- Por que ela foi te procurar? Achei que vocês não estavam se falando. - Disse Sílvio.- Você acha que sou como você? As garotas precisam ser mimadas. Eu e a Aninha estamos bem agora. - Anunciou Carlos, torcendo o nariz.Sílvio ficou atônito. Não esperava que Ana fosse capaz de perdoar Carlos.- E agora, o que você vai fazer? - Indagou Sílvio.Carlos respondeu:- Não sei, vamos ver como as coisas evoluem.Sílvio, bem-intencionado, advertiu:- Cuidado, ela é amiga da Lívia.Ele só queria que Carlos não exagerasse.Carlos assentiu, resignado.- Farei o meu melhor.Aquela era a maior garantia que ele, um dos herdeiros da família Silva, poderia dar.Sílvio não queria se intrometer demais, então se despediu:- Então, até logo.Ele ainda precisava ligar urgentemente para o diretor para esclarecer os rumores.Não importava onde o diretor estivesse.Antes de desligar, Sílvio disse:- Rápido, prepare a medicação, ele logo entrará em contato com você. Eu quero as que fazem efeito imediatamente.
Ele ficou com raiva do nada.Com o rosto frio, acenou para Lívia com um gesto de dedo, como se chamasse um animal. Sua postura era preguiçosa e levemente indiferente.Seus olhos negros eram tão profundos que era impossível discernir as emoções.- Venha aqui, me beije. - Ordenou ele.Lívia hesitou. Desconfortavelmente, ela lambeu os lábios ainda machucados.E ela sabia que ele estava irritado por causa disso.Ele nem queria um beijo de verdade.Mas ela conhecia Sílvio, sabia que negar apenas o irritaria ainda mais. Se isso chegasse aos ouvidos de Aurora, certamente seria motivo de piada. Lívia não permitiria que tal situação acontecesse.Ela ainda queria que mais histórias do seu “amor” com Sílvio chegassem aos ouvidos de Aurora.Seus olhos brilhavam, úmidos, carregando um traço de precaução, timidez, vergonha.- Síl.Ele não ouvia aquele apelido a muito tempo.Sua irritação diminuiu rapidamente.A voz dela era baixa, carregada de um charme sedutor. O coração de Lívia também se acalm
Lívia foi o mais direta possível:- Eu não quero que haja qualquer vestígio da Aurora dentro da mansão.Ela já tinha morado na mansão e deixado algumas coisas para trás.E Lívia se sentiria desconfortável de encontrar qualquer coisa que a lembrasse de Aurora.Ela não queria que a pessoa que desejava exterminar seu bebê deixasse marcas tão profundas ao seu redor.Sílvio concordou prontamente:- Claro.Quanto mais pedidos Lívia fizesse, mais feliz ele ficaria.- Eu vou mandar os empregados limparem isso agora. - Disse ele.Ele sabia que era negligência da sua parte de qualquer maneira.Lívia balançou a cabeça. Seus olhos e sobrancelhas transmitiam uma beleza serena e profunda, quase indescritível.- Não precisa.A reação dela deu a Sílvio uma sensação estranhamente familiar.Na verdade, desde o primeiro momento em que viu Lívia, ele teve aquela sensação.Só que, naquela época, aquela sensação foi ofuscada pelo desaparecimento da Aurora.- Às vezes, sinto como se já te conhecesse há muit
O homem ficou observando a expressão dela mudar, hesitante em encontrar seu olhar.Sílvio riu suavemente, parecendo caçoar de sua timidez, e então levantou a mão esquerda até o encosto do assento atrás dela, a cercando em um círculo no espaço confinado.Lívia se remexeu desconfortavelmente, mas ele a restringiu ainda mais.A outra mão de Sílvio tocou lentamente a parte de trás de sua cabeça, apertando gradualmente.Sua respiração se tornava cada vez mais irregular.Parecia que ele estava prestes a lhe dar um beijo.Embora Lívia, no fundo, não estivesse satisfeita, ela não resistiu aos movimentos dele, permanecendo submissa, ignorando sua provocação e fechando os olhos novamente.Ao ver a reação dela, Sílvio riu alto.Ele colocou a ponta do dedo junto aos lábios dela, e imediatamente um aroma de medicamento atingiu seu nariz.Ela rapidamente abriu os olhos e viu que ele havia aberto um frasco de remédio e estava aplicando um pouco de pó em seus lábios.- Não resta muito pó neste frasco.
