Lívia sorriu.Ela sorriu tanto pela tentativa dele de fingir desconhecimento quanto pela sua encenação de confusão.Decidida a seguir a encenação até o fim, ela disse:- Não é nada, apenas me ocorreu de repente. Queria saber se você continua íntegro.Sílvio se mostrou instantaneamente aliviado; seu rosto tridimensional e expressivo brilhou como se fosse banhado por uma chuva de primavera, emanando uma frescura que acalmava o coração.- Isso importa para você?- Importa, sim.Mas, afinal, de que valia se importar? Mais cedo ou mais tarde, Sílvio estaria com sua noiva.Ela sorria, mas somente ela conhecia a dor aguda que atravessava seu coração naquele instante.- E para você? Importa? - Ela inquiriu de volta, subitamente.Sílvio pareceu surpreso com a pergunta:- Com o quê?- Se eu estou íntegra ou não.- Não, não me importo. - Sílvio balançou a cabeça.Ele provavelmente não hesitaria em eliminar qualquer obstáculo diretamente.Contanto que o obstáculo fosse removido, Lívia ainda lhe pe
Não foi porque ela o havia salvado, mas sim porque o rosto dela compensaria a tragédia de Aurora ter seu rosto desfigurado.Contudo, ela não revelou esse motivo a Enzo.Na última vez, impulsivamente, sugeriu a Enzo que tentassem um relacionamento, mas, por sorte, ele recusou.Caso contrário, até agora, estaria ainda mais insegura sobre como encará-lo.Os dedos de Lívia se entrelaçaram. "Te agradeço também por isso."Ele esteve sempre ao seu lado, silenciosamente, auxiliando ela no que fosse possível.Mas ela não tinha nada a oferecer em troca.Nem mesmo amor...Enzo notou seu desconforto.Nos últimos dias, ela esteve preocupada com outras questões e negligenciou bastante o estado da relação deles.Hoje, porém, ela parecia visivelmente mais tranquila.Enzo se acalmou, brincando sobre sua formalidade:- Um agradecimento é apenas da boca para fora?- O que mais poderia ser? - Lívia se animou imediatamente.Seria melhor se Enzo desejasse algo mais.Enzo sugeriu:- Como de costume, me conv
"Como você já está sendo liberada hoje?"Ele sentiu uma pontada de dor no coração.- Rápido! Deixem-na entrar! Ela, vindo à própria empresa, ainda precisamos de tanta formalidade para anunciar sua chegada?João ficou cada vez mais aflito e se virou para recebê-la pessoalmente.Mas quem ele viu foi Lívia.Sua expressão esfriou na hora.Ao ver a ferida na testa de João, Lívia não pôde deixar de sorrir:- Sr. João, como vai?Ela realmente parou de chamá-lo de pai."Essa desgraçada..."Ainda bem que ele se recuperou a tempo, redirecionando suas esperanças para Aurora, caso contrário, seria destruído por essa desgraçada da Lívia, sem nem sequer saber a causa da morte!Pela expressão dele, Lívia sabia que não era bem-vinda.Ela também não esperava ser recebida de braços abertos, sua visita de hoje definitivamente não era para relembrar os velhos tempos.Antes que João pudesse dizer algo, Lívia lhe entregou um folheto:- Há um evento recente na indústria da moda, você sabia?Definitivamente,
Mas o que ela fez?Ela chegou a dizer que ele deveria rastejar da casa dos Lopes até o hospital. Jamais pensou na humilhação que isso causaria a ele?Realmente, nunca levou em conta os sentimentos dele!Mas Aurora era diferente.Mesmo desfigurada, mesmo sabendo que ele tentava se aproximar de Lívia, nunca lhe dirigiu palavras amargas, sempre o tratou como um membro da família, ainda o via como o pai que profundamente respeitava.Quando saíram do hospital ontem, Aurora afirmou que, se casasse com Sílvio, faria dele o sogro mais orgulhoso do mundo!"Ouça isso, isso é muito superior ao que Lívia, essa Lili, ofereceu."Ela esteve casada com Sílvio por três anos, e ele não viu um centavo dela.O que Sílvio ofereceu, foi tudo por Aurora.João cada vez mais acreditava que deixar Lívia foi a decisão mais acertiva que tomou.Pensando assim, ele fez o gesto de dar um tapa em si mesmo.Pegou um estilete e o apontou para a bochecha de Lívia:- Eu estava errado! Nenhuma comparação se justifica, sua
