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Retorno Victoria

Chego no aeroporto, estaciono meu carro e sigo para o lugar combinado com Victoria.

Vejo ela de longe andando de um lado para o outro impaciente com o celular na orelha, escuto meu celular tocar, verifiquei o visor e era ela me ligando, provavelmente esteja me esperando a alguns

minutos e se tem algo que irrita Victoria é fazer ela esperar, recusei a chamada e me aproximei.

–Boa tarde. -falo tranquilo a cumprimentando.

–Oi, boa tarde. -ela fala tranquila.

–Está me esperando há muito tempo? -pergunto curioso.

–Cheguei a exatos vinte e oito minutos, mais que bom que chegou, estou louca para ir para minha casa e descansar. -ela fala calma.

–Me desculpe por fazer você esperar, tive um pequeno contratempo no escritório. -falo tranquilo mas é óbvio que não vou dizer que meu contratempo foi uma bundaa virada pra lua que me fez ficar mais de 10 minutos dentro do carro parado.

Isso não é importante.

–Tudo bem, não tem problema, agora vamos? -ela se apressa, eu pego sua mala, ela se aproxima e me entrega um selinho.

Seguimos para o carro e depois fomos em direção ao apartamento dela.

Fomos em silêncio por todo o caminho, Victoria estava lendo alguns papéis que ela havia separado antes da sua viagem, amanhã ela volta para o escritório então quer dar uma leve olhada nos casos que ela precisa resolver para se familiarizar.

Assim que chegamos entramos e eu fui direto para o seu quarto deixar sua mala, Victoria deu uma volta em seu apartamento e depois foi para o quarto.

–E como foi a viagem? Conseguiu descansar? -pergunto enquanto ela está a tirar a roupa.

–Foi tudo bem tranquilo, consegui descansar sim, foi ótimo.

–Que bom.

–Combinei com minha irmã dela vir para cá ficar alguns dias comigo no início do mês que vem, ela anda muito sozinha . -ela fala tranquila enquanto retira suas peças íntimas e entra no banho.

–Que bom, vocês estão mesmo precisando de um tempo juntas. -falo tranquilo.

–Concordo com você, por isso ela vem. Agora me conta, como estão as coisas no escritório, tudo em ordem? -ela pergunta.

–Tudo tranquilo, muito trabalho à sua espera.

-Que maravilha, é isso que eu quero, e a secretária? -ela pergunta e eu começo a suar frio, não entendo o porquê disso, até parece que fiz algo errado.

–O que tem ela?

–Quando termina a experiência dela.

–Hoje. -ela sai do banheiro com a toalha envolta do seu corpo e com os cabelos molhados.

–E aí, já se decidiu se essa vai continuar ou você vai dispensar ela tabém -ela fala curiosa penteando os cabelos.

Victoria sabe que não estou com muita sorte com as secretárias que andei contratando, elas sempre fazem algo que me faz repensar sobre suas admissões e eu acabo por optar pela demissão.

Ela ainda não conhece Samantha pessoalmente, no primeiro mês de Samantha no escritório Victoria estava viajando a trabalho, logo depois foi viajar para casa da sua família e eu não tenho muita certeza que ela irá aprová-la no escritório, já que Samantha é um tanto desastrada.

Victoria é um tipo de mulher firme, centrada e gosta de tudo muito certo ao seu redor, não tolera erros nem desatenção.

Mas também acredito que a reprovação de Victoria não irá prejudicar o emprego de Samantha, já que ela trabalha diretamente para mim, as duas não precisarão trabalhar juntas e isso me ajuda a manter minha diabi… quer dizer minha secretária empregada.

–Vou deixar ela na vaga por enquanto, ela é dedicada, pontual e simpática, os clientes gostam da sua presença por ela ser espontânea. -falo tranquilo.

--As outras não eram? -pergunta curiosa.

