Quando Sílvio partiu, estava leve, diferente de quando chegou, carregado de coisas. Pedro, ao ver seu sorriso, já sabia que as coisas tinham corrido bem:- Senhor, você seguiu o plano que fizemos?Sílvio balançou a cabeça:- Não.- Mas você parece tão feliz.As longas pernas de Sílvio estavam casualmente cruzadas no banco de trás, numa postura elegante e com uma tranquilidade indescritível:- Há esperança agora. Quanto ao nosso plano, podemos ir com calma.A questão de conquistar Lívia não podia ser apressada. Mas, enquanto falava, ele sorriu satisfeito novamente:- Você nem imagina como ela foi gentil comigo hoje.Pedro olhou para ele e não pôde deixar de passar a mão no queixo. Esse não parecia ser o Sr. Sílvio decisivo e implacável, mas sim um garoto que acabou de ganhar um doce e não se continha para mostrar a todos. Ele também se alegrou, até colocou uma música animada no carro. Normalmente, Sílvio teria dito apenas uma palavra: “Desligue.”Mas hoje, ele estranhamente achou a
Este homem era perigoso.Lívia, involuntariamente, se afastou um pouco dele.Ele sorriu de forma estranha:- Está tentando chamar minha atenção? Muitas mulheres usam essa tática, mas comigo não funciona.Lívia ficou sem palavras.Percebeu que seu julgamento anterior estava errado.Este homem não era apenas um pervertido, mas um pervertido extremamente narcisista!Ela revirou os olhos:- Sr. Flávio.Apesar de ter o mesmo sobrenome, Fernandes, que Enzo, a diferença entre eles era abismal.Flávio olhou para ela com interesse:- Nós só nos encontramos uma vez, e você já se lembra tão claramente do meu nome.Afinal, ele estava convencido de que Lívia estava interessada nele.- Parece que meu charme é muito maior do que o de Enzo, não é? - Ele a olhou como se ela fosse um brinquedo, e aquele olhar desrespeitoso deixou Lívia extremamente desconfortável.Ela quase se moveu para a extremidade do assento do carro, mas ainda assim não conseguiu escapar da aura perigosa que dele emanava.Mas ela p
O alarme de alerta no coração de Lívia foi totalmente ativado. Ela, mais uma vez, pegou a bolsa e a lançou freneticamente contra ele. Os socos da mulher, embora frequentes como gotas de chuva, não eram dolorosos. Flávio, protegendo a cabeça, olhou para ela se inclinando, um sorriso enigmático brincando em seus lábios, com um olhar estranho.- Você é a primeira mulher que ousa me bater uma segunda vez. - Quase instantaneamente, ele estendeu a mão e agarrou firmemente o queixo dela, pressionando. - Diga, o que você disse que ia contar ao meu irmão? É sobre eu estar interessado em você? Que vou competir com ele por uma mulher?Uma dor aguda veio do queixo, fazendo o rosto de Lívia ficar vermelho, toda sua força sendo contida por Flávio, mas ela ainda tentava empurrá-lo:- Se afaste! Me solte!Mas a mão de Flávio apertava ainda mais. Por um momento, Lívia pensou que iria sufocar. Ela estava certa de que, quando esse homem disse que estava interessado nela, era apenas da boca para fora
Havia também a sensação de todos os poros do corpo se abrindo à medida que ele se aproximava...- Eu não te enganei - Disse Lívia, se virando e caminhando em direção à mansão.Parecia que todos os seguranças haviam sido substituídos; ao chegar, ela olhou para cima e viu apenas rostos desconhecidos.Pensou que não conseguiria entrar, mas, para sua surpresa, assim que viram seu rosto, prontamente abriram o portão de ferro:- Senhora, a senhora voltou.Essa palavra, "senhora", fez Lívia se sentir como se estivesse em outro mundo.- Eu não sou... - O segurança pareceu antecipar o que ela ia dizer, olhou para seu vestido branco e disse com um sorriso. - O senhor mencionou especialmente esta noite que qualquer mulher vestindo branco e que fosse bela, certamente seria a nossa Sra. Duarte.Ele não havia se enganado ao chamar alguém de senhora.No entanto, não deveria ser ela, a pessoa no vestido branco.Mas, sim, Aurora.Lívia reprimiu a amargura no coração, se lembrando constantemente para nã
