CAPÍTULO 3

Celine

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Sentir arrepios por alguém que me ameaça mesmo que indiretamente, é algo novo pra mim.

"Isso é o que nós vamos ver"...

O que ele quis dizer com isso?

Ele com certeza quer me intimidar.

Ficou revoltado por eu não babar em cima dele como a maioria dessas garotas.

Vi ele sentando detrás da mesa sem esboçar nenhuma reação, ele não me olhou novamente, passou toda a aula agindo como se nada tivesse acontecido.

— Se esse professor pensa que eu sou igual essas desesperadas que tem aqui, ele está muito enganado.

Eu odeio homem convencido e mulherengo.

Quando a aula dele finalmente acabou, eu me levantei pra ver se eu conseguia comer alguma coisa.

Nem cheguei a cruzar a porta, ele me chamou.

— Esse cara não cansa de me encher o saco? pensei.

Quando perguntei qual era o problema, ele teve a cara de pau de dizer que o problema era eu, que o jeito que eu o tratei foi arrogante.

Então eu falei que traria um tapete vermelho.

Como se não bastasse, ainda disse pra eu chamá-lo de você e não de senhor, que ele não era tão velho assim e que tinha idade pra ser o meu namorado.

Ele ficou totalmente contrariado quando eu disse que ele tinha idade pra ser o meu vô e que eu não namorava com idosos.

Dei as costas e deixei ele na merda, pois eu não tenho paciência pra macho que pensa que tem algum controle sobre as mulheres.

Eu é que tenho o controle sobre mim mesma. Não preciso de nenhum homem ditando o que eu devo ou não fazer, o que eu devo ou não dizer.

Assim que sentei na mesa pra comer, uma mulher sentou do meu lado.

— Oi, eu me chamo Emily, você é a Celine não é? Eu estava na sala quando você bateu boca com o professor".

— Prazer Emily, não me diga que você é uma das defensoras dele?

— Já fui, mas quando vi o quanto ele é mulherengo, acabei desencanando.

— Ótima escolha então.

— Ele é um cara muito seletivo, vive cercado de mulheres, mas poucas delas conseguiram levar ele pra cama.

— Ele fica com as alunas daqui? Isso não é proibido?

— Não aqui, a não ser que haja alguma acusação de assédio, mas na verdade o assediado aqui é ele.

— Então tá explicado o porque ele se sente o rei da selva, esse monte de meninas o deixa confortável pra pensar que realmente ele é, eu sinceramente não sei o que elas veêm nele.

— Ah, vai me dizer que você também não acha ele bonito?

— Bonito ele é, só não faz o meu tipo.

Eu não gosto de caras mulherengos e fúteis.

Rostinho bonito eu encontro em qualquer esquina.

— É, você tem razão. Então eu vou indo pra minha próxima aula, eu estou no segundo semestre, eu só estava na sua sala porque levei bomba na cadeira dele. Até mais.

— Até.

Esse cara é pior do que pensei.

Ele não só gosta de ser o centro das atenções, como também se faz de difícil pras mulheres que ficam a fim dele.

— Ah, tenha santa paciência. Falei pra mim mesma.

Será se ele pensa que eu sou como elas? será se foi por esse motivo que ele falou aquilo no meu ouvido? na tentativa de me converter ao charme que ele acredita fielmente que tem?

Porque se a intenção for essa, ele vai cair feio do cavalo.

Eu não sou fútil como ele.

Não preciso ser o centro das atenções pra me sentir bonita e desejada.

Não o vi o restante do dia, o que foi maravilhoso pra mim. Pois eu não estava mais com paciência pra ele.

Cheguei em casa louca pra tomar um banho, e tentar me livrar do estresse que esse professor me causou.

Eu ainda não tinha esquecido da ameaça dele.

Na verdade, passei o dia todo pensando em cada palavra que ele disse.

Desde quando eu sou obrigada a conhecê-lo melhor?

É lei por acaso eu gostar dele?

Ele vai saber com quem ele tá se metendo, eu sei exatamente como colocá-lo no lugar dele.

