Após o banho, os sons suaves de batidas na porta e a voz familiar de Léo alcançaram meus ouvidos.— Nick, acordou, gatinha? — Ele indagou, e eu, não conseguindo conter um sorriso, caminhei até a porta com os cabelos ainda molhados e a abri.— Boa noite, Léo. Está aí há muito tempo? — Perguntei, enquanto secava uma mecha de cabelo com a toalha.— Só um pouco, — respondeu ele, me envolvendo em um abraço carinhoso que me fez sentir acolhida. Ele entrou em meu quarto mantendo a porta aberta.— Está tão rosada, dormiu bem? — Ele questionou, curioso, enquanto eu me sentava na beira da cama, apreciando a simplicidade do momento.— Dormi, sim, acho que a água do chuveiro estava muito quente, por isso estou vermelha, — expliquei, sentindo o calor residual em minha pele.— Pensei que era por estar próxima de mim, — ele brincou, segurando minha mão com um sorriso galante. Sorri em negação, divertida com sua confiança.— Não deixa de ser convencido, hein? — Comentei, soltando sua mão suavemente e
Léo mencionou algo que eu já sabia: Lucas realmente não tinha interesse em um relacionamento sério, uma postura que até então não significava nada para mim. Não tinha aspirações de ser esposa de ninguém, muito menos tão cedo. A revelação de Léo me fez refletir sobre o que realmente buscava e sobre a possibilidade de existir algo mais profundo do que simples atração física. A oferta de Léo não era apenas um convite para um jantar, mas uma oportunidade de explorar uma conexão mais significativa, contrastando com a abordagem mais casual de Lucas.— Eu sei, Léo, mas não dá para te conhecer melhor sendo amigos? — questionei.— Não, isso nunca dá certo. Uma vez amigos, sempre amigos, Nick. Ou será que você é diferente? — Léo retrucou, expressando uma crença comum sobre a dificuldade de transformar amizade em algo mais.— Ah, não sei — respondi, incerta sobre minha própria posição a respeito dessa questão.— Nicole, posso falar com você sobre a noite do baile? — Lara interrompeu, trazendo à
LucasEu estava genuinamente descontente com a forma como Lara vinha tratando Nicole, e sentia uma urgência em tentar entender a razão por trás disso, além de querer colocar um ponto final nessas discordâncias que, de tempos em tempos, eu notava. Não pense que foi uma decisão fácil para mim; apesar de ser alguém com poucas amizades, valorizo profundamente cada uma delas.Assim, Lara e eu nos dirigimos ao meu escritório. Após entrar, ela fechou a porta atrás de si.— Lara, o que está acontecendo? Por que essa implicância tão sem sentido com a Nicole, e tudo que ela fala ou faz? — perguntei, enquanto ela tomava assento em frente a mim, na poltrona. Seu olhar era quase amedrontado, como se temesse as palavras que eu estava prestes a dizer.Eu esperava que, por meio dessa conversa, pudéssemos encontrar um caminho para resolver nossas diferenças e restaurar a harmonia entre todos nós.— Desculpa, Lucas, eu venho percebendo que tenho sido muito amarga, principalmente com a Nicole. Mas sei q
No dia seguinte…Já amanhecendo, despertei sobressaltado pelos ecos de passos cautelosos que reverberavam pelo meu quarto imerso em escuridão decretada pelas cortinas fechadas. Antes mesmo que meus dedos encontrassem o interruptor do abajur, uma silhueta esguia e ágil saltou sobre mim. O sorriso inconfundível e a risada contagiante de Nicole irromperam na penumbra, marcando mais um amanhecer em que ela transformava minha rotina, acostumando-me com uma felicidade que eu não sabia ser possível.— Bom diaaa, como foi a noite? A mulher dos seus sonhos te deixou descansar? — Indagou ela, com uma leveza que dissipava qualquer vestígio de sonolência.— A noite foi tranquila, especialmente porque sabia que você estava logo ali, ao alcance de um simples gesto de invadir o seu quarto, tal como fez agora… — Respondi, enquanto a envolvia com o cobertor, trocando de posição para que eu ficasse por cima. — Mas agora, parece que não vou permitir que saia daqui tão cedo. — Proferi, entre animado e en
