Acordo num sobressalto, arfante, suado, com o coração aos pulos e um grito de terror entalado na garganta. Mais um pesadelo. Olho institivamente para o relógio de pêndulo sobre a cómoda, constatando que os ponteiros marcam três e meia da madrugada.
Mais uma noite que possivelmente demorará muito para acabar.
Parece que meu inconsciente fora condicionado com pesadelos desde a morte de Kendall. Desde que ela partira nunca mais consegui dormir plenamente, já que minhas tentativas são sempre frustradas pela chegada de um pesadelo em específico. Um terrível e doloroso pesadelo.
Se eu fechar os olhos ainda consigo ouvir os seus gritos de agonia, o rosto pálido, os olhos azuis-safira mirando-me aterrorizados, eu conseguia ver o abismo neles.
No sonho ela me chama de assassino.
Não está de todo errada. Afinal, eu estava ciente das suas angústias, sabia que a depressão estava acabando com ela aos poucos, mas ainda assim não fiz nada para invert
Tessa estava parada perto da janela com o olhar distante e um sorriso discreto enfeitando-lhe o rosto, os seus dedos brincavam distraidamente com os fios da cortina de crochê.__ Tessa__ eu chamei com o cenho franzido, porém não obtive resposta.__ Tessa!Gritei, atraindo finalmente à sua atenção.__ Oi, desculpa, estava meio perdida.__ confessou o óbvio com um sorriso constragido.__ Eu percebi. No que tanto pensa? Se é que posso saber.Sento-me na cama e observo-a com atenção.__ Eu estou pensando na minha atuação de domingo, não sei o que hei de cantar.Ela senta-se do meu lado e repousa as mãos no colo.__ Eu ainda não consigo acreditar que meu pai consentiu para que eu fosse.Fito-a com um sorriso, mas arqueio levemente as sobrancelhas ao vê-la um pouco embaraçada e ruborizada. Dou de ombros e pergunto-lhe:__E
Respirei fundo antes de adentrar no quarto de Génesis. A menina andava muito agressiva e rude comigo nos últimos dias, vinha me tratando como se eu lhe tivesse feito algo de errado e sequer me encarava nos olhos quando eu tentava puxar algum assunto. Hoje é domingo e a surpresa foi grande quando ela disse-me que não queria sair de casa e pediu-me que fosse ao evento, e não me preocupasse porque sabia cuidar de si mesma.Recostei-me na porta e cruzei os braços, vendo-a deitada sobre a cama, ainda trajada com o seu pijama. Os seus olhos miravam um ponto qualquer do quarto.__Génesis eu já estou indo, tem mesmo a certeza de que não quer ir comigo? Posso esperar até que você se arrume.Ela solta um suspiro.__ Eu já disse que não quero ir. Não estou com ânimo para participar de eventos, me deixe sozinha, por favor.Eu assenti e em silêncio abandonei o seu quarto. Se ela não queria ir, não podia
Eu acordei naquela manhã de segunda-feira com o som de pingos finos batendo contra a vidraça da janela. A primeira memória que me veio a mente foi a do beijo que eu e o senhor Greenford demos ontem. Droga! Como eu sou incosequente, e agora como é que eu vou olhar para a cara dele?Levantei-me da cama, soltando um grunhido. Arrumei-me rapidamente e de seguida fui até ao quarto de Génesis para ver se já estava pronta para mais um dia laboral.__ Bom dia Génesis.Cumprimentei-a após adentrar o cómodo. Ela estava sentada de frente a penteadeira, terminando de se arrumar.__ Bom dia, Tessa.__ cumprimentou com a voz rouca.Quando aproximei-me dela percebi que os seus olhos estavam inchados, como se tivesse passado a noite toda chorando.__ Está tudo bem com você?__ perguntei preocupada.__ Sim, está tudo bem.__ ela murmurou sem olhar-me no rosto.__ O q
Após a ceia, Collin Greenford levantou-se e saiu da sala de jantar com o celular chamando, ainda perto da porta, pude ouvi-lo falando em francês.Lancei um olhar cúmplice à Génesis antes de fazer menção de segui-lo até ao seu escritório, mas antes que conseguisse concluir o plano, lady Armstrong segurou-me pelo antebraço e fitou-me com uma expressão dura.__ Preciso conversar consigo num instante, Senhorita Drumong.Eu soltei-me ligeiramente do seu toque e segui-a a contragosto. Depois de adentrarmos a biblioteca ela fechou as portas duplas e se virou para mim cruzando os braços.__ O que pretendia dizer ao Senhor Greenford?__ pergunta com indelicadeza.Franzo o sobreolho com ares de zombaria.__ Não sei do que está falando, lady Armstrong.Ela semicerra os olhos e adota uma feição irritadiça.__ Não se faça de sonsa comigo, a menina pode ser diss
