Era, afinal, um sentimento de dor. Lívia percebeu que, ao mencionar o desfiguramento de Aurora, a expressão de Sílvio piorou bastante, e imediatamente ergueu uma barreira em seu coração:- Sr. Sílvio.Ela terminou calmamente a canja e então jogou a colher descartável, já distorcida pelo aperto de sua mão, junto com a caixa e a embalagem no lixo. Só então teve a coragem de continuar a olhar para o homem à sua frente:- Se você não planeja me responsabilizar pela violência contra a sua noiva, por que veio aqui hoje?Finalmente, chegaram ao assunto principal. Sílvio, como uma criança que recebeu um doce, soltou um suspiro aliviado e rapidamente pegou os remédios que havia preparado:- Isso, tome na hora certa.Lívia pegou os remédios para olhar. Eram medicamentos para acalmar a mente e fortalecer o corpo, mas não eram comuns, pareciam mais medicamentos especiais fornecidos por hospitais para pessoas VIPs.Não era surpreendente que Sílvio conseguisse esses remédios. Mas o que era surp
Um tom de voz tão autoritário como sempre. Mas, quando ela o amava, esse tipo de voz lhe parecia doce. Agora, porém...Depois de entender o propósito desse homem, ela só sentia náuseas:- Tudo bem.Assim que sua voz afirmativa soou, Sílvio percebeu tarde demais e ficou atônito. Será que o significado do bilhete que Lívia deixou era realmente uma aproximação com ele? Caso contrário, por que ela não se opôs quando ele falou com aquele tom tão duro? Ao contrário, ela continuava olhando para ele com um sorriso. Se fosse antes, ele certamente teria notado o desagrado em seus olhos, mas agora Sílvio estava tão tomado pela alegria que só pensava em aproveitar o momento:- Lívia, eu posso te ver frequentemente como antes?Lívia respondeu:- Eu não estou mais brava com você.Sílvio, surpreso e encantado, quase saltou da cadeira. Suas longas pernas quase não tinham espaço para se mover. Antes que Lívia pudesse reagir, ele a levantou no ar. A saia do vestido balançava com o movimento de
Quando Sílvio partiu, estava leve, diferente de quando chegou, carregado de coisas. Pedro, ao ver seu sorriso, já sabia que as coisas tinham corrido bem:- Senhor, você seguiu o plano que fizemos?Sílvio balançou a cabeça:- Não.- Mas você parece tão feliz.As longas pernas de Sílvio estavam casualmente cruzadas no banco de trás, numa postura elegante e com uma tranquilidade indescritível:- Há esperança agora. Quanto ao nosso plano, podemos ir com calma.A questão de conquistar Lívia não podia ser apressada. Mas, enquanto falava, ele sorriu satisfeito novamente:- Você nem imagina como ela foi gentil comigo hoje.Pedro olhou para ele e não pôde deixar de passar a mão no queixo. Esse não parecia ser o Sr. Sílvio decisivo e implacável, mas sim um garoto que acabou de ganhar um doce e não se continha para mostrar a todos. Ele também se alegrou, até colocou uma música animada no carro. Normalmente, Sílvio teria dito apenas uma palavra: “Desligue.”Mas hoje, ele estranhamente achou a
Este homem era perigoso.Lívia, involuntariamente, se afastou um pouco dele.Ele sorriu de forma estranha:- Está tentando chamar minha atenção? Muitas mulheres usam essa tática, mas comigo não funciona.Lívia ficou sem palavras.Percebeu que seu julgamento anterior estava errado.Este homem não era apenas um pervertido, mas um pervertido extremamente narcisista!Ela revirou os olhos:- Sr. Flávio.Apesar de ter o mesmo sobrenome, Fernandes, que Enzo, a diferença entre eles era abismal.Flávio olhou para ela com interesse:- Nós só nos encontramos uma vez, e você já se lembra tão claramente do meu nome.Afinal, ele estava convencido de que Lívia estava interessada nele.- Parece que meu charme é muito maior do que o de Enzo, não é? - Ele a olhou como se ela fosse um brinquedo, e aquele olhar desrespeitoso deixou Lívia extremamente desconfortável.Ela quase se moveu para a extremidade do assento do carro, mas ainda assim não conseguiu escapar da aura perigosa que dele emanava.Mas ela p