Ela tinha plena consciência do seu objetivo.Determinada, se recusou a ceder novamente à ilusão de amor que ele oferecia.Lívia virou levemente a cabeça, evitando mais uma vez o contato físico com ele.- Vamos tirar uma foto - Propôs ela, e abriu a câmera do celular. Antes que Sílvio pudesse reagir, ela segurou o rosto dele e mirou no canto dos lábios, lhe dando um breve beijo.Era suave, mas deixava uma sensação cortante, como se traçasse uma linha em seu coração, o marcando de forma indefinida.Ele era incrivelmente dependente de Lívia.Até um beijo tão breve era o suficiente para o manter pensando nela por anos a fio.O clique da câmera capturou aquele instante íntimo deles.Na foto, os olhos de Lívia brilhavam com um sorriso, irradiando felicidade.O rosto de Sílvio, como sempre, permanecia frio como gelo, mas era possível notar uma falha em sua fachada.Era, realmente, uma foto deles juntos.Quando se casaram, Sílvio proibiu que tirassem fotos, então não havia nenhuma recordação
Claro que não era apenas uma pergunta normal da parte dela. Mas, ao perceber o entusiasmo de Sílvio, Lívia concordou:- Estou testando para ver se você consegue se livrar disso.Sílvio riu, sem responder. Ele mostraria a ela, através de suas ações, quando voltassem para casa....No quarto do hospital, após o último episódio de irritação de Aurora, foi necessária a presença do diretor do hospital, além de uma troca de enfermeira.A nova enfermeira, ainda inexperiente e pouco habilidosa, evitava olhar diretamente para o rosto de Aurora durante a desinfecção. Isso irritou Aurora imediatamente, que reagiu com violência, deixando o rosto da enfermeira inchado. Ela descontou toda a sua frustração na pobre moça.Desde então, até as tarefas mais básicas de desinfecção passaram a ser realizadas pelo próprio diretor do hospital. Auquele tratamento deixava Aurora extremamente satisfeita, e seu desejo de ocupar o lugar de Sra. Duarte só aumentava.- Quanto tempo mais preciso ficar internada? -
Por que Lívia, depois de causar tanto mal, ainda podia viver tranquilamente? Aurora não conseguia aceitar isso. Simplesmente não conseguia! Aurora sentia tanta raiva que até seus dentes coçavam, mas nunca ousaria ligar para Sílvio. Afinal, já havia recorrido a métodos extremos ao encontrar Felipe no hotel, mas ele permaneceu indiferente!Ela não conseguiria fazer Sílvio se casar com ele com aquele rosto!Aurora, sentada em meio à bagunça, olhou os pedaços do espelho em suas mãos e mergulhou em pensamentos. Após um longo tempo, quando levantou a cabeça, ela já tinha um plano em mente. Se o caminho correto não levava a lugar algum, talvez fosse hora de explorar mais o caminho errado.Villa da Brisa.Embora tivesse ficado ali no dia anterior, Lívia sentia como se não voltasse para aquele lugar a um bom tempo.Ao ver a expressão ligeiramente perdida dela, Sílvio tomou a iniciativa:- Eu já paguei o aluguel do apartamento da Aninha, você não precisa se preocupar com a acomodação del
Não importava o que acontecesse, ela nunca seria como Aurora aos olhos de Sílvio.- Não me importo mais.Ela estava claramente mentindo.Sílvio podia ver através do seu descontentamento.- Não precisa escolher, vou jogar tudo fora.Depois de falar, ele começou a agir, atirando todas as coisas numa grande caixa de papelão e, em seguida, a levou para fora.Lívia, de repente, achou a cena um pouco cômica.Ela ficou imaginando se as coisas dela também haviam sido descartadas daquela forma quando Aurora tomou seu lugar.Sem misericórdia, com movimentos rápidos e decisivos.Mas agora era a vez e Aurora.Ele não cansava de ficar alternando entre as duas?Ela não pôde deixar de expressar seus pensamentos, e as palavras quase que saltaram de sua boca:- Você não a ama tanto assim, ama?Ela precisava saber.Mas ele nunca amou Aurora. Era apenas gratidão e afeição de muitos anos de convivência.Ele já tinha explicado isso a Lívia várias vezes, mas parecia que ela ainda se recusava a acreditar.S