A espera
- Por que será que ele não vem?
- Deve estar com medo, estou louca para que o velho morra logo!
- O que as duas estão sussurrando, sabem que Lohan não pôde vir ainda, só querem que o vovô morra!
- Dizem que Lohan ficou horrível depois do acidente.
- Não importa como ele ficou. E sim que não está conseguindo vir e é só isso...
- Corá! O que está acontecendo?
- Nada titia, as meninas e eu estamos loucas para ver o Lohan, apenas isso.
- Tudo bem queridas, só falem mais baixinho, o vovô está com dor de cabeça e o burburinho de vocês está o incomodando. Vamos peguem uma cadeira e conversem lá embaixo da árvore. O Lohan virá assim que conseguir. Temos que esperar.
- Sim titia, espera que espera...
Enquanto isso, no estado vizinho, na cidade de Flyville, Lohan e seu amigo Adryun, estavam no pátio da faculdade no seu tempo livre, caminhavam entre os cavalos que estavam no estábulo.
- Eu só acho que você deveria ir, pense na sua mãe!
- Chego a pensar que não vale a pena, ela fez a escolha de ficar, e ficou. Deixou meu pai e eu. Segundo ela para me proteger...
- Cara, o velho está muito doente.
- Que morra então, não me lembro deles no enterro do meu pai.
- Pare um pouco! Vire de frente para mim.
- Que isso? Enlouqueceu?
- Não, desculpe, tem algo grudado no seu rosto! Vou tirar...
- Cuidado.
- Eu sei, não vou encostar na cicatriz.
- Não é isso, é que posso me apaixonar!
- Ai credo! Se ainda fosse loira de olhos azuis, até poderia ser...
Os dois saíram rindo e encontraram Rulieine saindo da granja.
- Começaram a soltar os animais agora...
- Só não vou dizer a mesma coisa porque você é uma dama.
- O que fazem aí? Acharam mais algum cavalo doente? Porque eu tive que m****r sacrificar três frangos.
- Na verdade só estávamos passando o tempo mesmo.
- Espera, que estranho, seu rosto Lohan, vai para enfermaria, está vermelho.
- E é no lugar que tirei aquela coisa, espera, minha mão também está estranha, vai na frente que irei procurar aquele troço.
- Leva uma luva, tenho aqui no bolso. Irei acompanhar o Lohan, está muito próximo da sua cicatriz.
- Isso o Adryunzinho que volte sozinho e tenha um colapso no caminho, o Lohanzinho vai acompanhado para enfermaria...
- Para de drama Adryun!
- Não Rulieine, ele tem razão, eu estou indo para um lugar cheio de pessoas, ele irá ficar sozinho e é alérgico até ao ar...
- Tem razão, vamos procurar a coisa então. Mas se tentar me beijar eu encosto em você, estava sacrificando frangos doentes.
Por um instante Lohan olhou para ela e pensou: “Como ele irá beijá-la sem tocar nela?” Desistiu de fazer a observação, pois começou a sentir um pouco de dor no rosto.
No momento em que os dois chegaram na enfermaria Lohan estava sendo atendido, mas teve que esperar, pois Adryun estava começando a ter um colapso. Assim que o colocaram para dentro Rulieine entregou a tal coisa que estava no rosto de Lohan. Prestor, o enfermeiro do campos da Universidade, reconheceu a lagarta e colocou-os no soro. Rulie, como todos a chamam, ficou ali esperando os dois serem liberados.
- Querem ir lá para casa? Peço para arrumarem um quarto para vocês.
- Não, acho que não será necessário, nos leve para a pensão, a Sra. Zenite poderá nos atender se precisarmos.
- Tudo bem, vocês quem sabem! Poderíamos passar o final de semana lá em casa e ainda terminar o trabalho.
- Você tomou banho?
- Tomei, pedi para o Prestor me deixar usar o banheiro da enfermaria.
- E pegou a roupa de uma das meninas que auxiliam lá?
- Peguei, não ia ficar fedendo todo aquele tempo...
- Você é louca. Muito obrigado por tudo.
- Amigos são para essas coisas... Até segunda.
Os dois desceram e ela seguiu para sua casa.
- Você é louco. Não dirá nada para ela, mesmo?