O alarme de alerta no coração de Lívia foi totalmente ativado. Ela, mais uma vez, pegou a bolsa e a lançou freneticamente contra ele. Os socos da mulher, embora frequentes como gotas de chuva, não eram dolorosos. Flávio, protegendo a cabeça, olhou para ela se inclinando, um sorriso enigmático brincando em seus lábios, com um olhar estranho.- Você é a primeira mulher que ousa me bater uma segunda vez. - Quase instantaneamente, ele estendeu a mão e agarrou firmemente o queixo dela, pressionando. - Diga, o que você disse que ia contar ao meu irmão? É sobre eu estar interessado em você? Que vou competir com ele por uma mulher?Uma dor aguda veio do queixo, fazendo o rosto de Lívia ficar vermelho, toda sua força sendo contida por Flávio, mas ela ainda tentava empurrá-lo:- Se afaste! Me solte!Mas a mão de Flávio apertava ainda mais. Por um momento, Lívia pensou que iria sufocar. Ela estava certa de que, quando esse homem disse que estava interessado nela, era apenas da boca para fora
Havia também a sensação de todos os poros do corpo se abrindo à medida que ele se aproximava...- Eu não te enganei - Disse Lívia, se virando e caminhando em direção à mansão.Parecia que todos os seguranças haviam sido substituídos; ao chegar, ela olhou para cima e viu apenas rostos desconhecidos.Pensou que não conseguiria entrar, mas, para sua surpresa, assim que viram seu rosto, prontamente abriram o portão de ferro:- Senhora, a senhora voltou.Essa palavra, "senhora", fez Lívia se sentir como se estivesse em outro mundo.- Eu não sou... - O segurança pareceu antecipar o que ela ia dizer, olhou para seu vestido branco e disse com um sorriso. - O senhor mencionou especialmente esta noite que qualquer mulher vestindo branco e que fosse bela, certamente seria a nossa Sra. Duarte.Ele não havia se enganado ao chamar alguém de senhora.No entanto, não deveria ser ela, a pessoa no vestido branco.Mas, sim, Aurora.Lívia reprimiu a amargura no coração, se lembrando constantemente para nã
A noite estava silenciosa.Apenas o quarto na mansão mantinha sua luz acesa.Lívia olhou para trás e viu que Flávio já tinha partido de carro, decidindo então voltar pelo mesmo caminho.Mas foi nesse momento que um dos empregados a viu:- Senhora.Era estranho.Todos que a viam eram rostos desconhecidos, mas, sem exceção, chamavam-na de senhora, como se ela e Sílvio nunca tivessem se divorciado.Mas, após um pouco de reflexão, ficava claro que não era a ela a quem chamavam de senhora.No entanto, Lívia não se deu ao trabalho de explicar que não era Aurora, nem a noiva de Sílvio.Ela simplesmente respondeu de forma sucinta.Ao ouvir isso, os olhos do empregado brilharam, e ele rapidamente se curvou diante de Lívia, dizendo:- Por favor, suba. O senhor está à sua espera.Sílvio... Sabia que ela viria?Isso era uma permissão para ela reaparecer ao seu lado como substituta de Aurora?Seria essa a razão pela qual ela não foi responsabilizada por ter desfigurado Aurora?Sílvio... Talvez tive
Num olhar compartilhado, nenhuma palavra foi proferida.A distância entre eles, no entanto, ia se fechando aos poucos.- Você sabe o que está fazendo? - Perguntou Sílvio à mulher à sua frente, vestida numa camisola, sentindo uma intensa secura na garganta.Ela baixou as pálpebras, ocultando suas emoções no fundo dos olhos:- Adivinhe.De repente, o céu escureceu.Quando Lívia percebeu, Sílvio já a tinha em seus braços.Seus olhos escuros brilhavam como tochas acesas, fazendo até sua respiração se tornar ofegante.Lívia torceu o pescoço de forma desajeitada.Imediatamente, ele a soltou, um pânico evidente em seu gesto, como se fosse uma criança que cometeu um erro, e ofereceu seu paletó para vesti-la:- Eu não consigo adivinhar.Sílvio, sempre tão confiante, agora se mostrava vulnerável diante dela.Sempre errava ao tentar adivinhar seus pensamentos.Até que, finalmente, decidiu parar de tentar.Lutava para se controlar, evitando olhá-la diretamente:- Me diga claramente o que está pens