Quando Léo chegou à minha casa, ostentando um sorriso tão vasto que por pouco não solicitava direitos autorais, a empolgação em assumir seu novo cargo era tão palpável que quase dava para embalar e vender. Entretanto, ele estava alheio ao fato de que eu, no meu papel não oficial de cortador de asas profissional, estava prestes a redefinir seu voo inaugural para um pouso forçado em território amigo. Uma verdadeira lástima, de fato, mas as asas de Léo precisariam aguardar um pouco mais para se estenderem — especialmente se o rumo pretendido incluísse voos rasantes perto da Nick.Enquanto isso, Nicole ainda se preparava para sua jornada acadêmica diária, completamente desavisada do pequeno drama aéreo que se desenrolava na sala. Conhecedor do olhar de águia de Léo por ela, entendi que transformá-lo em seu guarda-costas seria como contratar a raposa para vigiar o galinheiro. Ponderava sobre a possibilidade de mandá-lo voar para outras paragens, mas, ah, a relutância em apelar para medidas
Humberto sorriu, empolgado, e bateu uma mão na outra, demonstrando seu entusiasmo com a conversa.— O quê? Cara'lho, não acredito, você finalmente se rendeu aos encantos daquela rebelde? — Humberto perguntou, surpreso com minha revelação.— Eu me rendi, mas ela, não tanto assim, — admiti, sentindo um misto de frustração e fascínio.— Como assim? Não entendi. Ela, sendo tão provocante, não se rendeu? Te deu um fora? — Humberto estava claramente confuso com o rumo da nossa conversa.— Não, não foi bem um fora. Rolou muita coisa entre nós, mas na hora 'H', ela disse que não era tão fácil como eu imaginava, — tentei explicar, ainda processando a complexidade da situação.— Ela se fez de difícil, é isso? — Humberto questionou, tentando entender melhor.— Não sei se foi jogo dela ou se ela realmente é assim. Só sei que ela não me deixou ir além. Mas, cara, estou mais ferrado do que nunca. Não consigo nem disfarçar a atração que sinto por ela. É como se eu me sentisse dono dela, cara. Não qu
Humberto examinava as fotos com uma expressão que rapidamente adquiriu um matiz de surpresa, quase de choque. Era impossível não notar as semelhanças flagrantes entre elas, e eu me questionava como não havia percebido isso desde o nosso primeiro encontro. Provavelmente, a combinação de álcool e euforia daquele momento me impediu de observar os detalhes mais sutis. Contudo, no segundo encontro, quando dediquei toda a minha atenção exclusivamente a ela, percebi o quão semelhante ela era com Nicole, e isso foi um choque extremo para mim.— Cara'lho, ela é mesmo muito parecida, os cabelos, mas… ela não é muito do estilo da Nicole, né? A Nicole ma'l mostra o corpo bonito que tem, — Humberto comentou, ainda analisando as fotos, embora sua observação tenha tomado um rumo um pouco indelicado.— Olha o respeito, Humberto! Que conversa é essa? — repreendi-o, um pouco chocado com a liberdade que ele tomou ao comentar sobre Nicole dessa forma.— Calma aí, Lucas, só estou apontando que a Nicole co
NicolePela manhã, após a saída de Lucas, comecei a me arrumar para ir até a faculdade. Meu pensamento estava totalmente focado em convencer a Cássia a aceitar um curso. Ela já trabalha em um comércio não tão perto, ajuda a sua mãe no sustento da casa, mas sei que sempre teve o sonho de cursar odontologia. Como ela mesma diz, quer melhorar o sorriso de muitas pessoas da comunidade onde mora. Cássia tem uma casca-grossa, se faz de durona, mas muitos não sabem o quanto o coração da minha amiga é lindo, e sempre foi assim. Ela me dá ânimo todos os dias e segurou minha mão quando fiquei órfã, e sempre tentou colocar minhas ideias no lugar. Hoje o meu sonho é que ela realize seus sonhos, e se eu posso ajudá-la com isso, por que não?Após concluir minha rotina matinal de arrumação, caminhei em direção à sala, o café da manhã já havia saboreado mais cedo. Com a mente focada nos compromissos do dia, eu me preparava para seguir à faculdade, ansiando pelo momento em que poderia adquirir meu pró