- Claro que não. Ela é apaixonada pelo Prestor, acha mesmo que eu tenho alguma chance? Olha para ele, moreno, alto, com um sorriso que até parece que saiu de uma propaganda de creme dental. E eu? Ah, esqueci, ENFERMEIRO!!! Eu, gordinho, alérgico até ao toque de uma lagarta morta, entro em colapso e quem me salva? O Prestor! Lohan, minha realidade é outra, ela é rica, linda e... Eu bolsista, pobre e feio.
- Bom! Não vou comentar nada, vamos entrar. Quero jogar antes do jantar ainda.
Os dois entraram e a Sra. Zenite já estava os esperando.
- Me passem os cuidados agora!
- Não temos cuidados, já estamos bem. Prometo.
- E o meu gordinho aí?
- Estou bem Sra., prometo também! Se sentir alguma coisa eu aviso.
- Então vão tomar banho, o jantar ficará pronto às 7h em ponto, os demais rapazes estão nos quartos, menos o Écran que saiu com a namorada.
Era um total de 9 rapazes na pensão da Sra. Zenite, uma viúva sem filhos e dona de uma herança razoável, se sustentava dela, mas gostava da casa cheia e o dinheirinho que entrava ela ajudava os meninos que não podiam pagar. Ela preferia meninos por ser mais fácil de cuidar, meninas tem muito compromisso com suas famílias. Uma Sra. muito simpática e querida por todos da pensão e da vizinhança.
Enquanto em Flyville estava sendo um dia normal, em Dreycon na Fazenda Diordani estava um tanto conturbado, Alexí e Thauní discutiam por causa de Corá.- Ela não tem idade.- Mas tem juízo e quer estudar, não podemos segurá-la aqui. Ela irá completar dezoito anos e quer estudar.- Ela não irá, já falei Alexí. Ela ficará aqui para administrar a fazenda.Corá entrou na sala onde seus tios estavam planejando seu futuro.- Posso falar?- Diga querida!- Tia. – Virou. – Tio, eu quero sim estudar, mas posso fazer essa faculdade que está abrindo aqui, eu só irei adiar um ano. Eu faço o que quero e também o que preciso. Logo Lohan virá, e, juntos tomaremos conta dos negócios da família, até as meninas poderem dividir tudo conosco. Pronto.Alexí olhou-a, segurou as l
O sol estava raiando quando Corá foi acordada por sua tia aos gritos.- Corá! Acorde, seu tio está preso no curral e não consigo soltá-lo.- Calma tia!- Não me mande ficar calma menina...- Tudo bem, vamos lá que eu ajudo.Quando as duas chegaram Hedar e Marion estavam tentando abrir a porta, mas sem sucesso. Corá chegou e olhou as duas com muita dó.- Meninas, não adianta fazer força. Vou entrar e desengatar por dentro.- Não! – Gritou seu tio. – O touro se soltou e fiquei trancado aqui com ele.- Saia pelo telhado tio.- Não consigo chegar até onde está aberto, e se entrar não conseguirá abrir a porta.- Mas posso entreter ele para o Sr. destrancar a porta.- Melhor. Solte-o!- Não dá tio. Só se ele estiver amarrado, irá matar os bezerros.