–Sim eram, mas sempre acabavam por fazer algo que não me agradava. Essa por enquanto está indo bem, então vamos ver se dá certo. -falo firme.

–Eu espero que sim, já não suporto mais gravar tantos nomes em minha mente. -ela fala tranquila enquanto se veste.

–Também não, agora é torcer para dar certo.

Meu relacionamento com Victoria é bem… como eu poderia dizer.

Bem organizado, não curtimos pegação na frente de outras pessoas, relação íntimaa temos sempre às quintas e sábados.

Sim! Nossas relações têm dia marcado, pode parecer estranho no começo, confesso que foi  complicado para mim aceitar mas hoje está dando certo, tudo nessa vida é costume.

De vez em quando abrimos uma exceção nas sextas-feiras, porém nunca antes de ter certeza que os dois estão de acordo com essa decisão.

Demonstrações de afeto não são comuns entre nós.

Cresci em um ambiente tranquilo mas não tinha essas melosidades que vejo hoje em dia por aí, então isso é um pouco constrangedor para mim e para Victoria, prefiro um beijinho mais demorado quando estamos sozinhos.

Victoria nunca reclamou porque também não é do tipo dela ficar dando carinho, ela também é discreta e não gosta de demonstrar afeto.

Mas devo confessar que quando aquela garota pulou em meus braços e me abraçou foi um  estranho, senti algo incomum, minhas mãos queriam se fechar em volta do seu corpo e eu fiquei perdido com aquele perfume.

Ela cheira divinamente bem e isso me incomodou muito.

Minhas mãos suaram e eu tive que me esforçar bastante para não retribuir seu abraço.

Nunca Victoria me abraçou daquele jeito durante todo o tempo que estamos juntos.

Mas o que importa é que somos bem resolvidos e felizes do jeito que escolhemos viver, temos um relacionamento estável, somos bem sucedidos e isso é o mais importante.

–Está me ouvindo Tomás. -escuto Victoria de longe chamando minha atenção.

–Desculpa, estava distraído, fala. -digo voltando minha atenção para ela.

–Você vai fazer o que amanhã? -ela pergunta.

–Qual horário?

–Por volta das dez, dez e meia.

–Nada espero. -falo firme.

– A Clara e Henrique nos convidaram para ir com eles em uma boate. -ela arqueia as sobrancelhas imaginando minha resposta.

–Não! -ela me olha.

–Você sabe que eu não curto boates Victoria. -falo firme.

–Eu sei Tomás, você sabe que eu também não gosto. Mas eles vão comemorar que ela concluiu a faculdade de medicina e a turma dela marcou a comemoração justamente nessa boate. Eles são nossos amigos e querem muito nossa presença. Pensei que podíamos simplesmente passar lá, ficar meia hora e depois ir embora.

–Victoria eu detesto esses ambientes.

–Faz um esforço, por favor, Tomás. -ela fala tranquila e eu respiro fundo.

–Complicado.

–Por eles.

–Meia hora e vamos embora. Agora eu preciso ir, tenho que voltar no escritório. -falo firme e me levanto.

–Você não desmarcou sua agenda? -ela pergunta curiosa, havíamos combinado de assistir um filme juntos, aproveitar que ela chegou e que hoje é quinta-feira, dia de namorar.

–Sim desmarquei, mas meu irmão quer falar comigo e você sabe como ele é, se eu não for ele vai acabar com meu dia me ligando e enchendo meu celular de mensagens. Eu volto mais tarde, pode ser? -pergunto tranquilo.

–Tudo bem! Pode sim, vou aproveitar e preparar um jantar para nós dois, mais tarde assistimos um filme. -ela fala carinhosa.

–Perfeito! -falo tranquilo, me aproximo e dou um selinho nela.

Victoria me acompanha até a porta.

–Até mais tarde. -ela fala se despedindo.

–Até, se precisar de mim pode me ligar. -falo tranquilo e sigo até o elevador.

Retorno para o escritório onde meu irmão irá me encontrar.

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