Droga! Eu não consigo parar de sorrir. Nesse momento consigo sentir um turbilhão de emoções dentro do peito. Eu vou conhecer Paris e andar de aeronave pela primeira vez.__ Você ainda não me contou como conseguiu convencer o meu pai, Tessa. Eu sempre pedi a ele que me deixasse ir para Paris para poder visitar minha avó, mas sempre recebi o belo de um "não" como resposta.Génesis sussurra ao passo que atravessamos a pista do aeroporto Heathrow para entrarmos em um avião particular que trazia o logotipo Greenford em sua fuselagem branca e reluzente.__ Não fiz nada de especial, apenas pedi a ele e este consentiu após uns segundos de suspense no ar.Ela semicerra os olhos e franze o sobrecenho como se dissesse silenciosamente que há mais algo por detrás do consentimento espontâneo de seu pai.Escancaro a boca deliberadamente ao ver o interior luxuoso da aeronave. É grande, com os móve
Avalio as roupas em minha mala com um grande pesar.Nada parece ser bom o suficiente para jantar num dos melhores restaurantes de Paris, com vista panorâmica para a Torre Eiffel e para outros pontos turísticos da cidade.Com um suspiro, levo o vestido branco simples e anoso ao corpo, convencendo-me de que é a melhor opção.Estou caminhando até ao banheiro quando batidas irrompem pela suíte do hotel. Deixo o vestido sobre a cama e caminho até a porta, trajada apenas em um roupão cor-de-rosa macio e com um perfume de lavanda.__ Olá, Tessa.__ Génesis cumprimenta com um sorriso.__ Eu tenho uma surpresa para a senhorita.Diz apontando para a longa caixa de presente branca adornada com um laço de cor azul vibrante em seus braços.__ O que tem aí?Inquiro, vendo-a caminhar em direção à cama.__ Abre-a, tenho a certeza de que vai gostar.Fecho a porta, e com os olhos semicerrados junto-me a ela, extre
Uma chuva fina quase geada húmida, descendia sobre a cidade Parisiense enquanto eu e o Senhor Greenford interpelávamos os transeuntes numa busca impetuosa por Génesis.__ Monsieur, je suis désolé. Je n'ai pas vu une petite fille blonde, aux yeux bleus, vêtue d'une robe bleue?*(Senhor, desculpe. Por acaso não viu uma garotinha loira, de olhos azuis, trajada num vestido azul?)Pergunto, sentindo uma amálgama de emoções que vão do medo a angústia e até mesmo culpa por não ter ido atrás dela imediatamente. O homem nega com a cabeça e continua o seu caminho como o restante das pessoas a quem eu fizera essa pergunta nas últimas horas.Collin se aproxima com uma feição desagradável, ele passa a mão no queixo e para do meu lado.__ Nada, ninguém a viu! Eu estou quase tendo a droga de um enfarto.__ ele resmunga, retirando o celular do bolso interior do seu paletó.__, mas quando ela aparecer ter
Quando Collin decretou que voltariamos o mais rápido possível para Londres para mim foi quase um alívio. Toda aquela vontade que eu tinha de conhecer os pontos turísticos de Paris se esvaiou depois da revelação pertubadora de Génesis. Eu não consegui manter contato com ela depois que abandonara o hotel com Kira, e na verdade achei melhor dar-lhe um tempo.Assédio. Aquela acusação era gravíssima, de facto nunca fui uma grande apreciadora de lady Armstrong e sua conduta sempre me pareceu bastante duvidosa, mas agora, pensar que ela tenha feito algo tão perverso e imperdoável com Génesis... Isso nunca me passara pela cabeça. E, inclusive busco qualquer detalhe que terá me passado desapercebido.As únicas coisas que me vêm a cabeça agora é que ela nunca gostou de lady Armstrong e que sempre parecia incomodada com à sua presença, algo que sempre associei ao facto dela ser uma mulher bastante rígida e inflexível. Mas, Génesis não mentiria sobre algo tão sério, diss