Eu não trabalho, apenas faço faculdade.

Então nas minhas horas livres, quando eu não estou estudando, eu prático esportes, eu adoro correr e fazer ciclismo.

Mas nesse dia, eu decidi que não faria isso, eu estava com todo um plano formado na minha mente.

Plano esse que eu iria pôr em prática no dia seguinte.

Peguei o meu carro e fui comprar um tapete vermelho, comprei uns dois metros.

Era pequeno e fino, dava pra dobrar e caberia perfeitamente na minha bolsa.

O professor quer ser o centro das atenções? então eu o faria se sentir assim.

Não é que eu seja arrogante, como ele falou, apenas odeio quem tenta me impor algo.

Eu tenho um humor ácido, e ele não é homem o suficiente pra lidar com a minha acidez, o que fazia com que eu me divertisse.

Ele que precisa me conhecer melhor, antes de achar que eu devo segui-lo como uma louca, desesperada por sexo.

Eu nunca me deixei levar por ninguém.

Eu tenho o completo controle sobre os meus sentimentos e reações.

Eu sou movida por mim mesma, eu é que decido se alguém chama a minha atenção ou não.

Eu não sou manipulável, nem Maria vai com as outras.

Uma pessoa tem que fazer bem mais pra ter a minha atenção e com certeza ser mulherengo não faz parte dos requisitos necessários pra tê-la.

A noite quando os meus pais chegaram do trabalho, a primeira coisa que perguntaram foi sobre o meu primeiro dia de aula, se tinha sido bom ou não, se os professores eram realmente qualificados.

Se eles soubessem que a qualificação do meu professor de Direito Constitucional é mulheres e sexo, com toda certeza eles iriam no dia seguinte falar com o reitor.

Comecei a achar graça dos meus pensamentos.

Pai: Do que você está rindo mocinha?

Pra quê o meu pai foi perguntar isso? foi aí que eu ri mais ainda.

— Desculpa pai, já é a segunda vez que alguém me pergunta por quê eu estou rindo.

— E quem perguntou primeiro?

— Ah, só uma amiga que fez uma piada besta. Menti.

— Cuidado com as distrações meu amor. Falou enquanto me dava um beijo no rosto.

— Depois você me mostra o que você estudou hoje, tudo bem?

Minha mãe pediu.

— Tá mãe.

Meus pais não são de pegar no meu pé, apenas me ajudam com os estudos e eu adoro isso.

Depois de jantarmos, eu fui pro meu quarto e já deixei a bolsa pronta pro dia seguinte.

Depois de tomar banho e escovar os dentes, finalmente pude deitar na cama e dormir o sono dos justos.

Acordei com o som do despertador, e me levantei mais animada do que o costume.

Me arrumei, tomei o café da manhã que a Graça, a nossa funcionária já tinha preparado, e depois fui pra universidade.

Eu teria aula com o kyle apenas no segundo horário, porém não precisou chegar a aula dele pra eu vê-lo desfilando com um monte de mulheres agarradas no pescoço dele novamente.

Ele parou pra conversar com algumas mais uma vez, parece que isso é uma rotina pra ele.

Continuei andando, e passei por ele sem dar moral, mas o inesperado aconteceu.

— Bom dia senhorita Celine.

Parei imediatamente de costas pra ele, e demorei alguns segundos pra virar e olhá-lo.

— Eu só vou saber que o dia foi bom no final dele.

— Meninas, depois converso melhor com vocês, agora eu preciso dar uma palavrinha com essa aluna.

As garotas foram se dispersando, enquanto ele caminhou lentamente até a mim, olhando no fundo dos meus olhos, até ficar uns vinte centímetros de mim.

— Qual o seu problema garota?

— O meu problema é você.

Falei ironicamente revidando a resposta dele do dia anterior.

Aquele sorriso disfarçado voltou a aparecer.

— Eu devo ser um problema mesmo senhorita Celine, as pessoas tendem a fugir de problemas, porque sair deles é muito difícil. Depois que o problema chega, já era.

