Depois de terminar a ligação, David colocou o celular de lado. Olhando para o vídeo da coletiva de imprensa da CiaPlus exibido na grande tela da casa, ele massageou as têmporas com dor de cabeça. Mônica, saboreando tranquilamente uma fruta, viu Isabela discursando em uma ocasião tão formal e importante, e o pior: falando com tanta propriedade. Isso a incomodou profundamente. Irritada, desligou a TV e reclamou: — Por que deixaram ela discursar? Ela roubou toda a atenção! Esther retrucou: — Isso não é o mais importante. Para ela, Isabela ter discursado na coletiva por causa de Luís não fazia a menor diferença. Era apenas um detalhe irrelevante. O que realmente importava era a tecnologia da CiaPlus. Isso sim valia uma fortuna. David entendeu o que Esther queria dizer. De fato, Isabela teve um ótimo desempenho no discurso de hoje, mas quando se tratava do conteúdo técnico da CiaPlus, tanto Sofia quanto ele e Esther estavam certos de que Luís havia preparado tudo para el
— Sei, sei. Depois de dizer isso, Isabela acrescentou: — Daqui a pouco eu tenho que trabalhar, então vou desligar. — Tá bom, mamãe, tchau! Isabela desligou o telefone. Depois de tomar o café da manhã, foi para a empresa. Ontem ela tinha passado o dia inteiro ocupada, e hoje, ao voltar para o trabalho, continuou com a mesma correria. No entanto, naquela tarde, conseguiu sair um pouco mais cedo e voltou para a família Gomes para jantar com Aurora. Ao chegar, percebeu que Aurora não parecia estar de bom humor. Isabela olhou ao redor e não viu Ana na sala. Provavelmente, Ana tinha saído para jantar com Pedro e os outros novamente. Para Isabela, isso não fazia diferença. Mas Aurora achava que Ana estava se aproximando cada vez mais de Pedro. Com seriedade, disse: — Isabela, quando terminar esse projeto, você precisa passar mais tempo com a Ana. Caso contrário... Isabela assentiu de forma displicente e respondeu: — Eu sei, eu sei, eu vou. Vamos jantar primeiro
Isabela guardou o bolo na geladeira. Ana subiu para o quarto e, assim que terminou o banho, seu celular começou a tocar. Era uma ligação de Pedro. Ana atendeu e disse: — Papai? Pedro informou: — Acabei de receber a notícia de que seu avô voltará amanhã à tarde. Depois da escola, mandarei alguém te buscar para jantar em casa. Avise sua mãe. O pai de Pedro, Heitor Santos, trabalhava no governo. Heitor tinha uma agenda extremamente ocupada e, normalmente, passava o ano inteiro sem tempo para voltar para casa. No dia em que Teresa caiu, Heitor voltou às pressas de madrugada e, antes mesmo do amanhecer, já havia partido novamente. Agora que Teresa ainda estava no hospital, Heitor tirou dois dias de folga antecipadamente para voltar e acompanhá-la. Depois de ouvir Pedro, Ana respondeu: — Tá bom, entendi. Assim que desligou, percebeu que Pedro mencionou apenas buscá-la, sem incluir sua mãe. Ou seja, Isabela não estava convidada. Ana olhou para Isabela e perguntou
Ela ainda não tinha se divorciado oficialmente. Mas, considerando o relacionamento atual entre eles, se ele dissesse algo assim, estaria ultrapassando os limites. Depois de acompanhar Filipe até a saída, Isabela subiu apressada as escadas. Filipe ficou observando suas costas por um longo tempo antes de desviar o olhar. Então, se voltou para Domingos, um dos principais especialistas em tecnologia de sua empresa, e disse: — Quero te pedir um favor. Domingos respondeu: — Diga. — Tenho um amigo que quer se aprofundar no estudo de processamento de linguagem natural, mas está precisando de um professor de alto nível... Depois de ouvir Filipe, Domingos, considerando a amizade entre eles, aceitou sem hesitação. Porém... Ele fez uma breve pausa antes de dizer: — Embora eu tenha certa especialidade nessa área, para ser sincero, acho que não sou melhor do que o Presidente Luís, da CiaPlus, e nem do que a Srta. Isabela, que tem conversado conosco sobre parcerias. Presidente F
