Isabelly.Alguns dias depois...Em algumas vezes na vida é preciso tomarmos decisões difíceis como escolher uma boa faculdade, dizer sim ao primeiro crush, a primeira transa, e doar órgão para uma irmã que você mal conhece, sequer a viu algum dia. Você simplesmente não sabe nada, exatamente nada sobre a garota. Aí você mergulha em um dilema fila da puta. Doar ou não doar? Depois daquela visita maluca no hospital, eu não consegui mais dormir direito. Cheguei a sonhar com a garota morrendo e com seu olhar desfocado e sem brilho que me dizia o tempo todo que eu era a culpada. Conversei com Daniel sobre a visita de Sandra no meu escritório e sobre a minha visita sem sentido ao hospital também. Há, e sobre os malditos pesadelos. Contei-lhe sobre como me senti ao vê-la naquela cama de hospital, lendo um livro de romance adolescente que por incrível que pareça foi o primeiro livro que li quando eu tinha a sua idade. É, parece que temos algo em comum. Coincidência ou astúcia do destino? Eu nã
Isabelly— Você está grávida? — Sorrio da sua empolgação.— Sim.— Já sabe se é menino ou menina? — Meneio a cabeça em concordância.— É uma menina.— Aaaaah, que fofo! — A garota geme manhosa igual uma gatinha e eu a acho fofa. Emily é a pessoa mais linda que eu já conheci e isso me faz sentir uma merda. Como eu pude odiá-la? Ela não tem culpa de nada do que aquela mulher fez.— Às vezes eu sonho que vou ficar boa logo, sabe? Sonho que vou ter a minha vida de volta, em poder comandar tudo como antes, que vou para a faculdade algum dia e me formar em neurologia.— Uau!— E não é só isso. — Suspira. — Penso que vou fazer tudo isso com o Richard do meu lado, que vamos nos casar um dia e que vamos ter filhos. Dois... eu acho. — Então os seus olhos ficam tristes. Sim, ela é muito transparente quanto aos seus sentimentos. Demostra tudo o que sente sem receio e sem barreiras, e isso é tão bom quanto é ruim para ela.— São muitos... sonhos. Diria que bons planos para o futuro — digo.— Não s
Isabelly — Antes de dizer qualquer coisa, quero que você saiba que a decisão tomada é algo bem corriqueiro, é normal...— Mônica, me desculpa, eu não quero ser mal-educado com você, mas a minha paciência está no limite. Então que tal ser direta comigo? — Engulo em seco olhando de um para o outro na mesa. Minha mãe assente e fala com Daniel no seu melhor modo profissional.— Tudo bem, você está certo.— O juiz ouviu atentamente os avós, Daniel. — Amanda começa. — E...— Paulo conseguiu o direito de passar os finais de semana com o neto.— O QUÊ?! — Daniel ruge, fechando as mãos em punho. A voz rouca e baixa traz um tom ameaçador e irritado, e eu penso que ele não vai permitir que isso aconteça. — Como vocês deixar isso acontecer?— Como eu disse, isso é normal.__ Uma porra que é normal! — Ele brada. — Paulo não conhece o menino, não gosta dele e não sei por que está fazendo isso, mas eu sei que no fundo o que aquele desgraçado quer é me atingir!— Calma, Daniel! — Amanda tenta acalmá
Isabelly— O que foi? — pergunto como quem não quer nada.— O que está fazendo? — Dou de ombros e mordo a fruta, mastigando bem devagar encarando os seus olhos claros.— Uma macarronada. — Finalmente digo lhe dando as costas e vou para o fogão mexer o molho. Logo sinto suas mãos envolver a minha cintura e o toque quente, e possessivo me faz prender a respiração. — Huum! — Solto um gemido de apreciação quando a sua boca encosta na minha nuca.— Isso está cheirando bem — sibila e morde o lóbulo da minha orelha, e o ato em si me causa arrepios em todo o corpo. — É excitantemente te ver na cozinha fazendo a minha comida — sussurra mais abaixo da orelha.— Bom saber! — digo quase com um miando pra ele. — Vou cozinhar mais pra você. — Ele sorri contra a minha pele. O seu hálito quente a queima e faz um estrago dentro de mim. — O molho vai queimar — aviso sentindo a minha voz se arrastar pela minha garganta.— Que se dane o molho, eu quero você! — rosna, erguendo o meu corpo junto ao seu e m