A noite estava silenciosa.Apenas o quarto na mansão mantinha sua luz acesa.Lívia olhou para trás e viu que Flávio já tinha partido de carro, decidindo então voltar pelo mesmo caminho.Mas foi nesse momento que um dos empregados a viu:- Senhora.Era estranho.Todos que a viam eram rostos desconhecidos, mas, sem exceção, chamavam-na de senhora, como se ela e Sílvio nunca tivessem se divorciado.Mas, após um pouco de reflexão, ficava claro que não era a ela a quem chamavam de senhora.No entanto, Lívia não se deu ao trabalho de explicar que não era Aurora, nem a noiva de Sílvio.Ela simplesmente respondeu de forma sucinta.Ao ouvir isso, os olhos do empregado brilharam, e ele rapidamente se curvou diante de Lívia, dizendo:- Por favor, suba. O senhor está à sua espera.Sílvio... Sabia que ela viria?Isso era uma permissão para ela reaparecer ao seu lado como substituta de Aurora?Seria essa a razão pela qual ela não foi responsabilizada por ter desfigurado Aurora?Sílvio... Talvez tive
Num olhar compartilhado, nenhuma palavra foi proferida.A distância entre eles, no entanto, ia se fechando aos poucos.- Você sabe o que está fazendo? - Perguntou Sílvio à mulher à sua frente, vestida numa camisola, sentindo uma intensa secura na garganta.Ela baixou as pálpebras, ocultando suas emoções no fundo dos olhos:- Adivinhe.De repente, o céu escureceu.Quando Lívia percebeu, Sílvio já a tinha em seus braços.Seus olhos escuros brilhavam como tochas acesas, fazendo até sua respiração se tornar ofegante.Lívia torceu o pescoço de forma desajeitada.Imediatamente, ele a soltou, um pânico evidente em seu gesto, como se fosse uma criança que cometeu um erro, e ofereceu seu paletó para vesti-la:- Eu não consigo adivinhar.Sílvio, sempre tão confiante, agora se mostrava vulnerável diante dela.Sempre errava ao tentar adivinhar seus pensamentos.Até que, finalmente, decidiu parar de tentar.Lutava para se controlar, evitando olhá-la diretamente:- Me diga claramente o que está pens
Os olhos do homem eram assustadoramente escuros.Sua respiração se tornou pesada.Como se fosse uma punição ou vingança, ele colocou os dedos sobre as marcas em seu queixo, cobrindo-as firmemente, um desagrado brilhando no fundo de seus olhos.- Lívia, você não deveria me provocar - Disse Sílvio.Originalmente, ele havia planejado tratar ela com cuidado, pretendendo avançar gradualmente.Mas cada ação dela parecia carregar uma atração fatal, quase fazendo seu sangue fluir ao contrário.Ainda assim, ele precisava se esforçar para se conter.Ele segurou seu queixo, mordiscando levemente seu lóbulo da orelha.A voz do homem era contida, como um aviso, mas também um lembrete, com uma profundidade perigosa:- Enzo disse que você não gosta dele, que vocês não estavam juntos.- Isso é verdade.- E agora, você quer estar com o irmão dele?Lívia quase soltou uma risada:- Sua imaginação é realmente fértil.Aquele psicopata, ela desejava manter a maior distância possível. Como poderia ter tal pe
Lívia sorriu.Ela sorriu tanto pela tentativa dele de fingir desconhecimento quanto pela sua encenação de confusão.Decidida a seguir a encenação até o fim, ela disse:- Não é nada, apenas me ocorreu de repente. Queria saber se você continua íntegro.Sílvio se mostrou instantaneamente aliviado; seu rosto tridimensional e expressivo brilhou como se fosse banhado por uma chuva de primavera, emanando uma frescura que acalmava o coração.- Isso importa para você?- Importa, sim.Mas, afinal, de que valia se importar? Mais cedo ou mais tarde, Sílvio estaria com sua noiva.Ela sorria, mas somente ela conhecia a dor aguda que atravessava seu coração naquele instante.- E para você? Importa? - Ela inquiriu de volta, subitamente.Sílvio pareceu surpreso com a pergunta:- Com o quê?- Se eu estou íntegra ou não.- Não, não me importo. - Sílvio balançou a cabeça.Ele provavelmente não hesitaria em eliminar qualquer obstáculo diretamente.Contanto que o obstáculo fosse removido, Lívia ainda lhe pe