Rulieine deitou no banco, embaixo de uma árvore, com um livro de culinária.- Credo, quem você pensa que irá envenenar?- Ai Lohan. Estou passando o tempo. Essa coisa é muito difícil. Tem que medir isso, colocar aquilo. Prefiro um cavalo ou um cachorro.- Você come carne?- Que pergunta é essa? Claro!- A última vez que tivemos que sacrificar um bezerro, eu fiquei alguns dias sem conseguir comer carne. Às vezes acho que ser veterinário não serve para mim.- Que bobagem! Estamos aqui para cuidar dos animais, e infelizmente, somos carnívoros, e se for analisar, quase tudo que comemos é vivo, plantas, ovos, ou é proveniente de algo vivo. Tirando aquilo que a dona Zenite faz que tem gosto de isopor com aparência de bosta de vaca. De onde ela tirou aquilo?- Aquilo? Nem quero saber, segundo ela é receita de família que
- Não encontrei nada relativo ao tema do trabalho! - Rulie, não pode, nós não temos nada então? - Nada! - Gente, o Adryun irá surtar... - Esse trabalho não vale muito. Podemos tentar mudar o assunto. - Vamos encontrar o Adryun, depois vamos falar com o professor. - Tomara que ele permita trocar o assunto assim, em cima da hora. - Ele é legal, acho que não irá se importar, já o Adryun. - Deixa ele comigo... - Está se achando né, bonita? - Não, só que ele me entende. - Claro, e eu não... Sei! - Ciúmes Lohan? - De você? - Não do Adryunzinho! Lohan parou e olhou Rulieine segurando-a. - Endoidou menina? - Que isso Lohan? Largue-me! Eu estava brincando, credo, abalei sua masculinidade agora? – Falou puxando seu braço. - Desculpe, não tem a ver com vocês. Me dê licença. Lohan saiu e deixou Rulieine sozinha, que seguiu seu caminho. Lohan cor
- Corá, pode esperar um minuto? Quero falar com você!- Sim, professora.- Sente aqui comigo. E olhe aqui Corá, estou notando sua distância. Reparei que suas notas estão baixando e você está desanimada. Posso te ajudar de alguma forma?- Não professora. Está tudo bem, eu apenas andei me descuidando dos estudos, irei me esforçar mais, eu prometo.Nisso suas primas entraram correndo na sala.- Está tudo bem? Você aprontou alguma coisa, nunca fica até depois da aula.- Oi meninas, não entrem assim na sala. É feio, sabiam?- Desculpe professora, ficamos preocupadas com a Corá, ela nunca ficou depois da aula e ainda por cima anda tão estranha...- Estranha?- Sim, está quieta e arredia.- Meninas, por favor. Vamos embora. A professora tem mais o que fazer.- Corá, quero falar com sua t
Corá estava na cidade com suas primas, elas iriam comprar algumas coisas para fazerem uma festinha de aniversário para as duas. Caminhando pela pequena loja de decorações ela avistou Écran passando pela rua, acompanhado por outro rapaz.- Não saiam da loja meninas, eu já venho.- Certo, iremos te esperar aqui.Ela saiu rápido da loja e correu até ele.- Écran!Ele virou surpreso.- Corá! O que faz aqui neste horário? Não tem aula?- Hoje não teve. Estou com minhas primas aqui.- Nossa, para mim foi... É, este é meu amigo Adryun! Ele é um dos amigos que faz veterinária que te falei.- Prazer.- Prazer é todo meu, Corá! Vou deixá-los a sós, irei esperar você na sorveteria Écran.- Sim. Obrigado. – Ele pegou as mãos de Corá e
- Corre, Lohan! - Estou indo, Rulie... Ele entrou no carro e ela arrancou rápido. - Como se atrasou desse jeito? - Não quero falar sobre isso! - Mas está tudo bem? - Agora sim. - Você está estranho. - Eu já disse que não quero falar sobre isso! - Sim, senhor! Os dois seguiram quietos até a pensão. Lohan desceu do carro. - Obrigado pela carona. - Aham... Ela foi arrancar e Lohan gritou. - Ei, espera. Desculpa, eu falo outra hora. Não fica chateada. - Tudo bem! Vou para casa. Ela saiu e Lohan entrou no seu quarto. Pegou sua mochila, tirou um papel e começou a ler. Deu um suspiro, rasgou e tocou fogo. - O que está acontecendo aqui? – Entra Adryun no quarto se abanando e questionando. - Nada, algumas provas que tirei nota baixa. - Mesmo? Como isso? - Não sei, tenho que estudar mais. - Você está estranho! - Vocês d
A luz do sol entrava pelas frestas da janela de Corá, ela abriu os olhos ainda sem enxergar direito, ouviu alguns gritos na rua, eram suas primas brincando com um cachorro. Ela abriu a janela e olhou as meninas.- Que cachorro é esse?- Não sabemos, apareceu aqui, olha, ele é muito mansinho... Vem brincar conosco.- Vou tomar café e me arrumar. Seu pai deixou ele ficar?- Ainda não pedimos.- Deixa para lá, vou me arrumar.Ela foi até a cozinha, serviu uma caneca de café com leite e pegou um pão puro. Sentou na caixa da lenha e ficou pensando.- Ei, vamos...- Sim, eu já irei. Pode ir.- Você está esquisita desde o dia que ficou presa nos fenos.- Estou nada, vai brincar com o cachorro.Hedar saiu correndo enquanto Corá ficou lavando a caneca e olhando pela janela.- Oi querida!- Titio, tudo bem?<