— Eu não fujo de problemas professor.

Eu sou acostumada a aniquilá-los.

Ele cerrou os olhos, e me encarou incomodado.

Agora, me dê licença mais uma vez, que eu não posso me atrasar pra minha aula.

Voltei a dar as costas pra ele, mas como ele parasse nunca se satisfazer, ele me interrompeu novamente.

— Faz quanto tempo que você não transa senhorita Celine?

Eu não acreditei quando ele me fez essa pergunta.

Quem ele pensa que é? pensei.

Virei pra ele perplexa.

— Que tipo de pergunta é essa? Você está louco?

— É uma pergunta como outra qualquer, não vai me responder?

— E o que isso te interessa seu intrometido?

Ele voltou a se aproximar de mim, e falou novamente no pé do meu ouvido.

— Geralmente quem vive estressada assim, é porque não transa. Você deveria transar senhorita Celine.

Eu quase voei em cima desse professor maldito, mas não deu tempo, ele saiu andando, me deixando plantada no meio do corredor, e o pior, ainda fez eu me atrasar pra aula.

Fui bufando pra minha sala, com fogo nos olhos.

— Ah professorzinho cretino, você não perde por esperar.

Quase não consegui prestar atenção na aula.

Eu sentia minhas bochechas queimarem toda vez que eu me lembrava do que ele disse.

Eu sei que sou virgem, mas isso nunca foi problema pra mim e nem tinha influência sobre o meu humor.

Ele era que estava com perseguição comigo.

Assim que a aula acabou, peguei o tapete vermelho da minha bolsa, fui até a porta, e coloquei o tapete lá.

Todos da sala ficaram me olhando, talvez pensando no quanto eu sou louca.

Não demorou muito pra ele chegar.

Ele parou bem na porta, e ficou olhando pro tapete, e na mesma hora olhou pra sala me procurando, e fixou o olhar dele em mim.

A sala ficou em silêncio, e nem as meninas que ficavam babando por ele tiveram coragem de recebê-lo na porta.

Ele demorou alguns segundos me assassinando com o olhar, e depois entrou com passos longos até a mesa dele.

— Quem colocou aquele tapete ali? Toda sala olhou pra mim, e eu não consegui segurar a gargalhada.

— Qual é a graça dessa vez senhorita Celine? Por acaso foi você que colocou o tapete ali?

É claro que ele sabia que foi eu, mas como ele queria exercer a superioridade dele, ele não deixaria passar batido.

— Não gostou professor? Coloquei pra você passar por cima, já que é um homem de prestígio e fomoso entre a sociedade feminina.

Alguns alunos começaram a rir, os outros foram acompanhando e rindo também, e alguns segundos depois a sala toda estava rindo.

Fiquei encarando o professor, com a caneta na boca, esperando o momento em que ele me colocaria pra fora da sala de aula.

Ele caminhou até a minha cadeira, sob o olhar curioso dos alunos, e voltou a falar no meu ouvido.

— Eu adoro tapetes Srt.Celine, principalmente quando eu os uso pra fuder uma mulher.

Você sabia que a cor vermelha combina bem com a sua pele? Você ficaria em destaque em cima daquele dali.

Mais uma vez senti a minhas bochechas queimarem.

Ele voltou a me dar as costas, foi pra mesa dele e continuou, dessa vez falando pra turma toda escutar.

— Eu adorei o tapete Srt.Celine, de todas as mulheres que me presentearam, você foi a mais criativa, depois vejo uma forma de recompensar a gentileza.

— Mais que filho da ... Fez parecer que eu era mais uma dessas garotas que ficavam correndo atrás dele, louca por um pouco de atenção, implorando por uma chance.

Que ódiooooo.

Os burburinhos voltaram.

— Sem mais conversas galerinha, vamos prestar atenção na aula agora.

Ele me olhou com um sorriso esnobe no rosto, e isso me fez querer cometer um Homicídio doloso, quando há intenção de matar.

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