Sofia ficou momentaneamente surpresa, mas, ao se recompor, respondeu com consideração: — Não tem problema. Já que você tem algo para resolver, se concentre nisso. Filipe assentiu. Depois que Sofia entrou no carro e partiu, ele também subiu no veículo. No entanto, em vez de sair imediatamente, pegou o celular, encontrou o número de Isabela e, após dois segundos de hesitação, fez a ligação. Isabela ainda estava na empresa. Ao ver a chamada dele, atendeu sem pensar muito. — Presidente Filipe? Filipe estava prestes a falar, mas, ao ouvir os ruídos ao fundo do outro lado da linha, engoliu as palavras que ia dizer e perguntou: — Ainda está na empresa a esta hora? — Sim. — Para Isabela, o fato de Filipe procurá-la a essa hora só poderia significar um assunto pessoal. Então, completou. — Amanhã estarei livre. O que a Kelly quer fazer? Filipe, no entanto, ficou em silêncio. Sem obter resposta, Isabela chamou novamente: — Presidente Filipe? Ele sabia o quanto ela tinha
No dia seguinte. Perto do meio-dia, Isabela saiu de casa. Já fazia um bom tempo que ela não via Kelly, e Kelly realmente estava com saudades dela. Assim que entrou no restaurante e chegou ao salão reservado, Kelly correu até ela assim que a viu e exclamou animada: — Tia Isabela! Isabela sorriu e a envolveu em um abraço carinhoso. — Kelly, quanto tempo! Era a primeira vez que Isabela visitava aquele restaurante. Durante a refeição, ela percebeu que todos os pratos eram muito bem preparados e combinavam perfeitamente com seu paladar. Filipe havia comprado ingressos para um filme que começaria pouco depois da uma hora. Assim que terminaram de almoçar, seguiram para o cinema para retirar os ingressos. Antes de passarem pela entrada do cinema, Kelly quis comprar pipoca. Enquanto Filipe fazia o pedido, perguntou a ela: — Você quer o balde grande ou o pequeno? — O grande! Assim nós todos podemos comer juntos! Filipe riu. — Certo. Dentro da sala de cinema, Kelly s
Simão se aproximou e chamou: — Ana. Ana assentiu e disse: — Você chegou? Simão se sentou ao lado dela e, enquanto montavam o quebra-cabeça juntos, comentou: — Eu fui ao cinema com a minha mãe agora há pouco. E também vi a sua mãe lá. Ana estava concentrada encaixando as peças, mas, ao ouvir aquilo, levantou a cabeça imediatamente. — Você viu a minha mãe? Onde? — No cinema. Ana franziu os lábios e retrucou: — Impossível! Minha mãe está muito ocupada. Ela não tem tempo para ir ao cinema. Você com certeza se enganou. Simão não gostou do que ouviu e rebateu, irritado: — Eu não me enganei! Tenho certeza de que era a sua mãe. — Você está mentindo! — Ana não acreditou nem por um segundo. Na noite anterior e naquela mesma manhã, ela tinha ligado para a mãe várias vezes, mas Isabela nem sequer atendeu. Como poderia ter tempo para ir ao cinema? — Não estou mentindo! — Simão insistiu, se sentindo injustiçado. — E sua mãe não estava sozinha. Ela estava com outra crian
Simão simplesmente não suportava ser acusado de mentir. Com as palavras reconfortantes de Júlia, seu humor melhorou imediatamente. Ao lado, Ana também parou de chorar. Sim, era bem possível que Simão tivesse confundido as pessoas. Aquela mulher talvez nem fosse a mãe de Ana. Ao pensar nisso, ela se sentiu muito melhor. Mas, logo em seguida, se lembrou de que Isabela já havia elogiado Nina antes, dizendo que ela era muito fofa. Além disso, elas pareciam até ser bem próximas. Esse pensamento fez Ana agir sem hesitar. Sem nem se preocupar em enxugar as lágrimas, ela estendeu a mão e começou a revirar o bolso de Pedro. — Papai, o celular. Pedro, ao ouvir Júlia, já tinha uma noção do que estava acontecendo. Com o polegar, ele limpou delicadamente as lágrimas dos olhos de Ana e, sem questionar, entregou-lhe o celular. Ana rapidamente digitou o número de Isabela e fez uma ligação. Isabela já havia terminado de assistir ao filme. No momento, estava na área de jogos