu só tinha mais um dia com ela. Já havia deixado-
MaiaJá fazia mais de dez horas de viagem, o corpo já estava dolorido de ficar na mesma posição. Mesmo me levantando de vez em quando e inclinando a poltrona, era péssimo não poder se locomover. Na viagem de ida a Rússia, tinha a presença de Dmitry, mas agora sem ele tudo estava entediante. Cochilar era o único meio de passar o tempo ali, e eu deixei o sono me levar mais uma vez.Finalmente cheguei em solo brasileiro, alívio e aperto no coração era o que sentia, uma mistura estranha de sentimentos.Mandei mensagem para Ruy como de costume e fui para meu apartamento, precisava descansar. Apesar de ter dormido por tanto tempo, meu corpo permanecia cansado. Me lembrei de Lorena, mas era madrugada, tendo saído da Rússia às 10h da manhã, com o fuso horário e o tempo de viagem, cheguei em casa depois de meia noite, então mandei mensagem para minha amiga apenas na manhã seguinte. Combinamos de tomar um café depois que ela levasse o irmão para a escola.Estava com muitas saudades dela e do me
DmitryUm mês depois da partida de Maia e eu ainda não a tirei da minha cabeça. Coisas que ela falava não deixam minha mente, e seu cheiro que mesmo depois de ter saído do ambiente ainda permeia minha memória. A droga de um sutiã que ela esqueceu pendurado no banheiro, só para ferrar com meu juízo. O guardei ainda com o cheiro dela em meio às minhas roupas. Parecia um moleque idiota agindo desse jeito.— Primo, está ouvindo?Levantei o olhar e dei de cara com os meus homens me olhando. Droga! Tinha esquecido que estava em meio a uma reunião.Me levantei.— A reunião está encerrada. – Declarei e deixei a sala, seguindo para meu escritório.— Mas Dmitry. – Mikhail veio atrás de mim. – O que está acontecendo, cara? Tá estranho demais desde... puta merda, é a... – Ele pausou e sei bem o que ele ia falar, mas ele sabe que se falar vai ficar sem o dentes. - ... a garota brasileira. – Concluiu.Entrei em meu escritório e me joguei em minha cadeira.— Sente-se. – Falei grosseiro e ele me aten
MaiaEu estava em Nova York, sabia que estava perto da minha amiga, mas não fazia ideia de em que Boate ela trabalhava. O empresário para quem eu estava trabalhando era um senhor, as coisas com ele aconteciam muito rápido, o que era bem vindo para mim, pois eu só conseguia pensar em Dmitry quando estava com outro homem.O que ele estaria fazendo? Será que já estava com outra mulher? Dois meses e nada de eu esquecer esse homem. Richard dormia entre os lençóis, eu estava sem sono, queria conversar com minha amiga, mas o telefone dela nunca chamava, não sei o motivo. Se conseguisse um contato talvez pudesse me encontrar com ela, meu cliente era gente boa e tenho certeza que se pedisse com jeitinho ele me levaria à Los Angeles. Suspirei pesado.Fui até minha bolsa, abri minha carteira e bem escondido estava uma foto minha e de Dmitry. Foi no dia mais frio que saímos, até gorro coloquei, embora não estivesse tão frio assim. Dmitry riu por eu estar esperando por um frio inexistente e com es
DmitryXinguei todos os palavrões que conhecia em russo e em outras línguas. Eu sabia. Maia tinha sido pobre, passou uma infância e adolescência difícil no interior de Pernambuco. Aos 16 anos recebeu uma proposta para ser modelo, linda como era, não levantaria qualquer suspeita. A oportunidade era fora do país, em Paris. Seus pais assinaram o contrato de permissão, ela realmente trabalhou como modelo até completar 18 anos. Sua família recebia o dinheiro, via fotos da filha frequentemente, a comodidade foi tomando conta da família que tinha certeza que a filha estava bem, o dinheiro nunca parou de chegar, mas perderam o contato.Aos 18 anos ela foi coagida a se prostituir quando viu que não tinha saída, sua família fazia parte das ameaças e assim ela aceitou o trabalho e se afastou dos pais. Disse a eles que não voltaria mais ao Brasil e deu uma boa quantia para que eles seguissem a vida, tudo a mando de um merda chamado Gonçalves, e isso já fazia oito anos.Investiguei e descobri que
MaiaAs palavras de Dmitry me perseguiram durante o restante dos meus dias de trabalho. Meu cliente me pegava olhando para o nada e me perguntava se eu estava bem, se estava sentindo algo, se tinha acontecido alguma coisa. Eu sempre lhe respondia que estava tudo bem, só estava pensativa. Lhe dava um belo sorriso, sentava em seu colo e tudo estava resolvido.Mas me pegava pensando se Dmitry não estava brincando comigo, ele disse que não me ligaria por muito tempo, depois disse que ficaria com ele se quisesse, eu não estava entendo nada. Mas o que mais me atormentou foi ele dizer que já sabe de tudo. Gostaria de saber o que compõe esse tudo. E para completar ele disse que me tiraria dessa vida.O calor aqui no Rio está ficando sufocante, típico dos últimos meses do ano. E como em Nova York estava fazendo bastante frio por já estar aproximando do inverno, a primeira coisa que senti quando cheguei foi a diferença no clima.Entrei em meu prédio cumprimentando o porteiro. Ele se ofereceu em
DmitryEla estava linda me esperando, e uma saudade enorme me fez beijá-la na frente de todos. Mas não é um movimento suspeito, afinal ela é uma acompanhante contratada por mim, um beijo é o de menos. Mas eu não quero mais que ela esteja comigo, que me beije ou vá para a cama comigo por causa de um contrato, é por isso que a chamei para conversar logo que chegamos ao quarto.Acabei de descrever a ela tudo o que descobri. Sua infância e adolescência no interior de Pernambuco e sua oportunidade como modelo que lhe rendeu uma vida de prostituição. Seus olhos lacrimejavam, e eu vi o quanto ela lutava para conter as lágrimas.— Não quero que se envergonhe, nem que esconda nada de mim. – A puxei para perto e a abracei em uma tentativa de acalmá-la. – Contratei você apenas para ganharmos tempo, para não levantar suspeitas, e para que você possa resolver qualquer coisa que queira sem que eles fiquem te monitorando, enquanto estiver comigo eles estarão de guarda baixa.Ela apenas movimentou a
MaiaDepois do nosso café da manhã bem quente, sugeri a Dmitry que fôssemos à praia, já que vir ao Rio e não ir à praia é um desperdício tremendo.— Acho melhor não. – Ele disse.— Por quê? — Vou sair de lá irreconhecível.Ri da cara de espanto dele. Irreconhecíveis vão ficar as mulheres quando seus queixos caírem com esse homem de sunga.— Pare de bobagem e vamos à praia.Disse praticamente decretando. A praia não ficava longe do hotel, então descemos e seguimos a pé. Sugeri que parássemos em uma loja para comprarmos uma sunga de praia, mas ele disse que não tiraria a bermuda. Que pena.Como eu sabia que ele passaria uns dias aqui no Brasil, imaginei que alguns deles fossem aqui no Rio e não deixei de colocar biquíni e outros acessórios de praia na mala, já que desde o início planejei arrastá-lo.Enquanto estávamos na areia, passei o protetor em seu corpo e quando notava uma mulher o olhando, tratava de deixar um beijo em sua pele, marcando aquele homem como meu, mesmo que fosse te