Eles conseguiram enganar até o Sílvio, então por que teriam medo de uma pequena Lívia?Fosse o segredo para salvar alguém, Fosse a questão do casamento de Aurora com Sílvio, no final, Deus certamente estaria ao lado deles.Aurora sorriu, sem levar a provocação intencional de Lívia a sério.No fundo, ela se considerava a pessoa que controlava a situação.Afinal...Os dois envolvidos ainda não sabiam dos sentimentos um do outro.Só de pensar nisso, Aurora sentia uma satisfação interna.O que importava se eles se amavam ou se estavam destinados a ficarem juntos?No final, quem decidia se eles tinham ou não esse destino era Aurora.A enfermeira tentou, algumas vezes, trocar seus curativos sem sucesso.- Não ria, por favor, isso pode afetar...Aurora deu um tapa na enfermeira.- Inútil! - Seus olhos brilharam com uma frieza terrível, sem perceber que sua falta de cooperação era a razão pela qual a aplicação do medicamento falhava, culpando inteiramente a enfermeira.A pobre enfermeira se se
As pontas dos seus dedos ardiam.O canto dos seus lábios estava gélido.Por algum motivo, os sentidos de Lívia estavam confusos, como se ela estivesse tocando em fogo e gelo simultaneamente.Era como seu sentimento por Sílvio, uma mistura reprimida de amor e ódio.Agora, ela já não conseguia distinguir o quente do frio.Ela sentia que estava sempre no inferno, e que não havia escapatória.E ela não queria fugir.Ainda tinha coisas a fazer, pessoas para se vingar.A atenção de Sílvio estava toda voltada para os lábios dela, aquela pequena ferida parecia ter aberto um buraco em seu coração, causando a ela uma dor insuportável.- É só uma questão de tempo, eu já usei medicamento, não se preocupe. - Disse ela.Ela conhecia as regras dele.Ela precisava estar intacta, pois para ele, ela pertencia a Aurora.Ela sempre seria um acessório de Aurora.Portanto, ela nem mesmo tinha o direito de se ferir.Ela tinha que se manter impecável o tempo todo, para dar a Sílvio a ilusão de que Aurora esta
- Por que ela foi te procurar? Achei que vocês não estavam se falando. - Disse Sílvio.- Você acha que sou como você? As garotas precisam ser mimadas. Eu e a Aninha estamos bem agora. - Anunciou Carlos, torcendo o nariz.Sílvio ficou atônito. Não esperava que Ana fosse capaz de perdoar Carlos.- E agora, o que você vai fazer? - Indagou Sílvio.Carlos respondeu:- Não sei, vamos ver como as coisas evoluem.Sílvio, bem-intencionado, advertiu:- Cuidado, ela é amiga da Lívia.Ele só queria que Carlos não exagerasse.Carlos assentiu, resignado.- Farei o meu melhor.Aquela era a maior garantia que ele, um dos herdeiros da família Silva, poderia dar.Sílvio não queria se intrometer demais, então se despediu:- Então, até logo.Ele ainda precisava ligar urgentemente para o diretor para esclarecer os rumores.Não importava onde o diretor estivesse.Antes de desligar, Sílvio disse:- Rápido, prepare a medicação, ele logo entrará em contato com você. Eu quero as que fazem efeito imediatamente.
Ele ficou com raiva do nada.Com o rosto frio, acenou para Lívia com um gesto de dedo, como se chamasse um animal. Sua postura era preguiçosa e levemente indiferente.Seus olhos negros eram tão profundos que era impossível discernir as emoções.- Venha aqui, me beije. - Ordenou ele.Lívia hesitou. Desconfortavelmente, ela lambeu os lábios ainda machucados.E ela sabia que ele estava irritado por causa disso.Ele nem queria um beijo de verdade.Mas ela conhecia Sílvio, sabia que negar apenas o irritaria ainda mais. Se isso chegasse aos ouvidos de Aurora, certamente seria motivo de piada. Lívia não permitiria que tal situação acontecesse.Ela ainda queria que mais histórias do seu “amor” com Sílvio chegassem aos ouvidos de Aurora.Seus olhos brilhavam, úmidos, carregando um traço de precaução, timidez, vergonha.- Síl.Ele não ouvia aquele apelido a muito tempo.Sua irritação diminuiu rapidamente.A voz dela era baixa, carregada de um charme sedutor. O coração de Lívia também se acalm