Daniel.— Ela não é a mãe dele!— Se você não a deixar, eu tomo o menino de você!Há dias essas palavras martelam na minha cabeça e desde então não como e nem durmo direito.— O juiz determinou que o Cris passasse o final de semana com os avós.Porra, estou encurralado! Como eu faço para me livrar disso agora? Não posso deixá-la ir para ter o meu filho e não posso perdê-lo por conta dela. Minha cabeça parece que vai explodir. Olho através da janela do meu escritório o meu filho entrar no carro de Paulo. Meu Deus, ele parece assustado! Sei que está com medo e eu não posso fazer nada quanto a isso. Estou de mãos atadas e ainda tem essa maldita viagem que Isa inventou de última hora. Não quero sair daqui sair de casa e fingir que nada está acontecendo, porque eu sei que está e não vou conseguir pensar em outra coisa que não seja essa maldita situação que o meu ex-sogro me impôs. As batidas leves na porta me sobressaltam, mas não tiro os olhos da janela e assisto o carro sair da proprieda
Daniel.— Não posso viver sem você — confidencio finalmente e Isa ergue a cabeça que até então estava apoiada no meu peito.— O que disse? — Agora olhando sua imensidão azul, vejo que ela também chorou. Isabelly sentiu todo o meu impacto sobre o seu corpo e alma.— Não posso viver sem você — repito.— Também não posso. Nós vamos resolver tudo isso juntos, Dani. Você é o meu leão feroz, que não se abala com nada e tem a força de todas as feras. Vai conseguir vencer, eu sei que vai.— Não me sinto forte agora, Isa. Você é a minha força e mesmo assim estou me sentindo fraco e abalado.— Daniel, olhe pra mim. — Ela pede, e ergo os meus olhos para os dela. — Nós vamos conseguir.— Como tem tanta certeza? — Ela me lança um sorriso fraco.— Porque eu sei, eu sinto assim. — Então vejo um brilho diferente nos seus olhos.— O que está aprontando, Isa? — Dá de ombros.— Nada — sibila, mas não sinto firmeza nessa palavra. — Estou com fome, na verdade, estou faminta. Vamos comer? — Olho para o rel
Daniel— Como será que ela é? — pergunto do nada. — Gostaria que fosse igual você. Cabelos negros, olhos cor de mel, pele morena...— E se fosse um pouco de nós dois?— Morena, olhos azuis.— Como vamos chamá-la?— Não pensei nisso ainda.— Que tal Victória?— Victória, significa vencedora. Eu gostei! — Ela diz com um sorriso singular, me contagiando. Sua mão logo descansa sobre a minha em cima da barriga e sinto um chute forte debaixo de minha mão.— Ai meu Deus! — Meu coração pula violentamente de um jeito que parece que vai sair pela boca. — Ela me chutou! — falo empolgado e o som da sua risada se espalhar pelo ar.— Faz alguns dias que ela não se mexia assim. — Isa fala matando a minha alegria. Porra, estou fazendo de novo. Estou negligenciando a nossa bebê, deixando os meus problemas acima de tudo. Respiro fundo.— Vamos fazer uma promessa, Isa, a partir de hoje não vamos deixar nada e nem ninguém macular a nossa felicidade. Não permitiremos que nos afaste, nem mesmo que se meta
Isabelly.Existe um preço a ser pago pelo carinho que se recebe ao ser acordada? Eu acredito que não existe dinheiro no mundo que pague. Penso quando sinto o toque suave das pontas dos seus dedos deslizando pelo meu rosto e no mesmo instante, minúsculos beijos se espalham pelas minhas costas, fazendo uma trilha gostosa, fazendo-me arrepiar inteirinha. Automaticamente eu solto um gemido apreciativo e sorrio languida, me espreguiçando em cima do colchão. Abro uma brecha de olho e a imagem do meu garotinho vai ficando nítida na minha frente. Primeiro, fito os seus olhinhos brilhantes, depois o seu sorriso encantador... e— Cris! — Praticamente grito o seu nome, sentando-me na cama e o puxo para um abraço bem forte, beijando-o várias vezes no rosto. Oh Deus, ele está de volta! Ele me aperta com os seus bracinhos e logo escuto o seu riso infantil, esquecendo-me totalmente do dono dos beijos em minhas costas. Logo sinto os braços fortes de Daniel nos envolver em um abraço coletivo. Agora si